O discurso de mentiras, o dessa Mortágua
dengosa, que as debita atribuindo intenções penosas – dignas de pena, naturalmente
- a esses da direita, numa ânsia sentida de alcançar o seu lugar no pódio das
suas energias graciosamente sorridentes, que os entrevistadores entrevistam, em
jeitos enamorados pelo seu sorriso de falsa modéstia e pelo seu discurso de
pretensiosismo ardiloso em falcatrua.
JNP, brilhante, como sempre, de sagacidade esclarecida.
Por um punhado de votos
Se uma força política tem votos
populares, pode a convergência mediática atacá-la e insultá-la com os piores
adjectivos do dicionário que isso não a impedirá de crescer. Mais cedo ou mais
tarde.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador
OBSERVADOR, 02 mar. 2024, 00:1866
Na esquerda mais à esquerda, na
esquerda mais ao centro, ou na direita da esquerda, há – ou parece que há, a
avaliar pelo alarme e os alarmistas – uma grande preocupação com aquilo a que
todas chamam “a subida
da extrema-direita”.
Parece que o alarme é justificado
porque a “extrema-direita”, além de “não ter cultura nem maneiras” é
“nacionalista, xenófoba, racista e antidemocrática”. Adivinham-se, por isso,
momentos de grande perigo para as liberdades públicas, semelhantes àqueles que,
há cem anos, o Continente atravessou.
Mas, afinal, o que é que tanto ameaça a
Europa? Que espectro ressuscitado no outro extremo
ideológico dos redactores do Manifesto Comunista a ronda? Serão partidos armados, camisas negras,
castanhas ou azuis, desfilando de braço ao alto nas ruas de Roma, Berlim ou
Madrid? Serão coronéis
centro-americanos ou generais sul-americanos estipendiados por agentes da CIA,
preparando-se para derrubar democracias e sufocar escritores, académicos e
jornalistas liberais? Ou terroristas a soldo de misteriosas internacionais
negras, financiadas por restos do tesouro do Führer, contrabandeados por
seitas racistas?
O que é que tanto inquieta todos estes desempoeirados espíritos
comentantes? O que é que lhes traz tanta ansiedade, tanta angústia, tanto
desespero? O que é que perante “as bestas louras” da fábula nietzscheana os
leva a esgrimir atabalhoados fact checks, prevenções, diatribes, pontos
atribuídos em debates? O
que é que se passa para que haja, entre os guardiões do Bem e da Verdade que
constituem a comunidade mediática, quem exija, como na Alemanha, a proibição de
partidos políticos que têm mais de 20% do eleitorado? Ou para que se recorra às
intervenções do “quarto poder” a fim de impedir a aplicação de leis votadas no
Parlamento (como em França com as leis recentes sobre a imigração)?
Entre pânicos genuínos e preocupações
sinceras, o que parece realmente perturbar profundamente académicos,
sociólogos, politólogos, analistas, comentadores, jornalistas, colunistas
e influencers é a origem
da ascensão destas tenebrosas extremas-direitas: os eleitores – muitos e cada
vez mais – perante os desmandos dos partidos tradicionais e à revelia dos “media de
referência”.
O
que terá acontecido ao povo, que parece já não perceber que as eleições só
devem ser ganhas pela Esquerda ou, quando muito, pela direita da Esquerda, essa
nebulosa área política inventada e incentivada, entre nós, pela Esquerda? O que
é isto de “o povo” ignorar os avisos apocalípticos de quem sabe, mostrando-se
insensível à pedagogia dos pedagogos, às análises dos analistas, às pontuações
dos júris, enquanto deixa que, na Europa e por cá, “os populistas” continuem
animadamente a subir nas sondagens e nas eleições? Mais
ainda, o que é que se passa, por exemplo, em Itália, onde a extrema-direita
teve a ousadia de chegar ao poder e não acabar com a Democracia, como estava no
guião, nem seguir o pavoroso elenco de diabólicas malfeitorias tão profusamente
anunciado por académicos, sociólogos, politólogos, analistas, comentadores,
jornalistas, colunistas e influencers?
Escrevia Ricardo Marchi, um italiano que tem estudado a
Direita e as direitas em Portugal, que parece
haver uma relação inversa entre quem ganha os debates, segundo a pontuação
atribuída pelos jornalistas, e quem acaba por ter mais votos. Como se uma
maldição se abatesse sobre os, quase sempre unânimes, painéis de comentadores.
