É um luxo vibrarmos com as guerras lá de
fora. Afinal, temos esta nossa, para a qual os nossos Guterres fazem vista
grossa. Helena Matos esclarece,
com o brilho de sempre, por inútil que seja.
Pesso@s que andam por aí com filhos na barriga
No tempo da ditadura do género, do eu
sou o que sinto que sou, das pesso@s, as grávidas mostram que a realidade
biológica não se compadece com efabulações e que só as mulheres são mães
HELENA MATOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 29
out. 2023, 00:3073
24 a 26 de
Outubro de 2023. Tânia Pinto, de 32 anos, estava grávida
de oito meses. Na terça-feira, 24, é informada numa consulta de rotina no
Hospital Beatriz Ângelo que a filha não tinha batimentos cardíacos. Foi-lhe
então administrada medicação para induzir o parto. Na quarta-feira, 25, Tânia
deslocou-se até ao Hospital Beatriz Ângelo para realizar o parto, mas acabou por voltar para casa com o
feto morto na barriga por não haver vaga nem pessoal para o realizar.
Segundo o casal, os funcionários do hospital informaram que existiam casos mais
urgentes e que teriam de voltar no dia seguinte ou permanecer naquela unidade
“com outras mulheres grávidas ou recém-mães com os bebés”. Tânia optou voltar para casa com as dores de um parto induzido. A 26
o parto terá tido finalmente lugar.
Foi
preciso uma mulher grávida andar durante dois dias entre casa e o hospital em
trabalho de parto dum nado-morto para que se começassem a fazer perguntas sobre
o que chamamos procedimentos habituais nestes casos. Por exemplo, será
aceitável que uma mulher em trabalho de parto de um bebé morto fique internada
numa enfermaria com mulheres que acabaram de ser mães e com os respectivos
bebés? Aceitável ou não, acontece.
Há
uns anos isto seria um escândalo. Agora é a rotina. Uma fatalidade. Saber qual
o bloco de partos que está a funcionar na zona tornou-se um quebra-cabeças ou
mesmo numa corrida de obstáculos. Entrámos
em 2023 a fazer contas às centenas de quilómetros feitos por grávidas que
apenas queriam ter acesso a um bloco de partos. Ora era uma grávida do Seixal
que era levada para o Hospital Distrital de Santarém, a 100 quilómetros de
distância. Mas que uma vez chegada a Santarém, e porque bloco de partos ia
entrar em contingência pouco depois, por falta de anestesista, entrava novamente
numa ambulância, desta vez com destino às Caldas da Rainha, a mais de 50
quilómetros de distância. Tudo somado são 150 km, mesmo assim menos que
os 200 km feitos por outra grávida
de Torres Vedras logo no início deste ano para conseguir ter uma consulta de
urgência.
Este
fim de semana estão fechadas as urgências de obstetrícia de Braga, Santarém,
Vila Franca de Xira, Setúbal e Santa Maria em Lisboa. Já a urgência do
Amadora-Sintra não só encerrou este fim-de-semana como vai manter-se fechada
por mais cinco dias. Para o próximo há que actualizar estas informações. Manda
a precaução que se evitem as mudanças de turno, as horas em que os serviços
entram em contingência…
Quantas manifestações foram
convocadas para protestar por estes sucessivos atentados contra as mulheres?
Quantas vagas de indignação aconteceram? Não duvido que há alguns anos, o
ministro da Saúde, sobretudo se não integrasse um governo de esquerda, perante
casos como estes sentir-se-ia obrigado a dar explicações. Também tenho a
certeza que o país estaria coberto de cartazes a chamar assassinos aos membros
do governo. Mas como estamos com governos socialistas, há oito anos a
contestação deu lugar a um processo de degradação do quotidiano envolto numa
retórica que garante o inverso: nascer em Segurança no SNS, anuncia o Governo
enquanto a insegurança aumenta para quem procura o SNS. Não nascer no SNS
está a tornar-se uma tendência: no primeiro semestre de 2023, nos hospitais de
Lisboa e Vale do Tejo, os partos nos privados aumentaram 20% em relação ao ano
passado, no público também se registou um aumento mas apenas de 3%.
