Sem cravos, este. Mas foi condenado, até
por nós, que nunca deixamos os nossos créditos por mãos alheias, apesar de ter
sido também um golpe pela democracia, tal como o nosso, que julgo que não
recebeu contestações internacionais, nem para defenderem o nosso bom Marcelo
Caetano, verdadeiro democrata, esse, patriota embora, coitado,
mas sem significado de maior. Agora, sim, já temos…
Myanmar. Estado de emergência e espaço aéreo fechado depois de Aung San Suu Kyi e o Presidente serem detidos
Aung San Suu Kyi, o Presidente e
vários membros do governo detidos. Militares assumem poder durante um ano e
fecham espaço áereo. Vários países e organizações condenam golpe de Estado.
LUÍS ROSA OBSERVADOR, 31 jan 2021
As
Forças Armadas de Myanmar prenderam esta noite de domingo Aung San Suu
Ky e diversos membros do governo. As detenções da líder e de outros membros do seu partido,
a Liga Nacional pela Democracia (LND), bem como do Presidente Win Myin, foram
concretizadas pelos militares após várias semanas de tensão entre o partido
vencedor das eleições de Novembro de 2020 e os militares.
Já
esta manhã de segunda-feira o Exército da antiga Birmânia declarou o estado de
emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, prometeu eleições para
daqui a um ano, e encerrou o espaço aéreo. A embaixada dos Estados Unidos no
país indicou na sua página de Facebook que a estrada para o aeroporto
internacional de Rangum, a maior cidade do país, foi fechada, e no Twitter
acrescentou que “todos os aeroportos estão fechados”.
A
mesma embaixada emitiu também um “alerta de segurança”, dizendo estar ciente
da detenção da líder de Myanmar bem como
do encerramento de alguns serviços de internet, incluindo em Rangum.
“Há
potencial para agitação civil e política na Birmânia e continuaremos a
monitorizar a situação”, escreveu
a embaixada, usando a designação anterior de Myanmar.
Numa
declaração divulgada na cadeia de televisão do exército Myawaddy TV, os
militares acusaram a comissão eleitoral do país de não ter posto cobro às “enormes
irregularidades” que dizem
ter existido nas legislativas de Novembro, que o partido de Aung San Suu
Kyi venceu por larga maioria.golpe de Estado
Os militares evocaram ainda os
poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército,
permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.
O vice-presidente Myint Swe, nomeado
para o cargo pelos militares, graças à reserva prevista na Constituição, assume
agora a presidência, enquanto o chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing, será
responsável por fiscalizar as autoridades, indicou o canal Myawaddy News.
O
anúncio segue-se à detenção, horas antes, da chefe de facto do governo
birmanês e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, pelas Forças armadas birmanesas, segundo indicou o porta-voz do seu partido, a Liga
Nacional para a Democracia (LND) no domingo à agência Reuters, segundo revelam
a BBC e o jornal The Guardian.
“Quero dizer à população para não responderem e respeitarem a lei”, afirmou
o porta-voz que também esperava ser detido a qualquer momento.
“Fomos
informados que ela está detida em Naypyidaw [a capital do país], supomos que o
Exército está em vias de organizar um golpe de Estado”, indicou nessa altura
Myo Nyunt. A mesma fonte admitiu que outros responsáveis do partido também
foram detidos.
A
BBC diz ainda que há militares nas ruas da capital Naypyitaw e em Yangon, a
segunda cidade do país, e as linhas telefónicas e as ligações de internet foram
cortadas na capital.
Os
partidos da oposição alinhados com as Forças Armadas, força poderosa em
Myanmar, alegam igualmente que as eleições de novembro terão sido fraudulentas.
De
acordo com a Constituição de Myanmar, fortemente influenciada pelos militares, as
Forças Armadas continuam a deter o direito de nomear os ministros de
pastas-chave do governo.
Desde
há várias semanas que os militares denunciam irregularidades nas legislativas
de 8 de Novembro, que a LND venceu por larga vantagem.
Estas
detenções surgem num momento em que o parlamento eleito nas anteriores eleições se preparava para
iniciar dentro de algumas horas a sua primeira sessão.
A condenação internacional do
golpe de Estado
Várias vozes do xadrez internacional têm estado a
reagir ao golpe de Estado militar. Os Estados Unidos exigiram já a libertação dos vários líderes detidos e
ameaçaram reagir em caso de recusa, dizendo ser contra qualquer tentativa de
alterar os resultados das recentes eleições ou de impedir a transição
democrática da Birmânia e agirão contra os responsáveis se estas medidas
[detenções] não forem abandonadas”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen
Psaki, em comunicado.
Também
o presidente do Parlamento Europeu e António Guterres condenaram de forma veemente o golpe de Estado no
país e exige a libertação dos detidos.