E finalmente há a pobreza temática
dos debates, de onde parece ausente tudo o que não contribua para um duelo de
galos, com pouco conteúdo e menos substância, debates onde se pratica o mais
básico populismo e a mais chã demagogia enquanto se esbraceja contra a
“demagogia” e o “populismo”. Sobre
política internacional, sobre a Europa e o Mundo, sobre as posições dos
partidos e coligações quanto à vida e à morte, à natalidade e à velhice, nem
uma palavra. E do modelo de sociedade e civilização, de conceitos
básicos como o conceito de Família, a liberdade de expressão e pensamento, a
política de Cultura, o ensino da História, a ofensiva ideológica na Educação
(entretanto alvo de legislação passada à pressa), nada.
A Esquerda governa Portugal – com
curtos intervalos – há 50 anos. Tinha,
até há pouco, o domínio no leque partidário; tem ainda um domínio quase
absoluto da comunicação mediática; ganhou uma arrogância de senhora e dona
disto tudo e manteve, por absurdo, a superioridade moral de quando era
perseguida pelo anterior regime. Chantageou moralmente os partidos do
centro, impondo-lhes, para benefício próprio, as regras de exclusão do arco da
respeitabilidade democrática de forças políticas da direita nacional e
conservadora por serem “extremistas” e “anti-democráticas” – depois de ter
integrado calmamente os seus democraticíssimos extremos.
Ora isto é capaz de ser difícil de
sustentar. Se uma força política, um partido, tem votos populares, pode a
convergência mediática atacá-lo e insultá-lo com os piores adjectivos do
dicionário que isso não o impedirá de crescer. Pode-se sempre excluí-lo do arco
democrático ou do que seja, mas excluí-lo em nome de quê e porquê? Em nome da
democracia, mas através de uma política contrária à equidade e à normalidade
democráticas? Por um
punhado de votos?
A SEXTA
COLUNA HISTÓRIA CULTURA LEGISLATIVAS
2024 ELEIÇÕES
LEGISLATIVAS POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 66):
Filósofo Aristóteles: Muito bom artigo. O Observador é uma lufada de ar fresco na democracia. Os
órgãos de CS do sistema são difamadores, manipuladores e empregam uma linguagem
brejeira: SIC, TVI, Público, Expresso é tudo lixo.
Fernando Cascais: As esquerdas ganharam Lembro-me
dos chamados fachos dos anos 70 (após a revolução) e 80. Tudo o que não
alinhasse com a narrativa da esquerda era facho. Quem votava CDS era ainda mais
facho. Os comunistas chamavam facho a tudo o que mexia à direita do PS. Nesses
tempos, metade do PS também era facho, se bem, que a relação PS e PCP entra no
campo da esquizofrenia. Soares e Cunhal teriam tido uma relação amorosa de
amor-ódio se um deles tivesse nascido mulher. Nesses tempos não assim tão
longínquos o PCP queria nacionalizar Portugal inteiro. Se um dia houvesse um
mundo idílico para as esquerdas era esse pelo qual os comunistas lutavam.
Imaginem os cabeludos do BE, depois de fumarem umas passas, poderem andar pela
cidade nacionalizando tudo aquilo que quisessem. O apartamento do Ronaldo na
Rua Castilho seria dos primeiros a serem nacionalizados, já que o jacuzzi de
água aquecida seria o local indicado para uma meditação espiritual acompanhada
com muita erva e uns tintos caros da garrafeira. Os carrinhos mais caros nas
garagens seriam nacionalizados e as lojinhas de marca na Av. da Republica
também, a revolução precisa de trapos para vestir. Não foi bem assim, mas foi
quase. Nas antigas colónias foi mesmo assim quando os portugueses receberem
guia de marcha 24/20 e deixaram tudo para trás. Belíssimos apartamentos que
ficaram sem o revestimento de madeira porque os moradores precisavam de lenha
para cozinharem. Os comunistas após o 25 de Abril fizerem mesmo isto. Na
Reforma Agrária correram com os latifundiários das suas propriedades e meterem-se na casa deles a admirar os
quadros nas paredes sentados nos sofás com as botas lustradas de lama. Fizeram
31 por uma linha. Mataram inclusive. Os socialistas perfilharam-nos como dignos
democratas do sistema. Eles não mudaram continuam com o sonho idílico de se
apropriarem das propriedades dos outros coadjuvados por outra seita que nasceu
deles e agora também pelos socialistas que vêem na propriedade dos outros o
caminho para o sucesso socialista. A pior seita antidemocrática que este
país já teve continua com lugar de honra na sociedade. Tem espaço de
comentário nas televisões, escrevem para os jornais, são convidados como
analistas políticos e têm lugares de destaque na governação. Todavia,
conseguiram passar a mensagem que os fachos são os outros. Ganharam, as
esquerdas ganharam. Maria Nunes: Excelente artigo. A grande
maioria dos comentadores não tem brio profissional nem vergonha. Rosa
Silvestre: Em 1986, durante as presidenciais em que Mário Soares e Freitas do Amaral
se defrontaram, percebi que a independência da comunicação social (falo do
Expresso) era mais uma maneira de manipular a opinião dos ingénuos. Esta
afirmação de independência tem vindo a crescer na proporção directa do
"engagement" dos jornalistas e comentadores. É chocante ver como
"analistas", que são apresentados como representantes da direita,
defendem os candidatos da esquerda e atacam sistematicamente os da
direita. Carlos Henrique Cunha > Simões Soares: É sabido que os mass media têm uma agenda
marcadamente de esquerda. Torna-se ridícula a bajulação da maioria dos
jornalistas e comentadores do sistema, a começar pela Anabela Neves e a
terminar no Sebastião Bugalho. Parecem autênticas marionetas que trabalham
ciosamente com receio de perderem o palco mediático. A independência e o rigor
jornalístico foram sacrificados no altar da pouca vergonha. Lamentável. É por
isso que os movimentos ditos iliberais se revoltam e crescem paulatinamente.
