Que trata de extremismos, que bem
gostaríamos fossem transformados em actuações feitas dos velhos conceitos de
responsabilidade e respeito – próprio e alheio. Mas vamos virando num sentido
de brutal discórdia… quer pela troça quer pela indiferença insensatas pelos
velhos valores - em poluição dos tempos e dos espaços – físicos e morais. É o
que dá a entender esta análise do Dr.
Salles da Fonseca, centrada em conceitos, e em actuações
extremistas, nestes nossos tempos de poder e engenho tecnológico, facilitadores
dos desvios.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 27.10.23
Ou
DA MILITÂNCIA E DA MÂNDRIA
Do dicionário, extrai-se que radical
tem o significado geral de «drástico» e que em política significa «aquele que quer reformas/alterações/mudanças
completas» e que permissivo significa «indulgente» e/ou «ética e
moralmente relaxado».
* * *
No Estado liberal, ocidental, a liberdade é conceito unicitário e
integra facetas essenciais como sejam a liberdade de opinião e a liberdade e de
iniciativa. Tudo condicionado pelo princípio de que a liberdade de
cada um cessa onde começa a liberdade do próximo, a começar pelo valor supremo
que é a vida. As condicionantes à
liberdade têm a ver com o respeito pela propriedade, pelo ambiente
e pela fiscalidade. Foi a partir
deste conjunto de ideias maiores que nasceram diversos ideais de bem-comum,
aqueles a que actualmente chamamos de Socialismo Democrático, Social
Democracia, Democracia Cristã (não
confessional) e Liberalismo (propriamente
dito). Desta macroestrutura
excluo os movimentos políticos de base étnico-regionais pois que podem assumir
qualquer tipo de projecto acima referido e excluo o Conservadorismo britânico (misto de Democracia Cristã e de Liberalismo)
E o Trabalhismo
britânico (misto de Socialismo Democrático e de Social
Democracia). Europa que é o
berço das políticas de essência democrática.
Contudo, a prática inquestionável da liberdade permite a instalação de forças
que, utilizando a liberdade instituída, preconizam modelos sociais em que essa
mesma liberdade não existe. São modelos de génese autocrática que
não permitem a liberdade de opinião nem a propriedade e não provaram até hoje
qualquer respeito pelo ambiente. À
radical militância totalitária, a democracia liberal responde com
permissividade na esperança de que, nas urnas, as propostas democraticamente
absurdas chumbem rotundamente. O pior é se não o são rotundamente…
Mas a luta é cansativa e os instalados
no conforto do bem-estar padecem da mândria.
Confortavelmente instalada no
progresso material que a democracia lhe tem proporcionado desde o final da II
Guerra Mundial, a burguesia ocidental não tem encontrado tempo para ver o que
se passa à sua volta. E o que é?
-
Um paternalista Estado social super protector que desincentiva o desenrascanço
dos menos habilitados que assim se entregam ao ócio;
-
Um «neo-ocidentalismo» em que preponderam os direitos e escasseiam os deveres
cívicos à mistura com uma tendência amoral do pós-modernismo, uma inequívoca
afirmação hedonista e a ambição imediatista do «tudo JÁ!»,…
… fazem do moderno europeu
(sobretudo) um ser a quem tudo é devido. Daqui à mândria dista um infinitésimo.
Tudo agravado quando esse ocidental o é ao abrigo do Direito positivo, mas que,
no plano cultural, se encontra vinculado a padrões forjados alhures.
Intimamente desenraizados, entregam-se à reivindicação pela reivindicação,
fazem das «poubelles flammantes» uma barricada e esperam que os
tradicionalistas os temam e se agachem. E estes, permissivos,
esperam pela ronda eleitoral seguinte para dizerem que o caminho chegou ao fim.
Que caminho?
O
da mândria, dos compadrios na gestão da «coisa» geral, da «liberté à outrance».
E então, teremos que ser nós, novamente, a desentupir esgotos, a semear
batatas, a deitarmo-nos cedo e a levantarmo-nos antes do Sol deixando as
pranchas de surf arrumadas até ao fim de semana seguinte.
…
era tão bom viver «à pala» do subsídio…
Outubro de 2023
Henrique Salles da Fonseca
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