domingo, 15 de outubro de 2023

Serviu, na altura

 

A eleição de Ramalho Eanes para a nossa alegria apoteótica, lembro-me bem. Depois, com o tempo, fomos sabendo que esse nosso herói de então, afinal também era todo das esquerdas unidas. Esmorecemos. Daí, a página 339, do meu livro “Cravos Roxos” (1981), IV Parte: MESSIAS, que reproduzo, no discurso dubitativo que a interrogação subentende:

 

                                                                              «A bem nascida segurança

                                         Da lusitana antiga liberdade»

                                                                                            Camões. Lus., I, 6

RAMALHO EANES?»

Mas o que não esquecerei nunca foi o regozijo inicial, convencida de que Ramalho Eanes fora o nosso salvador de então. E foi-o, para todos os efeitos, sobretudo para quem vivera com terror a “morte” de uma pátria com heróica História desprezada. Daí, a minha incompreensão por algumas críticas de OBSERVADORES, que me parecem perversas, ao texto de MIGUEL PINHEIRO.

 

Não, o 25 de Novembro não foi o fim da história

A propaganda é simples; a história é complicada. Ao contrário do que a nossa actual direita pensa, Portugal não se tornou numa democracia verdadeiramente livre com o 25 de Novembro.

MIGUEL PINHEIRO Director executivo do Observador

OBSERVADOR, 14 out. 2023, 00:2386

As coisas nunca são tão simples como nos querem fazer crer. Nos últimos dias, semanas e meses, uma data transformou-se no santo-e-senha do regime: quem se quer afirmar de esquerda, desvaloriza o 25 de Novembro; quem se quer afirmar de direita, exalta o 25 de Novembro. O exercício teria graça, não se desse o caso de se basear num nebuloso equívoco. Esse equívoco existe tanto à esquerda como à direita, mas, convém notar, é muito maior à direita do que à esquerda. É que, verdadeiramente, o 25 de Novembro não foi aquilo que eles pensam.

A 25 de Novembro houve uma derrota, mas não existiu uma ruptura. Os planos da esquerda revolucionária que se tinha infiltrado nas Forças Armadas e tomado conta de alguns quartéis foram travados. Mas o que se seguiu não foi, imediatamente, uma democracia plena — foi uma penosa e difícil negociação. Havia partidos e militares do MFA que queriam certificar-se de que as eleições que se seguiriam — primeiro as legislativas e depois as presidenciais — não permitiriam ao bom mas perigoso povo barrar o “caminho para o socialismo” nem acabar com a tutela dos militares sobre o regime. Por isso, mesmo depois do 25 de Novembro, foi preciso falar com eles. Se aterrasse em Portugal a 26 de Novembro de 1975, a nossa direita, da Iniciativa Liberal a Carlos Moedas, ficaria certamente abismada com esta necessidade de apaziguar e ceder.

As primeiras eleições depois do 25 de Novembro seriam as legislativas, a 25 de Abril de 1976. Mas, antes do voto, tinha que haver uma Constituição aprovada; e, antes de ser aprovada a Constituição, tinha que haver um acordo. Isto porque o MFA não pretendia deixar os partidos à solta. Em vez de permitirem que os deputados constituintes, democraticamente eleitos um ano antes, cumprissem a sua função em absoluta liberdade, os militares impuseram-lhes a sua força. À procura de oxigénio, os partidos tinham assinado, a 11 de Abril de 1975, um pacto em que o MFA ditava as suas exigências para a futura Constituição — que incluíam, naturalmente, a criação de centros de poder que prolongassem o seu controlo sobre o país. Depois do 25 de Novembro, esse pacto não foi rasgado, foi apenas reescrito: ficava determinado, como se fosse a pedra dos Dez Mandamentos, que o MFA continuava a mandar mesmo sem ter votos. No PSD, Sá Carneiro resistiu literalmente até ao último minuto: a assinatura do segundo Pacto MFA-Partidos estava marcado para as 20 horas do dia 26 de Fevereiro de 1976, mas o partido anunciou que só às 17 horas teria uma posição final. Forçado a ceder, Sá Carneiro recusou-se a assinar pessoalmente o papel. O PS mandou o seu líder, Mário Soares, à cerimónia; o CDS fez o mesmo, com Freitas do Amaral; mas o PSD enviou apenas Magalhães Mota, tendo Sá Carneiro preferido o recolhimento à humilhação. Este pacto ditava, por exemplo, que a Constituição a aprovar pelos deputados teria obrigatoriamente de ter um Conselho da Revolução, constituído por militares e armado com vastos poderes.

