Para nós, portugueses, que por sistema
nos acolitamos sob uma bênção qualquer, distribuidora de benesses, desde o
Messias, responsável pelo milagre de Ourique, ao D. Sebastião, em cujo regresso
se acreditou, nem percebo porquê, que afinal ele é que nos levou ao desastre, à
Nossa Senhora de Fátima, e até ao Santo António para a protecção de Lisboa, e
dos casais sob a sua égide… Cá por mim, bem posso dizer que vivi muito da
dívida, que antecipava a realização dos meus sonhos, quer nas livrarias, quer
nos móveis da casa e das máquinas ajudantes do meu conforto, além do carro. Mas,
mensalmente, pagava as prestações dos débitos, escrupulosamente. Jamais me
passou pela cabeça falhar nos compromissos. Por isso estas teorias, expendidas
por Helena Garrido me causam
repulsa. Amo o meu país, e desejo vê-lo sempre de "cabeça" erguida, pagando o que
deve, como se fez no tempo de Passos Coelho.
Tempos em que regras prejudicam a recuperação/premium
As regras para a política económica
estão desenhadas para tempos normais. O ambiente em que vivemos exige
discricionariedade. O debate já começou em Berlim, Paris e na carta de mais de
cem economistas
HELENA GARRIDO
OBSERVADOR, 08 fev
2021
Países
como a Alemanha e a França começam a discutir as regras orçamentais e
economistas desafiam o BCE a perdoar dívida. Sim, todo o projecto
europeu é construído, e bem, em cima de regras. Mas no
debate que opõe os defensores das regras e os da discricionariedade nas
políticas económicas há um aspecto fundamental: as regras só garantem prosperidade em
tempos normais. E nós
vivemos em tempos excepcionais, de incerteza extrema, que aconselham liberdade
de acção. As regras podem regressar depois quando reconquistarmos a
nossa vida pré-pandemia em crescimento económico.
A
recuperação europeia, tal como a portuguesa, não será em V. Na melhor das
hipóteses será em W, com a quebra registada no último trimestre de 2020 a agravar-se nos primeiros três meses deste ano, já
que boa parte dos países europeus continuam em confinamento mais ou menos
estrito. A presidente do BCE,
Christine Lagarde, na
entrevista dada durante o fim-de-semana, considera que estamos apenas
perante um atraso na recuperação e não face a uma ameaça, indiciando que a
instituição poderá manter a sua previsão de um
crescimento de 3,9% na
Zona Euro, este ano,
quando fizer a revisão agendada para o próximo mês. Embora tudo dependa do
ritmo de vacinação que se vai verificar.
Uma
das recomendações de Lagarde é que se retirem os apoios à economia gradualmente,
o que é obviamente sensato. As
empresas e as famílias têm estado ligadas à máquina dos apoios públicos e sua
retirada precoce ou súbita vai gerar inevitavelmente um novo mergulho da
economia. Diga-se, aliás, que mesmo que os
apoios sejam retirados lentamente, não é certo que não se assista a uma quebra
da actividade económica, com a declaração de falências e desemprego, assim que
voltarmos à normalidade. Do que estamos a falar, quando se defende que os
apoios sejam retirados gradualmente, é de moderar a dimensão
do novo mergulho.
Neste
momento, apenas a quebra do PIB se aproxima do que se está a
passar na economia. As
estatísticas do desemprego não nos dão qualquer retrato da destruição de postos
de trabalho, quer pela definição estatística de desempregado – é preciso, por
exemplo, ter procurado activamente emprego – quer porque
muitas empresas estão artificialmente vivas sem a certeza de conseguirem
sobreviver.
A
recomendação da presidente do BCE entra contudo em conflito directo com as
regras europeias, e até nacionais em países como a Alemanha, que limitam
a margem de actuação dos governos. Estamos a falar de regras para as
finanças públicas mas também das regras europeias para as ajudas de Estado. Mas podemos igualmente pensar na regra que proíbe
o financiamento monetário da dívida – que impede que o BCE limpe a dívida dos
Estados que tem no seu balanço e que Lagarde recusa aceitar por violar os
tratados.
