Para não sobrecarregarem um texto que
vale por si, como reflexão de alto gabarito, do status quo deste país, em termos de crítica profundamente séria e construtiva.
É de ANTÓNIO CARRAPATOSO Empreendedor,
Presidente do Conselho de Administração Executivo e fundador do OBSERVADOR.
Os portugueses a ficarem
para trás
Estamos a fazer um país para quem? Não
é também para os portugueses cá residentes? A grande maioria dos portugueses
estará agora nas classes média-baixa e baixa.
ANTÓNIO CARRAPATOSO Empreendedor, Presidente do Conselho de
Administração Executivo e fundador do Observador
OBSERVADOR, 23 out. 2023, 00:2041
Ao longo dos
anos, alguns protagonistas da Sociedade Civil mais independentes (ainda há
alguns) têm vindo a procurar analisar as causas dos nossos infortúnios e a
apontar princípios e caminhos de saída para sermos uma melhor sociedade. Mas,
por vezes, descuram-se os nossos pontos fortes.
A Identidade (e Cultura) Nacional
Uma das melhores coisas que temos enquanto sociedade é
a nossa Identidade Nacional, isto é, sermos portugueses, seja por nascimento ou
por opção plena e convicta de adoção da nacionalidade. E não existirão muitos
países, à partida, com uma Identidade Nacional tão clara e integradora, onde a
Nação e o Estado tanto se fundam.
Pertencemos ao
mundo, e devemos manter um espírito de abertura a ele e à sua diversidade e
rejeitar veementemente nacionalismos serôdios, proteccionismos e xenofobias ou
considerarmo-nos superiores a outros (e muito menos considerarmo-nos os
melhores entre os melhores).
Mas,
igualmente importante, é termos um território, uma história, uma cultura, uma
língua, valores, hábitos e costumes que partilhamos há muitos anos, é sermos
uma comunidade.
Será essa a cola
que nos dará mais vontade e força para as mudanças e que nos permitirá sermos
uma sociedade bastante mais solidária e da qual nos orgulhemos.
Muitas vezes receamos falar sobre a nossa Identidade
Nacional por a sua menção poder ser por alguns confundida, por má-fé ou
erroneamente, com nacionalismos ou proteccionismos.
Mas como? Se na altura da constituição da própria
Nação logo juntámos várias etnias e desde aí têm estado presentes na nossa
história (onde como outros não deixámos de “pecar”) e na nossa Identidade
Nacional, valores de multiculturalismo de respeito à emigração e imigração, de
ausência de chauvinismos ou complexos de superioridade, de abertura às ideias
de outros, de nos integrarmos onde vamos e de tendencialmente bem acolher.
Uma
Identidade Nacional é uma das fontes mais
relevantes para a nossa própria identidade (como
o serão o local onde nascemos, o nosso emprego e profissão, e outras) e também
para a nossa realização, bem-estar e felicidade, ou momentos de felicidade.
É, por isso,
curto e pouco mobilizador falarmos em reformas estruturais ou em medidas de
solidariedade e de redução de desigualdades se não as enquadrarmos na perspectiva
da nossa identidade – estamos, afinal, a procurar fazê-las com quem e para
quem?
Por vezes desbaratamos a nossa
Identidade Nacional.
Desde logo, não a explicitando nem a realçando
suficientemente, colocando-a como algo secundário face à integração Europeia ou
à relevância da nossa localização geoestratégica no mundo.
Também a desbaratamos quando não lutamos nos espaços
ou organizações supranacionais, como na União Europeia, contra as tendências
das suas oligarquias de promoverem uma integração profunda e acelerada,
descaracterizadora das Identidades Nacionais, em vez de as aproveitar como uma
das riquezas da própria União.
A Identidade Nacional fica também desvalorizada quando
facilitamos em demasia a atribuição da nacionalidade, ou mesmo de residência,
ao invés de prosseguir um processo mais criterioso e ponderado.
Prejudicamos a construção de uma saudável Identidade
Nacional quando defendemos ideologias radicais que colocam razões e soluções
únicas à frente da procura de valores comuns e deste modo partimos a sociedade.
Esta
Identidade Nacional, na sua substância, não nasce do Estado nem deve por ele
ser principalmente promovida, nem tem de ser uma construção social das classes
dominantes.
Tem que ver
com os portugueses que criaram essa identidade e que querem no futuro mantê-la,
de forma aberta, assumida, dinâmica e adaptativa e a partir de uma base comum,
com valores e ética, adotada pela maioria, mesmo podendo existir a partir dessa
base entendimentos variantes.
A Identidade
Nacional que se deseja nem é passadista nem fixa, é lentamente evolutiva, e
tendo razão tem ainda mais emoção.
A Identidade de
Nacional é parte do que somos e um nosso ponto forte que devemos saber
aproveitar, naturalmente que sem exacerbamentos nem populismos.
Uma grande parte dos portugueses a ficar para trás
Tão ou mais
grave de não aproveitarmos nem cuidarmos suficientemente da nossa Identidade
Nacional, e em correlação com esse facto, é estarmos a deixar cada vez mais
portugueses para trás e a diminuir a possibilidade de poderem ter cá uma vida
boa.
As políticas adoptadas nos últimos
25/30 anos, e acentuadamente na última década (ver “Porque falharam os governos do PS (e dos outros)?”
e “Eleições 22, um suicídio coletivo?”), assentes
num Estado extractivo, dominante e asfixiante, ao serviço de poucos, “vendido”
e dependente da Europa e dos seus fundos, de que alguns sobre-beneficiam, têm deixado a maioria dos
portugueses ficar para trás, em termos de comparação interna e externa,
resultando numa comunidade descrente e com poucos meios para vencer os desafios
atuais e futuros.
A grande maioria dos portugueses depende de um Estado
que terá cada vez menos dinheiro para os ajudar e para manter o nível das suas
pensões, tem dificuldade em aceder a empregos mais bem remunerados (porque eles
não existem ou pela sua falta de qualificações, nomeadamente tecnológicas),
quando necessita de nova habitação não a consegue obter, é esmagado pelos
impostos, vê os filhos partir e sente que os governos e governantes cuidam mais
dos seus interesses e carreiras (e dos que lhes são próximos), do que dos seus.
Mesmo uma parte significativa da minoria no topo da
escala dos com maiores habilitações e competências também já se sente a ficar
para trás ao não encontrar no país as oportunidades e um rendimento líquido de
impostos que lhe permita a si, e eventual família, dispor de um nível de vida
razoável, muitos decidindo emigrar, nomeadamente os mais jovens.
Apostou-se quase tudo no
assistencialismo e paternalismo social, permanente
e recorrente, gerido quase só pelo Estado, muito por razões radicalmente ideológicas,
demagógicas, populistas e eleitorais e apostou-se pouco em dar os melhores
instrumentos, enquadramento e incentivos aos portugueses, ou em colocar à sua
disposição serviços públicos abrangentes, de qualidade e eficientes, na saúde,
na educação ou na justiça ou redes de proteção social eficazes.
Não se apostou suficientemente em contrariar o
envelhecimento da sociedade, em cuidar seja dos mais velhos, seja dos mais
novos, dos fragilizados e verdadeiramente necessitados, muito porque o dinheiro seguiu mais para os que
mais voz têm e mais votam nos decisores das respectivas medidas.
A designada classe média-alta
portuguesa quase desapareceu, passando portanto, a média; tendo, por sua vez,
muitos membros desta passado à classe média-baixa ou baixa, é agora nestas
classes que se encontra a grande maioria dos portugueses.
Desta forma e
no seu todo, o país terá dificuldade em sair deste caminho de baixos salários
(com um salário médio de mera subsistência e mínimo de pobreza) e de
empobrecimento relativo face aos países mais comparáveis; dificilmente se
aproximará, na medida do desejável, dos países mais desenvolvidos em termos
sociais, económicos e culturais.
Mas afinal estamos a construir um país para quem?
Estaremos a construir um país para ninguém?
