Um texto que escapou.
De Henrique Salles da Fonseca. Infelizmente vai sempre a tempo, pois o tempo provará
que está certo e o discurso não vai ser alterado.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 15.12.19
Anunciou o Ministro das Finanças um Orçamento para 2020 com um superávite de 0,12% do PIB
e logo o BE exigiu o reforço de 800 milhões de Euros (M€) da verba destinada à
Saúde; seguiu-se o pedido dos Liberais para que, prevendo-se um «lucro» do
Estado, se procedesse à baixa dos impostos.
Onde já irá o «lucro»?
O que estava na génese desse «lucro» era a suborçamentação das
despesas, nomeadamente da Saúde, ou seja, tratava-se de propaganda às
capacidades gímnicas dos artistas em pista. Como assim? Muito simplesmente porque parece que a dívida a
fornecedores do SNS ronda os 700M€ pelo que do reforço de 800M€ apenas
sobrariam 100M€ se se pagasse tudo o que se deve. Mas o Governo já fez saber
que desse reforço apenas 500M€ se destinam a fornecedores (há quem fique a
«arder» em 200M€) e que o resto servirá para recrutamento de Pessoal.
Mas se o Governo não perder o tal superávite de vista, vai ter que gerir
a execução orçamental com a finura de um violinista e não com a rudeza de um
halterofilista. Ou seja, vai dizendo à esquerda que sim e mais que
também mas não vai recrutar as hordas de «saudosos»[1] que
o BE pretende e vai mesmo ter que dar umas marteladas por aqui e por ali pois
não poderá aguentar a ira dos fornecedores se não quiser suportar as
consequências de uma ruptura nos abastecimentos aos hospitais.
O lençol é curto, ou tapa a cabeça e destapa os pés ou o contrário.
Seguindo-se o pedido dos Liberais para que se faça uma
redução da carga fiscal, daqui lhes digo que muita sorte teremos se
conseguirmos passar 2020 sem um agravamento dos impostos.
Superávite sem martelada? Isso só fazendo contas sem
pés nem cabeça.
Dezembro de 2019
COMENTÁRIOS
Adriano
Lima 15.12.2019 21:25: Excelente lição de economia. Pena é de nada servir para
algumas cabeças vazias e parlapatões que têm assento no Parlamento.
Francisco G. de
Amorim 16.12.2019: Promete
pouco e cumpre muito.
Ditado do tempo das calendas gregas. Mas prevalece mais verdadeiro um velho
ditado dos romenos de Valáquia: "O homem esperto é pródigo em
promessas; o homem ignorante é dado a fiar-se nelas! Assim vai a terra de
Afonso Henriques.
Anónimo 17.12.2019: Em aditamento ao meu comentário de 15 do corrente sobre
o teu artigo, de 14, "A Martelada", apenas tenho a dizer que o Sr.
Ministro das Finanças reconheceu que os contribuintes é que "pagam" o
superavit, o tal "lucro" e, segundo ouvi num canal de TV, a carga
fiscal vai aumentar para 35% do PIB. Ou seja, como dizes, não há superavit com
redução de impostos. Abraço. Carlos Traguelho
Henrique
Salles da Fonseca 17.12.2019: Não precisamos de chegar a 2020 para verificar aumento
de impostos. Nos indirectos já se verifica neste OE. Nos directos o ilusionista
Centeno dá com uma mão e retira mais com outra. Do OE, tenho a certeza que não
haverá excedente mas sim mais cativações leia-se atrasos a fornecedores mas a
malta gosta deste truques baixos. Boas Festas Henrique. Jorge Cerejeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário