quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Liberdade


Com conta, peso e medida… desde que o mundo é mundo.

Uma Inês Pereira protestando contra a situação de solteira, encerrada em casa, como “panela sem asa, que sempre está no lugar”, por imposição da conveniência social daquela época vicentina, de preconceito contra a liberdade da mulher, foi a primeira ideia de similitude de anseios que me acudiu, na leitura do texto “Contra a obediência” de Miguel Esteves Cardoso saído no Público de 23/9/23. Depressa regressei a uma proximidade temporal ideológica mais afim da elegância espiritual dos nossos tempos protestantes, apoiados de preferência no lema de uma Revolução setecentista que a partir daí alargaria amplamente os seus protestos libertários saborosos de enriquecimento na valorização do ser humano, e mesmo de transposição camarada piedosa aos demais animais, com a valorização desses seres naturais, pese embora a trela que se põe hoje aos cãezinhos, nos seus passeios de evasão indispensável, por falta ainda da latrina apropriada às suas necessidades funcionais, impositivas da participação dos donos na higiene citadina, de apanha de excrementos, sobretudo quando feita à luz do dia, que, pela calada da noite é sempre mais fácil o incumprimento das normas, em liberdade sem medos.

MEC diz-se feliz por a obediência ter sido reduzida, no cômputo das sondagens ao nível mundial, com exclusão de Portugal, cuja ausência de participação nesse cômputo entre os países inquiridos bem frisou, e conta das suas rebeldias de infante e mesmo de mais crescido, em vanglória de anuência a uma regra educativa que se lhe afigurou sempre de castradora da personalidade. Essa castração não a teve ele, afirma, rebelde que foi a imposições de ordem, quer, pelos vistos, familiares, quer escolares, e isso lhe conferiu uma personalidade própria, conquistadora dos seus próprios princípios e rituais, de vida.

Penso em Zelensky, cumpridor e corajoso, que vai junto dos seus soldados, nos espaços de guerra, enquanto Putin vai dando mostras de medalhar os seus, em bom resguardo, julgo, ambos tendo escolhido a sua própria liberdade de actuação, de obediência a preceitos próprios, provindos de uma educação de maior ou menor respeito de valores e obediência a princípios. E o discurso de MEC parece-me apenas vaidoso e fútil.


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