O Pacto de Estabilidade, com limites para o défice público e para a dívida,
embora suspenso também para 2021 e possa ser estendido para 2022, mantém-se
como uma ameaça para países como Portugal. Uma
das razões para a reduzida generosidade
dos apoios do Governo português
pode estar no receio de, no próximo ano, ter de voltar à disciplina do Pacto –
o que levou até ao absurdo de se ter gasto menos em 2020 do que o previsto
quando se fez o Orçamento em 2019, sem se saber que havia pandemia. Podemos considerar que o Governo foi
excessivo na sua “forretice”, mas temos de admitir que foi prudente ao olhar
para o que pode ser 2022 – um cenário de terror, agora financeiro, e semelhante
ao de 2011 se, de repente, regressassem as regras das finanças públicas. Na
Alemanha as regras são ainda mais estritas de equilíbrio orçamental e limites
ao endividamento.
O
debate sobre a necessidade de flexibilizar essas regras, nestes tempos
excepcionais, já começou. Em finais de Janeiro, o ministro
francês das Finanças, Bruno Le Maire, defendeu
que as regras do Pacto de Estabilidade, embora sejam importantes para os 19 do
euro, “devem ser reavaliadas para
terem em conta a realidade – uma realidade de elevados níveis de dívida, as
mais baixas taxas de juro da nossa história e as mais elevadas necessidades de
investimento da história”.
Praticamente
na mesma altura o ex-ministro alemão das Finanças Wolfgang
Schäuble disse, numa entrevista ao Financial Times, simpatizar com
os que defendem que as regras do Pacto de Estabilidade devem ser revistas
antes de voltarem a ser reintroduzidas. “Depois da pandemia muitas coisas
serão completamente diferentes do que eram”, afirmou. E não foi o único. O chefe de gabinete de
Angela Merkel já se atreveu a defender que fossem suspensas as regras
constitucionais alemãs
que limitam a dívida e o défice.
A
linha de defesa da alteração das regras orçamentais vem também do FMI. Nesta entrevista ao
Financial Times, Vítor Gaspar
o ex-ministro das Finanças em Portugal e actual responsável pelo departamento
de finanças públicas do Fundo defende que as “circunstâncias
mudaram de uma forma que justificam que se repensem as regras orçamentais”.
Está
assim aberta a possibilidade de reavaliação das regras do Pacto de Estabilidade
e o debate na Alemanha, como se defende aqui também no Financial Times, é importante para perceber em que sentido iremos.
Do
ponto de vista dos interesses portugueses, seria importante que essas novas regras fossem
conhecidas rapidamente para que tenhamos a mesma margem de manobra na política orçamental,
sem medo de, daqui a um ano ou dois, sermos apanhados pela disciplina dos
mercados financeiros, por sermos classificados como orçamentalmente
indisciplinados.
Uma
outra regra, que está a limitar a margem de actuação dos governos, é a das ajudas
de Estado. A
política europeia de concorrência, bem o sabemos pela experiência que tivemos
nos anos da ajuda financeira com efeitos no sector bancário, é uma das mais
poderosas e tecnocratas da União Europeia. Mas também nestes tempos
excepcionais, as excepções criadas até agora parecem insuficientes para que se
concretizem as recomendações de retirada gradual dos apoios e até do seu
reforço.
Num artigo publicado no
Financial Times, a
Dinamarca, a República Checa e a Áustria pedem que a União Europeia eleve os
limites máximos para subsídios (800 mil euros) e apoios a custos fixos (3
milhões de euros). Um apelo feito para ter em conta os
efeitos da terceira vaga da pandemia.
Finalmente,
não menos importante, a regra que proíbe o financiamento monetário da dívida e
que impede o BCE de anular os empréstimos aos Estados que tem no seu balanço.
Na última semana, um grupo de mais de cem economistas de 13 países europeus
assinam uma carta aberta – de
Portugal é assinada por Francisco Louçã –
apelando a que o BCE anule a dívida que detém dos Estados-membros no seu
balanço, para se financiar um plano de investimento europeu.
Claro que o BCE já veio dizer que o
financiamento da dívida é proibido pelos tratados. Lagarde considera que afecta
a credibilidade do euro. Mas este será também um tema que se manterá na agenda
e ninguém se surpreenderá se o que se diz hoje como impossível acabe por
acontecer. É igualmente interessante verificar que a presidente do BCE, ao
pedir aos países gradualismo na eliminação das medidas de apoio, está
implicitamente a dizer-lhes para não respeitarem as regras orçamentais, para se
endividarem. O que põe em causa o futuro das regras europeias para as finanças
públicas.