Já
o secretário-geral das Nações Unidas apela aos militares para que “a vontade do
(…) seja respeitada” e “adira às normas democráticas, resolvendo eventuais
divergências através de um diálogo pacífico”.
Reino Unido, Japão e França pediram a libertação dos detidos e o respeito pela
vontade popular, como Boris Johnson expressou numa publicação na sua página do
Twitter.
A partir de Portugal, o Ministério
dos Negócios Estrangeiros emitiu uma curta declaração condenando a detenção.
“Condenamos o golpe de Estado em Myanmar e apelamos à libertação imediata dos
líderes políticos civis que foram detidos”, lê-se na declaração divulgada no
Twitter pelo ministério de Augusto Santos Silva.
A
China, um dos
parceiros económicos mais importantes do país ao investir milhares de milhões
de euros em minas, infraestruturas e gasodutos, disse estar a recolher
informações sobre os desenvolvimentos. “A China é um vizinho amigo de
Myanmar. Esperamos que todos os partidos em Myanmar lidem adequadamente com as
suas diferenças de acordo com a estrutura constitucional e legal e mantenham a
estabilidade política e social”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios
Estangeiros, Wang Wenbin. Enquanto
o Partido Comunista Chinês tende a favorecer regimes autoritários, tem uma
história turbulenta com os militares do Myanmar, por vezes relacionada com as
campanhas contra grupos étnicos minoritários chineses e ao tráfico de drogas ao
longo da sua fronteira montanhosa.
Os argumentos dos militares
Os
militares garantem ter recenseado milhões de casos de fraude, incluindo
milhares de eleitores centenários ou menores.
No
entanto, o Exército birmanês tinha afastado no sábado os rumores de um golpe
militar que circulavam nos últimos dias, num comunicado em que afirmou a
necessidade de “obedecer à Constituição”, e garantindo defendê-la. “Visto
que o Tatmadaw [nome do Exército birmanês] é uma associação armada, deve
obedecer à Constituição. Os nossos soldados devem obedecer e respeitar a
Constituição mais do que outras leis existentes”, afirmou a força militar.
No
dia seguinte às eleições legislativas, o chefe do Exército birmanês, Min
Aung Hlaing, afirmou, numa intervenção perante as Forças Armadas, que se
deveria abolir a Constituição se a Carta Magna não for cumprida, o que foi
interpretado como uma ameaça ao
país, que esteve submetido a uma ditadura militar entre 1962 e 2011. A
Comissão Eleitoral de Myanmar negou que tenha existido qualquer fraude
eleitoral nas eleições de novembro, ganhas pela LND, liderada por Aung San Suu
Kyi, que obteve 83% dos 476 assentos parlamentares.
A delegação da União Europeia
(UE) e várias embaixadas, incluindo a britânica, norte-americana, australiana e
de vários países europeus, avisaram que reprovam “qualquer tentativa” para
alterar os resultados eleitorais ou “impedir” a transição democrática.
As
supostas irregularidades foram denunciadas em primeiro lugar pelo Partido da
Solidariedade e de Desenvolvimento da União (USPD, na sigla em inglês), a
antiga força política no poder, criada pela então Junta Militar antes de esta
se dissolver.
O USDP foi o grande derrotado das
eleições, ao obter apenas 33 lugares no parlamento, tendo recusado aceitar os
resultados, chegando mesmo a pedir a realização de nova votação, desta vez
organizada pelo Exército.
Os
militares, responsáveis pela redacção da actual Constituição, detêm um grande
poder no país, tendo, à partida, garantidos 25% dos lugares no parlamento, bem
como os influentes ministérios do Interior, das Fronteiras e da Defesa. Em Novembro
de 2020, o Centro Carter — organização criada pelo antigo Presidente dos
Estados Unidos Jimmy Carter, que enviou observadores às eleições —, emitiu um
comunicado em que considerou as eleições livres e justas.
A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou
a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional
pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o
voto, entre outros direitos.
Estas
foram as segundas eleições legislativas desde 2011, o ano da dissolução da
Junta Militar que se manteve no poder durante meio século no país.
Exército promete novas eleições
dentro de um ano
O
Exército de Myanmar prometeu entretanto organizar novas eleições quando
terminar o estado de emergência de um ano, decretado após o golpe de Estado
levado a cabo pelos militares.
“Estabeleceremos
uma verdadeira democracia multipartidária”, anunciaram os militares num
comunicado publicado na rede social Facebook, acrescentando que o poder será
transferido após a realização de “eleições gerais livres e justas”.
