segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Convulsão


Por todo o lado, afinal, deste mundo em guerra. Só falta a guerra dos nervos, apesar dos sorrisos, que são esgares, hoje.

WEST SIDE STORY - 2

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 19.11.23

Ou

DA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA

 Dos compêndios de economia extrai-se que a inflação se combate com a subida das taxas de juro a fim de arrefecer a actividade económica.

Dos compêndios da vida extrai-se que a subida das taxas de juro serve para dificultar a vida ao comum dos mortais, sejam estes singulares ou colectivos, devedores de capitais alheios e para facilitar a dos credores no mercado de capitais.

 

* * *

As asserções anteriores enquadram-se num cenário de excesso de procura relativamente à oferta, mas a actual pressão inflacionista resulta directamente dos choques energético e cerealífero. Ou seja,  na Europa os preços têm subido por efeito do aumento dos custos de produção por efeito da guerra na Ucrânia e não por quaisquer outras causas relevantes (em Portugal, junte-se-lhe a manipulação informativa dos mercados).

A subida das taxas de juro em nada influenciou o curso da guerra, não mexeu nas causas da pressão inflacionista e se, entretanto, os preços da energia regressaram aos níveis anteriores à guerra, isso deveu-se a outras razões que não as ditadas pelo BCE (substituição da Rússia como fornecedor, p.ex.). Antes do regresso do mercado energético aos preços anteriores à guerra, a Europa viu-se confrontada com o aumento substancial de custos em três factores de produção, a saber, na energia, nos cereais e no dinheiro. Os dois primeiros a criar inflação e o terceiro a puxar para a estagnação.  Eis a receita perfeita para a estagflação em que a Europa está a caír.

Tudo, resultado de uma política assumida “à la Gardère”.

Soluções no próximo número.

 Novembro 2023

Henrique Salles da Fonseca

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