Toda a arquitectura europeia está
pensada e construída sobre regras que têm como objectivo fundamental impedir
que existam almoços grátis.
Obviamente que as regras, mesmo sem ser na complexa construção europeia, são
importantes em política económica.
Na política monetária, a par da independência
dos bancos centrais, as regras permitiram acabar com o flagelo da inflação de finais do século XX. Na política orçamental, além de impedirem (ou tentarem) os almoços grátis no
clube europeu, ao nível nacional combatem o enviesamento para gerar
défices públicos que os governos têm, por via da sua perspectiva de gestão de
curto prazo.
Numa conjuntura normal, uma política económica e financeira
submetida a regras tende a gerar melhores resultados em matéria de crescimento.
Mas quando vivemos num ambiente de incerteza total, como se estivéssemos no
meio de uma tempestade com ventos erráticos, a discricionariedade, o poder de
olhar para o problema e tomar a melhor decisão da altura para o resolver sem
regras, acaba por ser a melhor solução.
Parece
óbvio que quer a eliminação da dívida pública quer a flexibilização das
regras orçamentais seriam um contributo importante para uma recuperação mais
rápida e segura da economia europeia. O ideal seria que se tomassem
decisões definindo desde já as novas regras. Tal seria especialmente útil para
países como Portugal, que não se pode dar ao luxo de ter a política que devia,
com medo do que possam ser as regras a seguir e, especialmente, sem saber se já
estará em condições de as cumprir no pós-pandemia.
O que se defende não é o fim das regras nas políticas públicas, mas
sim a sua significativa flexibilização até que os países saiam seguramente da
pandemia e dos seus efeitos. As regras
regressariam a seguir, quando a incerteza desaparecesse, mas, entretanto, garantia-se
a recuperação e a prosperidade da Zona Euro. Sem pragmatismo e total liberdade
de acção, a União Europeia corre o sério risco de ter uns anos largos de
crescimento medíocre com efeitos não apenas sociais mas também políticos. No
limite, pode colocar em perigo o próprio projecto europeu.
COMENTÁRIOS:
Francisco Correia: Ora deixa lá ver como vamos
resolver este assunto... Ah, já sei! Vamos fazer como os alemães nos anos 20 do século XX,
que tinham uma dívida que chegava ao tecto por causa de terem perdido a Grande
Guerra (nome à época) e vamos começar a imprimir Marcos, perdão, Euros como se
não houvesse amanhã. O mercado, não acreditando na marmelada fará disparar a
inflação e... O resto é História. É uma ilusão acreditar que há almoços grátis. Mais tarde ou mais cedo o
mercado acabará sempre por impor a sua Lei. Andrade QB: Boa altura de trocar Euros por USD ou comprar ouro.
Se o BCE vier a imprimir o papel necessário para cobrir toda a divida,
mesmo que consiga que alguns dos credores engulam o pagamento em Euro, o Euro
virá por aí-abaixo. Paulo
Guerra: A Alemanha depois de todo o mal
que fez ao Mundo na WW II beneficiou de um perdão de dois terços da sua dívida
pública, o que lhe permitiu voltar à prosperidade e assegurar o seu futuro, no
espaço europeu. Liberal Sempre
em Pé > Paulo Guerra: Ih, não, outra vez essa treta... Há histórias infantis
de tão boa qualidade, para quê escolher essa? Paulo Guerra: Mesmo partindo de um princípio
um bocado irracional que a UE não tinha aprendido nada com a última crise,
desta vez estão em causa 4 das 5 maiores economias do euro. O que torna
completamente impossível que só algumas das maiores economias, como a França e
só para citar um exemplo, continuem a violar sistematicamente as regras, por
baixo da mesa. Daí o tema flexibilização desta vez e dos sítios menos
prováveis. Caso contrário era a desagregação total e, a posteriori capitulação
do euro. E levando em linha de conta o
impacto da pandemia em toda a Europa, com uma UE que não existia durante as
grandes guerras e ainda assim surgiram vários planos económicos, mal era se
desta vez não surgisse um grande plano de investimento europeu pós pandemia.
Muito além da bazuca que não vai cobrir sequer os custos totais da pandemia.
Ainda por cima, quando a UE se financia ao preço que se financia nos mercados
como se viu com a primeira emissão de divida comum para financiar o programa
europeu de auxílio ao desemprego o ano passado. Quem não se pode financiar são
os países, cada um por si. A UE só sai de um buraco desta magnitude se sairmos
todos juntos. E quem diz a UE diz as maiores economias do euro. O mercado comum
europeu ainda é o mercado comum europeu. Joaquim Moreira: Confesso que não li com muita
atenção, esta crónica sobre os "Tempos em que as regras prejudicam a
recuperação"! Mas julgo que percebi o essencial, para emitir uma opinião.
Um dos grandes problemas da UE, não são as regras, são a sua diferente
interpretação. O que, desde logo cria um problema, que é diferente de Nação
para Nação. No entanto, até compreendo que perante esta específica situação,
"as regras possam prejudicar a recuperação". Admito, portanto, que
possam ser revistas estas regras, mas não a sua eliminação. Ou seja, que sejam
feitas regras específicas para esta pandemia, e não para resolver problemas
anteriores de cada economia. De forma a que não sejam beneficiados os
infractores dos tratados. Ou seja, daqueles
que andam sempre a ver se são apoiados, mas que não cuidam de cumprir muitos
dos resultados acordados. Para que não haja na UE, os que apoiam e o que são apoiados.
O que é diferente de serem ajudados, para conseguirem os resultados acordados.
Para não serem acusados de serem os eternos beneficiados! Pelos que são
chamados de frugais, avarentos ou os mais poupados!
Paulo Guerra > Joaquim Moreira: O BCE depois manda uma
fotografia dos títulos da dívida de cada país para todos os cidadãos europeus. E até podem escolher o
período. Como por exemplo, alguns podem estar só interessados no período em que
alguns privados malvados nos levaram quase à bancarrota como dizia o
Massamolas. O Francisco Ramos é que vos topou bem. António
Duarte: A Europa deve
aproveitar para atacar de vez a questão das regras financeiras que regem a
União, centralizar os orçamentos, acabar com metade dos funcionários estaduais
e 3/4 dos comunitários e instituir uma língua única de trabalho, consequências
sérias para quem não cumprir (e ressalvar os casos em que isso pode ser feito)
e que passariam necessariamente pela perda imediata da (remanescente soberania financeira)
e, fundamental, a instituiu-se um sistema tributário europeu, deixando no
máximo aos estados membros 20% da receita para decidirem como e onde gastarem.
De outra modo, não acredito que os estados a sério (Alemanha, Holanda,
Áustria, etc.) aceitem perdoar a dívida que e sobretudos dos países do Sul. Liberal
Sempre em Pé > António Duarte: Se não há soberania financeira,
não há qualquer soberania. Esse será provavelmente o destino de Portugal,
perder a independência. Liberal Sempre
em Pé: Boa piada!
Discricionariedade é o que tem havido, e com fartura. O que a dama pretende é
apenas MAIS discricionariedade! Típico xuxa. Mario
Areias: Será com certeza
uma boa notícia o perdão da dívida sobretudo para Portugal. Haveria muito mais
dinheiro para enterrar na TAP, muito maiores aumentos na função pública, RSI,
pensões e aumento de todo o tipo de subsídios, porque é aí que estão os votos.
Uma linha TGV para o Algarve, além da já prevista para o Norte, dois projectos
de hidrogénio, um para Sines e outro para Matosinhos e ainda mais uns quantos
projectos megalómanos para quaisquer autarquias socialistas que estejam em
riscos de perder as eleições. Como disse uma vez uma ex-ministra da educação
"era uma festa". Clarisse
Seca > Mario Areias: Este governo não tem emenda. Que passem as passas do
diabo porque Sócrates estragou tudo, fez o que quis e ainda culpou os que
vieram a seguir, da mesma forma que Costa culpou Passos Coelho com toda a lata!
