segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Aterrador


É um luxo vibrarmos com as guerras lá de fora. Afinal, temos esta nossa, para a qual os nossos Guterres fazem vista grossa. Helena Matos esclarece, com o brilho de sempre, por inútil que seja.

Pesso@s que andam por aí com filhos na barriga

No tempo da ditadura do género, do eu sou o que sinto que sou, das pesso@s, as grávidas mostram que a realidade biológica não se compadece com efabulações e que só as mulheres são mães

HELENA MATOS  Colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 out. 2023, 00:3073

24 a 26 de Outubro de 2023. Tânia Pinto, de 32 anos, estava grávida de oito meses. Na terça-feira, 24, é informada numa consulta de rotina no Hospital Beatriz Ângelo que a filha não tinha batimentos cardíacos. Foi-lhe então administrada medicação para induzir o parto. Na quarta-feira, 25, Tânia deslocou-se até ao Hospital Beatriz Ângelo para realizar o parto, mas acabou por voltar para casa com o feto morto na barriga por não haver vaga nem pessoal para o realizar. Segundo o casal, os funcionários do hospital informaram que existiam casos mais urgentes e que teriam de voltar no dia seguinte ou permanecer naquela unidade “com outras mulheres grávidas ou recém-mães com os bebés”. Tânia optou voltar para casa com as dores de um parto induzido. A 26 o parto terá tido finalmente lugar.

Foi preciso uma mulher grávida andar durante dois dias entre casa e o hospital em trabalho de parto dum nado-morto para que se começassem a fazer perguntas sobre o que chamamos procedimentos habituais nestes casos. Por exemplo, será aceitável que uma mulher em trabalho de parto de um bebé morto fique internada numa enfermaria com mulheres que acabaram de ser mães e com os respectivos bebés? Aceitável ou não, acontece.

Há uns anos isto seria um escândalo. Agora é a rotina. Uma fatalidade. Saber qual o bloco de partos que está a funcionar na zona tornou-se um quebra-cabeças ou mesmo numa corrida de obstáculos. Entrámos em 2023 a fazer contas às centenas de quilómetros feitos por grávidas que apenas queriam ter acesso a um bloco de partos. Ora era uma grávida do Seixal que era levada para o Hospital Distrital de Santarém, a 100 quilómetros de distância. Mas que uma vez chegada a Santarém, e porque bloco de partos ia entrar em contingência pouco depois, por falta de anestesista, entrava novamente numa ambulância, desta vez com destino às Caldas da Rainha, a mais de 50 quilómetros de distância. Tudo somado são 150 km, mesmo assim menos que os 200 km feitos por outra grávida de Torres Vedras logo no início deste ano para conseguir ter uma consulta de urgência.

Este fim de semana estão fechadas as urgências de obstetrícia de Braga, Santarém, Vila Franca de Xira, Setúbal e Santa Maria em Lisboa. Já a urgência do Amadora-Sintra não só encerrou este fim-de-semana como vai manter-se fechada por mais cinco dias. Para o próximo há que actualizar estas informações. Manda a precaução que se evitem as mudanças de turno, as horas em que os serviços entram em contingência…

Quantas manifestações foram convocadas para protestar por estes sucessivos atentados contra as mulheres? Quantas vagas de indignação aconteceram? Não duvido que há alguns anos, o ministro da Saúde, sobretudo se não integrasse um governo de esquerda, perante casos como estes sentir-se-ia obrigado a dar explicações. Também tenho a certeza que o país estaria coberto de cartazes a chamar assassinos aos membros do governo. Mas como estamos com governos socialistas, há oito anos a contestação deu lugar a um processo de degradação do quotidiano envolto numa retórica que garante o inverso: nascer em Segurança no SNS, anuncia o Governo enquanto a insegurança aumenta para quem procura o SNS.  Não nascer no SNS  está a tornar-se uma tendência: no primeiro semestre de 2023, nos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, os partos nos privados aumentaram 20% em relação ao ano passado, no público também se registou um aumento mas apenas de 3%.