As segundas eleições seriam as presidenciais, a 27 de Junho de 1976. Mas, também aqui, apesar do 25 de Novembro, a escolha chegou primeiro e o voto apenas depois. Os partidos perceberam logo que não teriam liberdade para promover os candidatos que entendessem: o primeiro Presidente da República eleito teria obrigatoriamente que ser um militar. Sendo assim, era preferível deixá-los escolher.

Mário Soares convidou para almoçar Melo Antunes, Vítor Alves e Vasco Lourenço e combinou o seguinte método: o líder do PS entregava-lhes uma lista de quatro nomes possíveis e os militares escolhiam um. Essa escolha foi feita pouco depois por nove homens que se sentaram no Forte de São Julião da Barra: Vasco Lourenço, Melo Antunes, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Marques Júnior, Sousa e Castro, Ramalho Eanes e Pires Veloso. Este último, que era comandante da Região Militar do Norte, fora convocado apenas na véspera e, depois de perceber que o motivo do encontro daquele pequeno grupo era escolher o candidato que inevitavelmente venceria as presidenciais, lançou, entre o espanto e a indignação: “Que democracia é esta?”.

Era uma boa pergunta: com receio de novos golpes, PS, PSD e CDS reconheciam que teriam inevitavelmente de apoiar a escolha que saísse daquela sala. No final, o escolhido foi Eanes, com sete votos. Vou repetir: na prática, sete militares fechados num forte escolheram o Presidente da República dos cinco anos seguintes. As eleições propriamente ditas foram apenas uma formalidade.

O que tudo isto quer dizer é que Portugal não se tornou numa democracia verdadeiramente livre a 25 de Novembro de 1975. Isso só aconteceu em 1982, quando a revisão constitucional finalmente remeteu os militares para os quartéis; e em 1986, quando foi eleito o primeiro Presidente da República civil. Se a nossa direita quer celebrar alguma coisa, celebre isso.

25 DE NOVEMBRO     PAÍS

COMENTÁRIOS (de 86)

