sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Pausa

 

Enquanto isso, por cá, ouvi da nossa azáfama. Por exemplo, um pouco da entrevista de Rui Rio, num ápice sem esperança. Mas com asco.

Missão da NASA em busca de vida extraterrestre chega hoje a Marte. Siga a aterragem do Perseverance em directo

Perseverance vai vasculhar Marte em busca de sinais de vida no passado marciano. Antes, tem de sobreviver aos "sete minutos de terror" ao atravessar a atmosfera. Siga a histórica missão aqui.

MARTA LEITE FERREIRA  Texto

OBSERVADOR,, 18/2/21

As desérticas paisagens marcianas não intimidaram a agência espacial norte-americana a rumar ao Planeta Vermelho na primeira missão em busca de vida extraterrestre no passado de um corpo celeste. O rover “Perseverance” — em português, “Perseverança”, nome escolhido por um estudante do ensino básico nos Estados Unidos — deve aterrar esta quinta-feira à noite, às 20h55 de Portugal Continental, em Marte. Pode seguir a cobertura da NASA e o momento da aterragem neste artigo. Aqui em baixo, tem também uma janela privilegiada para a sala de controlo da missão Mars2020.

Aterrar em Marte é uma tarefa muito difícil. A missão tem de atravessar a atmosfera marciana a uma velocidade de 39,6 mil quilómetros por hora, mas tem de a diminuir estrondosamente em apenas sete minutos. São os “sete minutos de terror” porque, durante essa fase, nada está nas mãos da equipa da missão em Terra: tudo depende da capacidade que o rover tem para sobreviver à entrada na atmosfera marciana. Nesta missão, a viagem torna-se ainda mais complicada: a máquina vai sobrevoar o terreno para escolher o local ideal para a aterragem, algo que nunca foi feito.

Desde os tempos das missões Mariner, nos anos 70, que os cientistas têm em mãos uma grande quantidade de evidências sobre como a água já correu em Marte — e talvez ainda corra, como sugerem os dados recolhidos pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Os vales e desfiladeiros observados desde então dizem que Marte já teve água. E se já teve água é possível que já tenha tido vida.

Cinquenta anos mais tarde, o rover Perseverance vai em busca dela numa cratera com cerca de 49 quilómetros de diâmetro e a meio caminho dos locais de aterragem da missão Curiosity e Opportunity. Chama-se Jezero, o que em muitas das línguas eslavas — como na República Checa ou Croácia, por exemplo — significa “lago”. Em março de 2015, os investigadores da Universidade de Brown descreveram como a Jezero havia albergado há 3,5 mil milhões de anos um sistema de lagos que enchia a cratera de água de tempos a tempos através de dois canais, cada um deles com um delta — tudo características que ainda são visíveis no local e que já foram estudados através das sondas e orbitadores em Marte.

Acontece que, cá em Terra, seja em blocos de gelo subterrâneos ou oásis no meio do deserto, onde há água costuma haver alguma forma de vida, mesmo que seja microscópica. Se em Marte também for assim, é provável que a vida já tenha existido no Planeta Vermelho. Por isso é que a missão do Perseverance será a primeira projectada para farejar por sinais de vida microbiana no passado. Já sabemos que Marte chegou a ser habitável. Resta saber se foi mesmo habitado.

Outra novidade é que o Perseverance segue na companhia de um pequeno helicóptero, o “Ingenuity” — “Engenho” em português, outro nome sugerido por um estudante norte-americano. A funcionar, será a primeira vez que uma equipa de engenheiras coloca alguma coisa verdadeiramente a voar noutro planeta — algo que pode ser especialmente útil numa missão tripulada a Marte. Mas é outra tarefa difícil: a atmosfera em Marte é muito rarefeita — tem um volume equivalente a 1% da atmosfera da Terra — por isso é preciso gerar uma velocidade muito grande nas hélices para que o objecto se mantenha no ar. A solução foi criar hélices capazes de gerir a 1.200 rotações por minuto num voo que só durará até 90 segundos

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