O fatalismo com que reagimos actualmente a tudo isto contrasta vivamente com a forma apaixonada com que num passado recente vivíamos o que designávamos como saúde materno-infantil. E contrasta ainda mais com a comoção com que actualmente se reage aos gestos machistas ou apresentados como tal, desde que praticados por um machista conveniente. (A questão da conveniência é fundamental e só ela explica que nos indignemos por causa do beijo que um dirigente desportivo espanhol deu a uma jogadora de futebol e simultaneamente se fechem os olhos perante a perda de direitos das mulheres nas competições desportivas por causa dos atletas transexuais.)

E, aqui, chego ao que me parece ser outro factor indutor da placidez com que vivemos a regressão no atendimento às mulheres grávidas: a grávida tornou-se uma espécie de arcaísmo. Quase um resquício doutras eras, como o apêndice. No tempo da ditadura do género, do eu sou o que sinto que sou, das pesso@s, as grávidas mostram que a realidade biológica não se compadece com tais efabulações. Cada grávida lembra que só as mulheres engravidam, que só as mulheres amamentam, que só as mulheres são mães.

A degradação do SNS, o fecho rotativo das urgências, a descoordenação entre as ambulâncias e os hospitais não afectam a todos por igual. As mulheres grávidas contam-se entre as primeiras vítimas do retrocesso civilizacional que estamos a viver no SNS. Uma grávida não é uma pesso@ que anda por aí com um filho na barriga, de urgência em urgência à espera que lhe digam que pode ficar. Uma grávida  é uma mulher. E as mulheres e os seus assuntos têm de voltar a ser discutidos e deixar de ser sacrificados a agendas do momento.

DIREITOS DAS MULHERES    DIREITOS HUMANOS    SOCIEDADE     SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE     PAÍS     SAÚDE DA MULHER     SAÚDE

COMENTÁRIOS (de 73)

