E assim, na ferocidade humana, vamos -
por agora - aprofundando os conhecimentos de História e Geografia, vendo - de
longe, por enquanto - os povos tristes cada vez mais esforçados em eliminar
invejosamente e ambiciosamente – quem sabe com que justas razões e complexos de
inferioridade oprimida - os mais amplos em saber e em poder…
Ataques no sul de Israel, Gaza
bombardeada e os pontos quentes à volta. Os mapas que ajudam a perceber esta
guerra entre o Hamas e Israel
Numa área tão
pequena como o Alentejo, os últimos dias foram de violência indiscriminada. E,
para além dos ataques do Hamas no sul de Israel e dos bombardeamentos sobre
Gaza, o conflito pode alastrar.
MIGUEL FERASO CABRAL: Grafismo
OBSERVADOR, 09
out. 2023, 22:561
Índice: Os rockets sobre o centro de Israel e
os confrontos a pé no sul. O mapa do ataque do Hamas. As bombas largadas numa pequena fatia
de território cheio de gente. A retaliação de Israel sobre Gaza A
Cisjordânia a leste e o Líbano a norte. O risco de o conflito alastrar
É o maior ataque alguma vez movido por forças pró-palestinianas a
Israel. Só no primeiro dia da ofensiva do Hamas, este sábado, morreram mais
cidadãos israelitas de uma só vez do que em qualquer outro dia do histórico
conflito. Por outro lado, a
retaliação foi dura e, em menos de 24 horas, os ataques à Faixa de Gaza já
tinham provocado um número de mortes muito próximo às sofridas pelos
israelitas.
E o conflito continuou a escalar. Ao terceiro dia de uma nova
guerra israelo-palestiniana, mais de
800 israelitas e quase 700 palestinianos morreram e há milhares de feridos de
ambos os lados. Há também 150 reféns israelitas em Gaza.
Para
além disso, o conflito ameaça a alastrar-se a locais como a Cisjordânia (actualmente controlada
em parte pela Autoridade Palestiniana) e o Líbano (cujo
sul é controlado pelo Hezbollah).
O OBSERVADOR preparou alguns mapas para
ajudar a entender o que aconteceu ao longo destes dias numa pequena região que não chega sequer
aos 30 mil quilómetros quadrados no total — uma área correspondente
à do Alentejo.
Os rockets sobre o centro de Israel e
os confrontos a pé no sul. O mapa do ataque do Hamas
Tudo começou por volta das 6h30 da manhã de sábado, quando o Hamas
disparou uma série de rockets para várias pontos no centro e sul de Israel,
incluindo as cidades de Tel Aviv
e Jerusalém, atingindo um hospital na cidade de Ashkelon.
O
Hamas diz ter disparado cinco mil rockets só nos primeiros 20 minutos da
ofensiva. Israel desmente esse número e diz que terão sido disparados 2.200
rockets nas primeiras seis horas. Mas o The Times ajuda a explicar a escala
desta ofensiva, oferecendo a seguinte comparação: durante a guerra de 2014,
que durou 50 dias, o Hamas disparou ao todo quatro mil rockets.
Com o foco em Israel colocado na
resposta aos ataques vindos do ar, militantes do Hamas derrubaram as cercas que separam a Faixa
de Gaza de Israel e entraram no território israelita, a partir das 7h30 da
manhã. “Foi um ataque
combinado, fizeram-no em simultâneo”, admitiu o major Nir Dinar, do
exército israelita. “Pelos vídeos
conseguimos ver que cortaram a cerca, o que é surpreendente porque é uma cerca
muito forte e isto nunca tinha acontecido, foi surpreendente. Em alguns locais,
usaram explosivos improvisados.” Ao mesmo tempo, alguns combatentes islâmicos
entraram em Israel usando parapentes e outros vieram pelo mar até à costa.
Com a fronteira aberta em vários pontos,
os primeiros a entrar foram um grupo composto por oito carrinhas de
caixa aberta e sete motas, acompanhados de dezenas de militantes a pé.
Espalharam-se por várias aldeias, vilas e cidades perto da fronteira com Gaza —
22 no total — e atacaram três bases militares. Pelo caminho, mataram vários
soldados e civis e raptaram dezenas de pessoas. A cidade de Sderot e o kibutz de
Kfar Azza foram dos locais onde se deram os ataques mais violentos.
Ao
longo da manhã, mais militantes do Hamas continuaram a atravessar a fronteira
de Gaza e a juntar-se aos ataques. As localidades mais
afetadas eram na sua maioria kibbutz, comunidades agrícolas sionistas. No kibutz Be’eri, por exemplo, 50 pessoas
foram feitas reféns na cantina, onde estiveram sete horas até serem libertadas
pelas forças armadas de Israel. Os militares israelitas iam entretanto
retomando o controlo de algumas das localidades ocupadas.
Como
Israel retaliou a meio do
dia com ataques sobre a Faixa de Gaza,
o Hamas reforçou os
seus ataques com rockets. Foram lançados mísseis sobre Tel Aviv por volta das
8h00 da noite, alguns deles atingindo directamente edifícios residenciais.
Os confrontos em algumas zonas ocupadas
arrastaram-se ao longo da noite. Por
volta das 5h00 da madrugada de domingo, o Hamas ainda controlava a esquadra da
polícia de Sderot, por exemplo. 30 polícias já tinham morrido nos combates.
Lentamente, Israel foi derrotando os militantes do Hamas no terreno. Na manhã de segunda-feira, ainda havia
confrontos em seis localidades no sul de Israel. Às 11h30, as IDF confirmaram
já ter “retomado o controlo” sobre o seu território. Admitiam, porém, que ainda
houvesse “invasores” no terreno.
As bombas largadas numa pequena fatia de território
cheio de gente. A retaliação de Israel sobre Gaza
O
ataque do Hamas decorria há cerca de quatro horas quando Israel ripostou. Por volta das 10h45 de sábado, os primeiros
caças israelitas dispararam sobre a
Faixa de Gaza.
Três
horas depois, Israel confirmava ter atingido 21 edifícios ao
longo de toda a Faixa de Gaza — da
cidade de Gaza a Rafah, passando por outros pontos como Khan Younis. Em causa,
dizem, estão edifícios que albergam operacionais do Hamas. Os responsáveis palestinianos, porém, dizem que
foram atingidas casas, uma mesquita e até um hospital. Os Médicos Sem
Fronteiras confirmariam entretanto que, ao todo, foram atingidos
dois hospitais.
A distinção entre edifícios usados para fins militares e edifícios
puramente civis é difícil de fazer na Faixa de Gaza. Por um lado, é um território com
uma área muito pequena: 41 quilómetros de comprimento por apenas 10 de largura.
São 365 quilómetros quadrados de área, um valor ligeiramente superior
ao do concelho de Sintra em Portugal (310 quilómetros quadrados). Por outro, os elementos militares do
Hamas estão integrados com a população.
Todos os ataques militares a Gaza tornam-se particularmente letais
pelo facto de ser um território densamente povoado — cerca de cinco mil pessoas
por quilómetro quadrado, em contraste com 400 pessoas por quilómetro quadrado
em Israel.
Para
além disso, a maioria das pessoas não tem autorização para sair do território. Israel
retirou-se de Gaza em 2005 e, desde o ano seguinte, o local passou a ser
controlado pelo Hamas, que venceu eleições naquele território. Como resultado, Israel
decidiu impor um bloqueio, controlando entradas e saídas de bens e pessoas da
Faixa de Gaza. O país invoca a necessidade de supervisionar a entrada de
armamento no território e o movimento de pessoas que possam auxiliar o Hamas.
O bloqueio é também imposto
pelo Egipto, o outro país que faz fronteira com Gaza e que vê com desconfiança
o Hamas. Como
consequência, a população do território enfrenta graves dificuldades económicas
— 80% está dependente de ajuda das Nações Unidas para sobreviver, por exemplo.
E, na prática, a maioria não consegue sair, mesmo que queira. Há
apenas uma passagem por onde
podem transitar os que têm autorização para sair de Gaza em direcção a Israel
(em Erez) e uma a
ligar Gaza ao Egipto (Rafah).
Ao longo de sábado, domingo e
esta segunda-feira, os ataques aéreos a Gaza continuaram. A Torre da Palestina, um edifício de 11 andares, colapsou por completo. E
esta segunda-feira Israel anunciou que o bloqueio económico se tornou
num cerco: para além do corte da eletricidade, agora não pode entrar no território
comida, combustíveis, nem água.
A Cisjordânia a leste e o Líbano a
norte. O risco de o conflito alastrar
Inicialmente, os conflitos pareciam estar contidos no território de
Israel e da Faixa de Gaza. Mas, num território como este, o risco de contágio a
regiões como a Cisjordânia e o Líbano, por exemplo, é sempre real.
Precisamente por isso, a ONU anunciou que iria deslocar “capacetes
azuis” para a fronteira com o Líbano logo na noite de sábado. Mas
as Nações Unidas não conseguiram evitar as primeiras escaramuças. Na
tarde de domingo, registaram-se logo disparos
de rockets do sul do Líbano — controlado pelo grupo islâmico Hezbollah — contra
três postos militares israelitas perto das Quintas de Sheeba. Os israelitas
responderam com disparos de artilharia.
Esta
segunda-feira, a situação escalou. As IDF anunciaram que se registou uma “infiltração” de homens armados no norte
de Israel que, em retaliação, enviou helicópteros de combate que atingiram
vários alvos, entre eles um posto de observação do Hezbollah. Mais tarde, a “infiltração”
foi reivindicada pelo grupo palestiniano Jihad Islâmica,
que tem colaborado com o Hamas em Gaza. Mas
os ataques israelitas terão matado quatro membros do Hezbollah e,
horas depois, o grupo anunciava ter disparado rockets para o norte de Israel em
resposta. Podemos, por isso, estar perante a abertura de uma segunda frente de guerra. Afinal, no passado, já
houve várias guerras entre Israel e o Líbano, a mais recente em 2006.
Na Cisjordânia a situação
é igualmente precária. O outro território palestiniano para além de Gaza
não é controlado pelo Hamas. Parte dele é totalmente gerido pela Autoridade
Palestiniana (actualmente controlada pelo partido histórico de Yasser
Arafat, a Fatah), outra parte por Israel e um terceiro sector é gerido em conjunto.
Há meses que a situação na Cisjordânia
tem estado particularmente tensa, com inúmeros casos de violência registados em
colonatos e campos de refugiados, por exemplo.
Com a crescente popularidade do Hamas entre alguns palestinianos, e
os ataques de Israel a Gaza, há sempre o risco de a violência se agravar também
na Cisjordânia — e até em Jerusalém
Oriental, controlada por Israel, mas de maioria árabe. Desde o
início do ataque do Hamas, este sábado, pelo menos 17 pessoas já morreram na Cisjordânia, a maioria em confrontos com as
forças israelitas, segundo
dados da Autoridade Palestiniana.
Na noite desta segunda-feira, surgiu um sinal de como a situação pode
tornar-se ainda mais explosiva: as autoridades israelitas anunciaram que
existia uma suspeita de “infiltração” no colonato de Einav, na Cisjordânia. A situação pode por isso
agravar-se.
CONFLITO ISRAELO-
PALESTINIANO MUNDO ISRAEL MÉDIO
ORIENTE
COMENTÁRIOS:
Rui Pedro Matos: O hamas e o
hezbolah têm túneis de fuga....é necessário que os israelitas consigam
encontrá-los e destruir! Filipe Costa: Israel confiou naquela gente, aquilo são bichos,
derretam aquilo tudo.
Frederico Martins > Filipe Costa: Queria ver o que farias se saísses de casa por um ou
dois dias e quando voltasses, encontrasses lá uma outra família. As coisas boas,
a família fica com elas e as coisas de que não gosta, no lixo. Se reclamas,
vais para a prisão perdes o teu trabalho, seguros, os teus filhos abono ou
qualquer outro tipo de protecção social. Rui Pedro Matos > Filipe Costa: Sr. Frederico! Lamento não estar de acordo consigo
porque o sr. Frederico só entende o lado que se pinta de bom e bonito! Como já
vivi e passei pela guerra, fiz este achega! O hamas e o hezbolah fazem das
famílias, escudos humanos! Cumprimentos! Vitor Batista > Rui Pedro Matos: Excelente resposta!são cães raivosos que se escudam
atrás das famílias.
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