sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Nem


O PSD tem chefe com força para se impor, nem a esquerda o permitirá, com a massa popular acomodada ao status imposto pelo PS, que foi distribuindo o dinheiro externo em injustas desproporções, aproximando as “classes” sociais nessa questão salarial, sem as aproximar na questão formativa, exceptuando, é claro, os tais dos tais “salários” exorbitantes do costume, todos nós, de resto, acomodados de bom grado com a definição de João de Deus - “O dinheiro é tão bonito,/ Tão bonito, o maganão!/ Tem tanta graça, o maldito,/ Tem tanto chiste, o ladrão!” – dinheiro este que nem nos custou assim tanto a ganhar, a tantos de nós, mas que reverenciamos sempre, como António Costa bem sabe, (usando do truque imposto pela esquerda, beatificamente consagrada aos mais pobrezinhos), como forma de se precaver contra as greves, que, desde que governou só, alastraram com mais arreganho ainda, visto que a tal esquerda não perdoa… Se Passos Coelho, destemido e sério, não conseguiu governar, embora tendo ganho as eleições, como pode Luís Montenegro pretender fazê-lo, sem arranjar uma força numérica conveniente para obstar à proliferação dos que desprezam o país, como se tem visto, na mediocridade dos seus exibicionismos governativos? Alexandre Homem Cristo parece-me ingénuo no seu texto confiante no sucesso. Pobre País, de tão pequenas expectativas, amortecido por esses dinheiros que nos sustentam, o nome Pátria definitivamente na prateleira… excepto, está visto, no caso dos futebóis…

A direita não pode continuar a servir de bombeiro

Desde 1995, a direita só governou em emergência e apenas para repor a normalidade. É prioritário que agora construa uma visão de longo prazo, que quebre este modelo perverso de alternância governativa

ALEXANDRE HOMEM CRISTO, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 09 nov. 2023, 00:2148

António Costa entregou o país num pântano. Os serviços públicos de saúde estão em pré-colapso, com encerramentos sucessivos, excesso de mortalidade e carências que geram situações de chocante desumanidade. O sistema educativo atravessa uma tempestade, onde a escassez de professores e o desgaste dos docentes penalizam o funcionamento da rede pública de escolas e prejudicam, forçosamente, a escolaridade das crianças e jovens. A economia portuguesa cresce pouco e, pior, cresce menos do que as economias do leste europeu, arrastando o nosso PIB per capita para a cauda europeia — ultrapassados nos últimos anos por Polónia, Estónia ou Lituânia. Os salários portugueses não são competitivos no contexto europeu, atraindo muitos para a emigração, em parte devido a uma carga fiscal que não cessa de crescer e sobrecarregar as empresas e os rendimentos — o sistema fiscal português é o quinto menos competitivo da OCDE.

Mais: o pântano de António Costa também é ético. Muitos dos desafios que o país enfrenta após 8 anos de governos PS devem-se a opções políticas erradas, seja porque Costa se encostou ao PRR ou porque governou para satisfazer clientelas eleitorais — ou, simplesmente, porque abdicou de liderar reformas para prevenir falhas em áreas-chave. Mas não é possível desvalorizar, afinal, o motivo que levou à inédita demissão de um primeiro-ministro numa maioria absoluta: desde que chegou a São Bento, Costa rodeou-se de activos tóxicos do socratismo, promoveu informalidades entre amigos e negócios do Estado, escolheu para membros do governo quem comprovadamente não tinha perfil para tais funções, recrutou na bolha socialista e desvalorizou as inúmeras ligações familiares da sua rede de poder, achincalhou a dignidade das instituições ao nomear para seu secretário de estado adjunto Miguel Alves, já então arguido, afirmou sistematicamente o seu poder em confronto com as instituições do regime e colonizou o aparelho de Estado — a fidelidade partidária ao PS foi, nestes últimos 8 anos, o melhor CV para aceder a altos cargos dirigentes. António Costa não caiu por causa de um parágrafo de um comunicado da PGR, caiu em virtude da sua falência ética e política.

No espaço de duas décadas, três primeiros-ministros socialistas deixaram três pântanos. Em 2001, na sequência de uma derrota nas eleições autárquicas, António Guterres demitiu-se e baptizou a expressão de “pântano” — entenda-se, reconheceu uma fragilidade política tal que, na sua leitura, a governação estava inviabilizada. Em 2011, na sequência da bancarrota nacional e da assinatura de um memorando de entendimento com a troika, José Sócrates saiu do governo deixando um rasto de destruição atrás de si — económica e financeira, claro, mas também política, ética e empresarial, convertendo o PS num polvo que na sociedade portuguesa tudo quis controlar. Em 2023, António Costa vê-se sob investigação da Justiça e o seu círculo íntimo no governo detido — a começar pelo seu chefe de gabinete. Com intervalos mais ou menos regulares de 10 anos, o PS entrega o país em cacos e a direita veste o fato de bombeiro para limpar os estragos.

