Guardado está o bocado… Nos outros
continentes as independências resultaram melhor, e as populações europeias por
aí se distribuíram, vencedoras, independentes, com muita limpeza étnica pelo
meio. Nada de colonialismos. Tudo isso, de colonialismos, mais pobrezinho, foi
ao ar, lá nas Áfricas. As democracias agora é que estão a dar, feita a limpeza
étnica. Nem nos restam as recordações, que os simões são aos baldões, muito
sabichões.
Nas Américas e na Austrália é que foi
Digo, limpeza étnica. E os povos
colonizadores tornaram-se independentes, não houve problemas aí, como na
África. Por isso, surgiu o propósito das descolonizações, apenas no continente
africano, onde havia apenas colónias
OPINIÃO
Perdoai-lhe, senhor, que não sabe o que diz
Ao contrário do que diz Ascenso
Simões, o Império não foi nenhuma invenção salazarista e vê-lo tratado como tal
dá vontade de rir.
M. FÁTIMA
BONIFÁCIO
OBSERVADOR, 25 de Fevereiro de 2021
Não
vou comentar as barbaridades e alarvidades declamadas por Ascenso Simões em recente entrevista ao Observador, aliás já amplamente
criticadas e repudiadas na imprensa. Quero apenas denunciar a granítica ignorância
da História que o sr. deputado exibiu. “Falta o conhecimento da história. Falta
perceber verdadeiramente que não tivemos império nenhum”, lamenta o sr.
Ascenso, logo ele, a quem esse conhecimento da história falta por completo.
Durante
as décadas de 1870 e 1880, a sociedade urbana, sobretudo em Lisboa e no Porto
(em menor medida), transformou-se profundamente. Em 1876 fundou-se o Partido Republicano Português
(PRP); a Sociedade de Geografia nasceu em 1875 e em 1877 partiam para a África
Austral Roberto Ivens, Serpa Pinto
e Brito Capelo. Deu-se
uma “euforia colonial”, uma espécie de descoberta da nossa vocação africana,
uma dimensão geminada com o vetusto tronco da portugalidade, que nessa década
de 70 ateou um nacionalismo nunca visto em Portugal. Na década de 70, pode
dizer-se, até nos meios populares se descobriu o destino africano de Portugal.
Atirando
mais achas para a fogueira, o PRP decidiu comemorar o centenário de Camões
(8.6.1880) com a máxima pompa e com o cuidado de atrair o máximo de povo possível.
Camões, “a mais
genuína expressão do génio português” no apogeu da sua viril criatividade,
seria o grande factor da unidade nacional, a ideia e o símbolo mesmos da
pátria. A manifestação de 8 de Junho foi um sucesso, e de entre os milhares
e milhares de pessoas que participaram sobressaía agora o elemento popular –
o povo.
Seguiram-se então outras e variadas
celebrações cívicas, não apenas em Lisboa e no Porto mas também em remotas
terras de província. A partir de 1880, com a entrada em cena do PRP e a chegada
da plebe ao palco político, a política portuguesa mudou. Essa política tinha agora de acomodar massas urbanas
insubmissas. Estabeleceu-se em Portugal um clima de exaltação patriótica
inicialmente criado pelas comemorações camonianas. O centenário da morte
do genial marquês de Pombal, o herói que expulsara os jesuítas, serviu para
acirrar o anti-clericalismo radical, outro factor não despiciendo de
aglutinação das hostes radicais. Outras associações e agremiações se
criaram. O que interessa reter, para compreender como sequentemente o
colonialismo e o imperialismo se tornaram indiscutíveis, é a extrema
exacerbação do patriotismo apoiado sobre dois grandes pilares que eram Camões,
o genial épico que narrou em 8816 versos decassilábicos a grandiosa saga portuguesa
dos Descobrimentos, e a elevação de Portugal a cabeça de um império
luso-africano. O
Império e as colónias tornaram-se incriticáveis. Isto já na década de 1880.
O Império não foi nenhuma
invenção salazarista e vê-lo tratado como tal dá vontade de rir. Sem o contexto de mobilização
patriótica
desenvolvido na década de oitenta do século XIX, as reacções ao ultimato
inglês de Janeiro de 1890 seriam
inimagináveis. A notícia de que Portugal vergara a cerviz varreu Lisboa como um
relâmpago e foi explorada tanto por monárquicos como por republicanos. Na noite
de 11 de Janeiro de 1890, as praças, as ruas e os cafés da Baixa encheram-se
instantaneamente. No dia 12, a ira popular apedrejou as janelas da embaixada
britânica em Lisboa: Angola e Moçambique eram nossas!
Depois
de muitas e muitas peripécias, gradualmente o fogo patriótico foi-se
extinguindo. Mas, com o Ultimato de 1890, ficou estabelecido o
monopólio republicano do patriotismo. A
monarquia constitucional, que uma década de rituais e comunhões cívicas
divorciara do povo urbano, sobreviveu às sequelas do ultimato mais isolada do
que em qualquer anterior momento da sua existência. Outro
resultado do ultimato foi a definitiva “sacralização do império” (Valentim Alexandre & Jill Dias). Na precisa
altura em que o domínio colonial se tornava “intangível” (V. Alexandre & J.
