Esta crónica de Pacheco
Pereira, que não resisto a dela transcrever partes,
dado o seu sentido crítico sobre a idiotia do AO90, de que nenhum partido político falou,
dos que foram ontem a votos e dos que fizeram os governos anteriores - nem
sequer aquele velho partido em que votei, que devia mostrar-se mais respeitoso
das regras – não as comuns apenas às mulheres – se é que tal termo não foi
ainda ultrapassado, na ignorância em que me acho a respeito das novas
designações femeeiras no nosso país de remodelações - mas as genéricas da
escrita, que abrangem os portugueses da escrita continental e insular europeia,
já que os de outros continentes mantêm, ao que parece, o formato do Acordo de 1945, definitivamente mais
cordato, conquanto seja isso indiferente para a quase totalidade da gente lusa,
visto que os que não fazem ou não fizeram parte dessa indiferença criminosa -
pois que até escreveram, com pormenor didáctico sobre o assunto - não
conseguiram demover os governos vários que desse Acordo90 se
apoderaram – com excepção, repito, dos bem ou mal falantes da língua portuguesa
no mundo, que se estão, todavia, marimbando para os novos acordos e talvez,
todavia, saibam pronunciar esses “acordos” com
o o fechado, que por cá abriu, qual cravo vermelho prestes a eclodir entre
“nosotros” lusitanos, a quem breve chegará o novo dia da redenção pela
quinquagésima vez, com bastas arremetidas de festejos prévios em barda, dados
que somos a festividades em barda, mesmo que de ortografia em falha. E aqui
está, definitivamente, um vasto parágrafo de uma sintaxe inusitada, de que peço
desculpa, conquanto, suponho, perfeitamente atingível pelo entendimento de quem
se não importar de o ler, como intróito ao engraçado (mas severo) texto de JPP que aproveita o seu trocadilho de troça
do Acordo para
repor regras de ensinamento que mostram a idiotia desse mesmo ACORDO ORTOGRÁFICO. Chama- se o seu
texto,
de 17/2/24 do PÚBLICO, “A São na
campanha do PS”, seguido de uma foto de Pedro N. dos Santos atravessada pelas palavras
garrafais envolvendo a sua cabeça “MAIS AÇÃO”, como designação, contida nas
promessas eleitorais apelativas de votos de PNS,
que passará a ler-se dessa forma com a fechado de “A São”, já que uma das regras
do AO90,
entre outras, é a de suprimir as consoantes p ou c (antes de t, ç,) no caso de
se não pronunciarem – nos grupos respectivos: a©ção, a©to, a©tivo) mas impacto. Ó(p)timo, mas apto, o
que condiciona extraordinariamente a fonética das palavras além da respectiva -
perdão, respetiva - morfologia, dando origem a inúmeras confusões de tipo
semântico, como o faz sentir Pacheco
Pereira, de que transcrevo algumas das justas frases, embora
apetecesse transcrever o brilhante texto todo, não só pela sua picardia como
pelo sentido didáctico (perdão, didático)
com que favorece os leitores, sobre um assunto que eu julgava definitivamente
arrumado, pois que se calaram - alguns
pela morte – os que condenavam ou condenam o AO.
Eis alguns excertos deste magnífico
texto que merecia uma transcrição integral:
“Pedro Nuno dos Santos não é único, a São está por todo o lado, mas ele pôs-se mais a jeito”-
«Experimentem dizer alto “Ação”. Os mais velhos, que têm memória de como se diz “Acção”, dirão direito, os mais novos, educados já na novilíngua, e os mais velhos modernaços e oficialmente muito obedientes, dirão “a SÃO”. Entrou, pois, “a São” na campanha eleitoral do PS e Pedro Nuno dos Santos quer “mais a São”.
(Neste ponto, todavia, julgo que não é taxativa ainda a leitura de
palavras do foro popular, escritas com a grafia antiga ou moderna, recente como
é ainda o tal AO, a pronúncia das palavras ainda não
possuindo o tempo suficiente para uma mudança tão radical segundo as tais
regras ortográficas deformadoras do uso comum – a oralidade dos mais velhos
impondo-se ainda, sem, todavia, a justificação fonética apoiada na antiga
ortografia, cujos cc ou pp (estes de origem etimológica), seguidores da vogal tinham
efeito sobre a pronúncia dessa vogal – ac/ção, adopção).
Outros parágrafos que são autênticos gritos de protesto:
«Apesar de uma enorme contestação, por que razão não se volta a escrever o português que tem a riqueza da memória da língua? A razão principal é que os nossos governantes, do PSD ao PS, estão-se literalmente nas tintas para o que é importante na nossa identidade cultural….”
“Porque
a diferença entre a São e a Acção tem que ver connosco, com a nossa identidade,
com a nossa língua, com a nossa cultura, com a nossa capacidade de falar bem,
logo, de pensar bem, logo, de sermos mais fortes. E vamos muito precisar de ser
mais fortes nos tempos que aí vêm.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário