Um texto de Sónia Sapage, do Editorial do “Público” de Sábado, 20/3/23 agradou-me, pelo
imprevisto de uma posição crítica semelhante à que eu muitas vezes também considerara
em pensamento, e nem me lembro se por escrito também, condizente, de resto, com
o de outros passageiros da mesma barca pós-abrilina, sentindo na pele e diante
dos olhos, idênticos espectáculos reivindicativos, organizados pelas esquerdas,
desde que apanhasse a sós os governantes de carisma diferente do seu – o PSD de Passos Coelho, o actual PS que deixou de os contemplar na sua governação actual - pese embora a empatia
que António Costa e seus alicerces, mostram possuir ainda pela seita da anterior geringonça (que, de resto, não vai hoje nesses papos
risonhos ministeriais, de pura retórica temerosa dos desequilíbrios que dela,
seita, advêm, de longa data, desequilíbrios inexistentes nessa anterior aliança
esquerdina extraída em malabarismo ambicioso e fraudulento, ao seu opositor então
ganhador, Pedro Passos Coelho, que assim foi despojado do governo que ganhara eleitoralmente.
Mas cito apenas alguns
passos desse Editorial assinado por Sónia Sapage, não vá o diabo tecê-las, acusando-me de usurpação de uma roupagem que
me não pertence. Mas creio que, pelo contrário, servem, os excertos transcritos
- com pena de que não possa ser o texto integral - de homenagem à coragem argumentadora
da autora da crónica, “AS RUAS
VOLTAM A TER VOZ”:
«É difícil não fazer um paralelo
entre os protestos previstos para hoje em 24 cidades, de Lisboa ao Funchal, e
os que há onze anos se começavam a espalhar pelo país contra o governo de Pedro
Passos Coelho”. A austeridade que lhes dá origem não é a mesma, o número de
pessoas envolvidas certamente ainda não será o mesmo, mas algumas forças de
esquerda que os organizam são. E é esse o paralelo.….
«… A crise da habitação pode vir
a ser para António Costa o que a crise da troika foi para Pedro Passos Coelho: muito mais que uma dor de cabeça PONTUAL.
Porque, além de todas as outras implicações sociais e eleitorais que essa crise
pode ter, significa que a zanga da geringonça, que já se tinha dissolvido na
sequência das eleições legislativas de 2019, mas que se formalizou no chumbo do
Orçamento do Estado para 2022, está para durar.»
“Para durar”, sim. Até que a voz lhes doa, o que vai
tornar-se, democraticamente - e definitivamente - intemporal. Não desejamos mal
a ninguém.
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