terça-feira, 3 de outubro de 2023

Português. Futebolista


38 anos de idade.

855 golos na carreira, 36 em 2023, 17 na época 2023/24 e a estreia a marcar na Champions da Ásia: Ronaldo inicia reviravolta do Al Nassr

Istiklol ganhava ao intervalo mas português abriu caminho à reviravolta selada pelo inevitável Talisca (3-1). Al Nassr soma décima vitória consecutiva, Ronaldo tem mais golos do que jogos em 2023/24.

BRUNO ROSEIRO TEXTO

OBSERVADOR, 02 out. 2023, 21:02

Foi a vitória mais complicada de todas, foi a vitória mais importante de todas, foi a vitória que deu origem à maior série de todas. A dois minutos do final do playoff de apuramento para a fase de grupos da Champions asiática, que chegava depois de duas derrotas consecutivas a abrir a Liga saudita frente ao Al-Ettifaq e ao Al Taawon, o Al Nassr perdia com o Al Ahli do Dubai e estava fora; a partir daí, tudo mudou. Mudou nesse jogo, com Al-Ghannam a empatar antes da reviravolta nos descontos por Talisca e Brozovic (após assistência de Ronaldo). Mudou daí para a frente, com o conjunto de Riade a somar a partir daí nove triunfos consecutivos entre Campeonato, Taça do Rei e Liga dos Campeões da Ásia. E era nesse contexto que chegava a segunda jornada da principal prova continental, agora com uma receção ao Istiklol, líder do Tajiquistão.

De forma incontornável, Cristiano Ronaldo voltava a estar em destaque depois de um descanso retemperador num jogo da Taça do Rei antes de marcar um golo e fazer uma assistência na vitória frente ao Al-Tai por 2-1, sendo que esta segunda-feira o avançado voltou a ser notícia por estar nomeado para o prémio de Melhor Jogador do Mês depois dos cinco golos e três assistências em quatro jogos realizados na Liga.

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“Foi uma jogada audaciosa, foi brilhante. Trazer um jogador da magnitude de Cristiano Ronaldo para jogar aqui, na Arábia Saudita, foi, realmente, um choque para o futebol mundial. Foi esse efeito que abriu portas para, seis meses depois, jogadores como Benzema, Kanté, Roberto Firmino, Neymar ou Malcolm também viessem, para que esses jogadores tenham decidido vir jogar para cá. Foi essa a visibilidade que o Cristiano trouxe. É lógico que, a partir do momento em que, não só o jogador, como também a família vê que Cristiano Ronaldo está aqui, com a família, que os filhos estudam em colégios daqui, também pensam ‘Se eles vivem lá, nós também podemos'”, destacava Marcelo Salazar, director executivo do Al Nassr, ao Globoesporte.

Mais uma vez, foi o português que conseguiu fazer a diferença, marcando aquele que foi o primeiro golo na Liga dos Campeões asiática (com o Persepolis ficara em branco) e dando início à reviravolta do Al Nassr num encontro com algumas semelhanças daquele que o Al Hilal teve no arranque da Champions com o Navbahor Namangan, do Usbequistão. Mais uma vez, foi o português que mostrou a diferença que é contar com um avançado com as suas características na equipa num dia em que o futebol saudita foi mais notícia pela recusa do campeão Al-Ittihad em entrar em campo frente aos iranianos do Sepahan por motivos políticos.

Mesmo com Sadio Mané e Otávio de fora, o Al Nassr não demorou a assumir o comando completo do jogo com uma percentagem de posse acima dos 80% frente a um adversário que, depois do nulo na receção ao Al Duhail, não demorou a mostrar que o grande objetivo em Riade era também não sofrer. Assim, e entre as muitas aproximações que o conjunto de Luís Castro foi conseguindo ao longo da primeira parte, a primeira grande oportunidade acabou por surgir apenas à meia hora com Ghareeb a fazer a diagonal da esquerda para o meio, a arriscar a meia distância e a acertar no poste (30′). Depois, apareceu Ronaldo: primeiro atirou fraco para defesa de Yatimov após assistência de Talisca (36′), a seguir surgiu em posição privilegiada na área após desvio de Aymeric Laporte na sequência de um canto mas falhou aquilo que não costuma falhar (40′).

O intervalo parecia destinado a chegar mesmo com um nulo mas acabou mesmo por haver golos e logo onde menos se esperava: na primeira ocasião em que chegou à área do Al Nassr, aproveitando uma segunda bola que apanhou Talisca distraído no seu meio-campo, Senin Sebai conseguiu de forma surpreendente colocar o Istiklol na frente (44′) com uma vantagem que iria perdurar até ao descanso entre mais uma defesa fantástica de Yatimov a cabeceamento de Talisca sozinho na área após cruzamento de Al-Ghannam (45+4′).

Se a pressão já era muita, tornou-se ainda maior no segundo tempo e logo com três oportunidades claras em oito minutos de Ghareeb (47′, ao lado), Ronaldo (50′, por cima) e Brozovic (53′, defesa do guarda-redes). O golo parecia ser uma questão de tempo apesar de alguma ansiedade que se começava a sentir numa equipa saudita que apostava no jogo pelos corredores laterais com a entrada de Ayman Yahya. Quem conseguiria desfazer a muralha? O do costume, claro: após receber uma bola na diagonal na área, Ronaldo rematou, o remate foi cortado por um defesa contrário de carrinho mas na recarga o português fez o empate, dizendo depois ao público presente por gestos um “Calma, eu estou aqui” quando voltou ao seu meio-campo (66′). A partir daí, a reviravolta era quase “inevitável”, com Talisca, de cabeça, a fazer o 2-1 que fez suspirar de alívio os adeptos do Al Nassr (72′), que começaram a fazer de vez a festa da vitória com o bis do brasileiro após assistência de Ghareeb (77′) antes de verem ainda Cristiano Ronaldo ficar perto do bis em duas ocasiões.

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