Dum modo geral, desta vez, os
comentadores confundiram saber histórico com vetustez rezingona. De uma
argumentação, a da historiadora, apoiada em
factos conhecidos, mas que se pretende esconder dos vindouros, talvez - e dos
actuais ainda mais, que preferem fechar os olhos sempre, instalados à sombra do
sobreiro - que a bananeira já era – os tais comentadores, na totalidade de 7 – (que os
da mesma opinião de Maria de
Fátima Bonifácio, desta vez, ou não a leram ou acharam mais cómodo
emudecerem…) - todos eles saltaram com avidez crítica sobre a autora da
crónica, não sobre a crónica, que nada havia a contestar, são dados históricos,
hélas! Quanto a mim, prefiro colocar um “anúncio” enviado por email pelo meu filho
Ricardo, que
transcrevo, apenas, por não poder reproduzir a imagem gráfica, de anúncio pregado
numa caixa de correio de prédio de apartamentos:
«A nossa vida social é como a COCA-COLA. Já foi NORMAL, depois ficou LIGHT, SEM CAFEÍNA, e agora é ZERO.»
E quem diz vida social, diz outra coisa
qualquer, incluindo a moral, a intelectual… Da material nem se fala. Falou M. Fátima Bonifácio e levou tapona. Continuemos, pois, com
essa visão radiosa de uma Europa amparadora dos pobres como nós… Mas também
temos a China, recursos
não nos faltam, e amigos também não. Não podemos esquecer que a primeira
espingarda no Japão, fomos nós
que a oferecemos, escreveu-o Fernão
Mendes Pinto, nas suas andanças extraordinárias… E, em termos de
amizades com o Japão, para efeitos de retribuição da tal espingarda, que não
serviu só para matar pássaros, transcrevo da Internet o final de um texto que confirma
o feito:
Texto (da Internet): Portugal e o Oriente
TANEGASHIMA -
A ILHA DA ESPINGARDA PORTUGUESA
«Os portugueses chegaram ao Japão em 1543 -
e a memória deste facto perdura no País do Sol Nascente como um virar de página
da Idade Média para os tempos modernos. A data ficou a assinalar a abertura do
Japão ao Ocidente, o primeiro impulso para o "milagre japonês". Tão
importante como a investigação erudita dos académicos nipónicos, que passou
para os compêndios de história e para as salas dos museus, a tradição e a lenda
de Tanegashima revive anualmente a memória dos primeiros nambans que aqui chegaram com dois
mosquetes ao ombro.
«Tudo em
Tanegashima nos fala de Portugal. Chega-se ao porto e, sobre o cais, o herói da
maior estátua da ilha é o Infante D.
Henrique. Chama-lhe
aqui, simplesmente, "O Homem do Mar".
«A
ARMA DA UNIFICAÇÃO DO JAPÃO
«Página do manual de instrução
de tiro "Trinta e duas posições de
pontaria", da Escola de Tiro de Inatomi (1595). Cada gravura incorpora legendas com as instruções
técnicas e traçados com os ângulos de mira. (O atirador aparece desnudado, não
porque os japoneses assim combatessem, mas para exemplificar melhor a posição
correcta dos membros e dos músculos.)
«O passado tornado agora. Um símbolo apenas - ou mera
coincidência do acaso. Mas em Tanegashima, a ilha da espingarda, todos acreditam que o Japão moderno começou por uma
história de amor a bordo de uma nau de Portugal. "Tanto quanto sei -
diz-nos o "mayor" de Tanega -foi o primeiro casamento entre
ocidentais e japoneses. Eu acho que esse casamento apressou a paz em todo o
Japão. E o meu desejo, do fundo do coração, é que a amizade entre o Japão e
Portugal se mantenha para sempre. Arigato! Obrigado!"»
Mas, como afirma Maria de Fátima Bonifácio, tudo isso de
Descobrimentos foi época
fugaz. O que permaneceu pelos tempos fora, com alguns nomes de destaque, é
certo, foi a tal inépcia, que MFB bem frisa:
OPINIÃO: “Portugal salva-se se a Europa se salvar” (Eduardo Lourenço)
As democracias enfrentam hoje em dia
problemas que me parecem insolúveis. Portugal precisa de uma barrela de alto a
baixo. Mas como combinar reformismo e
popularidade e ganhar eleições?
M. FÁTIMA BONIFÁCIO PÚBLICO,
11 de Fevereiro de 2021
A
cada ano que passa esta frase me parece mais verdadeira. A somar à nossa histórica
inépcia (excepto pela fugaz época dos Descobrimentos), a nossa existência, como nação autónoma e viável,
depende hoje em dia de um continente também ele adoecido: há anos que a Europa
(UE), meio estagnada, praticamente não cresce. A pergunta mais percuciente será então a de saber de
que recursos dispomos para subsistirmos como um Estado-Nação soberano e
independente para o caso de a Europa vir a sucumbir ou a desagregar-se. No séc.
