Os de Putin têm toda a aparência
de traiçoeiros, e os olhos não enganam. Como o algodão...
EDITORIAL
20 anos de Putin
A mão de Vladimir Putin
estende-se da Ucrânia à Líbia, de Barcelona aos Estados Unidos e o país que
governa, o maior do mundo, é mantido sob estrita vigilância.
DAVID PONTES
PÚBLICO, 29 de Dezembro de 2019
Nos balanços da década, tem surgido uma figura, não tanto como
determinante para o sentido da história, mas exemplar no sentido que ela foi
tomando nos últimos anos. Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria, é referido como exemplar – foi eleito em
2010 – dos populismos construídos na capacidade de torcer e encolher a
democracia até a transformar na contradição em termos que é “democracia
iliberal”.
Mas seria injusto não salientar que há alguém que na última década –
mas ainda antes disso, pois em 31 de Dezembro cumprem-se 20 anos que, num
discurso de passagem de ano, lhe foi entregue o poder – tem sido, ele sim,
determinante no inclinar da História para idêntico pendor autoritário. Mesmo
na sombra, a mão de Vladimir Putin estende-se da Ucrânia à Líbia, de Barcelona
aos Estados Unidos e o país que governa, o maior do mundo, é mantido sob
estrita vigilância. A experiência bem sucedida de isolar a Internet da Rússia, o assalto às instalações da fundação do líder da
oposição, ou a entrada ao serviço de um míssil hipersónico capaz
de escapar às defesas dos EUA, tudo eventos desta semana, são o que é já
habitual no percurso de um ditador ambicioso.
O foco norte-americano no alargamento da influência
chinesa não pode deixar os europeus distraídos da ameaça que representa o seu
vizinho continental. A notícia de anteontem de
que três espiões russos se deslocaram à Catalunha em vésperas do referendo é só
mais um sinal, a juntar à interferência nas eleições norte-americanas ou no
referendo britânico, que mostra a vontade de Putin de vingar através da
desestabilização das democracias ocidentais.
Podemos achar que o estereótipo do agente russo, fonte do mal, que
dominou o cinema de espionagem e acção durante décadas caiu em desuso. Mas
devíamos recordar que Putin é um filho do KGB e que o livro The
Foundations of Geopolitics de Alexandre Dugin, publicado em 1997, ajudou a
forjar o novo nacionalismo russo.
Para a Rússia afirmar o seu poder, escreveu, é necessária a “rejeição do
atlantismo, o controlo estratégico dos EUA e a recusa em permitir que os
valores liberais dominem [o país]”.
Importante, para Alexandre Dugin, é cultivar a ideia da Rússia enquanto
império, enquanto potência capaz de se afirmar para lá das suas fronteiras.
Sem uma economia ou tecnologia capazes de ser fonte de influência, a
estabilidade e a capacidade de os russos continuarem a ser actores no palco
internacional tem sido determinante para Putin manter e alargar o seu poder.
Quanto mais ele tiver sucesso, mais as nossas democracias e a nossa liberdade
estarão ameaçadas.
COMENTÁRIOS:
Caetano Brandão: Já disse e repeti nestes comentários que Putin é
seguramente a maior ameaça à paz e ao progresso mundial. É, porque tem uma
mente maquiavélica que o tornaria um menino ao lado de Estaline se para isso
tivesse condições. Basta ver um dos muitos documentários bem feitos que passaram
na televisão ou estão na net, basta ver como comanda o poder fingindo que não
manda quando coloca uma marionete no poder, basta ver a sangria que não hesita
em mandar prender, matar ou envenenar quem se atravessa no seu caminho, a
chacina na Tchechénia ou simplesmente de crianças num teatro de Moscovo, os
milhões acumulados em offshores (ver Panama papers) e o crime imenso que foi a
invasão da Siria que custou a devastação total dum povo e país para salvar o
coiro dum facínora como Assad "comprando" assim este país.
Caetano Brandão: Corrijo, tornaria Estaline um menino ao seu lado...
antónio:
-Se o Ocidente não tem
descaradamente aproveitado o tempo do ébrio e fraco Yeltsin para violar o
compromisso de não estender a NATO até às fronteiras russas, talvez esta não
necessitasse de se reafirmar desta maneira, e hoje fosse governada mais à moda
do Ocidente. A parca ilusão de que se pode humilhar indefinidamente um país
como a Rússia, pela sua extensão, pela sua cultura que poucos no Ocidente
conservam, só podia reavivar o orgulho nacionalista. -Antes de a Rússia chegar
à Líbia, os europeus e os americanos encarregaram-se de destruir o país e
deixá-lo na anarquia selvagem. -Sustentar que a Ucrânia tem direitos históricos
sobre a Crimeia é ignorar que a Crimeia foi conquistada pelos russos ao Império
Turcomano e que só a patetice regionalista de Krushtchev a deu à borla à
Ucrânia.
manuel.pires.793926. certíssimo....
Jose Vic: Em primeiro lugar, Putin é fruto do descalabro
Ielstsin. Os russos, não o império, sabem disso. O tema Rússia, tem mais a ver
o que sobra para o tal mundo ocidental (leia-se EUA e Europa) se a Rússia jogar
a carta chinesa. Hoje a Rússia já funciona como procuradora da China em
diversos pontos do mundo. Até agora foi apenas uma relação de conveniência,
apesar de, desde 2013, os dois presidentes já se terem encontrado mais de 30
vezes. Embora historicamente a rivalidade entre estes dois países seja enorme,
competem há séculos sobre a influência na Ásia Central, sudeste asiático e
agora no Árctico. A Europa e os EUA ao hostilizarem a Rússia, podem lançá-la
irremediavelmente para os braços da China. A China é um poder em ascensão e o
parceiro dominante; a Rússia continua em declínio, ao contrário do que o autor
parece querer dizer. A China é a segunda maior economia mundial; a Rússia não
está sequer entre as 10 primeiras.
Animação e descanso: Correctíssimo, no entanto a economia russa continua no
top 10 em PPP
PM.877587: Daqui a 2/3 décadas a Índia, potência nuclear, vai
ultrapassar a China em população.
Animação e descanso: Mais um propagandista ao serviço da russofobia, que
vergonha Público! Um texto carregado de inverdades, incoerências e difamação
pura. Os USA e Israel fazem autêntica bandidagem internacional e o Putin por
lhes fazer frente é o mau da fita.
Terráqueo: Quais são as inverdades, incoerências e difamações do
texto?
Tiago Vasconcelos; "Animação e descanso" -- nickname para mais
um troll do kremlin
Terráqueo: Excelente artigo. Só não percebo a paixão dos
comunistas tugas pelo Rússia Unida e pelo Putin. Devem achar que ele é o mais
parecido que conseguem arranjar á defunta URSS.
Animação e descanso: Um artigo Macarthista. Eu detesto comunistas como
detesto imperialistas e fascistas. O sr pelos vistos gosta dos últimos.
Terráqueo: Aha! Ou és comunista ou és imperialista/fascista!
Abomino fascistas e extrema direita, tal como abomino comunistas estalinistas.
bento guerra: Uma sorte para a Rússia."Aquilo é demasiado grande
para ser chefiado por mais de um homem" disse alguém ,no passado. E agora
o Trump não tem asco em falar com ele,ao contrário do Obama.
Nuno Silva: A nível internacional e na estabilidade do mundo, a
Rússia de Putin tem sido excepcional (extraordinária, até). Mas ao nível da
política interna, é do que mais rejeito na vida, ou seja ele é uma m..... mas
que Portugal deve ser amigo (e ao abrigo dos supersónicos), como outro país
qualquer...
VIKTOR MOROZOV: O Sr. esqueceu a culpa de Putin no que se refere à
explosão do carro armadilhado na Somália e às cheias em Portugal
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