O fatalismo com que reagimos
actualmente a tudo isto contrasta vivamente com a forma apaixonada com que num
passado recente vivíamos o que designávamos como saúde materno-infantil. E
contrasta ainda mais com a comoção com que actualmente se reage aos gestos
machistas ou apresentados como tal, desde que praticados por um machista
conveniente. (A questão
da conveniência é fundamental e só ela explica que nos indignemos por causa do
beijo que um dirigente desportivo espanhol deu a uma jogadora de futebol e
simultaneamente se fechem os olhos perante a perda de direitos das mulheres nas
competições desportivas por causa dos atletas transexuais.)
E, aqui, chego ao que me parece ser
outro factor indutor da placidez com que vivemos a regressão no atendimento às
mulheres grávidas: a grávida tornou-se uma espécie de arcaísmo. Quase
um resquício doutras eras, como o apêndice. No tempo da ditadura do género, do
eu sou o que sinto que sou, das pesso@s, as grávidas mostram que a realidade
biológica não se compadece com tais efabulações. Cada grávida lembra que só as
mulheres engravidam, que só as mulheres amamentam, que só as mulheres são mães.
A degradação do SNS, o fecho rotativo
das urgências, a descoordenação entre as ambulâncias e os hospitais não afectam
a todos por igual. As mulheres grávidas contam-se entre as primeiras vítimas do
retrocesso civilizacional que estamos a viver no SNS. Uma
grávida não é uma pesso@ que anda por aí com um filho na barriga, de urgência
em urgência à espera que lhe digam que pode ficar. Uma grávida é uma
mulher. E as mulheres e os seus assuntos têm de voltar a ser discutidos e
deixar de ser sacrificados a agendas do momento.
DIREITOS DAS
MULHERES DIREITOS
HUMANOS SOCIEDADE SERVIÇO
NACIONAL DE SAÚDE PAÍS SAÚDE DA
MULHER SAÚDE
COMENTÁRIOS (de 73)
Maria Augusta Martins: O povo quando conduzido pelos socialistas ou comunistas porta-se como um
boi capado manso e cansado. Maria Nunes: Não sei qual será pior : o
Governo incompetente ou este povo amorfo, que permite tudo e não tem um gesto
de revolta. Madalena Sa: Muito bom Helena Matos!
Situação vergonhosa a que o PS conduziu este triste País! Não há palavras! No
entanto, o povo gosta, vota neles! António
Dias:: Artigo Pedagógico . Aproveito
para aplaudir as corajosas declarações de HM, sobre Israel no contraditório ao
Bernardino do PCP nas televisões Pedro
Pereira::
Afinal parece que
o diabo sempre anda por aí. Só ainda ninguém, disse ao Dr António Costa . Ele (
o diabo ) acompanha esta e outras grávidas, faz companhia aos que vão às
urgências e esperam 12,14 e mais horas para serem atendidos ou vão para os
centros de saúde à chuva e ao frio às 3h da manhã para poderem ter uma consulta
. Ouvi dizer que os pais que não têm onde deixar os filhos, seja pq não há
creches, como o Sr dr António Costa prometeu, ou aqueles que os filhos não têm
professores tb o têm visto. Parece que o diabo tb tem aparecido àquelas
famílias que não conseguem pagar a prestação da casa ou a renda , que não têm
dinheiro para os medicamentos ou mesmo para dar de comer aos filhos, que não
têm opções nenhumas quando necessitam de apoio para um familiar idoso que já
não tem condições para ficar em casa, ou que necessitam por algum motivo de
usar na Justiça. Só o Dr António Costa é que não vê o diabo, infelizmente
parece que não há ninguém que lhe diga que ele anda efectivamente por aí
. Manuel
Martins: Concordo com a
cronista. Gostaria de ter informação de qual a percentagem de
grávidas que são estrangeiras e que apenas vêm a Portugal ter os filhos
gratuitamente e ainda para que nasçam portugueses? É que não há sns que
aguente esse efeito de atracção... Mário Baptista: Morreu mais uma mulher por não usar o véu islâmico.
Onde estão as manifestações? Filipe
Paes de Vasconcellos: Entreguem -se! Mas será que a
mulherzinha mais insuportável que já conheci como ministra, Marta Temido, não é
chamada a assumir as suas responsabilidades? Mas
será que o Costa e o Centeno , os tais das ditas contas “certas” que,
desonestamente, defenderam as reversões para depois aplicar as brutais
cativações de que há memória, sabendo e estando perfeitamente conscientes de que
iriam destruir o SNS, a Educação, a Justiça, a Habitação… e depois, o tal
Mourinho das…com as suas contas perfeitamente Erradas balda-se para governador
do BP como um heróizinho . Porque não se
entregam? Mas o socialismo é e sempre foi
assim! Joao A: O SNS é inacessível a quem o paga (pelos tempos de
espera). Está-se a transformar num mero serviço de caridade social para
imigrantes e muito pobres - que continuarão a aumentar cada vez mais. Ou começam a comparticipar o que as pessoas
gastam no privado por falta de SNS, ou não faz sentido continuar a enterrar
tanto dinheiro num SNS que não nos serve, Rui Lima:
Leio na capa de um jornal que o
governo vai legalizar mais 600 000 imigrantes penso que a este ritmo nem a
saúde nem a habitação vão ser suficientes, são povos que precisam de mais
cuidados médicos que o europeu, porque a genética não é toda igual. O europeu é o povo mais saudável do mundo apesar
de todos os abusos no comer por isso é possível terem serviços SNS . “Diabetes Federation, in 2022, 26.7% of adults
in Pakistan are affected by diabetes “ se quase 27% dos adultos paquistaneses
são diabéticos num país com baixa
esperança de vida, façam contas , com o tipo de vida ocidental seriam
80% . Esquecem a saúde gratuita a tempo e horas será só para
quem tem dinheiro. Paulo
Almeida: Muito bem notada
a hipocrisia da esquerda que organiza manifestações pelo povo da Palestina, mas
não mexe uma palha por causa das mulheres e mães portuguesas mal tratadas. Isto
só não esvazia esses partidos de militantes e apoiantes, porque a lavagem
cerebral é tão grande desde pequenos. Um dia essas pessoas acordam e aí haverá
chacinas Tim do Á: Perda dos direitos das mulheres
nas competições desportivas e até já nos concursos de beleza. Vai ser tudo dos
homens; naturais ou operados. afonso
moreira: A CS,- e sabe-se lá quem lá manda-, é que decide o que
é importante e o que não é. A estratégia é a mesma da publicidade: martelar até
à exaustão com produtos que serão salvíficos para a espécie e quem os rejeita é
reaccionário por não estar na moda. O PS domina tudo como nunca, e o povo
hipnotizado só acorda quando a máquina de propaganda não consegue esconder a
crua realidade. Quem se atreve na CS a dizer-lhe que também ela é autora ou
cúmplice do nosso estado? Maria
Tubucci: Bem observado
Sra. HM. O país está a colher os frutos que a geringonça semeou. Não gostam?
Para a próxima, em vez em emprenharem pelos ouvidos e votarem PS ou ficarem em
casa refastelados no sofá, vão votar, e votar correctamente. Votar mal, tem
consequências e não votar também, agora aguentem-se ou habituem-se, como diz o
trafulha-mor. Tim do
Á > Filipe Paes de Vasconcellos:
Deviam estar
todos presos e a família Nuno Santos a pagar os 2300 milhões de euros que
colocaram na TAP com o dinheiro dos nossos impostos. Cisca
Impllit: A esquerda grita, faz asneira um etc de coisas, mas
quando governa a asneira transborda e anestesia a malta mesmo sem
anestesistas nos blocos de cirurgia e de parto. Amigo do
Camolas: Tanto a
atitude como o discurso dos socialistas é o mesmo, em termos dos mais
"chulos", da esquerda e de todo o resto da função pública. É isso.
