segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Não há cintos para o pânico

 

E menos ainda para o cinismo, a trafulhice, a prepotência de quem tem o comando sub-reptício do pobre globo terrestre.

Prefiro ler o nosso Gil Vicente, no formidável libelo do seu Auto da Feira, contra organismos, tais como Roma, embora alegórica, que não passavam de uns anjinhos em confronto com a ambição de grandeza de certos povos de hoje, que tudo levam de vencida, sem escrúpulos nem temores, nem complexos a respeito da frágil condição humana, que os levará também, um dia, no vendaval dos tempos … Mas tudo isso é literatura, já não conta para hoje, e menos ainda para a maior, essa China não alegórica, que sub-repticiamente vai avassalando o mundo, sem contenção nem escrúpulo, indiferente aos “Confúcio” e menos ainda aos “Gil Vicente” de que nunca ouviu falar. Do “Apertem o cinto” metafórico ou não, sim, entendem, desenvoltos que são, mas não lhes passa pela cabeça sequer, impô-lo, o cinto de protecção, contra a sua perfídia silenciosa e matreira. O imperativo é de Salles da Fonseca, que lê a Bíblia e Gil Vicente, entre outros dados da sua formação cultural.

 

Do “Auto da Feira” (Gil Vicente):

Entra um Serafim enviado por Deus a petição do Tempo, e diz: SERAFIM:  À feira, a feira igrejas, mosteiros, pastores das almas, Papas adormidos; comprai aqui panos, mudai os vestidos, buscai as samarras dos outros primeiros, os antecessores. Feirai o carão que trazeis dourado; ó presidentes do crucificado, lembrai-vos da vida dos santos pastores do tempo passado. Ó Príncipes altos, império facundo, guardai-vos da ira do Senhor dos Céus; comprai grande soma do temor de Deus na feira da Virgem, Senhora do Mundo, exemplo da paz, pastora dos anjos, luz das estrelas. À feira da Virgem, donas e donzelas, porque este mercador sabei que aqui traz as cousas mais belas.”

Entra um Diabo com üa tendinha adiante de si, como bufarinheiro, e diz: DIABO “Eu bem me posso gabar, e cada vez que quiser, que na feira onde eu entrar sempre tenho que vender, e acho quem me comprar. E mais, vendo muito bem, porque sei bem o que entendo; e de tudo quanto vendo não pago sisa a ninguém por tractos que andem fazendo. Quero-me fazer à vela nesta santa feira nova. Verei os que vêm a ela, e mais verei quem m' estorva de ser eu o maior dela.”….

Leiamos a “Crónica-Auto” de Salles da Fonseca e os seus Comentadores:

FASTEN SEAT BELTS!

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO21.02.21

Hoje, começo com uma pergunta: - Porquê um título em estrangeiro?

E as respostas são duas: 1 - Para dar nas vistas; 2 - Para matar saudades das viagens que agora são proibidas.

Para quem não saiba ou esteja esquecido do inglês, aquilo quer dizer «Apertem os cintos de segurança!». Sim, em tom imperativo, com ponto de exclamação. O tema – e, sobretudo, o tratamento que lhe dou – é turbulento.     * * *

Que eu, economista, nada saiba do Covid, não admira mas que os virologistas e outros cientistas continuem a pouco saber (como eles próprios têm a hombridade de dizer) é de difícil aceitação. Muito difícil, mesmo.

Então, que sei eu?

Sei que não me interessa saber (por enquanto) quem fabricou o vírus a que chamamos Covid 19 e a que eu desnumero porque já estamos em 2021 com muitas mutações entretanto ocorridas e eu não vou estar a ligar a numerações passageiras. Para leigo como eu, é o Covid e basta.

Não sei quem o fabricou mas sei que foram os chineses que o soltaram e ninguém me tira da cabeça que a RPChina tem que ser responsabilizada pelo dano que está a causar à Humanidade.

Sei que as vacinas foram investigadas, produzidas e aprovadas em cerca de um ano quando, até há esse ano, o processo demorava cerca de 10 anos. Esta «poupança» de 9 anos faz-me desconfiar de que a história está mal contada. Mas também sei que não me vou preocupar com o assunto pois a verdade é como o azeite e a Interpol não dorme.

Sei que a expectativa da vacinação maciça da Humanidade foi rapidamente truncada logo após a assinatura de contratos multimilionários (refiro-me a unidades de vacinas, não a valores) assim como que por ter surgido algum arrependimento enigmático.

Sei que, entretanto, a mortandade continua em níveis de calamidade.

Sei que um laboratório em Cantanhede está a desenvolver uma vacina que só estará disponível no início de 2022.

