Por todo o lado, afinal, deste mundo em guerra. Só
falta a guerra dos nervos, apesar dos sorrisos, que são esgares, hoje.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 19.11.23
Ou
DA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA
Dos compêndios de economia extrai-se que a inflação se combate
com a subida das taxas de juro a fim de arrefecer a actividade económica.
Dos
compêndios da vida extrai-se que a subida das taxas de juro serve
para dificultar a vida ao comum dos mortais, sejam estes singulares ou
colectivos, devedores de capitais alheios e para facilitar a dos credores no
mercado de capitais.
* * *
As
asserções anteriores enquadram-se num cenário de excesso de procura relativamente
à oferta, mas a actual
pressão inflacionista resulta
directamente dos choques energético e cerealífero. Ou seja, na Europa
os preços têm subido por efeito do aumento dos custos de produção por efeito da
guerra na Ucrânia e não por quaisquer outras causas relevantes (em Portugal, junte-se-lhe a manipulação
informativa dos mercados).
A
subida das taxas de juro em nada influenciou o curso da guerra, não mexeu nas causas da pressão
inflacionista e se, entretanto, os preços da energia regressaram aos
níveis anteriores à guerra, isso
deveu-se a outras razões que não as ditadas pelo BCE (substituição da Rússia
como fornecedor, p.ex.). Antes do regresso do mercado energético aos
preços anteriores à guerra, a Europa viu-se confrontada com o aumento substancial
de custos em três factores de produção, a saber, na
energia, nos cereais e no dinheiro. Os dois primeiros a criar inflação
e o terceiro a puxar para a estagnação. Eis a receita perfeita para a
estagflação em que a Europa está a caír.
Tudo, resultado de uma política assumida
“à la Gardère”.
Soluções no próximo número.
Novembro 2023
Henrique Salles da Fonseca
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