Dias), a monarquia revelara-se incapaz de o preservar. Na imaginação da massa
urbana politizada, que muita prosa de escritores públicos aliás confirmava,
cristalizou a ideia de que “os Braganças” e a estrita oligarquia
que os rodeava eram “um corpo estranho no corpo da nação” (V.P.V.). Todo o establishment – incluindo o rei –
se viu ameaçado por causa da perda de uma parcela de terra africana que bem ou
mal julgávamos nossa.
A República herdou o Império. Cuidou dele o que pôde, que não era muito porque nós
éramos pobres. (Em 1874, Fontes Pereira de Melo teve margem para
investir umas poucas centenas de contos em Angola.) Durante
a I Guerra Mundial, a República enviou para
África 39.000 soldados que sofreram, às mãos dos alemães, derrotas
após derrotas. Norton
de Matos, quando governador na década de 1920, aumentou muito
significativamente a verba do orçamento destinada à escolarização. Mas já era de há muito mais do que evidente que
não tínhamos meios para nos arvorarmos em potência colonizadora. Salazar
não inventou nada, administrou uma herança. Na realidade, herdou o Império, mas
designou-o como as “nossas províncias ultramarinas”, para sublinhar a sua
pertença congénita a Portugal. Onde está a
invenção? Mas o sr. Deputado Ascenso
Simões é de opinião
– contra toda a evidência factual – “que esse império que está na nossa
cabeça é o império salazarista. É uma construção simbólica do império
salazarista”. Alguém percebe esta frase?
Termino lembrando um pormenor:
tivemos, de facto, um império – o império luso-brasileiro. Durou uns séculos.
Não me parece que deva ser atirado para uma nota de pé de página da história.
Ou terá sido também o Brasil “uma construção simbólica do império salazarista”?
Historiadora
TÓPICOS
OPINIÃO
HISTÓRIA COLONIALISMO ÁFRICA ESTADO NOVO ANTÓNIO DE
OLIVEIRA SALAZAR
COMENTÁRIOS:
cidadania 123 EXPERIENTE: O império nasceu
com o tratado de Tordesilhas e não no estado novo. O que Salazar assumiu foi
uma noção de Portugal alargado mas uno, cujo contexto mundial, e da guerra
fria, não admitia. Era insustentável porque éramos fracos para enfrentar as
forças externas que lutavam para criar os seus impérios. Carolina Nunes INICIANTE: Infelizmente o PS
está a radicalizar-se perigosamente. Há uns anos nenhum socialista se atreveria
a ter um discurso talibã como o de Ascenso Simões. Hoje passa sem qualquer
crítica à esquerda, ou seja este discurso radical passou a mainstream da
esquerda portuguesa. Hoje podem parecer delírios, mas esperem uns anos e quando
Pedro Nuno Santos for PM e colocar o BE no governo eles vão passar das palavras
aos actos. E o pior é que não há ninguém da direita moderada ou da esquerda
moderada que consiga travar isto. Afinal o nosso destino pode muito bem ser
pior que o da Venezuela...
antifascista INICIANTE: o senhor ascenso,
há que dizê-lo, nem chega a ser um apedeuta, é mesmo um bruto, um bruto contumaz ernestocarneiro.883138 INICIANTE: Aquilo que acabou
com a carta da ONU que transformou as ex colónias nos países a que se hoje ser
chama o "terceiro Mundo" não foi só o império português. Foi o
império euromundista. Porque era Holanda, era a Bélgica, era a França, era a
Inglaterra, era a Espanha, éramos nós. Não há nenhum que não tenha tido guerras
terríveis. A França teve dias piores que nós. A Inglaterra, na Índia, foi
desastre que foi...Na realidade, quando acabou o Império Euromundista e
começou o império ideológico do bloco China/Rússia. as nossas colónias foram
entregues de mão beijada a este bloco, são escravas dele, mas estes não são
"colonialistas exploradores"... O resultado dos "movimentos de
libertação" está bem patente na lista dos 20 países mais pobres do Mundo
15 dos quais são africanos Jose MODERADOR: Uma coisa são as
navegações portuguesas que deram ao mundo o seu mapa e os caminhos oceânicos
até à Índia e ao Brasil. Coisa diferente são as muitas missões de exploração
que se sucederam, fundaram colónias não só as portuguesas. Impérios coloniais
há muitos em muitas línguas. Todos se caracterizaram pela tomada de posse das
terras, recursos, bens dos indígenas e posse dos indígenas como coisas. As
lutas pela autodeterminação dos Povos fez cair Impérios uns atrás de outros.
Colonialismos novos substituem os derrotados como é exemplo eloquente a
substituição do colonialismo Castelhano e português pelo dos USA. Em toda a
América latina os Povos, cada um a seu modo, lutam pela autodeterminação e
independência há séculos. Nas lutas há, no mínimo, dois lados e a fraternidade
entre todos os Povos.
NOTAS DA INTERNET:
Importantes civilizações das Américas
Publicado por: EDUARDO
DE FREITAS
As civilizações
pré-colombianas correspondem aos povos que habitavam desde o México até a Cordilheira dos Andes, que possuíam uma
estrutura organizacional social muito bem instituída.
Dentre as principais civilizações estão os Astecas que ocupavam o
território onde actualmente se encontra o México, além dos Maias que também
habitavam a América Central e os Incas que viveram em
áreas onde se encontram hoje países como Peru, Bolívia, sendo esses
ocupados em suas totalidades, além de ocupar parcialmente territórios do Equador,
Colômbia, Argentina e Chile.
Os Astecas são povos
pré-colombianos que ocuparam no passado, no período dos séculos XIV a XVI, um
vale onde é hoje o México. Os Astecas consistem em um
conjunto de indivíduos compostos, sobretudo por agricultores, comerciantes e
artesãos, esses executavam trabalhos públicos e também militares.
Essa civilização detinha técnicas de
drenagem a partir da implantação de ilhas artificiais que serviam para expandir
o cultivo de culturas como milho, feijão, tomate, pimenta e batata-doce. A
moeda de troca era a semente de cacau, no artesanato destacava a produção de
tecidos e cerâmicas.
Os Maias também se inserem
entre as civilizações pré-colombianas. Esse povo viveu principalmente em áreas
de florestas tropicais onde hoje se encontram os territórios da Guatemala, Honduras e da
Península de Yucatán, ocupou as respectivas áreas entre os séculos IV a.C e
IX d.C.
Alcançaram técnicas de irrigação para o
desenvolvimento da agricultura, além de deterem conhecimentos de engenharia e
arquitectura, tinham como base de suas construções pedras para a instalação de templos,
pirâmides e palácios.
Além de deterem conhecimento na
astronomia, e por isso criaram um calendário, também realizavam cálculos
matemáticos.
E por fim a civilização pré-colombiana
que habitava a América do Sul, os Incas. Esse povo viveu em toda extensão da Cordilheira dos
Andes. Essa civilização destaca-se principalmente pelas
construções como a cidade de Machu Picchu, além do artesanato de cerâmica entre outros
conhecimentos. Machu Picchu é conhecida como a cidade do sol, isso devido à
sua altitude, esse fantástico monumento foi descoberto somente nos primeiros
anos do século XX, mais precisamente, em 1911.
Aborígenes
Australianos
A Austrália é um país mundialmente
conhecido por suas belezas naturais, pelo seu desenvolvimento económico e pela
qualidade de vida da população (actualmente apresenta o quarto maior Índice
de Desenvolvimento Humano do planeta). No entanto, pouco se comenta da
história dos primeiros povos habitantes do território australiano, os Aborígenes. Os Aborígenes são a população
nativa da Austrália, habitavam a maior parte do território australiano,
totalizavam aproximadamente 750.000 indivíduos, subdivididos em 500 grupos e
com cerca de 300 dialectos diferentes. Esses grupos possuíam estilos de
vida distintos e tradições culturais e religiosas próprias em cada região.
Com a chegada dos colonizadores ingleses em 1758,
deu-se início aos massacres das comunidades Aborígenes. Soldados
ingleses visitavam as aldeias fingindo uma aproximação amigável, oferecendo
presentes. Porém, outros soldados envenenavam com arsénio a água e os alimentos
dos Aborígenes; várias pessoas, inclusive crianças, morreram em consequência do
envenenamento.
Os soldados ingleses destruíram locais
considerados sagrados pelos Aborígenes. Também ofereciam bebida alcoólica à
população local, e aproveitavam-se do estado de embriaguez para instigar
confrontos entre as diferentes aldeias, fazendo com que eles mesmos se
aniquilassem.
Após proclamada a independência
australiana, os Aborígenes passaram a sofrer com a discriminação da população
de seu próprio país. Parte da população australiana considerava os
Aborígenes como sendo parte da fauna e da flora, não havendo o devido respeito
a esses indivíduos.
Dentre as diversas perseguições sofridas por essa comunidade, destaca-se a “The Stolen Generations”, uma tentativa de “limpeza étnica”. Homens, a
mando do governo, invadiram as tribos e raptaram crianças, inclusive bebés;
muitas foram retiradas de suas famílias, pouco se sabe a respeito do verdadeiro
paradeiro delas. Actualmente os Aborígenes correspondem a apenas 1% da população australiana. Alguns vivem em aldeias no
deserto, outros moram em bairros periféricos das grandes cidades. A maioria não
consegue emprego formal e recebe auxílio do governo. Alguns
conseguem contribuições da população, tocando nas ruas da cidade o didgeridoo, um instrumento de madeira que produz um
som forte parecido com o apito de um navio. É comum encontrar pela cidade aborígenes embriagados, e muitas vezes
envolvidos em confrontos com a polícia.
Com o intuito de minimizar essa triste história, o
governo australiano está desenvolvendo políticas antidiscriminação, e
preservando as tribos Aborígenes que restaram, proporcionando a preservação das
tradições desse povo.
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