Sei que em Israel desenvolveram um fármaco barato que salva vidas terminais afectadas pelo Covid.

Sei que na Universidade do Porto há uma Investigadora que conhece essas «poções» a que se referem os israelitas.

Isto, o que sei a partir de alguns telejornais.

Segue-se o que eu faria se mandasse:

Mantinha o Vice-Almirante meu homónimo na chefia do Programa Nacional de Vacinação; Apoiava ilimitadamente o laboratório de Cantanhede até à operacionalidade da vacina agora em desenvolvimento; Graduava em Tenente-General a Investigadora da Universidade do Porto e dava-lhe o mandato de levar o Laboratório Militar a produzir o fármaco que salva as vidas à semelhança do que anunciam os israelitas.

Salvo melhores opiniões. Ah! Já me esquecia: não há royalties para ninguém, estão vidas em causa.

Fevereiro de 2021       Henrique Salles da Fonseca

Tags: "política portuguesa"

12 COMENTÁRIOS

Henrique Salles da Fonseca 21.02.2021 O principal conhecimento que falta aos ministros é a vivência da vida real, pois são quase todos de fabrico de capoeira dos partidos.nSão uma lástima e convencidos pelos milhares de "tapados" daqueles que lhes dão os Votos mesmo após demonstrações de imbecilidade. Rui Bravo Martins

Adriano Lima 21.02.2021: Embora ache que a resolução dos problemas do país depende essencialmente do envolvimento colectivo e participante de toda a comunidade, não deixo de lhe reconhecer razão quando alude de forma menos positiva à qualidade dos nossos ministros. O problema é transversal a todos os governos e partidos, salvo raras excepções no que toca às pessoas dos ministros. O que considero mais grave é a sua pouca experiência e conhecimento da vida e nula experiência anterior em matéria de administração pública. Governar é, fundamentalmente, conceber, planificar, coordenar prever e gerir e decidir. De facto, não basta a filiação partidária ou a posse de uma licenciatura. Dou-lhe o exemplo da profissão militar. Um oficial frequenta um curso que lhe confere bagagem académica geral para um dia poder ser general. Contudo, um alferes dificilmente estará em condições de comandar uma companhia (entre 150 e 180 homens), sem tropeçar em inúmeras dificuldades e sofrer alguns constrangimentos, cometendo naturais erros de percurso. Porquê? Porque para comandar uma companhia precisa de cerca de 5 anos de experiência prática, que é o que o separa do posto de capitão, que é o que deve ter um comandante de companhia. Ora, um título académico é manifestamente pouco, para não dizer irrisório, para se exercer o cargo de ministro. Por analogia, é como pegar num alçferes e pô-lo a comandar uma divisão ou a chefiar o próprio exército. Sim, porque governar não se reduz a retórica ou dialéctica parlamentar. O parlamento está cheio de gente a quem não confiaria o comando de "companhia". Estou a usar terminologia militar porque sou um coronel reformado, com duas  comissões em África, e sei o que me custou subir na carreira.

Anónimo 21.02.2021: Meu querido Amigo e como eu sei bem menos, tenho ainda mais interrogações e MUITÍSSIMAS desconfianças. Grande abraço.

Anónimo21.02.2021: Caro Dr. Salles da Fonseca, Só não concordo com essa de abolir royalties. Serão pecado? Serão uma forma de extorquir? Qual a motivação para se continuar nesta senda da inovação que tão bons resultados tem produzido? Se foi possível desenvolver em menos de um ano vacinas eficazes contra o vírus é porque havia mais de uma década de investigação fundamental em mRNA (o alvo eram os tratamentos oncológicos, dizem) e de investigação aplicada na produção de vacinas (qualquer coisa a ver com adjuvantes, parece). Se quem ganha no desporto tem medalhas e prémios pecuniários, se quem alcança bons resultados empresariais tem bónus, opções, reformas douradas e benefícios chorudos, porque diabo é que quem sacou da sua inteligência, do seu esforço e do seu tempo uma coisa cuja utilidade ninguém contesta não há-de obter um ganho patrimonial? Recordo que os tempos da dádiva e da partilha foram também os tempos da extorsão de má memória. Se a CE não sabe negociar, a solução é que aprenda - não dar-lhe o alibi moral de extorquir, que é o que acontecerá se a Big Pharma não for adequadamente remunerada. O que não percebo eu é que se continue a pagar departamentos inteiros da Administração Pública (e da CE) que nada mais fazem que não seja autorizar caso a caso e proíbir por atacado sem que se veja o benefício que daí resulte para a comunidade. Isso é pior que uma royalty - é uma renda (uma peça da economia extractiva como diz Acemoglu, agora tão na moda) por simples imposição legal. Onde estaria a Humanidade se só contasse com o funcionário público para progredir?