antonio rodrigues > F. Mendes: É necessário não esquecer o cerco à Assembleia e seus deputados durante 36 horas salvo erro nos dias 11 e 12 de Novembro de 1975. O que diz tudo das forças de extrema esquerda.      José Pinto de Sá > F. Mendes: O autor não diz que as primeiras eleições ocorreram em 25 de Abril de 1976, mas sim as primeiras eleições depois do 25 de Novembro, e nisso está correcto. As de 1975 tinham sido condicionadas pelo "pacto MFA-Partidos", em que os militares revolucionários condicionaram a autorização do acto eleitoral ao prévio compromisso pelos Partidos de que garantiriam o poder do MFA e a via socialista, na Constituição... Quanto ao intento do PS com o apagamento do 25 de Novembro e do seu próprio papel nele, concordo consigo, mas faltou-lhe dizer as causas desse comportamento. É que o próprio PS está dominado pelos derrotados do 25 de Novembro e/ou pelos seus filhos, que o tomaram por dentro!                    José Carvalho: Pela lógica deste jornalista também não deveríamos comemorar o 25 de abril porque ele não significou a implantação de uma democracia plena. Foram precisos muitos passos mais. Mas as datas comemoram-se por serem marcos que definem uma intenção para o início de algo. O desembarque na Normandia não significou a queda do nazismo, foi o inicio                      Carlos Magalhães > F. Mendes: Ele diz -  as primeiras eleições depois do 25 de Novembro…                      F. Mendes: Miguel Pinheiro comete um erro grave neste artigo: as primeiras eleições ocorreram em 25 de Abril de 1975, e não em 1976. Seria bom que isto fosse corrigido, até porque afecta parte da análise conduzida. A "direita" não julgou o 25 de Novembro como o fim da História. Mas, evidentemente, interrompeu o avanço, que parecia imparável, do PC e do respectivo braço militar no MFA (esclareço que não vivi estes acontecimentos: o meu conhecimento, indirecto, deve-se a conversas com pessoas muito bem informadas, combinadas com leituras de obras de referência, Spínola incluído). Mas, o mais importante é notar isto: o presente desconforto do PS com a celebração do 25 de Novembro, tem a ver com o esforço de branquear o comportamento passado do PC, ir liquidando progressivamente o respeito pelos resultados e processos eleitorais, erodir a separação de poderes, e normalizar futuras alianças com a extrema-esquerda, vulgo novas geringonças. Quem não tiver percebido isto, vai acordar tarde de mais.            Joaquim Rodrigues: O 25 de Novembro foi um Golpe de Teatro do Cunhal.                 Joaquim Rodrigues > F. Mendes: O 25 de Novembro, foi um "Golpe de Teatro", montado pelo Cunhal, com a cumplicidade do Soares, quando percebeu que, por um lado, estava a perder o controlo do movimento popular nas ruas e, por outro, aumentando a radicalização das Forças Armadas à direita, corria o risco de vir a ser ilegalizado. Cunhal, combinado com o Soares, chamou o “Tio Eanes” para explicar aos “meninos” que, a partir dali, já não podiam “brincar” mais com espingardas às “Revoluções”, mas apenas às “Manifestações” e às “Eleições”.            João Alves: O 25 de Novembro foi mais um embuste do PCP para se manter no aparelho de poder e continuar a controlar a governação em Portugal, do qual saiu vitorioso com  a colaboração de Melo Antunes e do Grupo dos Nove. Para se compreender o que se passou em Portugal no ano de 1975 é preciso ter em conta a assinatura em Helsínquia da Acta Final da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa, que culminou o esforço diplomático soviético para a formalização no plano jurídico internacional da divisão da Europa em duas esferas de influência: a da URSS/Pacto de Varsóvia e a dos EUA/NATO. Sendo Portugal um país situado na esfera de influência da NATO, era inconsistente com esse objectivo um projecto de conquista de poder em Lisboa, liderado pelo PCP, partido de obediência a Moscovo, para instaurar um regime pró-soviético. O PCP e Álvaro Cunhal sempre souberam isso, embora tivessem fomentado o PREC para distraírem o povo português do que se estava a passar com a descolonização, que foi feita em conformidade com os interesses da União Soviética. Concluída esta, era  necessário interromper o PREC, mas sem que o PCP perdesse a face. E o 25 de  Novembro foi o meio adequado para o conseguir: os comunistas foram ‘contidos’ nos termos acordados com Melo Antunes e a extrema-esquerda, que estava a ganhar terreno político ao PCP, foi quem sofreu uma maior derrota. Aconselho a leitura do livro ‘Carlucci vs. Kissinger’ de Bernardino Gomes  e Tiago Moreira de Sá, pgs 262 e sgts. Francisco Figueiredo: Que escrito tão enviesado! Miguel Pinheiro ignora (ou esconde) o contexto para melhor fundamentar a sua 'tese'... Esquece (ou esconde) a sublevação dos páras (com a ocupação, por exemplo, da Base Aérea de Monte Real), a ocupação da RTP (com essa inefável figura de Duran Clemente a ser silenciada abruptamente...). Esquece (ou esconde) que o 25 de Novembro se desenrola num cenário de radicalização esquerdista que estava a sequestrar a Democracia. A importância (fundamental!) do 25 Novembro 1975 está no travão que colocou ao totalitarismo castrense e civil da extrema-esquerda, em crescendo desde Março anterior. O que aconteceu depois foi um caminho gradual de correção dos dislates.               lidia azevedo : Não concordo. Que seria do País se não fosse o 25 de Novembro? Na minha opinião,  Iniciativa Liberal, Chega e Carlos Moedas é que têm razão.                Joaquim Rodrigues > F. Mendes: Meu caro amigo. A Zita Seabra tinha o gabinete ao lado do gabinete do Cunhal e ainda hoje não sabe o que aconteceu no 25 de Novembro. Por outro lado há muito quem assista presencialmente a acontecimentos e olham para eles como boi para palácio: não percebem nada do que vêem. Acho que é o seu caso.                      Paulo J Silva:  Portugal não se tornou numa democracia verdadeiramente livre a 25 de Novembro de 1975. Isso só aconteceu em 1982”. Leitura ERRADA! O 25 de Novembro marcou a interrupção do caminho que o País estava a seguir rumo a uma ditadura comunista pela mão do PCP. Iniciou-se o caminho rumo à Democracia. 1982 foi mais um marco nesse caminho. Se olharmos hoje para o que se passa em Portugal podemos afirmar que a Democracia está consolidada? Não me parece                       JOHN MARTINS: Interessante artigo de MP, mas é preciso dizer que a situação, entre Abril de 1974 e Novembro de 1975 vivia-se um ambiente de guerra, fora e dentro dos quarteis. Se o 25A foi recebido com euforia por quase toda a população, já a partir do dia 26, a coisa começou a mudar de figura, quando os comunistas e afins tentaram tomar o poder; foi quando o grupo dos nove, militares, apoiados por Soares, PPD e CDS e o povo a norte do Tejo, se impuseram derrotando os comunistas e esquerda radical, no inesquecivel, 25 de NOVEMBRO de 1975. Mesmo tendo havido eleições para a ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, em Abril de 1975, com a finalidade de fazer uma nova constituição, e pelo prazo de 1 ano, foi num ambiente, de cerco ao parlamento por comunistas e afins. Até que a 25 de Abril de 1976 se realizaram as primeiras  ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, ganhas por Mário Soares, com 34% de votos, 1.900.000 seguido do PPD co 24% ou 1.300.000 e o CDS com 42 deputados. Portanto o 25 de NOVEMBRO é tão importante como o 25 de ABRIL, porque um nunca poderia existir sem o outro: ou seja A LIBERDADE E DEMOCRACIA.                     joaquim zacarias: O 25/11 deve ser comemorado, por ter evitado a implantação da ditaduro do proletariado.                      Carlos Chaves > José Carvalho: Eu já passei essa fase de desconfiar, o Observador está definitivamente numa deriva de esquerda!                  José Carvalho: Desconfiem do Observador. Fiquem atentos                       Joao Jesus: O 25 de Novembro foi o princípio do fim do PREC. E isso merece ser celebrado. Basta ver a urticária que provoca no PCP e à sua esquerda para perceber isso.                     Tristão: Claro que não foi o fim da história, mas foi a inversão da tendência que até ali se estava a acentuar, e isso é uma evidência. Se o 25 de abril foi o fim de um regime totalitário, o 25 de novembro foi o início do fim da tentativa séria de implementar outro regime totalitário, uma ditadura comunista. Isso é facto. Agora, sim, foram precisos alguns anos, principalmente a revisão constitucional de 82, que acrescente-se, o PSD arrastou o PS - havia muita resistência interna dentro do PS - para Portugal se parecer com uma democracia ocidental minimamente civilizada…já para não falar da de 89 que deu maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo ao princípio da irreversibilidade das nacionalizações directamente efetuadas após o 25 de Abril de 1974, mais uma vez com o PS arrastado pelos pés.                      José Carvalho: Desta vez discordo de Miguel Pinheiro. É certo que, depois do 25 de Novembro, ainda houve muita lenha para queimar, mas tal data é o marco mais importante para evitar a queda num país de sovietes. Subscrevo o comentário do meu homónimo há 50 minutos atrás.                    Carlos Chaves: Caríssimo Miguel agradeço-lhe a excelente pormenorização das situações completamente anti-democráticas que se viveram na altura. Contudo o 25 de Novembro travou efectivamente a tomada de poder, de uma maneira irreversivel, pelos extremistas de esquerda comunista! Se reduzirmos o “zoom” o 25 de Abril de 1974 acabou com um regime nacionalista e autoritário e o 25 de Novembro de 1975 impediu que os comunistas tomassem o poder (com as consequências que todos sabemos) de forma anti-democrática e irreversível. Entre Abril de 74 e Novembro de 75 os comunistas tudo fizerem para implementar um regime comunista no nosso país e foram "derrotados" em Novembro de 1975. Isto na prática é o que conta. P.S. A atitude de Estadista que Francisco Sá Carneiro teve nessa altura, é comparável à que teve o anterior rei dos Belgas ao abdicar por um dia para não assinar a lei do aborto aprovada pelo parlamento federal Belga. Já no activo políticos destes!                        GateKeeper: Caro Miguel, EU VIVI O 25 DE NOVEMBRO. Não  me limitei a "assistir" e VIVI-O. Não nasci após  esses dias como v.. E, em função  da experiência, LIVE e a cores, devo esclarecê-lo que o seu raciocínio enferma de uma doença crónica : a febre da Não Vivência dos factos; e isso torna a sua narrativa, digamos que, "esdrúxula", no mínimo. Fico sempre com um 'pé  atrás' quando uma análise  é  produzida por alguém  que não  vivenciou os factos reais da sua "narrativa".  "Contos e lendas" nasceram quase todos assim. E, mais uma vez, o Miguel, nem sequer "raspou" a verdade. O 25 de Novembro foi uma catarse libertadora da classe média e da maioria do povo Português; infelizmente não  se terminou a obra. E muito por interferência de um "socialista-populista, um demagogo narcisista chamado Mário  Soares; já  nessa altura, ele sabia bem que o "ps" sem a muleta esquerdalha não  tinha hipóteses de "singrar".  E, "Eça é  qu'essa"! N.B. Temos muitas mais razões  para celebrar esta data do que a data meio-folclórica, feita de falsos "heróis e heroínas" do "golpe militar" palaciano, rapidamente manipulado pelo pcp e quejandos, logo no dia 26.  Tenha juízo.                  António Sennfelt: Quer o autor diga, ou não, o contrário: Viva o 25 de Novembro! Glória aos seus heróis! Abaixo o estalinismo e o social-fascismo!                Maria RibeiroTelles: Miguel Pinheiro, o senhor quer ser um pensador livre tudo bem , mas não fale do que não sabe . Quem viveu essa época olha para o que o senhor escreveu e fica abismado. Não pode fazer essa livre interpretação. Muitos já morreram mas muitos estão vivos .Está com medo?????                António SoaresTristão: Exactamente.  E sempre a menosprezarem o PSD no rumo que o país felizmente tomou. Até que chegou o costa e voltamos a re-escrever a História. Já repararam que até o observador parece envergonhado com esta comemoração?  Não gosto do Moedas, ou não lhe reconheço qualquer virtude política.  Mas começo a admirar a coragem. Sá Carneiro também era pequenino. E ví-o em Faro a enfrentar a comunada civil a ser literalmente apoiada pelas FA no largo do Carmo. Foi o primeiro comício do PPD e eu estava lá.  Por pouco não levava uma bastonada do MFA. Grandes tempos!                   Antonio Silva: O Miguel Pinheiro tem que fazer um desenho para explicar o que seria o pós-25 Novembro se Jaime Neves (JN) e o Reg. Comandos não tivessem metido na toca os revolucionários de pacotilha que meteram o rabo entre as pernas e "'«coger las de Villadiego". Devemos à coragem e determinação de JN, seguido sem hesitações por ex-subordinados comandos, o termos enterrado o aventureirismo de civis e militares a caminho do caos e da guerra civil. E é isto que deve ser recordado e saudado e não louvaminhar os "patriotas do sofá". Se JN tivesse seguido um trajecto acolchoado, prudente e recatado teria recebido um muito maior reconhecimento. Mas JN era um desassossegado...                     José Pinto de Sá: Concordo, e por isso o 25 de Novembro não terá sido o estabelecimento da democracia, mas foi o princípio da democracia! Logo a seguir ao 25 de Abril de 74 começaram as prisões políticas, os despedimentos por razões políticas (à época designados por "saneamentos"), e depois do 28 de Setembro todos os Partidos à direita do Centro (CDS) foram ilegalizados e os seus militantes presos. As próprias eleições para a Constituinte, aceites com má vontade pela esquerda revolucionária civil e militar, foram previamente condicionadas por um "pacto  MFA-Partidos" que obrigou os Partidos a jurarem manter o MFA como líder e a inscrever a "via socialista" do país na futura Constituição. E depois das eleições para a Constituinte tudo piorou. Como, apesar de dominarem a imprensa, a rua e a TV, o PCP e Partidos à sua esquerda nem 20% dos votos totalizaram, a vontade de respeitarem a Constituinte era nenhuma. Saídos os resultados Cunhal afirmou que o povo votara predominantemente no PS porque confundira o nome do Partido, "socialista", com o autêntico socialismo defendido pelo PCP, mas que este cá estaria para obrigar o PS a cumprir o seu programa, ou seja, o do PCP...! Lembro-me perfeitamente, pois eu estava "lá".                     Paulo Almeida: Um texto que mistura alhos com bugalhos. A direita festeja a resistência em si específica da tentativa, que tinha tudo para, de golpe de estado no 25 novembro. Celebra-se a resistência de não permitir tomadas de poder como a que se avizinhava nesse dia. O resto após o 25 novembro é interessante como conta o autor, mas não tem a ver com o festejo do dia em si. Distorceu os intuitoa da celebração da data, achando que a direita não sabe o que está a festejar e o autor é que sabe porque conta uma história sobre militares depois dessa data. Que fraco                 Tiago S: PORQUE NÃO TE CALAS ?: Só faltava este nerd cheio de si e com uma indisfarçável e incontida arrogância para nos dizer o que pensar. O que diz ajuda o quê ? A que seja finalmente instaurado um feriado nacional para o 25 de Novembro como seria de esperar numa democracia europeia ? Ajuda a criar-se um movimento de participação no 25 de Novembro que sirva hoje de recusa, mais uma vez ideológica, da forma de governação socialista, comunista e maoista que nos está a custar o país? Não. Serve para se armar em inteligente (ainda por cima não lhe é reconhecido mérito académico nenhum sobre este período), e na sua nerdering dar munição à esquerda e extrema-esquerda. Custa assim tanto perceber isso? Quer ser mais esperto do que os outros, mais inteligente? Que vá comemorar sozinho as revisões constitucionais de 1982 e 1986 av. da liberdade abaixo. Espero que o Observador cubra o momento em directo. Para os Portugueses democratas, o 25 de Novembro foi o princípio do caminho do verdadeiro 25 de Abril. Foi quando as pessoas começaram a sair à rua nesse verão quente para recusarem de vez o Prec, o comunismo, o maoismo, a extrema-esquerda e o modo militar de governar e conduzir o país. Foi um momento de nova viragem ideológica do regime. A democrática, que ainda hoje vivemos. É isto que as pessoas comemoram. Momentos históricos na vida de um país que envolvem ... as pessoas ! Este senhor perdeu uma oportunidade para estar calado.                     João Ramos > José Pinto de Sá: Eu li o artigo e não retiro nada do que afirmo no meu comentário!                   João Ramos: Este tendencioso artigo do sr. Pinheiro mostra bem o que vai na cabeça do autor, se o 25 de Novembro não representa a viragem para a democracia, então o que dizer do 25 de Abril de 74, que derrubou a ditadura e que logo a seguir e durante um ano e meio, até ao 25 de Novembro foi um período de perseguições e de amedrontamento a grande parte da população por parte do PC e dos seus serventuários do MFA que pretendiam impor e quase conseguiram uma ditadura de sinal contrário à anterior, a viragem para uma democracia deu-se exactamente a partir do 25 de Novembro através de uma vitória das forças que defendiam a democracia contra as forças totalitárias que praticamente governaram a partir do 25 de Abril, claro que a evolução para uma democracia plena não se poderia dar de um dia para o outro, mas sem o 25/11 essa evolução não se poderia ter dado e não querer reconhecer este facto não fica bem ao autor… sei bem do que falo pois bem vivi essas épocas!!! Carlos Quartel: Nunca tinha ouvido essa história da escolha do presidente. Do que me lembro é de Sá Carneiro, todo satisfeito e orgulhoso, a informar o povo de que tinha convidado Eanes para candidato e que este tinha aceitado. O 25 de Novembro foi a vitória possível, pois havia o receio de que,  pondo o PC fora da lei, este pudesse começar algo que não se sabia como acabaria. Depois o PS embirrou com a conversa do "rumo ao socialismo" e ainda hoje consta da constituição. A entrada na UE faz disso uma excrescência e aó palermices partidária permitem que tal aberração continue.             