segunda-feira, 11 de março de 2024

Pátria é pátria


O Papa Francisco devia sabê-lo e reconhecer que os nacionais respectivos a defendem, se forem autênticos. O que diria ele aos seus compatriotas argentinos, caso o Putin e camarilha – ou outros da mesma igualha tivessem invadido a sua Argentina? Aconselharia a tal alva bandeira? E porque não faz o mesmo aos do Hamas e Cia e só investe contra a Ucrânia? Estranha santidade.

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Palavras do Papa Francisco sobre "bandeira branca" na Ucrânia causam polémica. Afinal, o que disse o Papa?

O Papa Francisco elogiou a "coragem" de quem levanta a "bandeira branca" e negoceia. Palavras do Papa foram duramente criticadas pela Ucrânia. Mas, afinal, quais foram mesmo as declarações de Francisco?

JOÃO FRANCISCO GOMES: Texto

OBSERVADOR; 10 MAR. 2024, 18:15 6 

O Papa Francisco respondeu a perguntas de um jornalista da televisão suíça RSI      FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O Papa Francisco foi este domingo fortemente criticado pelas autoridades ucranianas depois  de, um dia antes, ter sugerido numa entrevista que a Ucrânia deveria ter a “coragem” de “levantar a bandeira branca” e negociar um desfecho pacífico para a guerra com a Rússia, que se arrasta desde fevereiro de 2022.

As palavras do Papa Francisco foram ditas em entrevista à RSI, televisão pública da Suíça, e tiveram impacto internacional. O chefe da Igreja Católica foi citado como tendo apelado à “coragem de levantar a bandeira branca e negociar”.

A reacção mais forte veio da embaixada da Ucrânia junto da Santa Sé, que emitiu um comunicado pelas redes sociais a repudiar as palavras do Papa. “Ninguém falou de negociações de paz com Hitler”, disse a representação diplomática, sustentando que é necessário “aprender as lições da Segunda Guerra Mundial”, designadamente a de que para “acabar com a guerra” é preciso “matar o Dragão”.

A controvérsia à volta das palavras do Papa Francisco obrigou mesmo o Vaticano a tentar, de imediato, clarificar o sentido da declaração do líder católico.

Citado pelo The New York Times, o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, sublinhou que o Papa Francisco pretendia defender apenas “um cessar-fogo e uma negociação”, e não uma desistência por parte da Ucrânia.

O que disse, afinal, o Papa?

O Papa Francisco falou em entrevista ao programa “Cliché”, um magazine cultural transmitido pela televisão suíça RSI. A estação publicou na sua página a transcrição integral da entrevista ao Papa.

As palavras polémicas surgem logo na primeira pergunta. E, na verdade, é o entrevistador que usa pela primeira vez a expressão “bandeira branca”, na sua pergunta.

O jornalista começa por mencionar que existe, na Ucrânia, quem peça a coragem de levantar a bandeira branca e também quem pense que isso vai legitimar o mais forte — e pergunta ao Papa o que lhe parece.

Francisco responde que essa é uma interpretação possível e sublinha que quem tem a coragem de negociar é mais forte. Não deve, diz o Papa, haver vergonha de parar de lutar e passar à negociação.

O Observador transcreve na íntegra as duas perguntas que estão no centro da polémica:

Na Ucrânia, há aqueles que pedem a coragem da rendição, da bandeira branca. Mas outros dizem que isto vai legitimar o mais forte. O que é que pensa?

É uma interpretação. Mas penso que é mais forte quem vê a situação, quem pensa no povo, quem tem a coragem da bandeira branca, da negociação. E hoje pode negociar-se com a ajuda das potências internacionais. A palavra ‘negociar’ é uma palavra corajosa. Quando se vê que se está derrotado, que as coisas não vão bem, é necessário ter a coragem de negociar. Há vergonha, mas com quantas mortes é que isto vai acabar? Negociar a tempo, procurar algum país que atue como mediador. Hoje, por exemplo, na guerra na Ucrânia, há muitos que querem atuar como mediadores. A Turquia ofereceu-se para isso. E outros. Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem.

O senhor também se ofereceu para negociar?

Eu estou aqui, ponto. Enviei uma carta aos judeus de Israel, para reflectir sobre esta situação. A negociação nunca é uma rendição. É a coragem de não levar o país ao suicídio. Os ucranianos, com a história que têm, pobres, os ucranianos do tempo de Estaline, o quanto sofreram

O Papa já foi criticado por ambiguidade sobre guerra

Não é a primeira vez que o Papa Francisco é criticado pelos seus posicionamentos relativamente à guerra na Ucrânia.

Nas primeiras semanas da guerra, ainda em 2022, o chefe da Igreja Católica optou por manter um discurso ambíguo sobre o assunto. Só seis meses depois da invasão do território ucraniano pela Rússia é que Francisco, pela primeira vez, endureceu o discurso e classificou a Rússia como agressora no conflito.

Durante esses primeiros meses, o Papa Francisco foi duramente criticado pela Ucrânia por recusar condenar directamente a Rússia, o que causou alguns danos na popularidade do chefe da Igreja.

Especialistas em diplomacia eclesiástica viram nesta atitude um esforço, da parte do Papa, de não cortar vias de comunicação com Moscovo, para assegurar a possibilidade de o Vaticano actuar como intermediário em eventuais negociações de paz.

Numa entrevista ao Observador logo em março de 2022, o analista Victor Gaetan, especialista na actividade diplomática do Vaticano, explicava que os passos dados pela Santa Sé indicavam que haveria esforços de bastidores nesse sentido.

Um dos sinais mais fortes foi o facto de, um dia depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, o Papa ter saído do Vaticano e ido pessoalmente à embaixada da Rússia para “expressar a sua preocupação” ao embaixador — algo inédito. No dia seguinte, pegou no telefone e ligou a Volodymyr Zelensky.

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COMENTÁRIOS (6):

Pobre Portugal: Papa misto!                      Luís Sande e Castro: Eu acho que os Ucranianos deviam ceder um porto para os Russos guardarem a sua esquadra do Mar Negro, na condição de não os utilizarem nesta guerra e com a promessa de não os afundarem.                    Carlos Canelas: quando se mete na politica sai borrada  e mesmo nos assuntos da IGREJA por vezes.                       Alexandre Barreira: Pois. Quer queiram....quer não. A idade não perdoa. Não há milagres. Essa da bandeira branca. É a prova provada....!!!                         José Costa: Não há desculpa pelo que foi dito. A retirada da Rússia do pais soberano que invadiu, é a única opção válida. Não se pode pedir ao país agredido que aceite a bárbara agressão. Mas, afinal, que Igreja é esta?                      Jorge Frederico Cardoso Vieira Barbosa: O papa deveria explicar, o motivo pelo qual não imputa ao ÚNICO agressor, ao criminoso Putin, igual alegada qualidade. Deixemo-nos de subtilezas para escamotear a verdade: o papa está de alma e coração com o agressor, com o Putin. Ter-se-á, pois, que esperar pela saída deste papa do Vaticano, para que a Igreja volte à sua boa normalidade. Com este papa e o escabroso histórico dos "abusos", só um cisma poderá salvar o catolicismo

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