segunda-feira, 11 de março de 2024

Tem a ver com o AO90



Esta crónica de Pacheco Pereira, que não resisto a dela transcrever partes, dado o seu sentido crítico sobre a idiotia do AO90, de que nenhum partido político falou, dos que foram ontem a votos e dos que fizeram os governos anteriores - nem sequer aquele velho partido em que votei, que devia mostrar-se mais respeitoso das regras – não as comuns apenas às mulheres – se é que tal termo não foi ainda ultrapassado, na ignorância em que me acho a respeito das novas designações femeeiras no nosso país de remodelações - mas as genéricas da escrita, que abrangem os portugueses da escrita continental e insular europeia, já que os de outros continentes mantêm, ao que parece, o formato do Acordo de 1945, definitivamente mais cordato, conquanto seja isso indiferente para a quase totalidade da gente lusa, visto que os que não fazem ou não fizeram parte dessa indiferença criminosa - pois que até escreveram, com pormenor didáctico sobre o assunto - não conseguiram demover os governos vários que desse Acordo90 se apoderaram – com excepção, repito, dos bem ou mal falantes da língua portuguesa no mundo, que se estão, todavia, marimbando para os novos acordos e talvez, todavia, saibam pronunciar esses acordos” com o o fechado, que por cá abriu, qual cravo vermelho prestes a eclodir entre “nosotros” lusitanos, a quem breve chegará o novo dia da redenção pela quinquagésima vez, com bastas arremetidas de festejos prévios em barda, dados que somos a festividades em barda, mesmo que de ortografia em falha. E aqui está, definitivamente, um vasto parágrafo de uma sintaxe inusitada, de que peço desculpa, conquanto, suponho, perfeitamente atingível pelo entendimento de quem se não importar de o ler, como intróito ao engraçado (mas severo) texto de JPP que aproveita o seu trocadilho de troça do Acordo para repor regras de ensinamento que mostram a idiotia desse mesmo ACORDO ORTOGRÁFICO. Chama- se o seu texto, de 17/2/24 do PÚBLICO, “A São na campanha do PS”, seguido de uma foto de Pedro N. dos Santos atravessada pelas palavras garrafais envolvendo a sua cabeçaMAIS AÇÃO”, como designação, contida nas promessas eleitorais apelativas de votos de PNS, que passará a ler-se dessa forma com a fechado de “A São”, já que uma das regras do AO90, entre outras, é a de suprimir as consoantes p ou c (antes de t, ç,) no caso de se não pronunciarem – nos grupos respectivos: a©ção, a©to, a©tivo) mas impacto. Ó(p)timo, mas apto, o que condiciona extraordinariamente a fonética das palavras além da respectiva - perdão, respetiva - morfologia, dando origem a inúmeras confusões de tipo semântico, como o faz sentir Pacheco Pereira, de que transcrevo algumas das justas frases, embora apetecesse transcrever o brilhante texto todo, não só pela sua picardia como pelo sentido didáctico (perdão, didático) com que favorece os leitores, sobre um assunto que eu julgava definitivamente arrumado, pois que se calaram  - alguns pela morte – os que condenavam ou condenam o AO.

 

Eis alguns excertos deste magnífico texto que merecia uma transcrição integral:

 “Pedro Nuno dos Santos não é único, a São está por todo o lado, mas ele pôs-se mais a jeito”-

«Experimentem dizer alto “Ação”. Os mais velhos, que têm memória de como se diz “Acção”, dirão direito, os mais novos, educados já na novilíngua, e os mais velhos modernaços e oficialmente muito obedientes, dirão “a SÃO”. Entrou, pois, “a São” na campanha eleitoral do PS e Pedro Nuno dos Santos quer “mais a São”.

(Neste ponto, todavia, julgo que não é taxativa ainda a leitura de palavras do foro popular, escritas com a grafia antiga ou moderna, recente como é ainda o tal AO, a pronúncia das palavras ainda não possuindo o tempo suficiente para uma mudança tão radical segundo as tais regras ortográficas deformadoras do uso comum – a oralidade dos mais velhos impondo-se ainda, sem, todavia, a justificação fonética apoiada na antiga ortografia, cujos cc ou pp (estes de origem etimológica), seguidores da vogal tinham efeito sobre a pronúncia dessa vogal – ac/ção, adopção).

Outros parágrafos que são autênticos gritos de protesto:

 «Apesar de uma enorme contestação, por que razão não se volta a escrever o português que tem a riqueza da memória da língua? A razão principal é que os nossos governantes, do PSD ao PS, estão-se literalmente nas tintas para o que é importante na nossa identidade cultural….”

“Porque a diferença entre a São e a Acção tem que ver connosco, com a nossa identidade, com a nossa língua, com a nossa cultura, com a nossa capacidade de falar bem, logo, de pensar bem, logo, de sermos mais fortes. E vamos muito precisar de ser mais fortes nos tempos que aí vêm.”


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