O PSD tem chefe com força para se impor,
nem a esquerda o permitirá, com a massa popular acomodada ao status imposto
pelo PS, que foi distribuindo o dinheiro externo em injustas desproporções,
aproximando as “classes” sociais nessa questão salarial, sem as aproximar na questão
formativa, exceptuando, é claro, os tais dos tais “salários” exorbitantes do
costume, todos nós, de resto, acomodados de bom grado com a definição de João
de Deus - “O dinheiro é tão
bonito,/ Tão bonito, o maganão!/ Tem tanta graça, o maldito,/ Tem tanto chiste,
o ladrão!” – dinheiro este que nem nos custou assim tanto a ganhar, a tantos de nós,
mas que reverenciamos sempre, como António Costa bem sabe, (usando do truque
imposto pela esquerda, beatificamente consagrada aos mais pobrezinhos), como
forma de se precaver contra as greves, que, desde que governou só, alastraram
com mais arreganho ainda, visto que a tal esquerda não perdoa… Se Passos
Coelho, destemido e sério, não conseguiu governar, embora tendo ganho as
eleições, como pode Luís Montenegro pretender fazê-lo, sem arranjar uma força numérica
conveniente para obstar à proliferação dos que desprezam o país, como se tem
visto, na mediocridade dos seus exibicionismos governativos? Alexandre
Homem Cristo parece-me ingénuo no seu texto confiante no sucesso. Pobre
País, de tão pequenas expectativas, amortecido por esses dinheiros que nos
sustentam, o nome Pátria definitivamente na prateleira… excepto, está visto, no
caso dos futebóis…
A direita não pode continuar a servir de bombeiro
Desde 1995, a direita só governou em
emergência e apenas para repor a normalidade. É prioritário que agora construa
uma visão de longo prazo, que quebre este modelo perverso de alternância
governativa
ALEXANDRE HOMEM CRISTO, Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 09 nov.
2023, 00:2148
António Costa entregou o país num pântano. Os serviços públicos de saúde estão em pré-colapso,
com encerramentos sucessivos, excesso de mortalidade e carências que geram
situações de chocante desumanidade. O sistema educativo atravessa uma
tempestade, onde a escassez de professores e o desgaste dos docentes penalizam
o funcionamento da rede pública de escolas e prejudicam, forçosamente, a
escolaridade das crianças e jovens. A economia portuguesa cresce pouco e, pior,
cresce menos do que as economias do leste europeu, arrastando o nosso PIB per
capita para a cauda europeia — ultrapassados nos últimos anos por Polónia,
Estónia ou Lituânia. Os salários portugueses não são competitivos no contexto
europeu, atraindo muitos para a emigração, em parte devido a uma carga fiscal
que não cessa de crescer e sobrecarregar as empresas e os rendimentos — o
sistema fiscal português é o quinto menos competitivo da OCDE.
Mais: o pântano de António Costa também é ético. Muitos dos desafios que o país enfrenta após 8 anos
de governos PS devem-se a opções políticas erradas, seja porque
Costa se encostou ao PRR ou porque governou para satisfazer clientelas
eleitorais — ou, simplesmente, porque abdicou
de liderar reformas para prevenir falhas em áreas-chave. Mas não é possível desvalorizar, afinal, o motivo que
levou à inédita demissão de um primeiro-ministro numa maioria absoluta: desde que
chegou a São Bento, Costa rodeou-se de activos tóxicos do socratismo, promoveu
informalidades entre amigos e negócios do Estado, escolheu para membros do
governo quem comprovadamente não tinha perfil para tais funções, recrutou na
bolha socialista e desvalorizou as inúmeras ligações familiares da sua rede de
poder, achincalhou a dignidade das instituições ao nomear para seu secretário
de estado adjunto Miguel Alves, já então arguido, afirmou sistematicamente o
seu poder em confronto com as instituições do regime e colonizou o aparelho de
Estado — a fidelidade partidária ao PS foi, nestes últimos 8 anos, o melhor CV
para aceder a altos cargos dirigentes. António Costa não caiu por causa de um parágrafo de um comunicado da
PGR, caiu em virtude da sua falência ética e política.
No
espaço de duas décadas, três primeiros-ministros socialistas deixaram três
pântanos. Em 2001, na sequência de uma derrota nas eleições
autárquicas, António
Guterres
demitiu-se e baptizou a expressão de “pântano” — entenda-se, reconheceu uma fragilidade política
tal que, na sua leitura, a governação estava inviabilizada. Em 2011, na
sequência da bancarrota nacional e da assinatura de um memorando de
entendimento com a troika, José
Sócrates saiu do
governo deixando um rasto de destruição atrás de si — económica e financeira,
claro, mas também política, ética e empresarial, convertendo o PS num polvo que
na sociedade portuguesa tudo quis controlar. Em 2023, António Costa vê-se
sob investigação da Justiça e o seu círculo íntimo no governo detido — a
começar pelo seu chefe de gabinete. Com intervalos mais ou
menos regulares de 10 anos, o PS entrega o país em cacos e a direita veste o
fato de bombeiro para limpar os estragos.