Ou, como por
vezes aparenta, e sem subestimarmos a sua própria importância, estaremos a construir um país para o turismo, para os
residentes estrangeiros de maiores recursos, para os residentes “não habituais”
(onde também se incluem portugueses que agora “regressam”) e para os nómadas
digitais?
Um país onde os “superespertos” (conceito que
desenvolvemos à frente) serão dos poucos a conseguir vingar?
E será que para a maioria dos portugueses, por
nascimento ou por verdadeira adopção, e actuais residentes, restará ficar a
“servir” a todos estes e a todos os vários poderes dominantes existentes na
nossa sociedade, sejam do Estado, empresariais ou corporativos, usufruindo de
empregos geralmente mal remunerados, à espera das esmolas que os governantes
decidam dar?
O turismo é
naturalmente bem-vindo, é muito importante para a nossa economia, cria riqueza, muitas empresas e
emprego, mesmo que nem sempre bem remunerado, mas no balanço final não deverá
prejudicar a qualidade de vida da generalidade dos que cá vivem nem ser
predominantemente a única grande indústria de sucesso.
Os residentes
estrangeiros são bem-vindos, principalmente se para cá vierem residir em pleno, se apreciarem de
um modo geral o nosso país, a nossa cultura, hábitos e costumes. Aliás alguns
dos estrangeiros acabarão por realmente adoptar-nos, tornando-se portugueses,
não só na conservatória, mas também no coração.
Os nómadas
digitais são igualmente bem-vindos. Chegaram em
quantidade, o que lhes foi possível pela globalização tecnológica, pelos voos
mais baratos, e pelo facto de o país estar dotado de boas redes de
telecomunicações, atraídos por uma qualidade e custo de vida atrativos, tendo
em conta os salários mais elevados de que usufruem, vindos de fora, e que não
serão cá taxados por não serem residentes mas sim em outras geografias decerto
mais amigáveis.
Os números do
crescimento nestas áreas, para além dos mais divulgados e conhecidos do
turismo, falam por si.
Em apenas seis
anos, entre 2016 e 2022, o número de residentes estrangeiros (que não
cobre o numero total real de estrangeiros que vivem em Portugal, como por
exemplo os nómadas digitais e os não legalizados) dobrou em cerca de 400 mil
novos residentes (de 393 mil para
781 mil) principalmente em
centros urbanos e litorais. Em Lisboa e no Porto, a percentagem de residentes
estrangeiros face ao total alcançou no final de 2022 respecn +
tivamente 21,2 % e 9,8%.
No final de
2023, estima-se que o número total de residentes estrangeiros ficará perto de 1
milhão, cerca de 10% da população total, quando era de 4% em 2016.
Uma parte significativa deste crescimento não adveio da tradicional
imigração trabalhadora que apenas acede aos empregos menos qualificados e que
chega a viver em condições miseráveis e inaceitáveis, mas de um novo tipo de
“imigrantes” que possui maiores recursos e património. Será o caso dos
designados residentes “não habituais”, a maior parte estrangeiros e com
recursos, que deverão alcançar no final de 2023 os 100 mil.
Todo este afluxo
de visitantes e residentes verificados nos últimos 6 anos tem transformado o
tecido económico-social, em particular nas cidades do litoral.
É um afluxo
em geral positivo, dada a diversidade e dinâmica acrescida, um maior consumo e
algum investimento e emprego adicional associados, mas naturalmente também envolve
aspectos menos positivos, onde se inclui o potencial aumento das desigualdades.
É notório o impacto deste afluxo em certas zonas,
causando pressão e sobrecarga sobre as infraestruturas e serviços públicos e no
aumento substancial do preço da habitação, dos serviços e restauração, que
passaram a ter valores praticamente proibitivos para os portugueses residentes,
que deixaram de poder frequentá-los regularmente por disporem de um poder de
compra muito limitado, ao contrário dos novos frequentadores que os
“substituíram”.
Programas
lançados baseados na concessão de privilégios fiscais ou utilitários, como o dos “residentes não habituais” (que
representarão uma despesa/benefícios fiscais perto dos 2 000 milhões de
euros em 2023, mesmo que nem tudo seja perda efectiva para o Estado), não
utilizam as melhores razões para atrair novos residentes podendo ainda
despoletar um legítimo sentimento de injustiça e representar quase que uma
afronta para muitos dos portugueses, e outros residentes, que há muitos anos cá
habitam.
Para além de que muitas vezes produzem outras
distorções e efeitos colaterais, como se verifica no programa dos “não
habituais” em que se estimula os portugueses a mudarem a sua residência fiscal
temporariamente durante cinco anos, como já está a acontecer, para depois
“regressarem” ficando dez anos a beneficiar de elevados benefícios fiscais.
Tudo indica pois que estes programas trarão mais desvantagens do que vantagens
para a sociedade no seu todo.
Não será de esquecer ainda que, para além das nossas
belezas naturais, de um bom clima e da afabilidade das nossas pessoas e
cultura, muito do que oferecemos aos que para cá vêm – das infraestruturas à
segurança – foi suportado durante anos e anos
pelos impostos dos portugueses e pela dívida que terão que pagar.
Assim, todo este
afluxo de novos visitantes, residentes e nómadas terá necessariamente de passar
a merecer um mínimo de análise independente e de regular balanço dos impactos
positivos e negativos, de planeamento, de regulação justa e mesmo de ponderação
dos eventuais contributos que poderão passar a ter que ser prestados pelos que
vêm, por forma a garantir que, num balanço final, as vantagens líquidas para os portugueses residentes, agora e no
futuro, não deixem de ser claramente positivas.
Os “Superespertos”
No sentido mais
restrito do termo os “superespertos” (designação usada por alguns
autores internacionais e que aqui adopto e adapto e que não pretende ser
necessariamente pejorativa), sendo portugueses ou estrangeiros, cá residentes, são aqueles que têm uma educação
especializada e bastante qualificada em certas áreas e matérias que se tornaram
no mundo mais relevantes e que movimentam mais dinheiro, possuem acesso
privilegiado à informação, pertencem a uma rede de contactos mais exclusiva, muitas
vezes com componente internacional, na qual trocam informação e contrapartidas.
Movem-se bem
no mundo empresarial e institucional (nacional e europeu) e também junto dos
políticos. Exercem, entre outras mas não só, actividades
relacionadas com as áreas financeiras, da gestão de activos, mobiliários e
imobiliários, e de fundos. A maioria considerar-se-á principalmente como
cidadãos do mundo. São na prática neutros relativamente aos governos e à sua
cor, estão perto da produção legislativa, dispondo de apoio legal
especializado, sabem encontrar o melhor planeamento fiscal e principalmente ter
acesso e tirar partido dos fundos que chegam ao país, alguns por eles
mobilizados.
As suas actividades nem sempre criam um elevado valor
para a sociedade e Economia do país, em particular a longo prazo, mas geram
mais-valias financeiras apreciáveis e relativamente rápidas para os seus
investidores ou parceiros, das quais retêm para si uma quota-parte
significativa, sendo essa uma das suas principais motivações. De um modo geral
actuam na legalidade e com uma certa discrição e low profile.
Os “superespertos” não se confundem com os
empreendedores, empresários e gestores que pela sua iniciativa e grande
inovação que trazem criam, de uma forma geral, um bastante maior valor
acrescentado para os consumidores e sociedade, com fortes externalidades ao
desenvolverem, e numa óptica de longo prazo, empresas, emprego, novos conceitos
e produtos, marcas, equipas qualificadas e motivadas, etc, ficando para si com
uma quota-parte proporcionalmente bastante inferior da totalidade das
mais-valias por si criadas na Sociedade.
Num sentido mais abrangente e menos positivo poderão
também ser considerados “superespertos” alguns daqueles que ocupam, por vezes
por muitos anos, lugares de topo em organizações – empresas, corporações,
associações ou sindicatos – com poderes dominantes nas suas áreas e que
frequentemente não resistem a abusar desse mesmo poder procurando cancelar
novos “players”, inibir a concorrência, e quem lhes aparece no seu caminho ao
mesmo tempo que procuram posições de favor e de captura de maiores contrapartidas
junto das entidades públicas e uma influência acrescida junto da Comunicação
Social.
Ainda com uma avaliação menos positiva poderemos
finalmente designar de “superespertos” todos aqueles que se aproveitam dos
apoios e subsídios do Estado, sociais ou não, mesmo quando não lhes são
devidos.
Em cada época
existirão sempre “superespertos”, que saberão tirar maior partido das situações
na altura existentes. Os superespertos que actuarem
em mercados abertos, sem favorecimentos ou compadrios, que não abusem de posições
dominantes e que respeitem a legalidade, não deixarão de trazer algum
contributo positivo para o país.
O problema é que o sistema vigente e a forma de
funcionar da sociedade quase só permite aos “superespertos” vingarem, e não a
todos os outros actores – investigadores, académicos, empreendedores, agentes culturais e sociais,
empresários, gestores e trabalhadores – e à população em geral, que pela sua iniciativa e
trabalho, actuando na área empresarial ou fora dela, muito mais valor poderiam
trazer para a sociedade.
Resumindo…
Para bem dos
portugueses e da sua realização precisamos de alterar e evoluir na forma como a
sociedade está organizada e funciona, tornando-a também mais flexível e
preparada para os desafios futuros, e, portanto, de avançar nas designadas
reformas estruturais.
Para que essa
mudança aconteça, uma das nossas referências será a nossa Identidade Nacional, sem nacionalismos nem
proteccionismos.
Tão ou mais
importante será não deixar a maioria dos portugueses ficar para trás.
Nos últimos
anos, as políticas prosseguidas desvalorizaram e prejudicaram a Identidade
Nacional e pouco criaram a condições para o desenvolvimento social, cultural e
económico da maioria dos portugueses e do país.
A governação, em particular a mais recente, contribuiu
para degradação da ética pública no Estado e nas suas instituições,
subordinando-a aos interesses partidários, corporativos ou meramente pessoais,
colocando frequentemente no “aparelho” os seus apaniguados e dando alguns dos
piores exemplos na forma de governar e gerir a coisa pública.
Acreditamos num espaço europeu e numa União europeia
focada no que é essencial (nomeadamente no ambiente/alteração climática,
defesa/segurança, interligação energética, redes de telecomunicações e
logísticas, estabilidade monetária, concorrência, investigação e na coesão
sustentável) e que produza um benefício claro para cada um dos seus membros e
cidadãos.
Nas próximas
décadas não queremos viver um estado federado europeu, com um governo único,
que se torne num poiso para os políticos mais carreiristas, com uma grande e
forte nomenclatura e burocracia central e em que as identidades dos países
ficam demasiado diluídas.
É ainda importante que os desequilíbrios e excessos da
globalização, na qual também se acredita, sejam caldeados e apaziguados com a
consideração devida pelas Identidades e Culturas Nacionais.
O afluxo de
visitantes e residentes estrangeiros é, à partida e em geral, positivo para o
país e para a nossa sociedade, em particular sempre que enquadrado num
planeamento e regulação adequados, por forma a salvaguardar os interesses e a
qualidade de vida da grande maioria dos portugueses, não permitindo a criação
de novas desigualdades nem a desvalorização da nossa identidade que, aliás,
poderá ficar enriquecida no processo.
Está agora na
altura da sociedade civil se mobilizar para a alteração do status quo do
país, invertendo a sua degradação e empobrecimento, dinamizando a democracia e
aumentando a ética privada, estimulando novos projectos políticos (ou, se ainda
for possível, a reformulação de alguns dos existentes) e protagonistas (ou
queremos continuar a apostar e eleger os mesmos do passado?) que estejam à
altura dos enormes desafios com que o país se defronta.
Ao fim e ao
cabo, só queremos continuar a ser portugueses, fazer parte de uma comunidade
aberta, inclusiva e que reconhece o valor de cada um, ter oportunidades e a
possibilidade de ter uma boa vida, assegurar as liberdades, reduzir as
desigualdades e fragilidades, e, já agora, se não for pedir muito, não sermos
mal tratados!
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