Todos
somos povo, nisto das votações. Com as excepções que mal contam. Espertos
somos, e comodistas e vamos atrás de quem se organizou segundo as suas e as
nossas conveniências de acomodados e egocêntricos… O PSD
participou no regabofe, indiferente às razões do Chega, este,
por sua vez, menos educado que o CDS, abandonando-o na esquina, cada um por si, o IL idem
aspas, partidos a mais, amor pátrio a menos, numa democracia de trazer por casa.
Ao menos vamos saboreando estas crónicas de inteligência e qualidade literária,
como mais esta de Helena Matos,
a quem não escapam nenhumas artimanhas do povoléu da Grândola.
Para quando o 25 de Novembro
da direita?
A 25 de Novembro de 1975 o PS salvou a
esquerda e tornou-se o partido do poder. Em Novembro de 2015, o PS conquistou a
hegemonia à esquerda. Daí a cercar a direita foi um passo. Ou umas eleições.
HELENA MATOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 26 nov. 2023, 01:0056
Recuemos ao 25 de Novembro. Não de 1975
mas sim a outro 25 de Novembro, este sem lápide nem celebrações mas que
condiciona toda a política presente. Falo de Novembro de 2015, esse mês em
que o PS, parafraseando Pedro Nuno Santos, conquistou um maior “grau de
autonomia estratégica”.
A 26 de Novembro de 2015
tomava posse o governo socialista de António Costa. Contava com o apoio do PCP
e do BE. Duas semanas antes, a 10 de Novembro de 2015, o PS assinara os textos
de Posição Conjunta com o PCP e com o BE.
Para trás ficavam aqueles dias
penosos em que António Costa simulara negociar com a coligação vencedora das
eleições e descobrira divergências insanáveis com Passos Coelho a propósito da
educação de adultos. Daí para a frente nunca mais nada seria igual na política
portuguesa (na educação de adultos não sei se alguma coisa mudou até porque o
assunto desapareceu da agenda!)
O mapa político português mudou drasticamente nesse Novembro de
2015. Porquê? Talvez seja mais correcto perguntar: como?
A resposta mais pragmática e escorreita a esta pergunta foi dada por
Pedro Nuno Santos. Quando instado a
responder, na entrevista à CNN, sobre a política de alianças e
compromissos que o PS sob a sua liderança pode vir a fazer, Pedro Nuno Santos deixou clara a sua simpatia pelo PCP e pelo
BE. Mas não só. Deixou também
claro que o PS não está no mesmo patamar do PSD graças ao “grau de
autonomia estratégica que conquistou em 2015”.
Repita-se três vezes: “grau de autonomia estratégica que conquistou
em 2015”. Sim, em Novembro de 2015 o PS aumentou a amplitude do seu campo
político negocial. Não menos importante, graças ao incremento que deu ao Chega
conseguiu reduzir o “grau de autonomia
estratégica” do PSD.
Os
equilíbrios conseguidos após o 25 de Novembro de 1975 acabaram em Novembro de
2015. Só o PSD
não deu por isso. Ou deu mas resolveu actuar como se nada tivesse mudado.
Em 2018, o PSD olhou para a saída de André Ventura e consequente
anúncio da constituição de um novo partido por parte deste seu ex-militante
como se estivesse perante mais uma ruptura de um qualquer notável cuja
notabilidade começa e acaba no partido. Não era nada disso como bem se tem
visto.
Em 2021 a direcção do PSD decidiu não
avançar com uma coligação pré-eleitoral com o CDS para as legislativas de 2022
e o resultado foi a maioria absoluta do PS. Em
2023, a grande preocupação do PSD tem sido o Chega e não o PS.
Por tudo isto há que perguntar: para
quando o 25 de Novembro da direita? Ou seja, quando é que a direita se reorganiza? O 25 de Novembro de
1975 nunca foi uma vitória da direita mas sim e sobretudo um acerto de poder
dentro da esquerda: a chamada esquerda moderada entendeu que chegara a hora de
travar a legitimidade revolucionária que os radicais pretendiam impor. O 25 de
Novembro de 1975 salvou a esquerda de si mesma. Isso explica que o 25 de Novembro de 1975
não seja um golpe no sentido de corte na linha do tempo ou de instituição de um
novo regime mas sim o culminar de uma sequência de episódios em que a esquerda
militar que grosseiramente se pode identificar com o PS assumiu a necessidade
de passar a controlar a situação sob risco de ser ultrapassada pela sua
esquerda ou pela direita que a norte do Tejo tinha condições para avançar.
Na verdade quando pergunto ‘para quando o 25 de Novembro da
direita?’ é precisamente a esta capacidade de se enfrentar que aludo. A
direita tem de ser capaz de deixar de ser aquilo que a esquerda diz que ela é.
Ou que deve ser. Mas para isso tem de saber o que quer ser.
PSD POLÍTICA PS 25
DE NOVEMBRO PAÍS
COMENTÁRIOS (de 56):
Manuel
Lourenço: Com o devido
respeito, não é o PS que incrementa o Chega. Ou por outra, o PS também ajuda,
assim como o PSD, como aliás a Assunção Cristas, quando se pôs a cantar o
avante camarada numa entrevista. O que dá votos ao Chega é a realidade -
ou a falta de relato da realidade - da corrupção existente, da cobardia e
desonestidade do jornalismo (inclusive do Observador) que mais uma vez omite
factos sobre o ataque de homem de origem Argelina na Irlanda. As pessoas estão fartas de serem
desconsideradas e serem tratadas como acéfalas. A agenda woke que o mainstream quer passar é
intrinsecamente antinatural. Logo a realidade vai-se impor, como se impôs na
União Soviética e tudo vai ruir, se com estrondo ou não, logo se verá.
Manuel Martins: Existe a tentação de avaliar a qualidade
dos políticos e dos partidos a partir dos resultados eleitorais, como
se o voto fosse a prova do mérito das políticas. Até poderia ser,
se o voto fosse o resultado honesto, altruísta do melhor para a
comunidade. Mas infelizmente não é assim a política. Não é
necessariamente a melhor equipa que ganha, mas sim aquela com
jogadores que simulam, com árbitros comprados, com ameaças sobre
adversários, onde vale tudo para ganhar. Em minha opinião, Passos
Coelho tentou trazer honestidade e competência para a política, mas
depois percebeu que isso só resulta com tempo, e os ciclos eleitorais
estão feitos para aqueles que governam para o curto prazo, não para quem
faz mas sim para quem anuncia mas não faz... José Paulo C Castro: Será quando o
principal partido da direita não for um partido de centro-esquerda, como um
social-democrata. madalena colaço:
É
isso mesmo, a direita tem de ser capaz de deixar de ser o que o PS quer. É
incompreensível que Montenegro esteja permanentemente a dizer o que o PS quer
que ele diga, que não se alia com o Chega, mas, mesmo Montenegro repetindo
vezes sem conta que não se alia com o Chega , Pedro Nuno Santos, não
satisfeito, continua a dizer que o PSD é perigoso pelas suas alianças, mesmo
com a IL. Ou seja, num país em que todos dizem ser uma democracia, o PS
considera que quem vote a direita do seu partido é fascista e portanto para o
país continuar a ser uma democracia todos esses votos não contam, ou seja a
maioria dos portugueses não pode fazer parte da democracia em Portugal.
Fernando Marques: Nunca haverá direita em Portugal, porque
o país é de esquerda, e é pela simples razão que é um povo que prefere a
distribuição ao trabalho e à responsabilidade, é um povo temente e acomodado, e
é um povo preguiçoso e desonesto… é um povo que não quer liberdade, o que é o que a direita representa,
liberdade. Maria Melo: Chega é um
partido com representação parlamentar, por isso deve fazer parte da democracia.
Assim, não pode ser ignorado, nem afastado por linhas vermelhas. O PCP e O BE que têm ideologias de esquerda não
democrática são aceites e contam para a formação de Governo, como “a geringonça
“. Isto parece tudo um ABSURDO! Carlos Chaves: A lavagem
cerebral da CS é tão grande e profunda que a esmagadora maioria dos Portugueses
nem sabe o que é a direita, quanto mais “impor” a sua reorganização mais que
necessária, para combater eficazmente este odioso socialismo/comunismo que
contamina Portugal. Cavaco confia na inteligência dos Portugueses nas próximas
eleições, a CS já anda à procura de detergentes e aditivos mais potentes, e
conta com a ajuda de jornalistas como por exemplo José Manuel Fernandes, um dos
directores deste jornal! Se há coisa que a direita não tem é um caminho fácil
Obrigado Helena por estar do lado de cá . Carlos
Quartel: A geringonça foi uma emergência, para salvar o pescoço
de Costa, depois da dinâmica criada com a traição a Seguro. Nunca esteve prevista, foi a tábua de
salvação de um político cujos únicos princípios são o de que não há regras
para conquistar o poder. Tudo começa com a
fraca qualidade do eleitorado, que deveria ter reduzido o PS a um partido
irrelevante, por inconfiável. Agora é mais
grave, agora temos alguns geringonceiros por convicção, como este candidato. É
mais grave mas é também mais claro. Por vontade do
Santos, o PS podia mesmo coligar-se numa espécie de frente "progressista"
unida. Mas há que
terminar com a parágrafo obrigatório : Se as eleições não forem aldrabadas, os
portugueses terão o que merecem. Há enganos
trágicos e Hitler começou por ganhar eleições !!! JOHN MARTINS: O 25 de Novembro
da direita começou ontem, e com festa rija, no congresso do PSD, onde
finalmente, Luis Montenegro se afirmou estar à altura de propor um governo, se
ganhar as eleições. E quem conta com um apoiante como Carlos Moedas, grande
revelação, e Cavaco Silva, que esteve presente, para ouvir Montenegro, é caso
para se sentir um vencedor antecipado das eleições. Com unidade o PSD
e Montenegro sairão vencedores.E o que se viu no Congresso é muito animador... Kakuri
Kanna: A reversão
da taxa ou da contribuição audiovisual, como dizem os
comuno/socialistas, depois de abolida, facultativa e obrigatória de novo é de 2,9€ com
IVA de 6%, isto uma das formas de alimentar o monstro da censura, nos media do Estado Os media, como os
de Balsemão, demonstram até onde podem ir os interesses de todos os que vivem
do estado para sobreviver e são muitos, não apenas esses ou seja,
tendencialmente todos, como gostam de dizer acerca do SNS da gratuitidade. Assim funciona a
compra da censura que existe em todos os grandes media, jornalismo travestido
em artigos de opinião pagos, todos woke por conveniência dos patrões, todos de
esquerda. Filipe
Paes de Vasconcellos: A direita
enquanto estiver mais preocupada com o que é esquerda diz dela do que o que ela
tem a dizer ao país, irá continuar a ser uma direita agachada, aumentando
consequentemente a tal” autonomia estratégica”da esquerda . Tenho muita esperança de que, com o Congresso do PSD
de ontem, finalmente se tenha dado o mote para a Direita inverter a situação.
Miguel Sanches: Esta discussão
sobre o entendimento no bloco conservador em Portugal, parte de uma premissa
errada: é considerar o PSD como um partido de Direita. Desde quando um partido
social-democrata é a Direita? Sá Carneiro não era um homem de Direita, Cavaco
Silva nunca foi um homem de Direita, Durão Barroso, etc. Mas tiveram a lucidez
e a ombridade de nunca hostilizar a verdadeira Direita em Portugal. E um
partido (quase inexistente) que se diz do centro, é a Direita? Urge clarificar
tudo isto - o Chega deu o tiro de partida- mas entretanto a esquerda vai
desgovernando o País, com os resultados que se vêem. João Amorim > Manuel
Lourenço: Totalmente de acordo, mas sem o devido respeito, por
não ser este de facto devido: estou farto, até à ponta dos cabelos, desta
direita fofinha - e não seu só eu, a avaliar pelo que está acontecer não só
aqui em Portugal, com o exponencial crescimento do Chega, mas no resto do mundo
ocidental.
Maria Cordes > Manuel
Lourenço: Tem toda a razão, o PSD, não tem feito
outra coisa, senão fazer o jeitinho ao PS de Costa, em nome de uma estabilidade
oca que não existe. Quando a casa está cá arder, os alicerces
destruídos e os seus habitantes a serem obscenamente saqueados, quando as
linhas vermelhas são demarcadas em torno do Chega, quando deviam ser em torno
do BE e PCP, onde existem terroristas, que torcem pela vitória da Rússia e do
Hamas, quando no horizonte se planeia novamente o Centrão, que em conjunto
saqueou o país, verdade que menos intensamente que o PS, mas o que foi a
CGD, senão um saque, votamos Chega, que tem pouco da propaganda do PS. bento guerra: É simples: o
Chega veio dizer que é preciso dar um abanão neste sistema, que acaba por
definhar por si próprio (PR, PM, e PGR).Ou o PSD quer perceber isto e
passar para o lado dos "indignados" , ou não lhe vai ser consentido
continuar na mesma. Têm uma solução: convençam o Passos Coelho a aceitar ser
PM e o Ventura vai acreditar nele, o único. Fernando Cascais: O exemplo mais
recente que motiva a falta de unidade nos partidos de direita é o facto do PSD
andar mais preocupado em roubar os votos da IL e do Chega do que cativar os
votos do centro incluindo o descontentamento dos eleitores socialistas, senão,
vejamos: 1. O PSD com o CDS às cavalitas, já arranjou um culpado
se perder as eleições; a IL. Culpar a IL é uma forma de desacreditar o partido
e roubar-lhe os eleitores. Ou seja, o PSD (com o CDS por tabela) está a ver se
entala a IL logo no início do jogo se assim podemos dizer. 2. Como não pode
usar a mesma estratégia com o Chega, anda agora a pedir aos mais de 500 mil
eleitores desprezados do Chega que votem PSD para começarem a ser respeitados. 3. O PSD não
está preocupado nem concentrado com o seu eleitorado do centro, incluindo o
eleitorado que tanto vota PS como PSD, mas sim com o eleitorado da IL e do
Chega que de uma ou outra maneira em jogos partidários quer ir buscar. Face ao exposto,
a IL faz muito bem em não ceder às intenções perversas e obscuras do PSD em
diminuir a IL, e, na minha opinião, a IL terá tudo para crescer nestas eleições
apresentando-se como a verdadeira alternativa aos socialistas e também como
barriga de aluguer a muitos eleitores que não acreditam em Luís Montenegro,
que, na minha opinião, por falta de carisma político, terá um resultado
desastroso face às circunstâncias actuais em que os socialistas mostraram mais
uma vez toda a sua incompetência para estarem no governo. Espero que a IL não
caia na armadilha do PSD (e CDS) em fazer uma pré-coligação eleitoral, porque,
como diz muito bem Luís Rocha, ao contrário do PSD, não são os cargos que
interessam mas sim as ideias. O problema da direita é o PSD, um
partido de poder que quer o poder pelo poder. As razões e as
culpas para a falta de unidade nos partidos de direita encontram-se no PSD que
está mais desesperado em reconquistar o eleitorado perdido para a IL e Chega do
que em passar as ideias que o diferenciem de ser um “copy-past” do PS. Coligações sim,
mas depois do sufrágio eleitoral e com garantias que algumas bandeiras da IL
façam parte do programa do governo e que as mesmas sejam realizadas. Cisca Impllit:
O
espaço de direita, o não socialista, está no caminho da afirmação.
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