quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Um texto que escapou.


Um texto que escapou.
De Henrique Salles da Fonseca. Infelizmente vai sempre a tempo, pois o tempo provará que está certo e o discurso não vai ser alterado.
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 A BEM DA NAÇÃO, 15.12.19
Anunciou o Ministro das Finanças um Orçamento para 2020 com um superávite de 0,12% do PIB e logo o BE exigiu o reforço de 800 milhões de Euros (M€) da verba destinada à Saúde; seguiu-se o pedido dos Liberais para que, prevendo-se um «lucro» do Estado, se procedesse à baixa dos impostos.
Onde já irá o «lucro»?
O que estava na génese desse «lucro» era a suborçamentação das despesas, nomeadamente da Saúde, ou seja, tratava-se de propaganda às capacidades gímnicas dos artistas em pista. Como assim? Muito simplesmente porque parece que a dívida a fornecedores do SNS ronda os 700M€ pelo que do reforço de 800M€ apenas sobrariam 100M€ se se pagasse tudo o que se deve. Mas o Governo já fez saber que desse reforço apenas 500M€ se destinam a fornecedores (há quem fique a «arder» em 200M€) e que o resto servirá para recrutamento de Pessoal.
Mas se o Governo não perder o tal superávite de vista, vai ter que gerir a execução orçamental com a finura de um violinista e não com a rudeza de um halterofilista. Ou seja, vai dizendo à esquerda que sim e mais que também mas não vai recrutar as hordas de «saudosos»[1] que o BE pretende e vai mesmo ter que dar umas marteladas por aqui e por ali pois não poderá aguentar a ira dos fornecedores se não quiser suportar as consequências de uma ruptura nos abastecimentos aos hospitais. O lençol é curto, ou tapa a cabeça e destapa os pés ou o contrário.
Seguindo-se o pedido dos Liberais para que se faça uma redução da carga fiscal, daqui lhes digo que muita sorte teremos se conseguirmos passar 2020 sem um agravamento dos impostos.
Superávite sem martelada? Isso só fazendo contas sem pés nem cabeça.
Dezembro de 2019
COMENTÁRIOS
 Adriano Lima  15.12.2019  21:25: Excelente lição de economia. Pena é de nada servir para algumas cabeças vazias e parlapatões que têm assento no Parlamento.

 Francisco G. de Amorim  16.12.2019: Promete pouco e cumpre muito. Ditado do tempo das calendas gregas. Mas prevalece mais verdadeiro um velho ditado dos romenos de Valáquia: "O homem esperto é pródigo em promessas; o homem ignorante é dado a fiar-se nelas! Assim vai a terra de Afonso Henriques.

 Anónimo  17.12.2019: Em aditamento ao meu comentário de 15 do corrente sobre o teu artigo, de 14, "A Martelada", apenas tenho a dizer que o Sr. Ministro das Finanças reconheceu que os contribuintes é que "pagam" o superavit, o tal "lucro" e, segundo ouvi num canal de TV, a carga fiscal vai aumentar para 35% do PIB. Ou seja, como dizes, não há superavit com redução de impostos. Abraço. Carlos Traguelho

 Henrique Salles da Fonseca  17.12.2019: Não precisamos de chegar a 2020 para verificar aumento de impostos. Nos indirectos já se verifica neste OE. Nos directos o ilusionista Centeno dá com uma mão e retira mais com outra. Do OE, tenho a certeza que não haverá excedente mas sim mais cativações leia-se atrasos a fornecedores mas a malta gosta deste truques baixos. Boas Festas Henrique. Jorge Cerejeira

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