domingo, 26 de novembro de 2023

Relembrando

 

Uma data que passou ontem. Ilustrada pelo saber e a memória brilhante de Jaime Nogueira Pinto com alguns comentadores evocando, ou mesmo, talvez, tergiversando, a pedir debate esclarecedor.

Há 48 anos

Os verdadeiros protagonistas do 25 de Novembro foram os militares do Batalhão de Comandos, mas o centrão acabou por ser o herdeiro do Thermidor português.

JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 25 nov. 2023, 00:2044

É curioso que quando se fala do 25 de Novembro se fale de toda a gente – de Costa Gomes, de Sá Carneiro, de Mário Soares, de Ramalho Eanes, de Melo Antunes, do Grupo dos Nove – menos de quem esteve no terreno nas confrontações desse dia, há 48 anos: o pessoal do Batalhão de Comandos e, muito especialmente, os 260 “convocados”.

O papel destes “convocados” foi recentemente lembrado por um deles, o então capitão Manuel Sampaio Faria, que comandou uma das quatro companhias que intervieram no 25 de Novembro. No plano de resposta ao golpe esquerdista, a prioridade foi dada à tomada e controle do Comando da Região Aérea e da DGACI em Monsanto, onde estavam presos pela tropa revolucionária o general Pinho Freire e outros oficiais.   Por isso para aí seguiram, na tarde do dia 25, as duas companhias de “convocados” que tinham experiência de guerra.  A Polícia Militar, em Lanceiros 2, na Calçada da Ajuda, onde tinham sido detidos e torturados alguns “fascistas” e “reaccionários”, ficou para o pessoal das companhias “normais”, a 112 e a 113, no dia seguinte.

Tive o privilégio de ser amigo de alguns destes operacionais, entre todos e acima de todos do Victor Ribeiro, alferes-comando da 2ª Companhia de Comandos em Moçambique, comandada pelo então capitão Jaime Neves, routier e “homem de guerra”. O Victor  e o tenente coronel Caçorino Dias foram decisivos na formação da Associação de Comandos e na mobilização de muitos dos “convocados”.

Os grandes protagonistas do 25 de Novembro foram eles e o pessoal das quatro companhias do então Batalhão de Comandos da Amadora, comandado por Jaime Neves, que chegara a ser saneado quando a febre esquerdista acometera a unidade.  De resto, no período mais quente de 1975, o delírio revolucionário e a indisciplina que invadiram a tropa tinham levado à constituição do AMI (Agrupamento Militar de Intervenção), que originalmente previa uma força especial de três companhias de Comandos, três de Paraquedistas e três destacamentos de Fuzileiros. Destes, os únicos a formarem-se e a actuar em tempo útil foram os Comandos, com as companhias 121 (comandada pelo capitão Gonçalves) e 122 (comandada pelo capitão Sampaio Faria).

Foram eles – juntamente com a Força Aérea, também decisiva na contenção do golpe esquerdista – os esquecidos protagonistas do contra-golpe de 25 de Novembro. Eles e, na preparação, o chamado “povo do Norteque nesses meses críticos e quentes vinha fazendo no terreno aos comunistas e esquerdistas o que eles faziam aos “reaccionários” e aos “fascistas” onde podiam e enquanto puderam.  Nas vésperas, os agricultores de Rio Maior encarregaram-se de bloquear as estradas.  Também na resistência ao PREC estivera, na Marinha, o chamadoGrupo dos Oitenta”.

Esquecer estes protagonistas do 25 de Novembro é como, a propósito do 25 de Abril, falar de Álvaro Cunhal, de Mário Soares e de todos os “resistentes antifascistas” e não falar de Otelo Saraiva de Carvalho e de Salgueiro Maia. Mas como a História é escrita pelos vencedores, com o aproximar do cinquentenário, com os meios mobilizados pelo Regime e pela Esquerda para a propaganda, é bom que preparemos a razão e o coração para aguentar, com cabeça fria e caridade cristã, o que aí vem – que, a avaliar pelos “Não podias”, pelo teor da Agenda celebrativa e pela produção editorial altamente inflacionada e orientada, promete.

Com o governo em gestão, os sinais de corrupção e má gestão a tornarem-se públicos e a convergirem com as zangas das comadres na classe política tudo se encaminha para uma “tempestade perfeita” em Março-Abril de 2024. E ao mesmo tempo há uma Europa que, de Madrid a Budapeste e de Roma a Haia resiste e diz não às novas esquerdas e aos “antifascistas” de serviço.

O Thermidor da revolução portuguesa

O 25 de Novembro foi o Thermidor da Revolução portuguesa. Usando um esquema interpretativo que o historiador norte-americano Crane Brinton tornou clássico para analisar “revoluções”, no seu livro The Anatomy of Revolution (1938), podemos fazer o paralelo entre as etapas da Revolução Francesa e a Revolução de 25 de Abril, até ao 25 de Novembro.

A partir da ruptura com o Ancien Régime no 14 de Julho de 1789 há um Tempo dos Moderados, um Tempo do Terror e, depois, o Thermidor. O nosso Ancien Régime foi o Estado Novo de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar, um regime que estava tão feito à medida do seu criador que dificilmente lhe podia sobreviver. Um regime nacional-conservador e autoritário, “exótico” numa Europa Ocidental onde, em 1974, só a Espanha franquista e a Grécia dos coronéis não eram democracias partidárias. Um regime que, com o início da guerra de África, em 1961, recuperou alguma base popular de apoio, mas também renovou a dependência em relação aos militares.

Esse autoritarismo institucional do regime tivera antecedentes no autoritarismo real da Primeira República que, como bem o demonstram Jesus Pabón, Vasco Pulido Valente e Rui Ramos, foi bastante iliberal, ou foi uma autocracia democrática com muito pouca liberdade para os “inimigos da liberdade”.

Depois de um período inicial correspondente ao tempo dos moderados de Brinton e sob o pretexto de se defender contra o “regresso do fascismo”, também a Terceira República iniciou uma fase repressiva. Sob a tutela de um MFA obcecado pela descolonização a qualquer custo e pressionado pelo Partido Comunista, que se tornara o seu “brains trust”, promoveu a liquidação pela força da Direita, recorrendo à intoxicação informativa e à provocação. Fê-lo por medo dos partidos que se estavam então a afirmar, democraticamente, no terreno, como o Partido do Progresso. Para tal provocou e usou dois momentos críticos – o 28 de Setembro de 1974 e o 11 de Março de 1975. No 28 de Setembro de 74 o COPCON evitou a manifestação dita da Maioria Silenciosa, prendendo duas centenas de “fascistas” ou de “malfeitores associados” (e conseguindo assim que, cinco meses depois do 25 de Abril, houvesse “em democracia” mais presos políticos do que no dia 25 de Abril). No 11 de Março de 75, recorrendo também a uma manobra de intoxicação – e à estupidez de uma direita crédula que se deixou intoxicarinventou uma “matança de Páscoa”, em que seriam assassinados centenas de oficiais “moderados”. Com isso, no momento em que, na oficialidade, com a eleição dos Conselhos das Armas, começava a manifestar-se uma maioria conservadora, fez sair e abortar o movimento do 11 de Março. E se no 28 de Setembro se abriu o caminho para a descolonização, que custaria o êxodo de um milhão de portugueses de África e não se sabe quantas centenas de milhares de vítimas nas guerras civis em Angola e Moçambique, depois do 11 de Março pode proceder-se à socialização da economia nacional, abrindo caminho à indigência económica que nos conduziu aos dias de hoje, com a ausência de bancos privados ou de grandes grupos empresariais portugueses.

A historiografia oficial qualifica o “capitalismo do Estado Novo” como uma “oligarquia de famílias” feita de “amiguismo e compadrio”. Sem discutir um modelo que, nos anos finais, permitiu o maior crescimento económico português de sempre e olhando para hoje, podemos pelo menos dizer que os antigos “oligarcas” eram portugueses. Hoje os oligarcas são estrangeiros e os compadres são os políticos que lhes facilitam a vida.

Nestas manobras a Esquerda também contou com a cumplicidade de uma direita sociológica despolitizada e assustada com a passagem do Estado para a demagogia gonçalvista; e, no susto, pronta a tornar-se cúmplice de quase tudo, pelo preço da sobrevivência. Faziam o que outras elites sociais tinham feito e fariam ao longo dos séculos XIX e XX: adaptavam-se aos regimes que iam chegando, abandonando valores e princípios para manter o estatuto social e os privilégios económicos. Aqui perderam-se princípios, estatutos e privilégios: houve alguns sobreviventes que passaram a fazer parte da classe política do novo regime, tal como tinham feito parte da classe política do Estado Novo, como também houve os que corajosamente sofreram prisões e exílios.