Maria Augusta Martins: O povo quando conduzido pelos socialistas ou comunistas porta-se como um boi capado manso e cansado.                 Maria Nunes: Não sei qual será pior : o Governo incompetente ou este povo amorfo, que permite tudo e não tem um gesto de revolta.                Madalena Sa: Muito bom Helena Matos! Situação vergonhosa a que o PS conduziu este triste País! Não há palavras! No entanto, o povo gosta, vota neles!                         António Dias:: Artigo Pedagógico . Aproveito para aplaudir as corajosas declarações de HM, sobre Israel no contraditório ao Bernardino do PCP nas televisões                   Pedro Pereira:: Afinal parece que o diabo sempre anda por aí. Só ainda ninguém, disse ao Dr António Costa . Ele ( o diabo ) acompanha esta e outras grávidas, faz companhia aos que vão às urgências e esperam 12,14 e mais horas para serem atendidos ou vão para os centros de saúde à chuva e ao frio às 3h da manhã para poderem ter uma consulta . Ouvi dizer que os pais que não têm onde deixar os filhos, seja pq não há creches, como o Sr dr António Costa prometeu, ou aqueles que os filhos não têm professores tb o têm visto. Parece que o diabo tb tem aparecido àquelas famílias que não conseguem pagar a prestação da casa ou a renda , que não têm dinheiro para os medicamentos ou mesmo para dar de comer aos filhos, que não têm opções nenhumas quando necessitam de apoio para um familiar idoso que já não tem condições para ficar em casa, ou que necessitam por algum motivo de usar na Justiça. Só o Dr António Costa é que não vê o diabo, infelizmente parece que não há ninguém que lhe diga que ele anda efectivamente por aí .                Manuel Martins: Concordo com a cronista.  Gostaria de ter informação de qual a percentagem de grávidas que são estrangeiras e que apenas vêm a Portugal ter os filhos gratuitamente e  ainda para que nasçam portugueses? É que não há sns que aguente esse efeito de atracção...                   Mário Baptista: Morreu mais uma mulher por não usar o véu islâmico. Onde estão as manifestações?                   Filipe Paes de Vasconcellos: Entreguem -se! Mas será que a mulherzinha mais insuportável que já conheci como ministra, Marta Temido, não é chamada a assumir as suas responsabilidades? Mas será que o Costa e o Centeno , os tais das ditas contas “certas” que, desonestamente, defenderam as reversões para depois aplicar as brutais cativações de que há memória, sabendo e estando perfeitamente conscientes de que iriam destruir o SNS, a Educação, a Justiça, a Habitação… e depois, o tal Mourinho das…com as suas contas perfeitamente Erradas balda-se para governador do BP como um heróizinho . Porque não se entregam? Mas o socialismo é e sempre foi assim!                    Joao A: O SNS é inacessível a quem o paga (pelos tempos de espera). Está-se a transformar num mero serviço de caridade social para imigrantes e muito pobres - que continuarão a aumentar cada vez mais. Ou começam a comparticipar o que as pessoas gastam no privado por falta de SNS, ou não faz sentido continuar a enterrar tanto dinheiro num SNS que não nos serve,                 Rui Lima: Leio na capa de um jornal que o governo vai legalizar mais 600 000 imigrantes penso que a este ritmo nem a saúde nem a habitação vão  ser suficientes, são povos que precisam de mais cuidados médicos que o europeu, porque a genética não é toda igual. O europeu é o povo mais saudável do mundo apesar de todos os abusos no comer por isso é possível terem serviços SNS .  “Diabetes Federation, in 2022, 26.7% of adults in Pakistan are affected by diabetes “ se quase 27% dos adultos paquistaneses são diabéticos num país  com baixa esperança de vida, façam contas , com o tipo de vida ocidental   seriam   80% .   Esquecem a saúde gratuita a tempo e horas será só para quem tem dinheiro.            Paulo Almeida: Muito bem notada a hipocrisia da esquerda que organiza manifestações pelo povo da Palestina, mas não mexe uma palha por causa das mulheres e mães portuguesas mal tratadas. Isto só não esvazia esses partidos de militantes e apoiantes, porque a lavagem cerebral é tão grande desde pequenos. Um dia essas pessoas acordam e aí haverá chacinas              Tim do Á: Perda dos direitos das mulheres nas competições desportivas e até já nos concursos de beleza. Vai ser tudo dos homens; naturais ou operados.                    afonso moreira: A CS,- e sabe-se lá quem lá manda-, é que decide o que é importante e o que não é. A estratégia é a mesma da publicidade: martelar até à exaustão com produtos que serão salvíficos para a espécie e quem os rejeita é reaccionário por não estar na moda. O PS domina tudo como nunca, e o povo hipnotizado só acorda quando a máquina de propaganda não consegue esconder a crua realidade. Quem se atreve na CS a dizer-lhe que também ela é autora ou cúmplice do nosso estado?               Maria Tubucci: Bem observado Sra. HM. O país está a colher os frutos que a geringonça semeou. Não gostam? Para a próxima, em vez em emprenharem pelos ouvidos e votarem PS ou ficarem em casa refastelados no sofá, vão votar, e votar correctamente. Votar mal, tem consequências e não votar também, agora aguentem-se ou habituem-se, como diz o trafulha-mor.                    