João Floriano: Miguel Pinheiro é verdadeiramente «mauzinho» com esta sua crónica. logo agora que  a direita tinha encontrado um ponto comum de acordo, algo em que estivesse unida ( e isso tem sido tão raro) que é a celebração do 25 de Novembro, vem com esta crónica e põe umas gotas de óleo de fígado de bacalhau numa pequena colher de mel. A crónica tem contudo o grande mérito de trazer a lume factos que a maior parte dos portugueses desconhecem (eu não conhecia), como por exemplo a reunião dos militares para escolher o Presidente da República. Passados 50 anos temos o pior PR da nossa História, um presidente civil e Gouveia e Melo, um militar, aparece como um forte candidato a Belém. O 25 de Novembro não é certamente o fim da história, nem tão pouco a consolidação da democracia em Portugal. Como já tem sido inúmeras vezes escrito, o PCP preferiu recolher as garras e «entrar no jogo democrático». E ei-lo de novo, revigorado pela deriva para o lado da extrema esquerda tanto do actual PS como do que se perspectiva com PNS. No 25 de Novembro de 2023 celebra-se a data de 50 anos atrás e chama-se  atenção para os perigos que a nossa democracia está  a viver. Nesta perspectiva o artigo de Miguel Pinheiro deve ser valorizado como um abreolhos.                       Rui Pedro Matos: O 25 de Novembro de 1975 inverte a tendência de Portugal tornar-se um Estado centralizado ao estilo dos países satélites da ex-URSS. Hoje é como se fosse.....                       Luis Morais Sarmento > F. Mendes: Não me parece que o Miguel Pinheiro neste caso esteja errado. O que ele escreveu é que “ As primeiras eleições depois do 25 de Novembro seriam as legislativas, a 25 de abril de 1976.”, o que está certo porque as eleições para a constituinte foram em 25 de abril de 1975, e portanto antes do 25 de novembro de 1975. E de facto, a nossa democracia foi uma democracia tutelada até ao fim do Conselho da Revolução, com a revisão constitucional de 1982. Infelizmente, nem esta nem as revisões posteriores terminaram uma outra excrescência desse tempo que é o carácter programático da nossa constituição, nomeadamente a imposição do socialismo como objectivo.  Juventino Fontes: O 25 de Novembro de 1975 foi o que trancou as portas àqueles esquerdistas todos, civis e militares que "governavam Portugal" desde o 25 de Abril. O Miguel Pinheiro, não assistiu ou ouviu, como eu com 18 anos, a trabalhar e estudar em Lisboa. Sabe que o Otelo sugeriu mandar todos os que pensavam diferente dele e dos seus, para o Campo Pequeno e matá-los? No 11 de Março, estávamos todos a tremer com as notícias das tropas a caminho de Lisboa. Sabe o que se fazia no RALIS? Eu, vi a chegada Jaime Neves com o  COPCON, à embaixada de Espanha, toda destruída por gente da ETA com a ajuda de centenas de milhares de Portugueses(?...) de onde roubaram tudo o que tinha valor!  Então não foi o Ramalho Eanes e os que com ele estavam, que seguraram o caminho democrático que Portugal foi percorrendo, até hoje? Parece é que está a entrar num retrocesso...mas isso veremos...                      Onbu Onbu: É de facto aqui que Miguel Pinheiro mostra as suas ambiguidades e ao que vem, o 25 de Novembro  acabou com a força dos militares traidores à Pátria, custa dizer? A Constituição deriva das eleições de 25 de Abril de 1975 e começa a ser elaborada em Junho de 1975, toda gente com alguma idade, jovem à altura, se lembra do bloqueio da AR e do cerco promovido pelo PCP estalinista e pela Extrema Esquerda dos grupos que agora estão nos populistas do BE. Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço o tal que perdeu uma companhia em África, gozado pelos seus camaradas de armas,  Coutinho e Otelo, graças aos Comandos. Os paraquedistas e os fuzileiros não mantiveram nem prontidão nem disciplina eram bandos de gente armada, foram metidos na ordem de Caxias foram libertados centenas de presos depois do 11 de Março.                   Lily Lx: Não concordo. Sem 25/11, não haveria Portugal.                  António Lamas > F. Mendes: Tirou-me as palavras da boca. Miguel Pinheiro, faz parte daqueles jornalistas comentadores, que de tanto quererem ser originais e mais espertos do que os outros, acha-se com o direito de dizer todos os disparates.  Toda a gente tem direito a ser estúpido, mas convém não abusar do privilégio

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