Pelo menos cá por casa, da falta de
cultura e educação que o pontapé no antigamente trouxe, com os cravos na
farpela… Sim, os sucessivos governos também são culpados da irracionalidade
desses exibicionismos estridentes - (aliás, de imitação do estrangeiro, na
questão do ruído e da imagem provocadora, a merecer varapau), - pela
indiferença com que, ab initio, trataram o problema da formação e da disciplina
escolar e doméstica e que atingiram um clímax de irracionalidade e falcatrua, em tempos, nos cursos do diploma reduzidos aos mínimos de exigência…
Climáximo. Um exemplo do neo-marxismo e
do populismo do bem
A Climáximo quer destruir o
capitalismo para construir algo semelhante à utopia marxista e que levou à
criação das piores ditaduras totalitárias na Europa. É o populismo no seu
melhor.
LUÍS ROSA Redator
Principal e colunista do Observador
OBSERVADOR,
31/10/23
“O
Governo e as empresa declararam guerra às pessoas e ao planeta. Estão neste
preciso momento a matar milhares de pessoas, a despejar dezenas de milhões, a
queimá-las vivas, a afogá-las. Estão neste preciso momento a condenar milhões
de pessoas a câmaras de gás, só que, desta vez, os gases são de efeito de
estufa e a câmara é o planeta inteiro. Chama-se a isso o colapso climático e
é um acto de violência premeditado e coordenado.”
1Diz a literatura da ciência
política contemporânea que o populismo caracteriza-se por
apresentar soluções simplistas para problemas complexos e retratar o mundo num
binómio maniqueísta do “eu” ou do “nós” contra o “eles”.
O “eu” ou “nós” são obviamente os bons
da fita, os puros com as soluções messiânicas para problemas que duram há
décadas mas em que ninguém tinha pensado ainda.
Já o “eles” são os maus, a elites
corruptas, que se uniram (de preferência por razões conspirativas) para
impedir que os problemas se resolvam. Se ninguém consegue ver a luz que os puros
estão a ver, então é porque algo muito estranho ocorreu.
2Vem isto a propósito dos novos jovens activistas da emergência climática, nomeadamente da Climáximo, que têm marcado a agenda
nas últimas semanas com os seus ataques a membros do Governo com tinta verde,
cortes de estrada, ataques a obras de arte e destruição de propriedade privada.
Tudo em nome da salvação do planeta — que vai “morrer” em poucos anos.
Basta visitar o site desses activistas
para percebermos rapidamente que a Climáximo é um exemplo perfeito de
populismo em versão de activismo ambiental.
A narrativa é simples de explicar. Há
uma “guerra” em curso que foi declarada por “eles” contra as pessoas e o
planeta. Os “eles” são o “Governo, as empresas e os ultra-ricos” (já vai perceber melhor o que é um
ulta-rico, caro leitor). E as
maiores vítimas entre as “pessoas” são naturalmente os jovens, que serão uma
espécie de última geração antes do planeta se extinguir de um momento para o
outro. “Nós somos as últimas pessoas que podemos travar a crise climática”,
dizem.
A eco-ansiedade da narrativa
dos jovens da Climáximo vê-se bem na alusão constante ao totalitarismo dos
nazis (curiosamente, o estalinismo não tem a mesma sorte) com as referências
explícitas às “câmaras de gás” dos campos de concentração ou ao “julgamento de
Nuremberga”.
A ideia é comparar os governantes
portugueses ou europeus actuais aos nazis Adolf Hitler, Himmler e aos
criminosos de guerra que foram julgados em Nuremberga. Ou até mesmo a Adolf
Eichmann, que foi julgado e executado em Israel.
Com
tantas alusões (disparatadas, obviamente) ao genocídio do povo judeu entre 1939
e 1945, e como foi declarada uma “guerra” às “pessoas” pelo “Governo, empresas
e ultra-ricos”, está claro que as propostas dos maus da fita
consistem em “armas de destruição em massa”.
E que “armas de guerra” são essas? O novo aeroporto de Lisboa,
expansões portuárias ou do terminal de GNL em Sines, a agricultura intensiva,
novas centrais de produção de energia através de biomassa ou até mesmo o
consumo de marcas de luxo ou o uso de aviões a jacto ou de iates particulares,
entre muitas outras.
3Ao
contrário dos maus, que “declararam guerra unilateral” às pessoas, a
Climáximo pensa nas vítimas e, apesar de dizer que também está corajosamente em
guerra, como nos filmes de Hollywood), já concebeu um “plano de desarmamento”,
seguido de “plano de paz”.
O desarmamento é fácil e simples, como não podia deixar de ser:
“100% de energia renovável e acessível
até 2025” — ou seja, em dois anos; “serviço de transportes públicos gratuitos e
também assente em energia renovável”, “sistema alimentar de emissões zero” e
“habitação pública” para “garantir casa para todas as pessoas”, entre outras
medidas.
E o plano de paz é uma
espécie de joia da coroa das ideias da Climáximo. Limito-me a descrever
as principais:
“Garantir saúde, educação, habitação,
alimentação, energia renovável e transportes de forma gratuita e no sector
público, para todas as pessoas”;
“Democracia energética” com três
pilares: “sistema baseado em energias limpas”, de “propriedade pública” e “gerido
democraticamente” (este último ponto não é explicado);
As “pessoas”, que serão “99% da
população”, não têm de pagar a “transição justa” energética. Quem paga são os “accionistas e CEO’s das
empresas fósseis”, com destaque para as “empresas de celulose” devido aos “danos associados aos incêndios” e
à necessidade de pagarem “reparações sociais”.
E a minha ideia favorita: a “Justiça
Transformativa” que irá “reformular
o sistema jurídico, judicial e penal”. E o que é a “Justiça
Transformativa”? É a “reabilitação
e reintegração das pessoas actualmente encarceradas”, recorrendo a “medidas de
justiça transformativa” (claro!) “como instrumento de responsabilização para
reconciliar os infractores com as suas vítimas e anular ou compensar os danos
causados, sempre que possível”.
E, já agora, transferir o “financiamento actualmente alocado a
prisões” para “programas sociais transformativos que permitam uma regeneração
da sociedade”.
Assim, numa primeira leitura, acabam
as prisões e alguém (não se percebe quem mas certamente que não serão entidades
que hoje se chamam “tribunais”) irá executar medidas de “justiça
transformativa” para fazer com que os infratores se reconciliem com as vítimas.
Percebeu, caro leitor? Eu não, confesso.
4Vamos à questão sensível dos
“ultra-ricos”. Quando um dos activistas da Climáximo partiu a montra da loja da
Gucci na Av. da Liberdade a 21 de outubro, estava a protestar contra os “ultra-ricos.” E quem são esses seres
infames que representam uma ultra-minoria da população mas que são os piores
inimigos dos jovens activistas?
Nem
mais nem menos do que todas as pessoas que ganhem acima de 150 mil euros
brutos anuais. Não
são quem ganha 1, 5 ou 10 milhões de euros por ano — uma ínfima parte da
população portuguesa, refira-se. São, sim, quem ganha acima de 150 mil euros
brutos anuais.
Mesmo dando o desconto de que os
salários dos jovens são efectivamente e vergonhosamente baixos nos primeiros
anos de qualquer profissão — e isso tem de ser combatido de forma prioritária
por qualquer Governo —, fazer de uma pessoa ou um casal que ganhe 150 mil
euros brutos anuais alguém que é “ultra-rico” é profundamente ridículo.
Se assim é, como é que a Climáximo
classifica Cristiano Ronaldo — que factura várias dezenas de milhões de euros
por ano — ou qualquer gestor de uma grande empresa? Como um
super-mega-ultra-mesmo-muito-rico?
O mais extraordinário é que a Climáximo
defende que tais ultra-ricos (não apenas o Cristiano Ronaldo mas sim quem tenha
rendimentos acima dos 150 mil euros anuais) devem ter um escalão no IRS “com
um taxação de 99%”. O que já está para lá do conceito socialmente aceite
para descrever um confisco fiscal.
Estes alegados ultra-ricos são descritos
da forma mais simplista que se possa imaginar. Como alguém que “voa em jactos e
constrói bunkers para se proteger”. Desculpem? Com 150 mil euros de rendimentos
anuais voam em jactos particulares e constroem bunkers em ilhas paradisíacas?!
Por amor da Santa!
5Estas
ideias da Climáximo só provam que o populismo não é exclusivo de Donald Trump
ou da extrema-direita europeia, como Marine Le Pen, Matteo Salvini ou André
Ventura. Bem pelo contrário, visto que, e falando apenas de Portugal, o Bloco
de Esquerda e o Partido Comunista Português são igualmente populistas e
demagogos.
E chama a atenção para outro facto
que está a marcar a vida das sociedades europeias e norte-americana: não é só
Trump e os trumpistas que estão a tentar (e a conseguir) capturar a causa
ambiental, também a extrema-direita europeia está no mesmo caminho.
Se
os apoiantes de Trump dizem vezes sem conta que aquecimento global é uma
“invenção” e que nada deve ser feito, estão a capturar a causa ambiental pelo
lado negativo. O mesmo se diga das forças de extrema-direita europeia que têm a
mesma estratégia, sendo que o Chega opta pela via da dúvida.
É importante perceber que activistas
anti-capitalistas como a Climáximo, que tem vários representantes de diferentes
partidos políticos de extrema-esquerda, querem capturar o dossiê da emergência
climática para se auto-proclamarem como inimigos das grandes empresas privadas
do sector, como a EDP e a REN e do Governo.
A Climáximo quer destruir o capitalismo para construir algo que não
é muito diferente da utopia marxista que levou à criação das piores ditaduras
totalitárias, de inspiração comunista, que o planeta alguma vez conheceu.
Pior: Estes jovens não só se
assumem como inimigos do capitalismo, como ignoram (ou não querem saber) que as
melhores tecnologias (as do presente e as que estão agora a ser produzidas para
o futuro) que permitem uma transição energética sustentável têm sido
desenvolvidas pelo sector privado — e não pelos Estados….
Mas, pior do que tudo, estão a fazer
com que a opinião pública, com o cidadão comum, se vire contra uma causa justa
e essencial para o futuro de todos…
6O outro lado ideológico da
Climáximo passa necessariamente pelo wokismo — o que não é necessariamente
contrário ao que escrevi no ponto anterior. Se olharmos para o wokismo,
concluímos que esse “eu” corresponde a um “eu” de tal forma exacerbado que numa
versão neo-nilista se sobrepõe a tudo e a todos.
Se no marxismo-leninismo o “nós” é
representado pelo partido único que se sobrepõe a tudo — ao Estado, ao país, à
família e, em última instância, determina que personalidade que o “eu” deve
ter.
Na ideologia woke, o “nós” é
substituído pelo “eu.” Já não é a força do colectivo (do partido) que
determina qual é a verdade que deve ser seguida pela comunidade. Agora,
basta a força incomensurável do “eu” para um homem dizer que se sente
mulher e tem a menstruação mensal, para tal ser verdade — independentemente de
ser biologicamente impossível.
O “eu” e aquilo que o “eu” quer ser — seja binário, seja sem género,
seja sem nome — é a nova versão da revolução que, no final do dia, tem em comum
com o marxismo-leninismo a destruição da ‘ditadura’ dos costumes da burguesia.
Muita da argumentação, e até das críticas da Climáximo à actuação
das autoridades de segurança, assenta no ultra-individualismo da ideologia
woke.
Comparar sem qualquer tipo de fundamentação os julgamentos de
Nuremberga ou o genocídio do povo judeu à emergência climática, comparar as
regras de comunicação prévia que temos para todas as manifestações com regras
do Estado Novo ou até alegar que as autoridades de segurança não podem impedir
os seus protestos — quando a lei está claramente a ser violada — é tentar fazer
com que o “eu” de cada activista da Climáximo se sobreponha às regras que há
muito regem a nossa democracia.
E que, quer jovens activistas
queiram, quer não queiram, têm de ser aceites por todos.
COMENTÁRIOS
Antonio Rodrigues: Tanta energia gasta
com uma agremiação de crianças mal-educadas. Eu simplesmente punha-os de castigo,
sem sobremesa, ou pior, sem telemóvel depois das 17h. F. Mendes: Julgo que o LR passa ao lado do que é realmente a
natureza deste "movimento". Posso estar enganado, mas tudo isto
resulta de uma manobra inteligente de quem tenta despromover a real importância
do combate às alterações climáticas, promovendo insidiosamente e ampliando
na CS estes actos imbecis, que ridicularizam tentativas sérias de combater um
problema muito grave. Digo isto porque as "soluções" propostas
são de tal forma inexequíveis, que muita gente associa o que deveria ser um
objectivo nobre a algo de inatingível e incompatível com o nosso nível e estilo
de vida. Não me admiraria se uma direita à "moda de Trump"
estivesse a financiar estes jovens palermas, uma versão moderna dos
ignorantes idiotas úteis, simbolizados em Gretas e companhia. José B. Dias > F. Mendes: Acontece que aquilo que chama de "direita à moda
de Trump" é liderada pelo genro de Francisco Louçã e composta pela
rapaziada muito verde da falta de banho que pulula pelos "colectivos"
e afins de génese blogueira ... Maria Nunes: Estes badamecos não passam de pequenos terroristas. O
Estado devia agir em conformidade e cortar o mal pela raiz. E a CS não lhes
devia dar tanta importância, que é o que eles querem Fernando Cascais: Uma loucura. Chego à conclusão que o mundo idílico é
um inferno.. Estes putos da Climáximo ou têm deficiências cognitivas ou fazem
parte de alguma agenda maior e a deficiência cognitiva está a ser manipulada
com outros objetivos. Uma ou duas intervenções mais musculada da Polícia de Choque resolvia o
problema rapidamente. Ainda sou do tempo em que a Polícia de Choque distribuía
sem pejo valentes coças à base de cassetete nos festivais de música no antigo
Dramático de Cascais. A malta dispersava num instante. Rui Lima: O Mundo sempre teve os seus loucos e fanáticos uns dos
casos mais notáveis foi a praga da dança de 1518 na Alsácia ficaram a dançar ao
longo de semanas até muitos morrerem mas estes tinham o mérito de não chatear
os outros. Depois veio o período em que comportamentos anormais davam direito a
um lugar num hospital psiquiátrico ou na cadeia, hoje andam todos à solta, só
espero que não seja contagiante.
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