Agora que aguentem. Se houver algum pingo de brio nos Portugueses nunca mais
votarão neste partido, nem nos geringonços que perderam eleições e usurparam o
poder, justamente para se beneficiarem do poder à custa da desgraça dos
Portugueses.
advoga diabo: Muito custa ao beatismo judaico cristão aliviar, e
aliviar-se, do sentimento de culpa que os persegue! Está claro que, ao menos
agora! este é o tempo de pensar muito mais no bem comum que no individual. Maria
Augusta > advoga diabo: Nos sabemos camarada xuxareco.
Se há coisa que não apoquenta o gang é o sentimento de culpa. A cambada pode matar milhares de portugueses sem
que isso lhes tire o sono. Para um
xuxareco, a culpa é sempre dos outros! josé maria: Foram sempre os keynesianos a
recuperar os países das crises financeiras, económicas e sociais do liberalismo
económico desbragado. Francisco Tavares
de Almeida > josé maria: O senhor terá noção dos disparates que afirmou? Carlos
Monteiro > Francisco Tavares de Almeida: São normais. Alexandre
Areias: Fala-se da
eliminação da dívida como se a dívida fosse uma entidade abstracta sem
existência própria e como se não existissem credores. Ignora com certeza esta
senhora que, entre os principais credores dos Estados (e dos bancos que os
financiam) estamos todos através das nossas poupanças e descontos para a
reforma. É duma inconsciência e ignorância gritante achar que a eliminação
da dívida, assim como é proposta com toda esta leviandade, não tivesse
consequências brutais na economia que se diz pretender salvar. É exactamente o
tipo de receita que a Argentina e outros como tal vêm seguindo (socialização
das perdas do Estado) como os brilhantes resultados que se conhecem. Algo deste
género iria ter enormes repercussões também do ponto vista social com muito do
eleitorado em países “credores” como a Alemanha a virar-se para partidos que
prometam o fim das transferências intra-europeias. Isto é, ironicamente, seria
o passo certo para acabar com os princípios de integração e solidariedade
europeia que têm sido a pedra basilar do projecto europeu. Portugal,
que Futuro > Alexandre Areias: "inconsciência e ignorância gritante" é o
que você escreveu. Isto não tem nada que ver com "as
nossas poupanças e descontos para a reforma" ou com "países credores como a
Alemanha a virar-se para partidos que prometam o fim das transferências
intra-europeias". Se você
tivesse lido o que Helena Garrido escreveu, o que manifestamente NÃO aconteceu,
perceberia que o BCE é detentor de 25% da dívida pública emitida pelos
diferentes Estados-Membros (Portugal, Alemanha, Holanda, Grécia, Itália, etc) e
o que é agora proposto é o BCE entregar esses títulos de dívida a cada um dos
países sem lhes cobrar por isso. Dada a sua COMPLETA
IGNORÂNCIA nesta matéria - talvez fizesse melhor em optar por escrever
sobre descascar batatas - não é seguramente redundante escrever que esta dívida
nem sequer foi comprada aos diferentes Estados-Membros em mercado primário mas
sim a outros participantes de mercado (investidores, etc) em mercado secundário
ou que o BCE depois aumentaria o seu balanço com nova impressão de moeda como
fizeram os EUA ao longo da sua História com a criação de bad banks para salvar
bancos privados e outras empresas não financeiras. Alexandre
Areias > Portugal, que Futuro: Realmente sou muito ignorante
mas ainda bem que temos gente inteligente, elegante instruída de quem podemos
beber a sua imensa sabedoria. Já agora, porque eu sou um bocado lento nestas
coisas nem tive a mesma oportunidade de aprender com os sábios, o que é isso de
“devolver a dívida aos países sem custos”? Das duas uma, ou a dívida é pura e
simplesmente cancelada (isto é os credores abdicam de receber os montantes de
capital e juros que têm a receber), ou continua a existir e, como tal, a gerar
custos e obrigações de pagamento. Ou será que a brilhante solução aqui proposta
é o Estado do português ser credor de si próprio e pagar a dívida e
respectivos juros a si próprio. Realmente brilhante, não sei como tal não
nos tinha ocorrido!! Já agora, também, que
quero aproveitar esta oportunidade única para me instruir, que diferença faz
para o devedor e para a sua dívida e obrigações inerentes esta ter sido
adquirida pelo actual credor no mercado secundário em vez de directamente no
mercado primário? Continua a ser a mesma dívida e a acarretar exactamente os
mesmos custos e obrigações a não ser que o credor abdique delas João
Paulo Silva > Alexandre Areias: Se quem detém a dívida é o BCE,
esta encontra-se no seu balanço como um activo. A haver remissão da dívida
(perdão), esse activo seria eliminado contra gastos e perdas no Balanço do BCE.
Logo este teria menos lucros para entregar aos seus accionistas. O problema é
que o país que é o maior accionista (Alemanha), com mais de 50% de capital não
quer suportar o prejuízo desse perdão e deixar de receber dividendos. Na
prática, estamos a viver choques assimétricos entre políticas monetárias que
são antagónicas para países que necessitam de um euro fraco ao dólar (como
Portugal para embaratecer as nossas exportações) e países que querem um euro
forte (Alemanha), dado que as suas exportações, por serem de alto valor
acrescentado, são menos sensíveis à valorização cambial (quem quer um
Mercedes, compra um Mercedes). Esta operação desvaloriza o Euro, dado que,
quanto à mecânica da execução, vão ser emitidos euros para compensar essa perda
do perdão, retirando valor ao euro nos mercados cambiais. Resta saber se
essa emissão não será do Euro digital. Agora uma coisa é certa, se os países
pobres como Portugal insistem na solidariedade europeia (querendo na prática a
mesma solução, mas por via do subsídio), tais países não saem do ciclo de
dependência, pois quem está a financiar quer receber as contrapartidas e só
estamos a empurrar o problema com a barriga para a frente. E não há estado
social, sem haver dinheiro para o financiar. Com a indústria europeia deslocada
para a Ásia e não estando a Europa na liderança tecnológica, não estou a ver
onde se possa criar riqueza para sustentar essa utopia. bento
guerra > João Paulo Silva: Nem mais. Mas ,vivemos em
tempos de infantilização (manipulação) do pensamento João Paulo Silva,: O seu comentário merece ser
respondido. Sem prejuízo do que eu possa acrescentar mais tarde, quando o tempo
mo permitir, permita que escreva para já o seguinte. Os "accionistas"
(note as aspas) do BCE são os Bancos Centrais da Zona Euro e NÃO os países (Portugal,
Alemanha, etc). Desde a última revisão, em Dezembro de 2020, o Banco Central
Alemão é detentor de 21,44% do capital do BCE e não dos mais de 50% que
escreveu, o francês tem 16,61%, o italiano 13,82%, etc. Ou seja, a vontade do
Banco Central Alemão pode ser contrariada, por exemplo, pelo voto conjunto em
sentido oposto de França e Itália. Mario Silva > Portugal, que Futuro: "Ou seja, a vontade do
Banco Central Alemão pode ser contrariada, por exemplo, pelo voto conjunto em
sentido oposto de França e Itália." Sim e não. Numa simples perspectiva de direitos de
voto pode ser contrariada mas como a HG refere no texto há outras questões a
considerar, nomeadamente os limites constitucionais que alguns países têm.
Vamos assumir
que a França, Itália e alguns países têm os direitos de voto para
"contrariar" a Alemanha e os outros "frugais". Se essa
decisão vai contra a constituição Alemã, como se resolve o impasse? Força-se a
Alemanha a violar a sua principal Lei? É que ao contrário de alguns países como
o nosso, violar a constituição tem consequências a nível legal, político, etc.
Se fosse tão
fácil como diz no seu comentário a crise de 2011-2012 teria sido resolvida de
forma mais simples e célere, não acha? Como a Islândia fez, por ex. bento guerra:
Correu por aí e ainda está na
net, uma entrevista a Mervin King ex-governador do Bank of England, sobre o que
o Durão Barroso chamou "orgia financeira", que é a ideia de que a
falta de dinheiro é só um problema de impressora. Os "Recovery
Fund" vão aparecer a contento dos que estão agora no poder e que inventam
necessidades pós-pandemia ,coisas como uma nova linha Lisboa-Porto, ou a nova
ponte sobre o estreito de Messina, no caso dos irresponsáveis italianos. As
poupanças serão corroídas Manuel Magalhães:
Segundo o que aqui se propõe
isso é música celestial para os ouvidos de A. Costa e seus “compagnons de
route” e nada admira que a tal carta tenha sido assinada pelo pendura Louçã, só
que essa solução suporia que tivéssemos um governo responsável, coisa que neste
momento não existe, isto iria permitir ao governo continuar com a sua
propaganda e ao PS eternizar-se no poder com consequências inequivocamente más
para o país, alguma flexibilização das regras e durante um determinado período,
justifica-se, agora perdão de dívida nunca, além de que poderia provocar uma
séria cisão dentro da UE entre os frugais e os irresponsáveis como nós.... Adelino
Lopes: Almoços
grátis? Isso já foi. E pelo que se vê não era o pior. Hoje temos almoços que
ninguém come e irão para o lixo; por exemplo os pavilhões e as piscinas por esse país
fora que ninguém utilizava antes da pandemia (não existem pessoas). E temos
almoços que ninguém vê nem são controlados; por exemplo os empregados com
cartão do partido nessas instituições públicas. Tudo isto implica muito
dinheirinho desperdiçado. E depois temos défice e dívida. E a seguir ouvimos
alguém clamar por “reavaliação do pacto de estabilidade”, “eliminação da dívida
pública”, etc. Pergunta-se: para quê? “seriam um contributo importante para uma
recuperação mais rápida e segura da economia europeia.”? Para mim, confirmado
que está desde há 25 anos a esta parte, seriam um contributo importante para
uma recuperação mais rápida e segura da incompetência dos políticos para
voltarem com uma dose maior. Só isso. Portugal,
que Futuro > Adelino Lopes: Equacione a possibilidade de poder aceder e ler o
texto da Drª Helena Garrido na íntegra - seja qual for o meio que decidir
utilizar - antes de escrever tantos disparates juntos num comentário tão
pequeno. Claro que saber o que é o défice orçamental, o que é a dívida pública
ou o que é o pacto de estabilidade europeu também ajudaria, mas para isso teria
de entrar e estudar numa universidade algo que nunca fez ou nunca teve
oportunidade de fazer. João Alves > Portugal, que Futuro: Tanta arrogância. Na questão em debate não me intrometo, por não
ser um especialista. Faço, apenas, uma nota de bom senso: qualquer dívida tem
subjacente uma relação entre credores e devedores, cuja extinção normal resulta
do pagamento. A remissão é, objectivamente, uma desculpa de mau pagador. Adelino Lopes
> Portugal, que Futuro: Vamos ver se percebi, porque
nestas coisas, existe sempre um ponto de interrogação. Portanto, não li o
artigo, não sei o que é o défice orçamental, nem o que é a dívida pública, nem
o que é o pacto de estabilidade, nem nunca tive a oportunidade de entrar numa
universidade, nem de estudar numa universidade. E sou eu que escrevo tantos
disparates num pequeno comentário? Estamos bem. Às vezes quando a esmola é
muita, desconfiamos. Neste caso, se te conhecesse, oferecia-te uma vela. Nuno
W: Mais um excelente texto , a dimensão da
recessão, o afunilamento económico e das dívidas exigirão uma nova abordagem
inovadora e pioneira. O bom senso e a racionalidade o exigem ... Maria Oliveira: O perdão de dívida pelo BCE não vai acontecer, nem
pode ter lugar face aos tratados europeus. Convirá a este propósito ler o que
disse Christine Lagarde in L'annulation de la dette Covid est «inenvisageable»
(lefigaro.fr). Pensem antes na correcta e
rigorosa utilização do dinheiro que aí virá. Luisa Lourenço: Mas que texto ... já agora eliminar as dívidas dos privados para eu me
sentir realmente idiota por só comprar o que podia pagar e cumprir...é que eu,
estranhamente, também estou a atravessar a pandemia ou será que se está a
propor que a mim (e aos muitos como eu) depois devolvem o que pagamos para
honrar os compromissos? Ou vão oferecer-nos as férias de sonho? E o carro
fabuloso? Também vem? Ou vamos ser os parcos que pagaram. Esta proposta
basicamente é a história das vacinas... os “espertos” é que a sabem toda...
francamente! Maria
OliveiraLuisa Lourenço: É isso mesmo. O título do
artigo diz tudo "... regras prejudicam a recuperação". Vamos todos
ficar a dever aos nossos credores individuais: não pagamos as contas, etc.
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