Parto
do pressuposto que o Presidente da República convocará eleições legislativas a
curto prazo — a única solução que me parece razoável. E parto do pressuposto
que a direita estará em condições de as vencer e formar governo — sem o Chega,
como aliás já foi explicitado por Luís Montenegro. Desde 1995, a direita só
governou em emergência, condicionada pela irresponsabilidade que a precedeu e
apenas para repor a normalidade — da qual os socialistas depois beneficiaram e
abusaram. Esse modelo perverso de alternância governativa tem de ser
quebrado. Essa é uma prioridade: a direita terá de construir e guiar-se
por uma visão de longo prazo. Não
antevejo que seja fácil, porque tudo na próxima legislatura se prepara para ser
particularmente exigente. Mas é inequivocamente essa a responsabilidade que
a direita tem hoje nas mãos: não basta ser governo em 2024, há que pensar desde
o início para um período de duas legislaturas. Só assim
haverá espaço para reformas (há muito) adiadas e para despartidarizar a máquina
do Estado. Só assim a direita deixará de servir de bombeiro.
CRISE
POLÍTICA POLÍTICA PS GOVERNO ANTÓNIO COSTA
COMENTÁRIOS (de 48)
JOHN MARTINS; Que eu me lembre, bombeiro patriota houve um, que com uma coragem e
extraordinário patriotismo tirou Portugal do abismo causado pelos
socialistas de Sócrates. ESSE BOMBEIRO HEROI FOI PASSOS COELHO. E com
pressa aritmética o sr Costa quis subir a 1º ministro, ocupar S. Bento, rodeado de gente tóxica, não fazer
nada acabando, desgraçadamente, como.... no seu galho, donde se estatelou, sem
ter a humildade de ter pedido perdão ao BOMBEIRO PASSOS COELHO...coisas do
diabo!!! João
Amorim: Sempre a mesma obsessão: sem o Chega… F. Mendes > Nuno Gomes: Passos Coelho não perdeu as
eleições. Ganhou as eleições em 2011 e 2015. Seria bom que o meu amigo não
fosse também vítima da máquina de propaganda do PS, que tão apropriadamente
menciona! Glorioso SLB:
Governar sem o
Chega como? O meu excel está msm avariado. Carlos
Chaves: Pois caro cronista, explique-nos então como é que a “direita” poderá
chegar ao poder, desperdiçando 15 a 20% dos votos do único partido com assento
parlamentar que se assume de direita? Paulo J
Silva: Não há direita sem o Chega. O Chega é a direita. Sérgio: Brilhante artigo! Deveria ser
de distribuição obrigatória por todos os portugas!!! Duvido muito é que o PSD
consiga governar sem o Chega!!!! Até considero o Chega! muito útil para impor
mudanças e alterações a alguma da bandalheira e desleixo que os esquerdalhos
criaram, como por exemplo com as portas escancaradas a IMIGRAÇÃO criminosa e
irresponsável!! O PSD sozinho é fofinho e cobarde e não os tem no sitio para
tomar estas decisões! João
Floriano; Não há qualquer hipótese de o PSD conseguir ser governo sem qualquer tipo
de entendimento com o CHEGA. Já está na altura de se colocarem os pés no chão e
ver a realidade tal como ela é. O CHEGA é o fiel da balança e quem vai
decidir se o próximo governo é de salvação nacional com a direita ou é de
naufrágio nacional com o radicalismo de esquerda associado ao PS, Mortágua a
meter a mão no nosso dinheiro e o PSD a desaparecer como grande partido
português e a seguir o destino do CDS. Os portugueses nunca perdoarão ao PSD se
continuar teimosamente a fazer o jogo do PS e da esquerda radical, grandes
inimigos dos portugueses.
Miguel Nunes de Matos: Volta Passos Coelho, observador
censurado: Por favor, corrija o artigo: recentemente, Francisco Balsemão avisou
Montenegro que o Partido Socialista Dois (PSD) é uma partido de "centro
esquerda". https://observador.pt/2023/06/23/balsemao-deixa-aviso-a-montenegro-sobre-chega-psd-nao-se-pode-encostar-a-extrema-direita/ Zé
Pagador: Sem o CH resta o PAN ou o IL mas como não chega o PSD
só tem que ir pedir casamento ao PS…moral da historia votar PSD é o mesmo que
votar PS…….Caro AHC aprenda a fazer contas e deixe de dar palha ao pessoal que
nem todos nós somos cegos….