Não importa qual o resultado de suas medidas, seus pedidos ou de suas
intenções. Não importa se o privado funciona melhor. Não importa o quanto o
povo é prejudicado. Esse pessoal não está nem aí se o povo paga impostos como
nunca para sustentar a máquina pública e não receber qualquer serviço digno
desse nome em troca. O estado é deles. Os cabides de emprego também. E o
instrumento de dar e tirar serviços na saúde, na educação e na
imobilidade ao povo quando eles quiserem também. Esse pessoal tem toda uma
coerência entre eles e o discurso parasita dos comunistas que até dá dó. Marco
Teixeira: No tempo do
Passos uma situação destas causaria um terremoto mediático. A comunicação
social Portuguesa está instrumentalizada pelo PS José
Carvalho Pedro Pereira: Há por aí alguém que possa
mostrar um espelho ao Dr. António Costa? Tim do
Á > Mário Baptista: É que as feministas gostam de
ser escravas e objectos sexuais dos homens. Por isso acham bem. João
Floriano: A grávida tornou-se uma espécie
de arcaísmo. Aqui está a frase principal da crónica de hoje. Basta
ver as poucas grávidas que encontramos nos transportes, nos supermercados,
mesmo na praia, quando barrigas estriadas com o umbigo protuberante e
brilhantes de esticadas eram exibidas orgulhosamente por cima do biquíni. Em
2022, pelos Santos Populares em Lisboa, o PR beijou para a fotografia a barriga
de uma grávida. Mas aí havia glamour, coisa que não existiu no caso da grávida
Tânia Pinto que nunca esperou que a sua família saltasse para a CS e
fosse tema de uma crónica de Helena Matos. E falo da família de Tânia porque
também conhecemos o pai do bebé morto e soubemos que há mais 3 crianças em casa
entre 1 e 5 anos. A Tânia e o marido merecem um destaque por acreditarem
que este ainda é um país onde se possa ter uma família numerosa. Somos
governados pela esquerda, aliás duas esquerdas. A do PS que está a deixar o
país num caos onde nada funciona, Portugal transformado num país falhado
pelo socialismo e a extrema esquerda que se ocupa com agendas de m…… ,
que não interessam a ninguém a não ser a eles próprios e à
ideologia à qual são obedientes. Um abraço para a Tânia e sua família e mais
sorte da próxima vez. Pontifex
Maximus: Se o problema das
grávidas fosse o único do SNS (não estou a desvalorizar, naturalmente)
estaríamos bem. No Hospital de Faro não dão alta a doentes. Oncológicos, não
chegam a isso, simplesmente não marcam consultas regulares e quem quiser que se
desenrasque no privado. E não, não acontece agora, há casos em que já acontece
há dois anos. Que tristeza de país… Chegou o momento de uma vez por todas
dizermos Chega e pelo menos tentar mudar este estado de coisas. Claro que se
tivéssemos um presidente da república digno desse nome e não um idiota útil do
socialismo, ainda haveria alguma esperança para os próximos tempos, assim resta
esperar que o homenzinho gaste o rolo da máquina das selfies para ajustar
contas no tempo devido.
Domingas Coutinho: Mas este exemplo que relata não é crime? E o
Ministério Público não deveria investigar quem é o culpado??? E já agora o Sr.
PM que diga em que ponto está a reforma do SNS que tão ufanamente apregoa. João
Floriano > Manuel Lourinho: Vendo bem, o Manuel Lourinho
também não acrescenta nada ao debate porque se limita a comentar um comentário.
Eu concordo com a Maria Augusta: faz tudo parte do mesmo. Enquanto a
esquerda estiver no governo, continuaremos a afundar. João Floriano >
Tim do Á: Os homens naturais e hetero
têm a vida muito complicada porque são associados ao heteropatriarcado
opressor. Os homens do futuro são os gays e os trans. Do mesmo modo as mulheres
hetero e «normais» de acordo com parâmetros obsoletos de antigamente estão também
em maus lençóis para encontrar parceiros sexuais e companheiros à altura.
Enfrentam a concorrência de gays e trans que lhes tiram lugares no desporto,
nas competições de beleza e de um modo geral em cada vez mais sectores da
sociedade porque a comunidade LGBTI reclama cada vez mais direitos. João
Diogo: Mais uma crónica excelente como é seu timbre, já agora não podíamos
encerrar o país um ano e mandar os xuxialistas para Gaza com o " toneca
Guterres" à cabeça.
Álvaro Venâncio: Subscrevo na íntegra. João Floriano
> Tim do Á: 3.200 milhões, uma bagatela,
uns trocados....... E não fica por aqui! Isabel Feijóo:
Obrigada!! Uma
vergonha, ao ponto a que chagámos! Muito obrigada por defender quem sofre e não tem
voz. As vozes quando se levantam têm que ser orquestradas e têm outros objectivos.
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