Montenegro preferindo exibir sorrisos convidativos,
quando se pretende uma seriedade à “Passos Coelho”… Alberto Gonçalves preocupa-se com toda a razão,
e acerta nos seus diagnósticos como sempre. Os umbigos próprios dos chefes dos
partidos são mais importantes do que o corpo inteiro da nação. Mas nós, como
eleitorado, somos também uma anedota, só enxergando o naco europeu, que o PS representa, e por isso o fazemos ganhar, oportunistas e indiferentes a uma lógica de honradez e trabalho.
As linhas vermelhas deviam estar à esquerda
do PSD
Se uma “geringonça” por conveniência
causou tamanhos estragos, imagine-se a devastação causada por uma “geringonça”
por convicção. É sobre esta ameaça de extremismo que o PSD devia falar sem
parar.
ALBERTO GONÇALVES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 25
nov. 2023, 00:212
Depois de tudo, o PS está à frente nas sondagens. Depois do pântano de Guterres. Depois de
Sócrates e da “troika” de Sócrates. Depois de oito anos de incompetência,
fanatismo, prepotência, nepotismo e desonestidade que, para espanto de alguns,
apenas produziram pobreza. Depois de o dr. Costa escapulir de um
escândalo criminal e de os socialistas aclamarem como próximo chefe um dos
maiores símbolos da incompetência, do fanatismo, da prepotência, do nepotismo e
da desonestidade. Depois de tudo, o PS está à frente nas
sondagens. Das três, uma: ou
as sondagens são uma anedota, ou o eleitorado é uma anedota, ou a anedota é a
oposição. Não tenho meios de confirmar as duas primeiras hipóteses. A terceira
é fácil.
Por “oposição” entenda-se sobretudo o
PSD, e esta é a “punch line”. Desde 2017 que o PSD desistiu de ser, ou fazer,
oposição ao PS. A pedido dos
telejornais, de comentadores sábios e, desculpem a redundância, do próprio PS,
o PSD dedicou-se a ser, e a fazer, oposição ao Chega, um partido que com os
seus defeitos e limitações não contribuiu sequer 0,01% para a desgraça
económica, social e talvez mental em que estamos. Sempre que
é questionado a propósito, e a despropósito, de eventuais entendimentos com o
Chega, o líder do PSD deveria devolver
a pergunta ao partido que já fez alianças com comunistas de estirpes sortidas e
se prepara para colocá-los directamente no poder. Acontece que
o PSD não tem um líder, e sim o pobre dr. Montenegro, que à semelhança do
antecessor gosta de desenhar “linhas vermelhas”. Infelizmente,
obedece às directivas do PS e desenha-as sempre à sua direita, e nunca à sua
esquerda. De tanto brincar, o dr. Montenegro arrisca-se a que as linhas cubram
de vermelho vivo um país morto.
Há um ponto comum às sondagens, a
acreditar nelas: independentemente do partido mais votado, todas
prevêem uma maioria parlamentar de “direita”. Após o precedente criado em 2015, e
entretanto replicado até em Espanha, as
eleições deixaram de ser ganhas pelo partido mais votado, mas pelo partido
capaz de amanhar uma maioria parlamentar, tácita, explícita, assumida,
disfarçada, não importa. Há outro ponto comum às sondagens:
nenhuma sugere, nem de longe, que a maioria de “direita” dispense o Chega. Ou seja, só levaremos com a Frente
Marxista do dr. Santos, o Carismático do WhatsApp, se a “direita” o permitir. Leia-se
se, conforme os socialistas exigem e esperam, a aversão do PSD ao Chega for
maior que a aversão do PSD ao comunismo. A bem do futuro, de modo a haver um,
não convinha que fosse.
No meio das aldrabices que o projectaram
no PS, o dr. Santos disse há dias uma verdade: não se pode comparar o Chega
ao BE e ao PCP. Pois não.
Apesar de populista, e de por isso cair em certos e evitáveis delírios, que eu
saiba o Chega não aspira à abolição da propriedade privada, não saliva com a
opressão fiscal, não defende a saída de Portugal do euro, da UE e da Nato, não
se inspira nas ditaduras cubana ou chinesa, e não legitima o anti-semitismo ou
os selvagens do Hamas (quanto à Rússia do sr. Putin a coisa é mais dúbia). Como
recentemente lembrou Pedro Passos Coelho, o Chega não é anti-democrático. O PCP e o
BE são-no. E um PS que os acolha sem as restrições que impõe à “direita” também.
Admitir que o Chega se opõe à
democracia é admitir que boa parte dos eleitores que abandonaram o PSD se limitavam
a aguardar a emergência de um partido “fascista”. Se isto parece estúpido, é
porque é estúpido. O PSD perde eleitores para o Chega na exacta medida em que
demonstra incapacidade, e provavelmente vontade, de atender às preocupações
desses eleitores. Para evitar suspeitas de “radicalização”, de que foge com a
rapidez com que os “activistas climáticos” fogem do banho, o PSD evita tocar
numa data de temas em que o Chega, com inegável oportunismo e às vezes razão,
toca. E o PS, que subjugou o principal adversário através do papão do
“radicalismo”, agradece. E sente-se livre para radicalizar-se a cada dia.
Nisto o PS é eficaz, na arte de instalar
uma ortodoxia, de definir o que é tolerável e o que não é. O PS criou um
ambiente em que os acontecimentos são avaliados em função não do que
representam mas da repercussão que têm na votação no Chega. O chefe de gabinete do PM guarda 75 mil
euros em notas? É chato, visto que o forte indício de trafulhice pode converter
pessoas ao Chega. Não lembrar a ninguém que o sucedido possa converter pessoas
ao PSD diz imenso acerca do estado do PSD, que aceita as condições ditadas pelo
PS e permite que o PS faça incondicionalmente o que quer – incluindo coligar-se
com todos os lunáticos da Assembleia da República para acabarem de nos
transformar numa Venezuela sem mar quentinho.
Convinha que não o conseguissem. O
pior de se ser trucidado por um comboio não é o impulso que o acidente dará aos
transportes privados: é o ter-se sido trucidado por um comboio. E o problema das políticas de extrema-esquerda não é
o de fazerem crescer a extrema-direita: são mesmo as políticas de
extrema-esquerda. Se uma “geringonça” por conveniência
causou tamanhos estragos, imagine-se a devastação causada por uma “geringonça”
por convicção. É sobre esta real ameaça de extremismo que o PSD,
que historicamente combateu o PS moderado de Mário Soares, devia hoje falar sem
parar. Sobre o Chega, que não precisa
de ser aliado nem é o inimigo, o PSD devia calar-se.
PSD POLÍTICA PARTIDO
CHEGA ELEIÇÕES
LEGISLATIVAS
COMENTÁRIOS
António Lamas: Se o senhor Montenegro tivesse
dito logo de início, SIM faço coligação com o CHEGA, e não admito lições de
quem fez coligações com os fascistas torcionários do BE e do PCP estava à
frente nas sondagens com maioria absoluta Alexandre
Barreira: Pois. Caríssimo AG, Tenha calma. E vá a pé até Fátima. Pode ser que isso passe....!!! José B. Dias: A cada nova confirmação de
linhas vermelhas mais me vão convertendo ... numa democracia todos são
legítimos desde que cumpram as regras constitucionais e numa democracia
representativa, como a nossa afirma ser, os mais de meio milhão de eleitores do
Chega são tão portugueses como os demais! Fernando Cascais: Bom dia. Ainda ontem fiz um comentário que ia no
sentido desta crónica, quando afirmei que o Chega, apesar de populista não é
anti-democrático, ao contrário da extrema-esquerda, que, se um dia apanhasse o
poder nunca mais o largava. Existem exemplos. Se Bolsonaro e Trump foram
derrotados nas urnas, já Maduro domina as urnas a seu belo prazer. As linhas
vermelhas para o regime democrático como refere o caríssimo articulista estão
na extrema-esquerda. Depois de termos visto o PS a espalhar-se ao comprido
na governação e de não conseguir aguentar um governo maioritário, além de casos
de pedofilia, pântanos, corrupção e laxismo, e, se o PSD não consegue subir
nas sondagens continuando a ser ultrapassado pelo PS, é porque a liderança é
fraca e não tem carisma. Assim, em vez do PSD estar a correr para o abismo
não seria melhor travar e repensar à liderança agora antes que seja tarde
demais. Montenegro jurou por tudo o que é mais sagrado que não se aliaria ao
Chega abrindo assim o caminho a um governo minoritário socialista evitando que
estes se aliem à extrema-esquerda, ou será que Montenegro dá o dito pelo não
dito e depois das eleições faz uma geringonça de direita para se conseguir
eleger primeiro-ministro, passando a ser o primeiro-ministro mais aldrabão
desde o primeiro dia em que tomasse posse. Como é possível depois de tudo
o que aconteceu o PS continuar à frente nas sondagens? JOHN MARTINS: As ilusões tramam-nos.Não é mantendo o caos
socialista, que Portugal progride.Mas também não é criando um novo caos
aventureiro, que o país precisa.Temos que aplicar todas as enegias na solução
mais plausível, com provas dadas noutras ocasiões.O PSD, com Montenegro, e quem
o acompanhe, saberão tirar o País desta negra crise política
institucional,criada por um partido socialista transformado numa verdadeira
escória. F. Mendes: Muito bom artigo, embora
discorde da caracterização feita ao Luís Montenegro. Seria bom que os eleitores se
convencessem que as próximas eleições, mais do que uma escolha entre partidos
não socialistas, serão uma opção crítica sobre a necessidade de um governo
estável depois das eleições. No entanto, estou claramente pessimista neste
aspecto: a frustração de muitos eleitores vai toldar a clareza de raciocínio; e
a dispersão de votos à direita pode dar a vitória ao PS. Pode ser que, pelo
menos, alguns eleitores e dirigentes do IL tenham a lucidez de não andar a pôr
votos no lixo em círculos eleitorais pequenos. Mas, nem aqui estou confiante. Quanto
ao CH, o problema é a falta de quadros, ser unipessoal, a antipatia recebida da
CS, alguma incontinência verbal e comportamentos bizarros de alguns dirigentes.
A meu ver, sendo populistas, jogam de acordo com as regras democráticas. E
o PSD tem que perguntar, e insistir, se o PS vai ou não incluir comunistas num
futuro governo. JOHN MARTINS > F. Mendes: Caro F.M, se
os comunistas não forem lá pra dentro, ficam à porta, que é a mesma coisa. Aqui
não há qualquer engano. Só cai quem quer... observador censurado: "... Ou seja, só levaremos
com a Frente Marxista do dr. Santos, o Carismático do WhatsApp, se a “direita”
o permitir. Leia-se se, conforme os socialistas exigem e esperam, a aversão do
PSD ao Chega for maior que a aversão do PSD ao comunismo. A bem do futuro, de
modo a haver um, não convinha que fosse." Salvo melhor opinião, depois
desta "Master Class" que o Alberto deu ao Partido Socialista Dois
(PSD), só resta uma de duas coisas: ou o PSD ignora o Alberto e vai fazer
companhia ao CDS ou o PSD dá um "pontapé na bunda" dos Montenegros
para irem fazer companhia ao CDS.
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