Refugiados Rohingya no Bangladesh
satisfeitos com detenção de Aung San Suu Kyi
Os
refugiados Rohingya no Bangladesh manifestaram-se satisfeitos com a detenção da
chefe do governo de Myanamar, Aung San Suu Kyi, tal como o Presidente do
país, Win Myint, e outros líderes governamentais.
“Sinto
uma sensação de alegria, porque Suu Kyi é em grande parte responsável
pelo genocídio contra nós”, disse
Mohammad Jubair, líder da Sociedade Arakan Rohingya pela Paz e Direitos
Humanos, de Kutupalong, o principal campo de refugiados em Cox’s Bazar, no
sudeste do Bangladesh.
Cerca de 738.000 Rohingya fugiram
para esses campos após o início, em agosto de 2017, de uma campanha de
perseguição e violência do exército birmanês no país vizinho, que a ONU
descreveu como um exemplo de limpeza étnica e possível genocídio, algo que os
tribunais internacionais estão a investigar. “Violaram as nossas mães e irmãs, mataram o nosso povo, tiraram as
nossas terras e obrigaram-nos a morar aqui neste pequeno abrigo, mas ela (Suu
Kyi) não fez nada. Bem-vindo (a prisão e o golpe militar). Vou comemorar”,
disse Jubair. No entanto,
o líder Rohingya disse não acreditar que o golpe militar vá afectar o processo
de repatriação dos refugiados para a Birmânia, já que considera que depende
sobretudo da comunidade internacional.
“A Birmânia não aceitará o nosso
regresso sem a pressão da comunidade internacional. Está a decorrer um processo
judicial. Assim que estiver concluído, esperamos poder regressar”, disse.
Por
seu turno, Abdur Rahman, que leccionava na Birmânia antes de fugir para o
Bangladesh, reconheceu em declarações à agência de notícia espanhola Efe que “nenhum
golpe é bom”.
O
Ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, AK Abdul Momen, também se
mostrou preocupado com o que se passa na Birmânia, pois acredita no “princípio
da democracia” e também, como país vizinho, espera “paz e estabilidade”.
“O
processo constitucional deve ser respeitado na Birmânia. Iniciamos seriamente
as negociações para a devolução dos Rohingya e esse processo deve continuar em
qualquer circunstância”, garantiu o ministro. Duas
tentativas de iniciar a repatriação falharam até agora, já que membros dessa
minoria de maioria muçulmana se recusaram a regressar até que a Birmânia lhes
garantisse a cidadania e a segurança na sua terra natal.
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COMENTÁRIOS:
José Montargil: Os Rohingya têm sido as vítimas dum governo do partido dum Premio da Paz e
que se revelou o contrário do que proclamava quando esteve presa.
Os Rohingya fugiram
do país onde são perseguidos e são quase
um milhão de refugiados no Bangladesh. Claro que têm de estar
satisfeitos com a prisão de Aung San Suu Kyi e com o golpe de estado. Eu se
fosse Rohingya também estaria. Suu Kyi não foi a política que todos esperavam, falhou
naquilo que prometeu, perseguiu minorias étnicas e agora vai amargar o que andou
a fazer. Com a tropa a mandar, a interrogação é enorme. A seguir aos golpes os
militares dão prazos para novas eleições e regularização da vida política , é o
costume, é o habitual. Mas nunca ou raramente cumprem. Em Portugal fizeram isso a 28
de Maio de 1926, e Portugal esteve em ditadura militar e depois passou para o
Estado Novo uma ditadura, um regime autoritário e anti-democrático até 1974.
Na Grécia o
mesmo; um golpe militar seguido de uma ditadura de coronéis, em 1967 e durou
até 1974. Dou apenas dois exemplos europeus o que demonstra que os regimes
democráticos não duram eternamente. Estão sempre em equilíbrio instável, pois nada está
adquirido . Agora vamos ter outra vez a Madame Suu Kyi armada em vítima internacional e
a ONU e os governos a esquecerem a sua desastrosa governação, incluindo as
perseguições étnicas a minorias birmanesas. António Bernardino: As democracias ocidentais às
vezes são hipócritas até ao vómito. Quando os Rhoingya pegaram em armas,
fizeram uma guerra civil matando e violando indiscriminadamente nada se ouvia.
Pesquisem a história na NET, há-de estar algures. Mas Portugal já não tem
exército suficiente para fazer golpes, além de que as chefias são nomeadas pelo
costa companhia. O bloco até queria acabar com os Comandos, ou seja acabar com
o restinho. bento
guerra: Já gastou grande
parte do seu capital político Miguel Rosa: Nada ilegal. Está na
constituição!!!! Foi redigida pelo exército? Serve os seus propósitos? A nossa
foi redigida por comunistas para servir os seus propósitos e o Guterres e
camaradas nunca se queixaram Liberal Tipo Fénix: Ah, ainda há golpes de Estado
como antigamente!
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