Trabalha-se com mais
eficácia, por via da frescura.
O
truque que o PCP usa há 75 anos já não resulta
A CGTP organizou uma
manifestação a pedir o fim da NATO. Fica a dúvida: o que é que uma central
sindical tem a ver com a NATO? Vocês respondem: nada. Eu respondo: tudo.
MIGUEL PINHEIRO Director
executivo do OBSERVADOR
OBSERVADOR,28
jun. 2025, 00:2180
Esta semana,
ficámos a saber que a CGTP quer “a Paz”. Atenção: não quer “a paz”, em minúscula,
porque isso seria uma demonstração de fraqueza reivindicativa — quer “a Paz”,
em maiúscula, porque na vida todos temos de ser ambiciosos. Foi, então, com
maiúscula que “a Paz” apareceu num dos cartazes empunhados por um jovem na
manifestação organizada há dias, de forma conjunta, pela CGTP e por uma entidade
denominada Conselho Português para a Paz e Cooperação, sob o original lema “Paz Sim! NATO Não!”.
Na convocatória
emitida pela CGTP, explica-se que “a
guerra é cada vez mais intensa em diversos pontos do mundo”, revela-se
que “a União Europeia aposta na
continuação dos conflitos”, gesticula-se contra o “discurso belicista” e vocifera-se contra
a “escalada militarista”. O
“Grande Satã” desta manifestação foi, como já se percebeu, a NATO. Dinis Lourenço, orgulhoso membro do conselho nacional da CGTP, denunciou que esta aparentemente odiosa
organização tem sido “um factor de desestabilização e de ingerência por todo o
mundo”.
Algumas almas
mais delicadas poderão olhar para tudo isto com perplexidade. Por um lado, a NATO não interfere nas
relações laborais, não dita o valor do salário mínimo, nem se senta no Conselho
Económico e Social. Por outro lado, os patrões portugueses não têm a
capacidade de influenciar o “militarismo” da NATO, ou a falta dele.
Sendo assim, sobra a pergunta palpitante: o que é que uma central
sindical tem a ver com a NATO? Vocês
respondem: nada. Eu respondo: tudo.
Esta história
é muito velha — é a história de um truque que o PCP aplica com diligência e
disciplina há 75 anos. Logo depois da Segunda Guerra
Mundial, a União Soviética começou a preparar o seu confronto particular com o
Ocidente. Para enfraquecer a unidade das opiniões públicas na Europa e nos
Estados Unidos, Moscovo ordenou aos partidos comunistas locais que criassem e
dinamizassem movimentos “pela Paz”. Era uma “causa” que podia juntar toda a
gente: novos e velhos, gordos e magros, cabeludos e carecas — e, mais
importante do que isso, comunistas e não comunistas. Afinal, quem, no seu perfeito juízo, poderia ser
contra “a Paz”? Quem, excepto um incorrigível fascista, poderia ser contra as flores e as
pombinhas? Ninguém, claro — e esse
era o ponto. Os cartazes exigiam “a Paz”,
mas, na verdade, o que esses movimentos pretendiam era pressionar pela
desmilitarização dos países ocidentais para que eles ficassem incapacitados de
resistir à expansão da União Soviética.
A táctica foi a mesma em todo o lado — incluindo em Portugal. Para tentar juntar o máximo de
pessoas possível à volta desta “causa”, incluindo os muito apropriadamente
chamados “idiotas úteis”, foram criadas organizações de fachada que eram, na
realidade, comandadas de forma ventríloqua pelo PCP. Em agosto de 1950, os
comunistas portugueses ergueram a primeira Comissão Central da Comissão
Nacional para a Defesa da Paz. Depois do 25 de Abril, surgiu, funcionando da
mesma forma telecomandada, o Conselho Português para a Paz e Cooperação. O truque era sempre o mesmo: o PCP mandava, mas não
aparecia.
Apesar de tudo,
as pistas estão lá. Se perdermos um minuto a olhar para os órgãos sociais do
Conselho Português para a Paz e Cooperação, percebemos que a presidente da direcção nacional é Ilda Figueiredo — foi candidata autárquica pelo
PCP às câmaras do Porto, Gaia e Viana do Castelo; foi eurodeputada; e pertenceu
ao comité central do partido. Percebemos que
uma das vice-presidentes
é Deolinda Machado — foi candidata pelo PCP a autarquias e ao Parlamento. Percebemos
que uma das vogais é Ana Sofia Calado — foi candidata à Assembleia da
República pelo Partido Ecologista Os Verdes, outra organização benemérita que
não sobreviveria sem o oxigénio comunista. E percebemos que na direcção
nacional se encontra Isabel Camarinha — ex-secretária-geral da CGTP.
E assim se
completa o círculo: Isabel Camarinha é militante do PCP; depois ocupa a liderança da CGTP; a seguir, aparece
na direcção do Conselho Português para a Paz e Cooperação; e agora organiza a
manifestação desta semana, que juntou, de forma harmoniosa, precisamente a CGTP
e o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Um
espírito incauto que tenha lido as notícias sobre este protesto viu as
referências à CGTP e ao Conselho Português para a Paz e Cooperação, mas não encontrou nunca qualquer vaga
indicação relativa ao PCP, que é o principal interessado numa manifestação que
serve inteiramente os seus propósitos políticos.
É tudo uma grande ilusão,
especialmente útil quando, como agora, os comunistas perdem força eleitoral.
Parece que são muitos, mas na verdade são sempre os mesmos. Só espanta que o
PCP ache que, ao fim de 75 anos, continuamos a cair em histórias da carochinha.
PCP POLÍTICA NATO MUNDO CGTP SINDICATOS TRABALHO
ECONOMIA
COMENTÁRIOS (de 80)
Carlos Ferreira: Pois... cada vez são menos mas ainda há quem acredite.
Mas o problema maior não é esse, mas sim o controle dos sindicatos dos
funcionários públicos e das empresas estatais e o impacto desmesurado que isso
tem na vida quotidiana, principalmente dos mais frágeis, que o PCP se vangloria
de proteger. Jorge
Barbosa: A CGTP tem
tudo a ver com a NATO tão só porque a CGTP não é um sindicato mas sim, é o
"braço armado" do PCP. Daí que antes de "pensar" nos
trabalhadores para depois os servir, "pense" isso sim no PCP, para
depois saber como usar os trabalhadores para servir o comité do partido comunista Df: Mete dó. E desprezo. Dantes ainda diziam que estavam a
defender o comunismo e a URSS. Diziam que serviam um ideal comunista qualquer.
Afinal era mentira, como se vê hoje, quando passaram a defender os interesses
de um império colonial estrangeiro. PCP e CGTP são agora serviçais do império
nacionalista fascizante de Putin. Não havendo ideal comunista envolvido, a
única explicação é que lhes pagam. Daí o desprezo que merecem. Ruço
Cascais: Muito bem Sr.
Miguel Pinheiro. Depois desta sessão de strip aos comunistas, estes, só mesmo
com as mãozinhas conseguem esconder as miudezas, já que ficaram mais nus que o
Tarzan. No outro dia dei com a explicação comunista para o fim das eleições
democráticas mal se apanhem no poder. Defendem que depois do povo conquistar o
poder não podem existir actos eleitorais que coloquem em causa o poder do povo.
Ou seja, uma vitória comunista num regime democrático representa o fim desse
regime. Mas os comunistas em Portugal além de promoverem a Paz no mundo com
letra grande com a submissão total dos ucranianos às mãos dos russos e o fim da
NATO, promovem também o porreirismo. Raimundo é um gajo porreiro e António
Costa viu no Jeropiga um tipo porreiro. Na última campanha eleitoral foi
unânime pela CS a classificação de gajo porreiro ao Raimundo. Curiosamente este
porreirismo não se aplica aos neo-comunas do BE. Nem a Paz. Os bloquistas
querem porrada e amargura. A grande diferença entre comunas e neo-comunas; uns
são porreiros e querem paz, os outros querem azedura e porrada. Mario Figueiredo > Manuel
Gonçalves: E porque é que a Europa há-de querer ter boas relações com a Rússia se o
custo para isso é desmantelar a única organização de defesa a que pertence? Não
haveria a Rússia, historicamente imperialista, de querer ter boas relações com
a Europa sem impor sobre nós condições para a nossa política de defesa? Estou
um bocado confuso com a sua lógica suicida... Ricardo Ribeiro: Pois, eu sou a favor da
"guerra" contra esta ideologia retrógrada e maliciosa...isto inclui
todos os seus tentáculos desde CGTP's a essas comissões e associações
encapuzadas e envernizadas pelo comunismo...A luta continua Pcp no olho da rua (já
faltou mais...)! Manuel
Martins: Concordo com a análise, e poucos já engolem as patranhas da cassete do PCP
ou da cgtp. A questão é que ambos vendem um produto muito apreciado por muitos
reformados e funcionários públicos: para os reformados, convívios com
bandeiras, cantigas, bifanas e cerveja nas ruas, ao sábados (as
manifestações), e dias de folga às 6as feiras (as greves), para os segundos... Francisco
Ramos:
Como é que ainda
há neste país, alguém a prestar atenção ao que diz o PCP? Deixem-no morrer por
asfixia. Álvaro
Venâncio: Exactamente verdade, é mesmo assim: os estalinistas-fascizantes do PCP
continuam na sua constante e acérrima luta pela destruição da LIBERDADE, do
OCIDENTE, da NATO, da EU, das DEMOCRACIAS LIBERAIS. Comunismo nunca mais! Viva
o 25 de Abril! Viva o Ocidente! VIVA A NATO! Obrigado MIGUEL PINHEIRO! Balmat: Caro MP ao longo dos anos
quantos jornalistas na CS têm tido a isenção de confrontar o PCP. É ler o
artigo da HM sobre a cobertura do Jornal Público on line sobre a morte do ex
membro das FP 25 Abril. Filipe Costa: Pois, mas eu não percebo
porque há otários a descontar quotas para a CGTP, alguma vez a CGTP os
defendeu? A CGTP usa os trabalhadores a seu belo prazer e ainda cobra quotas
aos palermas. Fernando ce: Muito bem. Os comunistas chegaram ao ponto de, na
entrada dos limites das autarquias que dirigiam, escrevem em placas algo como
“concelho livre de armas nucleares” …com uma pomba e um ramo de oliveira… Carlos Real: Falar dos comunistas ou mesmo
da CGTP é cada vez mais revisitar os dinossauros no campo jurássico da Lourinhã.
Mesmo a presença lusa na Nato é irrelevante, porque nunca será posta em causa.
O que conta é saber o papel dos EUA, e se estarão disponíveis a defender o
mundo ocidental. A Europa militar perdeu o comboio, e muito dificilmente o
apanhará face ao desenvolvimento da China e dos EUA. Quanto ao esforço dos 5%
os europeus fingem que estão muito preocupados. Só posso tristemente rir, quando
vejo uma ilha chamada Japão gastar 7% do PIB na defesa. Até fico com os olhos
em bico. Hugo
Silva > Mario
Figueiredo: Lógica comunista... José B
Dias: Faço sempre o
mesmo exercício para melhor conhecer os interesses por trás das mais diversas
entidades que por aqui e ali surgem, sempre com nomes sonantes em estrangeiro,
a defender estudos e a publicitar relatórios ou a fazer acusações. Por norma
confirmam-se as suspeitas iniciais de falta de independência e isenção... Paul C. Rosado: Disse quase tudo. Faltou falar da presença da CGTP nas
manifestações de apoio aos árabes ocupantes da Palestina. Toda a gente sabe que
na cultura islâmica os trabalhadores estão cheios de direitos e vivem muito
bem! Lá, na China, na Rússia, Cuba e Coreia do Norte. Tudo paraísos para os
trabalhadores. maria
santos: É com esta
gente que o PS conta para estar no poder governativo. Como nos governos de
António Costa. Não esquecer.
pedro dragone: Os
comunas sempre foram uns especialistas na arte do disfarce. Técnicas do KGB ensinadas
aos partidas-irmãos, por todo o mundo. Depois
do susto do 25 de Novembro em que foram poupados às balas das G3, decidiram
entrar numa espécie de "clandestinidade simbólica" em que a velha simbologia
comunista, a foice e o martelo e a cor vermelha são substituídas por novos símbolos
e cores para poderem entrar no jogo da "democracia burguesa" (a
expressão é deles) sem afastarem eleitores, com o receio dos comunistas, e
captarem novos militantes e simpatizantes. Assim, inventaram o partido os
Verdes (que melhor cor para contrabalançar o vermelho?) e formaram a CDU
(coligação PCP-Verdes) para concorrerem a eleições. Com bandeira azulinha, pois
então, e umas setas a imitarem os partidos "burgueses" como o CDS,
etc. E assim ficaram até hoje, disfarçados de democratas, a concorrerem a
eleições da "democracia burguesa", sempre na esperança de que, um
dia, chegariam ao poder e, como lhes ensinou o camarada Lenine, tomá-lo por
dento e implantar a "democracia popular", onde não existe essa coisa
burguesa do voto, pois o povo, representado pelas elites comunistas
esclarecidas já estaria no poder. C Costa: A comunicação social em Portugal usa o acrónimo NATO
quando, pela ordem das palavras em português, devia ser OTAN, como, aliás, se
lê nos jornais espanhóis e franceses. Não se prestigia assim a língua
portuguesa. Glorioso SLB: E os movimentos pró-palestina, anti-troika,
pró-homossexualismo, tb ñ são os mesmos? Maria
Alva: A excelente autobiografia da Zita
Seabra explica e exemplifica isso muito bem. Joaquim
Rodrigues: Diz Miguel
Pinheiro: "Um
espírito incauto que tenha lido as notícias sobre este protesto viu as
referências à CGTP e ao Conselho Português para a Paz e Cooperação, mas não
encontrou nunca qualquer vaga indicação relativa ao PCP, que é o principal
interessado numa manifestação que serve inteiramente os seus propósitos
políticos." É verdade o que diz o Miguel Pinheiro se acrescentarmos que os
"propósitos políticos" do PCP são, unicamente, os de defesa e apoio
ao Putin, contra os Ucranianos, que estão a dar o peito às balas, em nossa
defesa e em defesa do mundo ocidental. Luis
Santos: Só faltou
falar no controlo e influência que o PCP tem na comunicação social. Jose
Bastos: Absolutamente correcto toda a minha concordância Mas
nós mais velhos vivemos o PREC vergonhoso criminoso com os comunistas sempre
por trás Apenas chamar OTAN E não NATO Manuel
Ferreira21: Não podemos
desmobilizar. Aproveitam-se da ingenuidade das pessoas e vendem ilusões, sempre
ao serviço do comunismo.
Manuel Lisboa: Correctíssimo.
De facto espanta e nada alcança o partido comunista português, hoje em dia, com
esse mal disfarçado e estafado frentismo. Os comunistas portugueses vão de
eleição em eleição até à derrota final. Fica-lhes os edifícios e um passado
interessante, mal conhecido e, até ao momento, mal contado. Todavia e debaixo
do aparente manto diáfano do pacifismo, continua a ser estranhamente curiosa
essa teimosia aberrante do partido comunista em defender regimes torcionários
como o russo, o norte-coreano ou o venezuelano, para citar algumas das
ditaduras mais gritantes e sanguinárias já, de forma expressa, apoiadas por
essa vetusta agremiação política. Portanto, se os comunistas pretendem efectivamente a
paz, terão que passar a defender a NATO, organização que desde a sua existência
mais contribuiu para a ausência de guerras na Europa ocidental. Permitiu o
desenvolvimento de democracias liberais, onde se toleram mesmo ideologias
profundamente reaccionárias e contrárias às suas existências, como é comunismo. António Louro: Felizmente estão em decadência
total. Mario
Figueiredo > Hugo
Silva: Iria mais longe... Lógica de comuna. Manuel
Magalhaes: O PCP é pura arqueologia… GateKeeper: Top 30.. Lourenço
Sousa Machado de Almeida: Mas é que continuamos mesmo a cair na história da carochinha, porque são
estas mesmas organizações e este mesmo "truque" que aplicam nas
manifestações pró-Palestina, que é uma forma de dizer, "contra
Israel" que é o mesmo que dizer contra a civilização...ocidental, se
fizerem questão! José
Paulo Castro: O truque resulta. Basta ver outros que ainda o fazem por aí. Quantos
jornalistas são do BE e do Livre e dão ênfase a supostas comissões e colectivos?
O PCP é que já não resulta. Antonio
Sobral Almeida > Ruço
Cascais: Os neo-comunas querem azedume e porrada? Muito bem, vamos aproveitar agora
que são poucos (ou "poucochinhos") e vamos lá dar porrada neles... Maria Augusta Martins: Será que a CGTP ainda se encontra livre de armas nucleares? Bons tempos em que o Alentejo estava cheio de placas a anunciar essa
condição. Isso era no tempo do general "Rolhas" presidente dessas
organizações comunistas.