Desinformação, eis a
questão
Num país em progressão, num país de
animação, que se entretém com presépios e pais Natal, comidas e muito
mais, enquanto os da formação, no parecer dos informados, pretendem estabelecer
princípios de valoração para uma informação mais capaz... AG bem se incomoda, a querer esclarecer, desta vez
acompanhado pelos que não estão a dormir, julgam eles, no fundo manipulados
como os outros, os que se vão isolando, a ver os malabarismos do snooker, impotentes contra os
malabarismos dos tais, de que trata AG, desta vez sem desapoio, que o concordar nos coloca na
lista dos sabedores a quem não escapam, não, as trafulhices desses doutores de cartório e de apoio.
A democracia que temos
é parecida com o fascismo que tivemos /premium
A totalidade das
televisões e a quase totalidade da imprensa “tradicional” prestam um valoroso
serviço de vassalag..., perdão, de acompanhamento imparcial das fabulosas
proezas dos nossos estadistas.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 14 dez 2019,
Estavam a pedi-las. Por
um lado, são os “media”,
que tanto divulgam o extraordinário trabalho do governo em prol da nação como,
ocasionalmente, veiculam notícias que colocam em causa o extraordinário
trabalho do governo em prol da nação. Por outro lado, é o povo, que sendo um bocadinho destrambelhado,
nem sempre consegue distinguir os factos das calúnias. Estas maçadas, que
prejudicam a consolidação de uma democracia sã, têm de ser superadas. Vai daí, nada mais natural e urgente que o anúncio,
para o início de 2020, de uma “campanha de sensibilização” que “visa a
convivência democrática entre uma comunicação social livre e uma população
formada e capaz de exigir e procurar informação séria”. Estou a citar o “Jornal de Notícias”, que, num paradigma de rigor e patriotismo, tomou
a informação oficial à letra e transcreveu-a sem aspas, comentários ou críticas.
O anúncio da campanha coube ao secretário de Estado do Cinema,
Audiovisual e Propaganda, desculpem, e Media, Nuno Artur Silva, cuja obra e dignidade estão acima de diversas
suspeitas – um homem que, desinteressadamente, já apoiava o dr. Costa
nos tempos da autarquia lisboeta não carece de provar o seu amor ao bem-estar
colectivo. Do alto desse amor, o sr. prof. dr. Artur Silva quer que as
pessoas distingam o “jornalismo profissional, com qualidades de investigação,
de análise e de crítica, rigor e isenção” daquilo “que não é informação, mas
opinião em rede amplificada, ou seja, corrente de opinião desinformada”. Ou
seja, que distingam a realidade da boataria destinada a sabotar a
prosperidade que temos. Esta necessidade de disciplinar os “media” e educar
as massas é essencial a qualquer país moderno e civilizado. A própria Venezuela
não a dispensa.
Diz o sr. prof. dr. Artur Silva, prenhe de razão, que “a opinião
pública é elemento fundamental da política e administração do país, incumbindo
ao Estado defendê-la de todos os factores que a desorientem contra a verdade, a
justiça, a boa administração e o bem comum.”… Alto! Alto! Alto! Não liguem,
que isto é da Constituição de 1933. O que o sr. prof. dr.
Artur Silva diz é que a “desinformação
é uma ameaça séria que pode afectar a credibilidade das instituições
democráticas, minando a confiança nessas instituições”. E não é?
Imagine-se, por absurdo, que um programa televisivo (por exemplo da
RTP) tencionava, dias antes das eleições, transmitir uma reportagem sobre um
governante (vamos dizer a rapaziada do Ministério do Ambiente) que atribuiu a
concessão da exploração de um minério (talvez o lítio) avaliada em 350 milhões a uma empresa cheia de
dirigentes de um partido (o PS, sei lá) com um capital social de cêntimos e
sediada numa junta de freguesia (socialista, assim ao calhas). Semelhante peça de desinformação sem dúvida afectaria
a credibilidade das instituições democráticas, leia-se o governo, e minaria a
confiança nas mesmas, leia-se o mesmo governo: o cidadão incauto seria
levado a pensar que o ministério do Ambiente está repleto de trafulhas, que a
coisa se resume a uma marosca das grandes e que, quem sabe, o PS não é o modelo
de honestidade que nos habituámos a considerar. Num caso destes,
continuamos a imaginar, teria de haver uma directora de informação com
coragem para suspender o dito programa e, na impossibilidade de o trucidar pelo
fogo, chutá-lo para uma data inócua.
Salvo casos hipotéticos como o acima referido, claro que o problema não
é a escassez de informação rigorosa. A totalidade das televisões e a quase
totalidade da imprensa “tradicional” prestam um valoroso serviço de vassalag…,
perdão, de acompanhamento imparcial das fabulosas proezas dos nossos estadistas.
O problema é que ninguém, com idade inferior ou Q.I. superior a 85, consome
tais produtos, donde a crise dos “media”, que afecta até a indispensável
Lusa de Nicolau do Laço e aflige o prof. Marcelo.
A solução, ainda não explícita na “campanha de sensibilização”, é
óbvia, e passa por convencer a ralé distraída a consumir unicamente os “media”
a que o sr. prof. dr. Artur Silva atribui “qualidades de investigação, de
análise e de crítica, rigor e isenção”. É difícil? Não. Basta uma política
articulada de incentivos, quer incentivos fiscais (ou um tipo, atarraxado ao
medidor de audiências, vê quatro horas diárias da SIC Notícias ou
retêm-lhe na fonte mais 10% do salário), quer incentivos laborais (ou um tipo
confirma a contemplação regular de todos os “debates” nos canais
“informativos”, incluindo a “Quadratura” e o que tem o prof. Rosas, ou
tiram-lhe o emprego), quer incentivos sociais (ou um tipo faz uma assinatura de
12 anos do extinto DN ou vai preso). Quem for apanhado a espreitar o
Observador, o “Sol” ou algum “site” infecto de notícias daninhas para o poder
que nos abençoa terá de pagar pesada coima ou, em caso de insolvência, a beijar
um mupi em tamanho real de Ferro Rodrigues. Se repetir a graça, será forçado a
levar o retrato para casa.
O povo educa-se, a bem
ou a mal. Normalmente é a mal, mas para o seu bem.
COMENTÁRIOS:
jose oliveira: Excelente!
Adelino Lopes: Controlo da comunicação social?
Só? Será que o controlo de quem pode, ou não, entrar para o funcionalismo público
não faz parte de uma estratégia muito maior? Acho que dos “famosos”, só falta
controlar a malta da bola. Estou a ser injusto, porque ainda falta controlar
todos os professores, todos os enfermeiros, todos os juízes e pouco mais.
Earl Woode:Retrato da corrupção que grassa
impune em Portugal. Tornamo-nos no feudo de determinados políticos.
João Fernandes: Como disse o outro: ... é uma
vergonha!...
Daniel Rodrigues: Como é hábito, genial!
Maria Nunes: Estamos a um passo da
CENSURA total. Desconfio que, qualquer dia, nem aqui possamos comentar à
vontade.
José Montargil: Eles, os políticos do governo,
os camaradas de todos os bordos da Assembleia da República podem dizer, anunciar,
proclamar o que quer que seja que nós, as pessoas normais, sabemos que é
mentira de A> a Z. Os jornais e
televisões podem difundir, anunciar, impingir o que vem do Governo e dos
políticos que a maioria dos portugueses normais encaram tudo isso com ficção de
quinta ordem.
Pedro Cordeiro: Assino o observador, leio o sol
e o jornal I... e pouco mais. É gritante a diferença de tratamento da
comunicação social entre governos PS e governos PSD. Com o Passos era uma
excitação constante. Com este governo anda tudo a toque de caixa. Já era assim
com o Sócrates. O truque é colocar amigos e generais prussianos nas direcções
de informação dos ditos órgãos de comunicação social. A propaganda passa e o
povo vota.
Zacarias Bidon
Pedro Cordeiro: Assinas o Observador? Grande
tanso! Andas a pagar para ler propaganda.
Carla Nunes: Infelizmente, o Observador não
é exceção à vassalagem. Ontem, por exemplo, o i e o Sol davam destaque a mais uma
tropelia (gravíssima) de Flor Pedroso na rtp - com o título "Interesses
pessoais levaram diretora da RTP a boicotar reportagem". O observador só
ao final do dia é que misturou o assunto numa notícia cujo título começava com
"PSD pede debate sobre 'Sexta às 9'..." a propósito do lítio. Alberto
Gonçalves, concordo consigo, mas devia fundar um jornal a sério. Com jornalismo
a sério, que não prestasse serviço de vassalagem. Um jornal como o Observador
começou por ser.
