quinta-feira, 26 de outubro de 2023

«O lado errado da História»


Segundo texto, excelente texto, de  JOÃO MARQUES ALMEIDA. Sobre a história das guerras no Médio Oriente, para melhor arrumarmos as ideias: de 1948 a  1973, com os países árabes; de 1978 até aos dias de hoje, e a prever muitos de amanhã, com os movimentos terroristas (apoiados pelo Irão: Hezbollah no Líbano, Hamas em Gaza.                              

O problema é o fascismo iraniano

O Irão é o grande problema do Médio Oriente. Faz guerras, provoca revoluções, apoia movimentos terroristas e impõe uma ditadura totalitária à população (onde jovens e mulheres são verdadeiros heróis).

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador

OBSERVADOR, 18 out. 2023, 00:2139

1979 é um ano chave para se entender muito do que se passa no Médio Oriente e em Israel. Em Fevereiro desse ano, deu-se a revolução iraniana com a subida ao poder do regime Islâmico radical e do supremo leader, Ayatollah Khomeini. Em Março do mesmo ano, Israel e o Egipto assinaram um tratado de paz. Deu-se então a grande transformação na política do Médio Oriente.

Entre 1948 e 1973, todas as guerras de Israel foram com os países árabes sunitas e vizinhos de Israel, com o Egipto, com a Jordânia, com o Líbano e com a Síria. A partir de 1985 até hoje, todas as guerras de Israel foram com os movimentos radicais e terroristas apoiados pelo Irão, com o Hezbollah, no Líbano, e com o Hamas, em Gaza.

Desde o tratado de paz com o Egipto, em 1979, Israel fez a paz com mais cinco países árabes, a Jordânia, em 1994, com Marrocos e o Sudão, em 2020, e os Acordos de Abraão com os Emirados Árabes Unidos e com o Bahrein, também em 2020. Estavam ainda a decorrer negociações entre Israel e a Arábia Saudita para estabelecerem relações diplomáticas.

Na Palestina, em 1993 e em 1995, Israel e a OLP assinaram um tratado de paz, criando a Autoridade Palestiniana. Com o Hamas, Israel nunca assinou um tratado de paz. Dos vizinhos árabes, Israel nunca assinou tratados de paz com o Líbano e com a Síria. O que é que o Hamas (Gaza), o Líbano (Hezbollah), e a Síria têm em comum? São armados, financiados e controlados pelo Irão.

Só há uma conclusão a retirar. Entre Israel e os países árabes que não estão sob influência do Irão, a tendência são os tratados de paz. Entre Israel e os movimentos terroristas e os países sob influência do Irão, repetem-se as guerras.

O Irão tem a ditadura mais violenta e o regime mais radical do Médio Oriente, é profundamente anti-americano, anti-europeu, e quer a destruição de Israel. O Hamas e o Hezbollah prosseguem e mesma agenda radical e revolucionária, impondo regimes de terror e culturas de fanatismo sobre as populações que controlam.

Mais, desde a revolução de 1979, o Irão esteve directa ou indirectamente em guerras com mais países árabes do que Israel, com o Iraque, com o Egipto, com a Jordânia, com o Líbano, com a Arábia Saudita e com o Íemen.

O Irão é o grande problema do Médio Oriente. Faz guerras, provoca revoluções, apoia movimentos terroristas e impõe uma ditadura totalitária à sua população (onde os jovens e as mulheres são verdadeiros heróis). Ao contrário, Israel é uma democracia pluralista, onde a população luta pelos seus direitos e liberdades, como se viu nos últimos meses. Agora vai ter que combater pela sua segurança contra movimentos terroristas apoiados por uma ditadura fascista Islâmica.

Por causa de um ódio cego aos Estados Unidos, à democracia liberal, misturado com algum anti-semitismo, as esquerdas radicais europeias estão ao lado dos fascistas islâmicos. Nunca perdem uma oportunidade para estar do lado errado da história.

MÉDIO ORIENTE    MUNDO    IRÃO    ISRAEL

COMENTÁRIOS (de 39)

Rui Lima: Não é necessário chamar fascismo a tudo o que contraria os nossos valores, o Irão é uma ditadura islâmica o grave é que não há um país onde essa religião seja dominante que seja uma democracia, ou exista liberdade religiosa, ou a mulher seja dona do seu destino. Para esses crentes ela existe para ter filhos para o combate religioso . O que é extraordinário é, perante esta realidade, a esquerda e as feministas estão do lado dos barbudos.                 João Floriano > Rui Lima: A esquerda ou as esquerdas na Europa, porque há desde a esquerda mais moderada até à mais radical sempre estiveram do lado errado da História. Para a esquerda europeia o  monstro da Maldade são os Estados Unidos, tal como para o mundo árabe é Israel. Esse ódio ideológico aos Estados Unidos, à NATO e à Europa liberal cega-os completamente.  A França está de mãos atadas e teme a reacção dos islâmicos no seu território. A França perdeu o controle e não tenho dúvidas que Le Pen vai chegar ao Eliseu. Mas depois o que fará?                Tristão: Atenção, que o Hamas é sunita, sendo contudo também apoiado pelo Irão.  Conheço alguns elementos da esquerda intelectual, a chamada esquerda caviar, que foram passar uns tempos ao Irão, vieram muito convictos, que afinal o Irão não era aquilo que se dizia e que estávamos perante uma cultura milenar.   Que deva ser interessante uma visita, não tenho dúvidas, acho que o povo até é uma simpatia, mas aquele regime é atroz… brigadas à paisana para analisar transgressões à moralidade, entre elas ver se o véu está devidamente colocado? Não, muito obrigado. São de facto a raiz do mal naquela região … aliás vejo as imagens nos países árabes e só se vêm homens, aquilo são sociedades completamente doentes…                   Ricardo Pinheiro Alves: O uso da palavra "fascismo" é incorrecto porque se refere a uma doutrina e a um regime concreto que nada tem a ver com o Irão e é perigoso porque está alinhado e alimenta frases como o "Hamas é de extrema-direita" de Catarina Martins e de muitos outros que há décadas tentam identificar todas as ditaduras com o fascismo para esconderem as ditaduras socialistas. Algumas características totalitárias do regime iraniano estão bem mais próximas do comunismo do que do fascismo, pelo que seria mais correcto se o titulo fosse "O problema é o comunismo iraniano".                    João Floriano: Totalmente de acordo com o conteúdo da crónica. Por vezes dou por mim a imaginar o que seria o Médio Oriente sem Israel. Penso que a hegemonia do Irão seria total e à semelhança do que faz no seu próprio país, iria repetir a brutalidade e a barbárie assassina que exerce sobre o povo iraniano. Israel é o grande obstáculo  a essa hegemonia. Só que aniquilar Israel significa fazer o mesmo ao Irão. Se se sentirem perdidos, nem os Estados Unidos vão segurar Israel.

 

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