Coxinho: "A direita não pode continuar a servir de
bombeiro"... Pois não pode, não. Melhor: não deve. Mas não se enxerga
outra solução, e mesmo assim muito problemática! A não ser que, no último e
derradeiro minuto, o PSD vença a eleição e decida abdicar da coerência e optar
pelo real interesse dos portugueses numa aliança com o Chega. Kakuri
Kanna: sem o Chega o PSD não governará nunca, porque não
ganhará nunca com maioria para formar governo, sempre com a ameaça de nova
geringonça. A estratégia de Montenegro é uma desgraça para o PSD mesmo que vá
coligado ao CDS. Ora Montenegro não se assume como partido de direita, fica
sempre naquele limbo do Centro, não criou um programa com reformas estruturais
para o país, mas reformas de facto: em infraestruturas e nos outros sectores
chave, educação, saúde, justiça, defesa e Previdência Social que deve limpar
aquilo de que o PS se alimenta, subsídios para parasitas, afirmando que é
insustentável, nunca separando a Previdência Social (aqueles que descontam e
descontaram), dos apoios sociais que só podem sair do OE. Continuar a afirmar que não
precisa do Chega é um tiro no pé, é seguir o que Rio fez ao PSD, o PSD tem e
deve tirar votos ao PS é aí que estão os seus para crescer, se Montenegro não
vê isto, deveria sair em vez de falar à toa. Nuno
Gomes: Não haverá direita ser Chega. Nao vale a pena insistir que não acontece. E
não vejo problema com isso…se foi natural o PS se juntar a extrema-esquerda e
comunistas e todos aceitamos, porque no outro lado da balança parece tão estranho.
Não gostaria de ver o Chega com maioria, isso seria uma catástrofe e, tal como
seria se fosse o BE ou o PC. Mas o povo é demasiado fraco. Tem medo da
mudança. Acha que a direita vai dar cabo de tudo. O povo nunca cresceu e foi
habituado a ter de lutar pelo seu futuro, sempre se acomodou a viver a conta.
Lamento imenso o que aconteceu ao Passos e o que nos aconteceu a todos nós
quando ele perdeu as eleições. Estou convicto que Portugal era muito diferente
e estaríamos imensamente melhor. O PS tem uma máquina na comunicação social
incrível. Consegue pintar tudo de rosa. Ainda está manhã estava a ler um
colonista que escrevia o impossível… que estava tudo bem e isto era mais um
ataque, e que eles eram os bons, que com eles o país estava melhor, etc etc.
pelo que….ficaria surpreso com a vitória da direita. Mas irei votar, pois não
quero nem deixo os outros escolherem por mim Manuel
Andrade: excelente texto. Tomara que a
população que fica e que vota, agora e daqui a 4 anos, interiorize a
necessidade de uma mudança de paradigma económico que torne a nação próspera e
saudável, com muito mais ricos e muito menos pobres. Mantendo a paz e segurança
que tanto apreciamos. Mas substituindo a cultura de dependência económica do
estado, o qual se financia com os impostos dos contribuintes actuais e futuros
(dívida), e gere ineficientemente e aplica mal esse dinheiro Tomara que os
líderes políticos desse novo ciclo saibam identificar, promover e comunicar uma
visão estratégica (sectores estratégicos) para o país que não se limite ao
turismo e que inclua actividades mais resilientes e de maior valor
acrescentado, inovação tecnológica, indústria e serviços de futuro. Tomara que
os apologistas das ideologias não as considerem dogmas, e que os membros dos
partidos não ajam como membros de seitas. Usando espírito crítico para avaliar
o que resulta e o que não resulta, contribuindo para caminhos de um futuro
melhor em lugar de usar os passos dos antecessores como cortinas de fumo para a
sua incapacidade ou falta de vontade de reformar. Tomara que neste caso a
esperança não seja a última a morrer, porque soubemos enquanto nação dar a
volta e criar vontade de ficar e regressar. Tomara.... F. Mendes: Estou de acordo com o AHC, mas
acrescento isto: Montenegro já perdeu muito tempo em afirmar o PSD como um
partido capaz de integrar também a direita conservadora e tradicional (por
exemplo, avessa a esta nossa imigração descontrolada, contra o politicamente
correcto, defensora da nossa história e identidade nacionais, garante da livre
iniciativa, etc.). Agora tem um enorme problema com o eleitorado do CH, que se
não revê num partido essencialíssimo para nos tirar de mais esta fossa
pestilenta em que o PS nos deixou. Ou seja, não se vê como sairmos disto,
excepto com um governo minoritário à direita, que terá enormes dificuldades em
se afirmar e tomar as medidas duras que se impõem, e a que o PS se tem oposto
desde sempre.
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