Triunfo dos Porcos: Bem dito. O pior disto tudo é que ainda somos obrigados a
pagar, as mordomias duma boa parte destes lambe cus.
Alexandre Barreira: ......bom....hoje estou como o
caro Cipião..............D. Afonso Henriques.....ora quem foi D. Afonso Henriques........segundo
as crónicas do "antanho" foi um "vassalo" da mãe....que
prestava vassal......perdão....que vivia em regime democrático com a
progenitora...existindo um afecto (não...não...não mete o PR).....democrático
profundo que até "descambou" prá "lambada"......e há quem
diga que a batalha de S. Mamede não foi mais do que uma sessão tipo AR lá do
sítio....onde a Teresa de Leão (também não tem nada a ver com a familia do
Bruno de Carvalho) foi deposta pelo próprio filho....tendo este feito a maior
burrice histórica....porque até podia ter deixado as coisas como
estavam"........fim de citação.....!!!!
Paulo Hasse Paixao: 90% das pessoas que trabalham
no Observador devem ter insónias por causa destas crónicas. O que as torna
ainda mais giras do que elas já são geniais.
Zacarias Bidon: Que eu saiba o Sr. Prof. Dr.
Nuno Artur Silva não trabalha no Observador, mas não é por isso que deixa de
haver censura e palavras proibidas nesta casa. Por exemplo, este comentário que
me censuraram ontem no artigo sobre a decisão de acholher os oito marroquinos
que desembarcaram no Algarve:
Começou a invasão. É a tua deixa, André Ventura.
Quais são as palavras proibidas neste
comentário?
Ampa: Absolutamente na mouche. O
problema é que o povo está completamente destrambelhado e deixa-se ir na
conversa destes profs, drs engs. O outro
qdo disse que vinha aí o diabo sabia bem do que estava a falar. Ele está aí e á
força toda.
Ruik Krull: ATÉ QUE ENFIM QUE ALGUÉM EM
NOME DA SAÚDE MENTAL É DE OPINIÃO QUE DEVE-SE DEITAR A TELEVISÃO PELA JANELA.
...
Não, é mil vezes pior. Isto não é uma DEMOGRACIA
é uma GATUNAGEM...
CHEGA!
TODA A CORJA SAÍDA DA ABRILADA TEM DE SER
CORRIDA, CUSTE O QUE CUSTAR, A BEM DE TODOS E A BEM DA NAÇÃO.
...
A beijar o ASS ao FERRO e a todos os tússicos
cardíacos tá o pagode farto. Um anátema a todos esees cínicos e correr e correr
com eles todos à BORIS.
André Ondine: Se o dito Sr prof Artur Silva
fosse membro de um governo Passos, já se tinham ouvido os gritos da Galambagem
e das Brigadas Mortagua, com cartazes a dizer Censura Nunca Mais e Soares é
Fixe. Como o Sr Prof é membro do gangue e venerado pelo temido “comentarismo”
Marques Lopes, anda tudo caladinho e gaba-se-lhe a iniciativa. Mas Artur Silva
esquece-se que a famosa frase “Somos Todos Centeno” apenas significa que, um
dia, todos levam o mesmo tratamento do Habilidoso...usa-se, deita fora e
humilha-se, que já serviu a causa nobre. Perguntem a Seguro, Assis ou mesmo
Passos. E a Centeno, claro...
Zacarias Bidon: Quem for apanhado a espreitar o
Observador, (...) infecto de notícias daninhas para o poder
É fortíssimo em ironia, o Berto Careca.
É ver os fact-chackings do Observador
e constatar que são raramente desfavoráveis ao governo; é ler a maior
parte das notícias para constatar que o Observador é um órgão de propaganda ao
serviço do regime ao mesmo título que o Expresso ou a "indispensável
Lusa de Nicolau do Laço", cujas notícias zelosamente reproduz.
E o que é que vem a ser isso do "fascismo
que tivemos"? Por acaso és italiano, ó Berto Careca?
Em Portugal não houve fascismo nenhum, houve
salazarismo, e esse regime assumia a censura, não era como os censores do
Observador, que censuram e não assumem.
Berto Careca, quem escreve num jornal com
telhados de vidro não atira pedras!
Quorthon Zacarias Bidon: Ó Bidon, tens razon. Este
Observador também encaixa nos orgãos de vassalag... perdão, Lusa.
Cristina Maya: Como castigo "beijar um
mupi em tamanho real do Ferro Rodrigues", Muito bom! Como sempre, excelente crónica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário