E duradoura. Precisão de dados para
revisão de factos, por nós passados na distracção das próprias vivências. Grata
aos autores dos textos.
I - «Henry Kissinger, controverso e
influente ex-chefe da diplomacia dos Estados Unidos
Ex-secretário
de Estado norte-americano, elogiado pelo descongelamento do diálogo diplomático
com Pequim e Moscovo, e condenado pelo apoio a ditaduras e golpes militares,
morreu aos 100 anos.
PÚBLICO, 30 de Novembro de 2023, 2:09
Henry Kissinger, obreiro do
estabelecimento de relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China e do
descongelamento do diálogo com a União Soviética, mas também responsável pelo
apoio tácito de Washington a vários golpes de Estado, sobretudo na América
Latina, morreu esta quarta-feira, aos 100 anos, na sua casa no estado
norte-americano do Connecticut, anunciou a sua empresa de consultoria
geopolítica Kissinger Associates. Decano da diplomacia norte-americana e
controverso Prémio Nobel da Paz pelo seu papel no Vietname, manteve-se como um
dos mais influentes conselheiros de elites políticas e económicas
internacionais. (…)
II- Henry Kissinger: o pensamento movediço de um
homem frio
OBSERVADOR,
30/11/23
Atropelou alguns aliados, deixou cair
outros, por vezes sem escrúpulos. Tudo por uma forma alargada de ver a política.
No centenário do homem-solução, lembramos a filosofia que ajudou a mudar o
mundo.
É difícil não nos deixarmos
fascinar por Henry Kissinger. Um daqueles fascínios culpados e magnéticos por
esta estranha figura com uma frieza que não quadra com uma ambição burlesca de
tão óbvia, com um escopo intelectual larguíssimo, mas vulnerável às maiores
mundanidades, sempre à procura de uma solução original, tão próximo do desastre
e do grande êxito.
Kissinger (nascido a 27 de maio de 1923 em Fürth, na Alemanha) é um
filho da segunda guerra, mais um dos
judeus alemães que atravessaram o Atlântico para escaparem à perseguição
nazi e encontraram nos Estados Unidos um mundo que os absorveu e os engrandeceu
como nunca na Europa poderia acontecer. Kissinger, que não era propriamente um
herdeiro magnata, entrou na América nos tempos de liceu, passou da escola à
tropa e da tropa, num daqueles encontros fortuitos que abrilhantam o sonho
americano, ao mundo académico. Aos vinte e poucos anos entregava em Harvard
uma tese monumental sobre o significado da História, seguido daquela que se
tornou a sua primeira obra publicada, cheia de pistas para o seu pensamento que
só passados estes anos podem ser verdadeiramente percebidas: Um mundo
reconstruído: Metternich, Castlereagh e os problemas da paz (1957).
Kissinger
podia ser mais um académico erudito, mesmo que Harvard facilitasse a sua
integração nos programas de governo. Não escasseiam os teóricos das relações
internacionais discretos que tiveram passagens pelo governo americano, quer em
serviços de consultoria, quer em organismos mais permanentes; Kissinger, no
entanto, não só procura sempre alargar o a influência e o poder dos seus projectos
– é o caso do OCB, que Kissinger transformou, de um órgão marginal dentro do
Conselho Nacional de Segurança, numa organização até problemática de tão
influente – como deixa transparecer uma vontade de se dar com gente influente e
um inegável fascínio pelo poder. Os seus anos como director do Seminário
Internacional de Harvard mostram isso mesmo: um Kissinger
diplomata, sempre à procura de alargar a sua influência, de um modo que o
tornará, anos depois, tão polémico quanto essencial para Nixon.
▲ Com os presidentes Richard Nixon, Gerald Ford e Barack Obama GETTY IMAGES
A
entrada de Kissinger na vida política partidária dá-se pela mão de Nelson Rockefeller, o republicano moderado que governou Nova Iorque e
chegou a vice-presidente dos EUA durante a presidência de Ford. Kissinger trabalhava já há uns anos
para o Rockefeller Brothers Fund, pelo que quando Nelson Rockefeller decide candidatar-se à primárias republicanas
– coisa que aconteceu várias vezes – Kissinger
é um conselheiro natural. Esta aliança com Rockefeller experimentá-lo-á
dentro das estruturas do GOP e abrirá o caminho para a sua entrada no
governo de Nixon.
Muito se tem escrito, já, sobre a
relação entre Nixon e Kissinger. O americano típico e o cidadão do mundo, o básico e o cínico, o directo
e o oblíquo, o cultivado e sofisticado professor de Harvard, conselheiro do
bem-pensante Nelson Rockefeller, junto do obstinado, insensato e provinciano
Nixon. Que seria a prova da ambição de Kissinger, da sua falta de
escrúpulos, até de uma hipocrisia que se manifestaria nos círculos
intelectuais, em que Nixon seria um dos alvos preferidos de chacota de
Kissinger. A verdade é que
Kissinger encontrou em Nixon um presidente que lhe deu um poder que poucos
Secretários de Estado tiveram na história. Antes do Watergate,
Kissinger sai do governo como o arquitecto da aproximação à China, do pouco
duradouro cessar-fogo no Vietname, da contenção da ameaça comunista em boa
parte da América do Sul, entre tantas outras coisas. Todas elas serão
certamente controversas, mas uma coisa é certa:
para todos os problemas, Kissinger é capaz de encontrar soluções
criativas (mesmo que muitas vezes desastrosas)
e de as enquadrar num quadro estratégico mais vasto, que dota a sua
política externa de um cunho indubitavelmente pessoal. Poucas vezes a política
externa americana foi tanto de um secretário de Estado como a de Nixon foi de
Kissinger.
É preciso conter a União Soviética? Kissinger volta à sua tese do equilíbrio
de poder e reforça a China, numa jogada indirecta que recria o tabuleiro
europeu saído de Viena. É preciso conter a expansão do comunismo em África? Reforçam-se os laços com a Rodésia, mesmo
que moralmente a América repudie Ian Smith. É verdade que
Kissinger atropela uns aliados – como no
caso do Vietname – e deixa cair outros – como no caso português, que serviria como
a famosa “vacina” anti-comunista capaz de proteger o sul da Europa – sem
grandes escrúpulos e com uma frieza quase amoral; no
entanto, também é verdade que todas as suas práticas podem ser reconduzidas a
um modo mais alargado de pensar o mundo e Kissinger foi, como poucos, capaz de
explicar esse modo de pensar o mundo.
É por isso que, embora a intervenção
política de Kissinger não possa de maneira nenhuma ser ignorada, nos
interessa sobretudo explorar o seu pensamento. Mais: embora a acção de Kissinger se
vá formando com a prática e seja sempre reconduzível a um grande quadro de
pensamento, está também refém de alguns óbvios defeitos de personalidade que
conduziram a desastres quer
de imagem – como na famosa entrevista a Oriana Fallaci – quer bélicos, como no caso do Camboja, em
que a sua subserviência ficou também à vista.
O pensamento de Kissinger tem uma coerência e uma grandeza em certa
medida inesperada. Os equilíbrios
de poder que estudou no princípio da sua carreira estarão presentes no modo
como encara a guerra fria e em toda a sua teoria das relações internacionais. A
ideia de que a Europa de Metternich consegue a paz através, não de uma
irmandade ideológica ou de um domínio de uma ideia sobre outras, mas da
coexistência baseada na consciência de que nenhum poder teria forças para se
sobrepor a todos os outros, tem uma óbvia ressonância quer na ideia de que é
possível manter uma guerra fria com a sua política de détente, quer na
ideia de que é necessário acrescentar um poder à equação – no caso, a China –
para evitar um conflito aberto.
▲ AS viagens
de Kissinger: com Pinochet; a entrar num avião da TAP; com Mao Tsé Tung; e num
encontro com Vladimir Putin
O que é interessante, porém, é que esta
ideia do equilíbrio de poder choca, na perspectiva do próprio Kissinger, se
não com a política externa americana desse Monroe, pelo menos desde Wilson. A
legitimidade da acção externa americana está tradicionalmente escorada, não
numa qualquer diuturnidade de poder, não num poder fáctico – aquele poder que
existe e que é entendido como tal, não importa se é justo ou não – mas numa
ideia de liberdade como um valor que deve ser garantido e que não pode ser
ameaçado nos Estados Unidos.
Ora,
um dos pontos mais interessantes do seu livro Diplomacia (1994) está no modo como Kissinger consegue mostrar que
esta ideia pode ser torcida de maneiras suficientes a ponto de significar tudo
e o seu contrário. Podemos usar
a doutrina Monroe para explicar que os Estados Unidos são sempre pela paz
de tal modo que adoptam uma política não-intervencionista radical, recusando a
ideia da guerra como um mal
necessário, mas também a podemos usar para mostrar que um cerco anti-liberdade
é um perigo para a liberdade dos Estados Unidos, levando assim o exército
americano a intervir em conflitos em que é a liberdade que está em jogo.
O esvaziamento da doutrina Monroe e a
sua substituição por uma ideia de Realpolitik que acaba,
ainda assim, por funcionar como uma justificação para a manutenção da paz, para
se evitar uma guerra aberta ou um conflito total entre potências é, assim, um
dos grandes feitos ideológicos de Kissinger.
É preciso dizer, no entanto, que esta
sua ideia traz também alguns problemas na própria concepção da geoestratégia
mundial. O insucesso diplomático de Kissinger em África vem, em
grande parte, da subestimação do papel ideológico na condução das nações. O equilíbrio de poder só é possível dentro de um
quadro muito específico em que as soberanias não estão associadas a uma ideia
de justiça particular. Isto é, o poder francês do século XVIII não vê como
ilegítima, de todo em todo, a soberania do sacro-império: entende-a como um
modo da mesma ideia de soberania. O problema das ideologias do
século XX é que empurram os países para os seus blocos ideológicos, que são
vistos como a configuração do próprio interesse do país. É possível procurar, como Kissinger fez
em África, proteger uns líderes em detrimento de outros, para os arregimentar
para um bloco de poder; no entanto, a partir do momento em que a legitimidade
está associada a um modo de governar, não é possível criar qualquer tipo de
independência entre poderes. A realpolitik de
Kissinger transformou-se também ela, assim, numa política de confrontos
ideológicos em que o que está em causa não é apenas o crescimento de um poder
acima dos outros, mas o modo como esse poder se exerce. Por se reconhecer que
uma Angola comunista se associará irremediavelmente à URSS, reconhece-se que a
questão do modo de governo de Angola é ideológica. A política de Kissinger
contribui assim, de um modo complexo, para a negação, pelo menos parcial, dos
seus pressupostos.
Há outro aspecto, contudo, em que a
política de Kissinger apresenta problemas claros de eficácia. Como Kissinger vê a política como uma
questão de poder, o foco da sua acção passa sempre (pelo menos de um ponto de
vista teórico) por um entendimento estatal da política. Trata-se de um
caso clássico de um autor de um ramo científico que, pelo peso que dá à sua
área, acaba por não considerar suficientemente o papel de outras áreas dentro
da sua. A sua ideia de legitimidade, que é a base para o seu modo de entender a
política externa, parte também ela de um reconhecimento externo. O poder é o
poder reconhecido como tal. Esta ideia, no entanto, apenas considera a
legitimidade de um ponto de vista externo. É possível que uma nação não se
possa arrogar em defensora de uma ideia de justiça universal, de tal modo que
se julgue no direito de alterar a ordem política de qualquer país. No entanto,
este cepticismo aparentemente sensato só considera o lado externo da
legitimidade. A ideia de que um país não pode, nas suas relações externas,
depender de uma ideia de justiça no trato com outros choca com a evidência de
que um país não existe apenas para fora, de que a sua legitimidade não existe
apenas no plano externo.
▲ A
geopolítica não trata apenas de relações entre governos, mas de relações entre
países. Ora, em relação a isso, a mundividência de Kissinger sempre pareceu
cega BETTMANN ARCHIVE
A tomada do poder pelo comunismo, num
país, não é apenas uma matéria de equilíbrio de poder num quadro geopolítico em
que se olha apenas para fronteiras. O
facto de um governo ter a sua legitimidade interna minada tem também
importância geopolítica e é um factor a ter em conta até dentro de uma lógica
de equilíbrio de poder. Não é possível aceitar a legitimidade de um bloco por
razões geográficas quando esse bloco é perturbado por pressões internas que
contestam a própria formação do bloco.
É certo que Kissinger é um diplomata e que olha para as relações entre
governos a partir de fora. No entanto, o ponto é exactamente esse: a
geopolítica não trata apenas de relações entre governos, mas de relações entre
países. Ora, em relação a isso, a
mundividência de Kissinger sempre pareceu cega.
É sempre extraordinário ler Kissinger. Das suas teses sobre as
guerras nucleares localizadas aos grandes panoramas de história diplomática,
tudo está explicado com uma clareza e com uma lucidez quase gloriosas. Nunca se
perde de vista uma grande ideia, uma concepção unificada da história que alarga
todas as ideias de Kissinger e todos os factos enunciados. Ainda assim, e mesmo
que ignoremos os escândalos e os desastres, a aparente indiferença com que se
joga com os destinos do mundo e se sacrifica uma ordem pacientemente construída
em troca de uma ideia brilhante, todo este brilhantismo parece sempre
construído sobre areias movediças, como se nos pudesse levar, através de ideias
justas e sensatas, até crimes impensáveis.
HISTÓRIA CULTURA ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO
COMENTÁRIOS (15):
José Alves: Penso que Henry Kissinger foi e é
sobrestimado na sua competência e nas suas capacidades intelectuais. Dou dois
exemplos, as negociações com o Vietname do Norte em Paris e que levaram a um
acordo que permitiu e originou o desastre da queda do Vietname do Sul e o
cinismo das suas declarações sobre Portugal no verão quente declarando que caso
caíssemos nas mãos dos comunistas seríamos “a vacina da Europa”. Na minha
opinião há pessoas totalmente inteligentes e há pessoas inteligentes mas que se
enredam e tropeçam no seu brilhantismo, penso que Kissinger é mais do segundo
tipo. Cumprimentos. José
Tomás 29/05/2023: Se os inimigos
das democracias ocidentais pudessem substanciar todos os preconceitos contra o
capitalismo, o liberalismo e os EUA numa só pessoa, escolheriam um cínico,
bem-vestido, com um cavernoso sotaque bávaro e a face de um vilão de Hergé
(pré-1944). Mais do que a obra, a política ou a longevidade, diria que o que
explica a "perpetuidade" de Kissinger é a sua imagem. É ser o ícone
do "mau da fita" do capitalismo global e do imperialismo americano,
"para além do bem e do mal" - ou seja, ser (graficamente) o anti-Che. Manuel
Gonçalves: 27/05/2023:
Há um excesso de cinismo em Kissinger. Nuno Borges > Manuel Gonçalves 27/05/2023: Há um excesso de
cinismo em toda a humanidade. O bom selvagem nunca existiu, é uma construção
da esquerda.
Nuno Borges 27/05/2023: Para sobreviver
ao inevitável assalto chinês, Moscovo tem de anexar toda a Europa. E a Europa
só sobreviverá enquanto puder defender-se militarmente. O ideal seria sempre
uma aliança da Europa com a China que permitisse destruir a Moscovia e
dividir a Rússia pelos Urais, com o ocidente para a Europa e o oriente para a
China. Julgo que depois de ter falhado o approach de Merkel, a guerra será
inevitável. Moscovo não se ficará pela Ucraina e o ataque é a melhor defesa. Nuno
Filipe, 27/05/2023: Um dos que lixou
Portugal com F Maiúsculo…. somos aliados dos EUA mas só para o que
convém…se tivermos de lixar Portugal para ter acesso a
minérios/hidrocarbonetos mais baratos… So be it. os americanos não têm aliados/amigos. Os
americanos têm clientes. Disclaimer: eu tb tenho bastantes produtos
americanos. Não sou antiamericano primário. Gosto é de chamar as coisas pelos
nomes pq não sou woke.
Henrique Frazão > Nuno Filipe 27/05/2023: Foi de facto um
dos que lixou Portugal mas para todos os efeitos a trupe da tropa que se dizia
mal paga é que acabou o serviço no tal dia 25. Nuno
Borges > Nuno Filipe 27/05/2023: Lixaram-nos
porque impediram a sovietização de Portugal. É isso que você quer dizer.
Acalme-se que o Putin está aí pronto para chegar a Lisboa e conta consigo. Nuno
Filipe > Nuno Borges 27/05/2023: Não deve ter
lido “Disclaimer: eu tb tenho bastantes produtos americanos. Não sou
antiamericano primário.”, só para acrescentar que eu até comprei a edição
portuguesa do Diplomacia. Defender os interesses nacionais em deferimento dos
interesses americanos não faz de mim comuna. Aliás primário como sou (e não woke)
até lhe vou repetir uma frase que hoje em dia é ainda mais mal interpretada do
que antes do “rising” dos wokes, aqui fica “antes p_ne leiro que comuna”.
Portanto quem não se sente não é filho de boa gente e como tal eu “ofendi-me”
por me chamar comuna. Pessoalmente é um insulto. Cumprimentos Nuno
Borges > Nuno Filipe 28/05/2023: Quem lixou
Portugal foram os portugueses, todos os que contribuíram para entregar o ouro
ao inimigo. E especialmente os golpistas de 1974. Nuno
FilipeNuno > Borges 28/05/2023:Ah!, talvez
possamos concordar em alguma coisa. Mude o tempo do verbo de foram para são e
quase de certeza que tem o meu voto. Um (antes de cair da cadeira) queria uma
fatherland mas não soube “vender” a ideia pq teria necessariamente de fazer
crescer o elevador social para todos (independentemente da melanoma) e depois
iam contestá-lo. Mas os que vieram a seguir às flores nas espingardas na grande
maioria só querem é encher os bolsos e lixar os outros. Desde 74 a diferença
entre esquerda e direita é a mão com que roubam aka “cargos para amigos vs
privatizações para amigos”
Nuno Borges > Nuno Filipe 28/05/2023: não quis ser
acintoso, claro que são e o socialismo adoptou a politica de deixar emigrar os
melhores e importar incapazes para se manter no poder, movimentos de massas
requerem sempre planeamento e intenção Nuno Borges
27/05/2023: On China explica
o que se passou e o que se vai passar nas relações com os seus vizinhos,
mormente com a URSS. A China pretende dominar tudo debaixo do céu. Vitor Batista > Nuno Borges 27/05/2023: A China pretende,
mas não é liquido que o consiga, porque tem posições muito ambíguas. Nuno Borges
> Vitor Batista 27/05/2023: A ideologia não
conta para nada, só o poder militar. Já estamos em plena guerra dos mundos.
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