Tim do Á > Filipe Paes de Vasconcellos: Deviam estar todos presos e a família Nuno Santos a pagar os 2300 milhões de euros que colocaram na TAP com o dinheiro dos nossos impostos.                    Cisca Impllit: A esquerda grita, faz asneira um etc de coisas, mas quando governa a asneira transborda  e anestesia a malta mesmo sem anestesistas nos blocos de cirurgia e de parto.                  Amigo do Camolas: Tanto a atitude como o discurso dos socialistas é o mesmo, em termos dos mais "chulos", da esquerda e de todo o resto da função pública. É isso. Não importa qual o resultado de suas medidas, seus pedidos ou de suas intenções. Não importa se o privado funciona melhor. Não importa o quanto o povo é prejudicado. Esse pessoal não está nem aí se o povo paga impostos como nunca para sustentar a máquina pública e não receber qualquer serviço digno desse nome em troca. O estado é deles. Os cabides de emprego também. E o instrumento de dar e tirar serviços na saúde, na educação e na  imobilidade ao povo quando eles quiserem também. Esse pessoal tem toda uma coerência entre eles e o discurso parasita dos comunistas que até dá dó.                   Marco Teixeira: No tempo do Passos uma situação destas causaria um terremoto mediático. A comunicação social Portuguesa está instrumentalizada pelo PS                    José Carvalho Pedro Pereira: Há por aí alguém que possa mostrar um espelho ao Dr. António Costa?                    Tim do Á > Mário Baptista: É que as feministas gostam de ser escravas e objectos sexuais dos homens. Por isso acham bem.                  João Floriano: A grávida tornou-se uma espécie de arcaísmo. Aqui está a frase principal da crónica de hoje. Basta ver as poucas grávidas que encontramos nos transportes, nos supermercados, mesmo na praia, quando barrigas estriadas com o umbigo protuberante e brilhantes de esticadas eram exibidas orgulhosamente por cima do biquíni. Em 2022, pelos Santos Populares em Lisboa, o PR beijou para a fotografia a barriga de uma grávida. Mas aí havia glamour, coisa que não existiu no caso da grávida  Tânia Pinto que nunca esperou que a sua família saltasse para a CS e fosse tema de uma crónica de Helena Matos. E falo da família de Tânia porque também conhecemos o pai do bebé morto e soubemos que há mais 3 crianças em casa entre 1 e 5 anos. A Tânia e o marido merecem um destaque por  acreditarem que este ainda é um país onde se possa ter uma família numerosa. Somos governados pela esquerda, aliás duas esquerdas. A do PS que está a deixar o país num caos onde nada funciona,  Portugal transformado num país falhado pelo socialismo  e a extrema esquerda que se ocupa com agendas de m…… ,  que não interessam  a ninguém a não ser a eles próprios e à ideologia à qual são obedientes. Um abraço para a Tânia e sua família e mais sorte da próxima vez.            Pontifex Maximus: Se o problema das grávidas fosse o único do SNS (não estou a desvalorizar, naturalmente) estaríamos bem. No Hospital de Faro não dão alta a doentes. Oncológicos, não chegam a isso, simplesmente não marcam consultas regulares e quem quiser que se desenrasque no privado. E não, não acontece agora, há casos em que já acontece há dois anos. Que tristeza de país… Chegou o momento de uma vez por todas dizermos Chega e pelo menos tentar mudar este estado de coisas. Claro que se tivéssemos um presidente da república digno desse nome e não um idiota útil do socialismo, ainda haveria alguma esperança para os próximos tempos, assim resta esperar que o homenzinho gaste o rolo da máquina das selfies para ajustar contas no tempo devido.              Domingas Coutinho: Mas este exemplo que relata não é crime? E o Ministério Público não deveria investigar quem é o culpado??? E já agora o Sr. PM que diga em que ponto está a reforma do SNS que tão ufanamente apregoa.                  João Floriano > Manuel Lourinho: Vendo bem, o Manuel Lourinho também não acrescenta nada ao debate porque se limita a comentar um comentário. Eu concordo com a Maria Augusta: faz tudo parte do mesmo. Enquanto  a esquerda estiver no governo, continuaremos a afundar.                   João Floriano > Tim do Á: Os homens naturais e hetero têm  a vida muito complicada porque são associados ao heteropatriarcado opressor. Os homens do futuro são os gays e os trans. Do mesmo modo as mulheres hetero e «normais» de acordo com parâmetros obsoletos de antigamente estão também em maus lençóis para encontrar parceiros sexuais e companheiros à altura. Enfrentam a concorrência de gays e trans que lhes tiram lugares no desporto, nas competições de beleza e de um modo geral em cada vez mais sectores da sociedade porque a comunidade LGBTI reclama cada vez mais direitos.              João Diogo: Mais uma crónica excelente como é seu timbre, já agora não podíamos encerrar o país um ano e mandar os xuxialistas para Gaza com o " toneca Guterres" à cabeça.                Álvaro Venâncio: Subscrevo na íntegra.                     João Floriano > Tim do Á: 3.200 milhões, uma bagatela, uns trocados....... E não fica por aqui!                    Isabel Feijóo: Obrigada!! Uma vergonha, ao ponto a que chagámos! Muito  obrigada por defender quem sofre e não tem voz. As vozes quando se levantam têm que ser orquestradas e têm outros objectivos.

Nenhum comentário: