terça-feira, 10 de outubro de 2023

Paralelos arruaceiros


Um texto de Sónia Sapage, do Editorial do “Público” de Sábado, 20/3/23 agradou-me, pelo imprevisto de uma posição crítica semelhante à que eu muitas vezes também considerara em pensamento, e nem me lembro se por escrito também, condizente, de resto, com o de outros passageiros da mesma barca pós-abrilina, sentindo na pele e diante dos olhos, idênticos espectáculos reivindicativos, organizados pelas esquerdas, desde que apanhasse a sós os governantes de carisma diferente do seu – o PSD de Passos Coelho, o actual PS que deixou de os contemplar na sua governação actual - pese embora a empatia que António Costa e seus alicerces, mostram possuir ainda pela seita da anterior geringonça (que, de resto, não vai hoje nesses papos risonhos ministeriais, de pura retórica temerosa dos desequilíbrios que dela, seita, advêm, de longa data, desequilíbrios inexistentes nessa anterior aliança esquerdina extraída em malabarismo ambicioso e fraudulento, ao seu opositor então ganhador, Pedro Passos Coelho, que assim foi despojado do governo que ganhara eleitoralmente.

Mas cito apenas alguns passos desse Editorial assinado por Sónia Sapage, não vá o diabo tecê-las, acusando-me de usurpação de uma roupagem que me não pertence. Mas creio que, pelo contrário, servem, os excertos transcritos - com pena de que não possa ser o texto integral - de homenagem à coragem argumentadora da autora da crónica, AS RUAS VOLTAM A TER VOZ”:

«É difícil não fazer um paralelo entre os protestos previstos para hoje em 24 cidades, de Lisboa ao Funchal, e os que há onze anos se começavam a espalhar pelo país contra o governo de Pedro Passos Coelho”. A austeridade que lhes dá origem não é a mesma, o número de pessoas envolvidas certamente ainda não será o mesmo, mas algumas forças de esquerda que os organizam são. E é esse o paralelo.….

«… A crise da habitação pode vir a ser para António Costa o que a crise da troika foi para Pedro Passos Coelho: muito mais que uma dor de cabeça PONTUAL. Porque, além de todas as outras implicações sociais e eleitorais que essa crise pode ter, significa que a zanga da geringonça, que já se tinha dissolvido na sequência das eleições legislativas de 2019, mas que se formalizou no chumbo do Orçamento do Estado para 2022, está para durar

Para durar”, sim. Até que a voz lhes doa, o que vai tornar-se, democraticamente - e definitivamente - intemporal. Não desejamos mal a ninguém.

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