Com certeza que temos hoje, formal e constitucionalmente, liberdades públicas e direitos políticos que não existiam no regime anterior, um regime que não tinha condições de sobreviver ao seu fundador e a um outro tempo nacional e internacional. Só que o preço do golpe de Estado militar e da anarquia revolucionária que se seguiu, além da perda de poder nacional, foi um marasmo económico e social que as compensações da integração e dos dinheiros europeus conseguiram disfarçar, mas não evitar. Marasmo que hoje está à vista, na desnacionalização da Economia  e no empobrecimento relativo dos portugueses. Mas os responsáveis políticos, na sua função de gerentes e capatazes de interesses estrangeiros, continuam como se nada fosse a assistir à deterioração da vida e das condições de vida dos portugueses.  Agora, preparam-se para comemorar, com grande pompa e circunstância, os cinquenta anos de Abril; mas o que antes seriam os cinquenta anos de “socialismo em liberdade” inaugurados pelo 25 de Novembro, ou a  usurpação da titularidade do 25 de Novembro pelo centro socialista, tende agora a ser ignorado ou rejeitado  em nome de uma qualquer consensualidade à esquerda, vá-se lá a saber porquê.

A ascensão e permanência do centrão

Em Novembro de 75, a conjuntura internacional foi também decisiva  para aquele princípio do fim do PREC.  Vigoraram ainda os Acordos de Ialta e a União Soviética não queria uma Cuba na Europa Ocidental e na Península Ibérica. Com o general Franco prestes a desaparecer, um Portugal comunista seria um obstáculo à democratização e transição espanhola, onde havia ainda a memória da Guerra Civil e a realidade do fim, pelo menos em termos sociais, das duas Espanhas, conseguida pelo autoritarismo franquista.

E por cá, o Dr. Cunhal e as cúpulas do Partido, além da reverência e solidariedade para com Moscovo, sabiam bem que, a haver uma guerra civil, a perderiam. Também por isso, no 25 de Novembro, os fuzileiros, que hipoteticamente seriam a força de choque para equilibrar os Comandos, não saíram. E assim pôde Melo Antunes vir a terreno salvar o PCP; e pôde o centrão usurpar os louros da vitória. Em 11 de Novembro, com a independência de Angola, Portugal voltava à dimensão de pequeno país europeu. Os soviéticos estavam contentes com o alargamento da sua esfera de influência na África Subtropical, com os despojos da descolonização. Os ocidentais, americanos e europeus, queriam acima de tudo evitar que Portugal se transformasse numa República de Weimar, com uma reacção à direita que aproveitasse o impulso do contra-golpe do 25 de Novembro e do “povo da direita” que estivera na primeira linha do combate nessa Primavera-Verão de 75.  Iriam, por isso, actuar no sentido da contenção: o centrão servia-lhes perfeitamente. E, tal como o regime anterior, cá ficou por 48 anos. A “alvorada”  começa a ser mais longa que a “longa noite”.

A SEXTA COLUNA    HISTÓRIA     CULTURA     25 DE NOVEMBRO

COMENTÁRIOS (de 44):

José Pinto de Sá: E não esqueçamos que a liberdade conquistada no 25 de Novembro custou a vida de dois comandos, as do tenente José Coimbra e do furriel Joaquim Pires, que nem uma rua com o seu nome numa cidade mereceram do país!...                    Rui Lima: Um bem haja para o Jaime Nogueira Pinto por lembrar os esquecidos da História e mais grave esquecidos de quase todos não tiverem comendas nem benefícios pessoais por terem prestado a Portugal um serviço maior, isto ainda podia estar muito pior se essa esquerda tem tomado conta do país.                Fernando Cascais: É um enorme prazer começar os sábados a ler as crónicas de Jaime Nogueira Pinto                   Fernando CE: A verdade nua e crua. Muito bem, professor.            MCMCA A: JNP narra os factos que a historiografia oficial esconde. Mas, o 25 de Novembro foi o epílogo da descolonização. Para o capitalismo americano e europeu assim como para a URSS Portugal só interessava pelas “colónias” particularmente Angola e Moçambique. Feita a descolonização, interessava uma Espanha não comunista, logo Portugal não podia ser “Cuba” ou seja uma plataforma comunista vizinha de Espanha. E Cunhal , por esse motivo, sabia que ia perder o enfrentamento e evitou a guerra civil. Parabéns JNP O ÚNICO, que luta sem medo para repor a verdade                Carlos Chaves: Que magistral lição, está aqui tudo, obrigado Jaime Nogueira Pinto. Obrigado também aos heróis que nos deram a conhecer e aos que tentaram esconder e que nos garantiram a “democracia” a 25 de Novembro de 1975, apesar dos resultados desta “democracia” deixarem muito a desejar! Não por culpa deles, mas por culpa da uma esquerda criminosa e totalitária, que ainda hoje continua activa com a preciosa ajuda dos que querem manter o status quo! Em março próximo teremos a oportunidade de após quase cinco décadas construirmos uma nova e verdadeira alvorada, assim os Portugueses o queiram!                      Tim do Á: O último parágrafo diz tudo. A guardar e reter.                   Jose Lima: Valha-nos o Jaime Nogueira Pinto!                  António Dias: Artigo pedagógico para memória futura. Valha-nos Jaime Nogueira pinto , e Jaime Neves o operacional que nas ruas conquistou a democracia . Ainda muito jovem tive o privilégio de conhecer Jaime Neves, como diz o artigo um homem de Guerra. Apresentava -se (nos seus cartões) como resistente anti-comunista, o que o prejudicou na sua carreira militar por pressões dos marxistas que nunca deixaram de influenciar as decisões em todos os sectores da sociedade portuguesa. Jaime Neves , valia 3 vezes o terrorista Otelo Saraiva de Carvalho (o mentor dos assassinos das FP25) Jaime Neves é um herói nascido em Vila Real . Será justo erguer-se um estátua na cidade onde viveu na adolescência, para perpetuar o dia da conquista da democracia em Portugal. Seria bom organizar-se uma subscrição pública para os democratas angariar o valor necessário ao monumento nacional Vila Real, é a terra de Pedro Passos Coelho , o estadista que salvou portugal da banca rota e devolveu a portugal a dignidade internacional . A seu tempo, após a sua morte ,( daqui a 50 anos) os vindouros far-lhe-ão a homenagem devida                       Francisco Almeida: Como Melo Antunes - o cérebro e o grande vencedor do 25 de Novembro - declarou pouco antes a um jornal francês, Portugal estava à beira de uma guerra civil. O 25 de Novembro teve esse mérito. Evitou uma guerra civil. Mas também assegurou a imunidade de toda a extrema-esquerda (incluindo PCP) que não foi responsabilizada pelos crimes no PREC, e a recuperação política do PCP, eximido de pagar o custo político das desgraças que foram as nacionalizações e a reforma agrária. Também afastou a direita da luta política. Quer pelo Pacto MFA-Partidos que logo balizou a futura constituição a caminho do socialismo, com ainda antes da pela comunicação televisiva, de Melo Antunes ao país. Curioso que essa importantíssima comunicação, de facto um guia para o futuro, não tenha sido feita na presença do chefe de Estado, Costa Gomes, nem do chefe do estado-maior, Ramalho Eanes, nem do comandante militar, Jaime Neves (*). De facto, o beneficiário político do 25 de Novembro foi o socialismo. É assim absolutamente extraordinário que o 25 de Novembro ainda hoje seja visto por muitos como uma acção da direita. E ainda mais extraordinário que seja hoje repudiado pelo PS, o seu principal beneficiário. Artigos como este de JNP são utilíssimos para ir repondo a verdade mas, infelizmente, com divulgação muito limitada. (*) Jaime Neves, que seria expectável receber as honras de vencedor, pediu a passagem à reserva e retirou-se para Trás-os-Montes (receberia, anos depois, de Mário Soares, a Torre-e-Espada). Não sei nem posso afirmá-lo, mas admito que tenha sido surpreendido pela comunicação de Melo Antunes, sobretudo na parte que referia o PCP. Só posso afirmar o que aconteceu comigo: senti-me traído.                   Ana Luís da Silva: Excelente como sempre. A História ensina-nos que a coragem de uns tantos é necessária para inverter o rumo para o abismo (socialista ou comunista). Onde está a coragem hoje em dia?                     Maria Nunes: Muito bem, JNP. Bem haja.               Madalena Sa: Mais uma boa aula de história! So JNP o sabe fazer!                   Carlos Costa: Excelente artigo, com alguns pormenores que desconhecia. Não admira a esquerda não querer festejar.                   afonso moreira: Felizmente hoje há outros meios para evitar que a História seja roubada ao povo, por isso, obrigado a JNP. Ainda hoje, os relatos que as TV's dos avençados da esquerda no poder, fizeram sobre as comemorações feitas pelo Carlos Moedas, em Lisboa, são bem elucidativas da história que eles querem que o povo saiba, pelo receio que o povo escolha outros que lhes venham retirar essas avenças. Nunca quiseram saber da verdadeira liberdade, apenas a que mais lhes convém.                  Francisco R Ferreira: Obrigado Jaime por este artigo que bem merece ser divulgado nas escolas e junto de todos os que cresceram já nesta III República, onde a ilusão eurofederalista campeia, a par da corrupção e do neo-sucialismo .              José Miranda: Que grande crónica! Finalmente começam a chamar-se os bois pelos nomes.              Joaquim Rodrigues: A verdadeira história do 25 de Novembro ainda está por fazer. Mas, daquilo que verdadeiramente já se conhece tudo aponta para que, o 25 de Novembro, tenha sido um "Golpe de Teatro", montado pelo Cunhal, com a conivência e colaboração de outros actores, designadamente, do Grupo dos 9. Difícil será saber, de entre os intervenientes, quais os que sabiam estar a colaborar numa farsa e quais os que julgavam estar a participar num evento real. Cunhal, após assegurada a hegemonia do MPLA em Angola, foi informado, por Moscovo, que estaria fora de questão a instauração de uma “Cuba” em Portugal. Nessa altura, já o PCP estava a perder o controlo do movimento popular nas ruas de Lisboa, para a extrema esquerda e a perder o controlo sobre os seus próprios militantes e simpatizantes sendo que, por outro lado, era cada vez maior o risco de que o Partido pudesse vir a ser destruído e ilegalizado, face à crescente organização e mobilização das forças da “Democracia Liberal”. Cunhal, face às espectativas que tinha criado, para não ficar na história como um “traidor” ao movimento popular, encenou um Golpe de Teatro, que teve como actor principal o Sr. Rosa Coutinho e, como objectivo, pôr o “Tio Eanes” a explicar aos “seus meninos” que, a partir dali, já não podiam mais “brincar” com “espingardas” às “Revoluções”, mas apenas com “cartazes e grandoladas” às “Manifestações” e às “Eleições”. Cunhal sabia que, se fosse ele a explicar aos militantes e simpatizantes que, a partir dali, tinham de cumprir as regras mínimas daquilo a que ele chamava de “democracia burguesa”, o PCP, pressionado pela extrema-esquerda, corria o risco de desaparecer, ficando sem aquilo que era a sua primeira “condição de sobrevivência”: os seus militantes, simpatizantes e seguidores. É o “compromisso” então negociado entre Cunhal e o Grupo dos Nove que representa a “essência” do 25 de Novembro do qual ainda hoje estamos a sofrer as consequências, com ou sem Geringonças. No dia 26 de Novembro, concluído o "Golpe de Teatro", dizia Melo Antunes com quem Cunhal tinha negociado na véspera: "...nós, não somos, nem socialistas de Leste, nem sociais-democratas de Oeste …" e “… nós precisamos do PCP, queremos o PCP, mas um PCP que cumpra com as regras da democracia…”. Para quem quiser, percebe-se daqui a natureza do 25 de Novembro, o quão longe ele estava da verdadeira “Democracia Liberal” e uma das razões por que ainda hoje estamos como estamos. Francisco Sá Carneiro, recusou-se a assinar, pessoalmente, os compromissos resultantes do 25 de Novembro, longe de respeitarem os princípios de uma democracia plena e, até ser assassinado, continuou a clamar por uma verdadeira "democracia liberal" em Portugal (que, verdadeiramente, ainda não temos) e pela “libertação da sociedade civil”.                Henrique Nobre: Caro Jaime Nogueira Pinto.  Em meu nome, e de quem como eu, viveu este dia, Muito Obrigado!  Aos Comandos do Coronel Jaime Neves, honrados, corajosos, fiéis ao juramento de defender a Pátria, mesmo com a sua vida, Honra, Orgulho, e uma Eterna Gratidão           Cisca Impllit: Vivemos essa época. Não  podemos esquecer

 

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