Parto do pressuposto que o Presidente da República convocará eleições legislativas a curto prazo — a única solução que me parece razoável. E parto do pressuposto que a direita estará em condições de as vencer e formar governo — sem o Chega, como aliás já foi explicitado por Luís Montenegro. Desde 1995, a direita só governou em emergência, condicionada pela irresponsabilidade que a precedeu e apenas para repor a normalidade — da qual os socialistas depois beneficiaram e abusaram. Esse modelo perverso de alternância governativa tem de ser quebrado. Essa é uma prioridade: a direita terá de construir e guiar-se por uma visão de longo prazo. Não antevejo que seja fácil, porque tudo na próxima legislatura se prepara para ser particularmente exigente. Mas é inequivocamente essa a responsabilidade que a direita tem hoje nas mãos: não basta ser governo em 2024, há que pensar desde o início para um período de duas legislaturas. Só assim haverá espaço para reformas (há muito) adiadas e para despartidarizar a máquina do Estado. Só assim a direita deixará de servir de bombeiro.

CRISE POLÍTICA     POLÍTICA     PS     GOVERNO    ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS (de 48)

JOHN MARTINS; Que eu me lembre, bombeiro patriota houve um, que com uma coragem e extraordinário patriotismo  tirou Portugal do abismo causado pelos socialistas de Sócrates. ESSE BOMBEIRO HEROI FOI PASSOS COELHO. E com pressa aritmética o sr Costa quis subir a 1º ministro, ocupar  S. Bento, rodeado de gente tóxica, não fazer nada acabando, desgraçadamente, como.... no seu galho, donde se estatelou, sem ter a humildade de ter pedido perdão ao BOMBEIRO PASSOS COELHO...coisas do diabo!!!                   João Amorim: Sempre a mesma obsessão: sem o Chega…                F. Mendes > Nuno Gomes: Passos Coelho não perdeu as eleições. Ganhou as eleições em 2011 e 2015. Seria bom que o meu amigo não fosse também vítima da máquina de propaganda do PS, que tão apropriadamente menciona!                     Glorioso SLB: Governar sem o Chega como? O meu excel está msm avariado.                 Carlos Chaves: Pois caro cronista, explique-nos então como é que a “direita” poderá chegar ao poder, desperdiçando 15 a 20% dos votos do único partido com assento parlamentar que se assume de direita?                  Paulo J Silva: Não há direita sem o Chega. O Chega é a direita.              Sérgio: Brilhante artigo! Deveria ser de distribuição obrigatória por todos os portugas!!! Duvido muito é que o PSD consiga governar sem o Chega!!!! Até considero o Chega! muito útil para impor mudanças e alterações a alguma da bandalheira e desleixo que os esquerdalhos criaram, como por exemplo com as portas escancaradas a IMIGRAÇÃO criminosa e irresponsável!! O PSD sozinho é fofinho e cobarde e não os tem no sitio para tomar estas decisões!                 João Floriano; Não há qualquer hipótese de o PSD conseguir ser governo sem qualquer tipo de entendimento com o CHEGA. Já está na altura de se colocarem os pés no chão e ver  a realidade tal como ela é. O CHEGA é o fiel da balança e quem vai decidir se o próximo governo é de salvação nacional com a direita ou é de naufrágio nacional com o radicalismo de esquerda associado ao PS, Mortágua a meter a mão no nosso dinheiro e o PSD a desaparecer como grande partido português e a seguir o destino do CDS. Os portugueses nunca perdoarão ao PSD se continuar teimosamente a fazer o jogo do PS e da esquerda radical, grandes inimigos dos portugueses.             Miguel Nunes de Matos: Volta Passos Coelho,              observador censurado: Por favor, corrija o artigo: recentemente, Francisco Balsemão avisou Montenegro que o Partido Socialista Dois (PSD) é uma partido de "centro esquerda". https://observador.pt/2023/06/23/balsemao-deixa-aviso-a-montenegro-sobre-chega-psd-nao-se-pode-encostar-a-extrema-direita/                       Zé Pagador: Sem o CH resta o PAN ou o IL mas como não chega o PSD só tem que ir pedir casamento ao PS…moral da historia votar PSD é o mesmo que votar PS…….Caro AHC aprenda a fazer contas e deixe de dar palha ao pessoal que nem todos nós somos cegos….                Coxinho: "A direita não pode continuar a servir de bombeiro"... Pois não pode, não. Melhor: não deve. Mas não se enxerga outra solução, e mesmo assim muito problemática! A não ser que, no último e derradeiro minuto, o PSD vença a eleição e decida abdicar da coerência e optar pelo real interesse dos portugueses numa aliança com o Chega.               