João Floriano: Desde 2019 que a esquerda tem
vindo a fazer tudo aquilo que JNP enumera nesta crónica: diabolizar,
assustar, conjurar o apocalipse, o fim da democracia, ostracizar, isolar com
linhas vermelhas, alimentar ainda que parcamente uma direita de esquerda sempre
submissa, sempre contente com o desprezo da esquerda, sempre pronta para o
politicamente correcto. Nas presentes eleições nunca como antes a esquerda teve
em sua defesa e promoção um grupo tão numeroso de comentadores e jornalistas
que deviam ter vergonha do modo como exercem a sua actividade tal é o grau de
sabujice de lambebotismo, de subserviência aos senhores da esquerda e extrema-esquerda.
Tudo isto está errado e mais cedo do que tarde vai voltar-se contra quem
planeou e incentivou esta estratégia de mentiras e lavagem cerebral. Em 2019
era apenas um, em 2022 já eram 12. Vamos a ver quantos serão em 2024. Carminda Damiao: A esquerda quer estar no poder,
e não se importa de usar a força se necessário, ou de pular sobre o adversário,
como fez António Costa ao formar a geringonça. A direita, se não tiver isto em
conta e não se unir, nunca formará Governo. A esquerda mente e o pior é que o povo é ignorante e
acredita. Dou como exemplo diabolizarem o Chega por propor prisão perpétua.
Falam disso com uma tal veemência, como se apenas alguns países atrasados do
terceiro mundo tivesse prisão perpétua. Eu fui investigar e verifiquei que dos
27 países da União Europeia 25 têm prisão perpétua. Ou seja, apenas Portugal e
a Croácia, não têm prisão perpétua. Será que todos os países da União
Europeia, são fascistas e antidemocráticos? Será que os senhores jornalistas e
comentadores ignoram estes factos, ou querem apenas deitar areia para os olhos
das pessoas? Isabel silva: Chega! Velha do
Restelo: A descomunicação social anda em pânico... Dá vontade de rir... e daqui a
uns tempos, talvez algumas das caras do Komentariat sintam vergonha da
palhaçada que protagonizaram neste período eleitoral. Parabéns, JNP! José Cordeiro: Excelente artigo que vai ao
cerne da questão e que é a manipulação dos Média pela esquerda, que se arma em
defensora das virtudes. A mesma que tem uma longa tradição de mentira e
manipulação e para quem o esbulho é a via para a redenção da sociedade! Por
isso a comunicação social está de rastos e ainda não se apercebeu de como a tal
ponto chegou! Será que a plebe é infantil? Deve ser o que pensam a maior parte
dos comentadores, que até se “babam com a sofreguidão com se pronunciam”! Miguel Cabral Patacas: Obrigado, Jaime Nogueira Pinto. Estamos a caminhar para um
fosso ideológico cimentado por discursos e artigos demasiado agudos que
descartam à primeira vista aqueles que não se revêem nas palavras do
autor. Este artigo, pelo contrário, leva a leitura ao fim, sem ostracizar ninguém,
e a chave de ouro é criada na indagação e conclusão que cada um retira de
factos objetivos, sem barulho nem poeira. Rui Pedro Matos: Muito bom. Enquanto mantivermos o preâmbulo da Constituição da
República Portuguesa "... de abrir caminho para uma sociedade
socialista....", isto não mudará. Espero que a 10 de Março de 2024 se contribua para o
fim do PREC2 Acordai Acordai Homens que Dormis vitor Manuel: Brilhante e de tal forma que me
levou a quase perder o fôlego, tal o interesse nesta magnífico artigo. Sem ainda
ter lido os comentários estou com curiosidade em saber a opinião dos
"dragónios" deste mundo, sobre um texto que os farão sentir-se o que
de facto são. Oportunistas beneficiários do corrupto regime, que transformou
autênticos zés-ninguém em "elites" e novos-ricos. Sérgio Rodrigues > João Floriano: Caro João Floriano, o Prof.
Mithá Ribeiro acaba de publicar um livro sobre André Ventura e o CHEGA. É excelente! Joaquim Almeida > Filósofo Aristóteles: Esqueceu-se da CNN e seus
jornalistas brasileiros lulistas, que também debitam patranhas no
OBS-Rádio. mais
um: Um artigo esclarededor, dos melhores que tenho lido. João
Floriano > Fernando Cascais: Excelente Fernando! Contudo
como é habitual há um detalhezinho que não partilho com o amigo: Nacionalizar
«ma non troppo». A nossa esquerda gosta de certos luxos burgueses como manter
os filhos em bons e caros colégios privados como a nossa querida Leitão,
o nosso notável Tavares, o carismático Pedro Nuno e tantos outros que
elevam aos píncaros a Escola Pública mas que matriculam a prole no privado. E
estes são apenas três exemplos dos muitos que haverá. E o mesmo se passa com os
estabelecimentos de luxo da Av. da Liberdade onde um dos meus jovens vizinhos
tem o ordenado do mês com a comissão de um relógio de luxo vendido a um
político angolano. Janja Lula da Silva logo que conseguiu meteu-se num desses
templos privados do luxo. Duvido que a nossa querida chorona Ana Abrunhosa
compre as roupinhas que veste na feira de Carcavelos e a loirinha Marta Temido
ensaboa a penugem púbica com algo bem mais caro do que o gel de douche da Cien.
A esquerda gosta de luxo e coitadinhos, temos de os desculpar por isso porque a
tarefa de educar as massas é extenuante. A nacionalização não rima com
ostentação, com luxo.
Isabel Amorim: Sempre um prazer ler J. N. Pinto! A verdadeira
elite culta que é educada, com valores e discreta e que são coerentes com o
discurso do seu dia a dia, não fazem batota. São verdadeiros. O povo, simples,
básico mas ingénuo mantém a cultura popular aonde ainda sobrevivem os valores
da nossa cultura judaica cristã e esse povo não é estúpido, somente ingénuo e
lento a discernir. Agora os de meia tigela que não são uma coisa nem
outra que "estudaram" ou se "formaram" por volta da década
de 74 foram injectados com propaganda, cujo marketing sorveram para aplicarem
os truques que lhes valeram entrarem nos círculos vitais da sociedade e
substituíram inventando uma outra. Assaltaram os jornais, nasceram novos
canais tv de propaganda sem nível para embrutecerem o povo simples e ingénuo e
nasceram daí novos deslumbrados que vão invadindo os círculos existentes e
outros novos proporcionando-lhes tachos e novos ganhos e sobretudo notoriedade
de que tanto precisam. Competir com esta gente é inglório quando se é honesto
porque recorrem constantemente à batota e ao achincalhamento de quem lhes faz
frente. Violentos cheios de ódio e a feia inveja que só este tipo de gente tem.
E sobretudo muito batoteiros. Na minha modesta opinião só quando a crise chegar
ao estômago é que isto endireita... João
Ramos: Esclarecedor e necessário artigo, esta é a realidade da nossa situação
política, por mais que a nossa comunicação social encimada pelos seus
deturpadores comentadores(as) que não conseguem entender que nós também temos
cabeça para pensar e que percebemos perfeitamente a teia manipuladora em que
nos querem enfiar, apenas se conseguem desacreditar e às estações que lhes
pagam o ordenado e, com este sistema lá vão crescendo em votos quem eles tentam
por todos os meios atacar, até dá para rir… José Miranda: Talvez a crónica mais
esclarecida e esclarecedora sobre a situação política em Portugal. E, em geral,
no Ocidente. Mas as coisas estão a mudar. Vamos votar CHEGA! Joaquim
Almeida > Paulo Silva: Nada de discurso do ódio, obviamente,
que isso seria coisa de fascista e extremista. Se não for exactamente o
deles, claro está... Paulo Silva: O que ameaça a Europa é o que
ameaça a ‘revolução permanente’ posta em marcha no Ocidente pela nova-esquerda
há décadas. Quem se atravessa é atropelado por aqueles que não estão para
debater ideias. Antes de pegar em armas o revolucionário proclama e insulta. Nokogiri: Tudo está aqui neste artigo descrito e bem explicado sobre o que se passa
em Portugal e lá fora, onde há democracias liberais que abandonaram os
eleitores e o povo de bem. O Observador tem dias e tem
muito mais do que é o habitual nos media subsidiados e à espera de subsídio que
o deveria ser a defesa da não manutenção no poder dos de sempre, os encostados.
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