Pelo texto já vi que este anónimo é um amigo. E pelo que vou sabendo do Covid, vejo que nada sei.

Adriano Lima 21.02.2021: Sr. Dr. Salles, este seu texto é muito propositado e penso que merece ser comentado e discutido. Sobre as iniludíveis responsabilidades da China, o que é preocupante é a aparente apatia ou silêncio da comunidade internacional em assacar-lhe as devidas responsabilidades pelo seu atentado contra a saúde dos habitantes de todo o planeta. É lamentável que ainda tudo não tenha sido convenientemente apurado. Continua-se a falar de contaminação através de pangolins e morcegos, quando a evidência aponta mais claramente para algo produzido em laboratório. Sabe-se lá com que fins. As especulações são permitidas quando se vê que todas as economias planetárias levaram um rombo tremendo, à excepção, e segundo parece, da China. Sobre essa descoberta por israelitas de cura ou redução dos graves efeitos do vírus, é estranho que tenha sido quase completamente silenciada nos órgãos noticiosos. Eu só soube por uma pequena notícia metida no interior de um dos nossos jornais. Ora, esta descoberta, a ser confirmada, devia obrigar a um repicar de sinos em todos os lugares do mundo. Quanto a essa nossa investigadora, se ela conhece realmente a fórmula, que seja efectivamente promovida a Tenente-General e que se ponha à sua disposição um exército de homens e mulheres bons e os meios financeiros adequados. E o mesmo para o laboratório de Cantanhede.

Anónimo 22.02.2021:  Assino totalmente por baixo!!! Haja alguém que tem coragem de dizer o que muitos pensam, mas têm medo de dizer e serem considerados adeptos de teorias de conspiração! Helena Salazar Antunes Morais

Adriano Lima 22.02.2021: Dr. Salles, entre as medidas que propôs ou sugeriu, pessoalmente acarinho os trabalhos científicos que estão em curso no laboratório de Cantanhede. Por óbvias razões: a relativa autonomia que representará para o país uma vacina nacional; a possibilidade da sua futura readaptação a novas estirpes, no pressuposto de que a Covid talvez vá conviver com a espécie humana por mais anos e sabe-se lá até quando; e,desta maneira, a mais-valia económica que potencialmente representará a vacina nacional como bem exportável, sem esquecer as antigas colónias, que deverão merecer uma atenção particular.

Henrique Salles da Fonseca: senhor Coronel Miranda Lima, Faço minhas as suas palavras. A aposta na vacina nacional e no fármaco apaziguador da tempestade pulmonar provocada pelos anticorpos ao Covid poderá, se o Governo não temer interesses estrangeiros, ser uma verdadeira Restauração da Soberania Nacional. Tudo, em sintonia com os nossos amigos em África, na Ásia e na Oceania. Mas...

Henrique Salles da Fonseca 22.02.2021: Caro Dr. Henrique Salles da Fonseca, muito bom dia. Partilho e concordo com todas as suas sugestões. e também apostava fortemente na Investigadora da Universidade do Porto! Entretanto, em tempo de confinamento e tendo feito “uma espécie de diário” com alguns amigos, envio-lhe um pequeno texto a que resolvemos chamar “Contrariando o dogma matemático”, Menos com mais ou mais com menos = me por que não, mais? Depois do “menos” vem agora o “mais”, é tudo uma questão de não dar hipótese à teoria fazendo depender tudo da perspectiva. Entro no templo e depois de respirar e relaxar recito esta espécie de mantra* repetindo até ao infinito linha a linha:

- menos chuva, mais sol,

- menos amanhã, mais hoje,

- menos dentro de nós, mais fora de nós

- menos casa, mais rua

- menos lágrima, mais sorriso

- menos silêncio, mais voz

- menos nada, mais tudo

- menos medo, mais ousadia

- menos dúvidas, mais certezas

- menos dogmatismo, mais pragmatismo

- menos ignorância, mais ciência

- menos “eu”, mais “tu”

- menos passado, mais futuro

A vida é já a seguir, rumo ao desconhecido, pois…

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*O mantra é uma fórmula mística e ritual recitada ou cantada repetidamente pelos fiéis de certas correntes budistas e hinduístas. Os meus melhores cumprimentos 
Mª Emília Gonçalves

Henrique Salles da Fonseca, 23.02.2021: Bem visto e bem dito, Preclaro Amigo: Parabéns! Elias Quadros


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