Kakuri Kanna: sem o Chega o PSD não governará nunca, porque não ganhará nunca com maioria para formar governo, sempre com a ameaça de nova geringonça. A estratégia de Montenegro é uma desgraça para o PSD mesmo que vá coligado ao CDS. Ora Montenegro não se assume como partido de direita, fica sempre naquele limbo do Centro, não criou um programa com reformas estruturais para o país, mas reformas de facto: em infraestruturas e nos outros sectores chave, educação, saúde, justiça, defesa e Previdência Social que deve limpar aquilo de que o PS se alimenta, subsídios para parasitas, afirmando que é insustentável, nunca separando a Previdência Social (aqueles que descontam e descontaram), dos apoios sociais que só podem sair do OE. Continuar a afirmar que não precisa do Chega é um tiro no pé, é seguir o que Rio fez ao PSD, o PSD tem e deve tirar votos ao PS é aí que estão os seus para crescer, se Montenegro não vê isto, deveria sair em vez de falar à toa.                      Nuno Gomes: Não haverá direita ser Chega. Nao vale a pena insistir que não acontece. E não vejo problema com isso…se foi natural o PS se juntar a extrema-esquerda e comunistas e todos aceitamos, porque no outro lado da balança parece tão estranho. Não gostaria de ver o Chega com maioria, isso seria uma catástrofe e, tal como seria se fosse o BE ou o PC. Mas o povo é demasiado fraco. Tem medo da mudança. Acha que a direita vai dar cabo de tudo. O povo nunca cresceu e foi habituado a ter de lutar pelo seu futuro, sempre se acomodou a viver a conta. Lamento imenso o que aconteceu ao Passos e o que nos aconteceu a todos nós quando ele perdeu as eleições. Estou convicto que Portugal era muito diferente e estaríamos imensamente melhor. O PS tem uma máquina na comunicação social incrível. Consegue pintar tudo de rosa. Ainda está manhã estava a ler um colonista que escrevia o impossível… que estava tudo bem e isto era mais um ataque, e que eles eram os bons, que com eles o país estava melhor, etc etc. pelo que….ficaria surpreso com a vitória da direita. Mas irei votar, pois não quero nem deixo os outros escolherem por mim                        Manuel Andrade: excelente texto. Tomara que a população que fica e que vota, agora e daqui a 4 anos, interiorize a necessidade de uma mudança de paradigma económico que torne a nação próspera e saudável, com muito mais ricos e muito menos pobres. Mantendo a paz e segurança que tanto apreciamos. Mas substituindo a cultura de dependência económica do estado, o qual se financia com os impostos dos contribuintes actuais e futuros (dívida), e gere ineficientemente e aplica mal esse dinheiro Tomara que os líderes políticos desse novo ciclo saibam identificar, promover e comunicar uma visão estratégica (sectores estratégicos) para o país que não se limite ao turismo e que inclua actividades mais resilientes e de maior valor acrescentado, inovação tecnológica, indústria e serviços de futuro. Tomara que os apologistas das ideologias não as considerem dogmas, e que os membros dos partidos não ajam como membros de seitas. Usando espírito crítico para avaliar o que resulta e o que não resulta, contribuindo para caminhos de um futuro melhor em lugar de usar os passos dos antecessores como cortinas de fumo para a sua incapacidade ou falta de vontade de reformar. Tomara que neste caso a esperança não seja a última a morrer, porque soubemos enquanto nação dar a volta e criar vontade de ficar e regressar. Tomara....                      F. Mendes: Estou de acordo com o AHC, mas acrescento isto: Montenegro já perdeu muito tempo em afirmar o PSD como um partido capaz de integrar também a direita conservadora e tradicional (por exemplo, avessa a esta nossa imigração descontrolada, contra o politicamente correcto, defensora da nossa história e identidade nacionais, garante da livre iniciativa, etc.). Agora tem um enorme problema com o eleitorado do CH, que se não revê num partido essencialíssimo para nos tirar de mais esta fossa pestilenta em que o PS nos deixou. Ou seja, não se vê como sairmos disto, excepto com um governo minoritário à direita, que terá enormes dificuldades em se afirmar e tomar as medidas duras que se impõem, e a que o PS se tem oposto desde sempre.

 

 

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