XIX, a “geração de 70” pôs em dúvida a viabilidade de Portugal. Antero, a quem
a pátria doía insuportavelmente, suicidou-se.
Também a geração filha dos babyboomers,
que viveu o apogeu da Europa, não
enxerga quais possam hoje em dia ser esses recursos; além de
que falta uma ideia programática para o País. Há séculos que os nossos momentos de
relativa prosperidade procedem de factores externos à nação portuguesa. Já
tivemos de tudo: especiarias, ouro e pedras preciosas, remessas dos emigrantes
no Brasil; mais tarde, da Venezuela e da França. E tudo se
sumiu, sugado pelo Estado e respectivas clientelas. Tanto no tempo do
Absolutismo como no da Monarquia Constitucional (1834-1910), quando contraíamos
empréstimos para pagar empréstimos, até que a verdade se impôs e em 1892 Portugal faliu com estrondo.
O 25 de Abril foi uma
oportunidade preciosa para a sociedade portuguesa se emancipar. Mas deu no que
deu: nacionalizações de bancos a lavandarias e, concomitantemente, a tutela do
Estado e o cutelo do Partido Comunista sobre os meios de comunicação social. Quem não se
lembra da censura imposta no Diário de Notícias pelo camarada José Saramago? Quem não se lembra do assalto ao diário socialista A Luta?
O 25 de Abril foi uma oportunidade
perdida. Mas não para todos: ganharam o dr. Cunhal e a União Soviética, a quem
foi entregue Angola por intermédio de Rosa Coutinho, na altura governador da
colónia, e de Agostinho Neto, presidente do MPLA. Consumada esta transacção, percebeu-se,
com a transparência da água da fonte, que o alvo principal da romântica
revolução dos cravos, conduzida por trás da cortina pelo dr. Cunhal, estava
cumprido: Angola era deles. Ainda hoje não coramos de vergonha.
Felizmente, o memorável 25 de
Novembro de 1975 pôs cobro ao PREC. Muitas
medidas foram revertidas. Mas faltava, para normalizar a situação, admitir a
direita na Cidade: devemos a Sá Carneiro, presidente do VI Governo Constitucional
(1980-1), a relegitimação da direita em Portugal. Custa a compreender, ao cabo de 45 anos
de democracia, o desprezo a que a direita democrática é votada, ao passo que a
extrema-esquerda, jacobina e bolchevique, se alçou ao estatuto de acólito
governamental do Partido Socialista. Este não enjeita o Partido Comunista, que
por puro oportunismo se finge democrático, fiado em que um dia a História há-de
amanhecer sem camponeses, nem capitalistas, nem classes médias falhas de
consciência de classe. O
governo ausculta o PCP e os sindicatos obedecem-lhe. O poder e influência do PC
devem-se ao controlo comunista da Intersindical. É respaldado por este poder
que o PCP está à vontade para chantagear o Governo de António Costa.
Dir-me-ão que Cavaco
Silva governou durante uma década. O seu principal apoio
residia na província e, em geral, nas classes médias-médias e baixa. Nos meios
das classes altas prevaleceu sempre um olhar de soslaio sobre o filho de um
gasolineiro que se doutorara em Economia numa universidade britânica e era
recebido pelos reis de Espanha. Durante
os dez anos em que foi primeiro-ministro, transformou num país europeu o que
não passava de uma aldeia saloia e primitiva acantonada no Oeste da Península
Ibérica. Porém, e em essência, Cavaco Silva foi sempre considerado um intruso
no regime – quer na governação, quer na Presidência. Desde o 25 de Abril, o Partido
Socialista governou Portugal, só ou em coligação, cerca de 28 anos; à direita couberam cerca de 17 anos. Quase
toda a comunicação social continua dominada pela esquerda, na oposição ou no
poder. A esquerda sempre considerou que o regime democrático lhe pertencia. Sousa Tavares
treme perante a possibilidade de um alargamento do voto dos emigrantes inquinar
as eleições com demasiados votos à direita! Em 45 anos de Democracia, a direita
não se conseguiu impor com boas maneiras e falinhas mansas. Vejo no Chega, precisamente pelo alarme que causa, um possível
pelotão da frente para abrir caminho a uma direita clássica, democrática e –
sobretudo – liberal.
A colonização do País pela
esquerda é um fenómeno bizarro e quase inexplicável. Rui Ramos
analisou os resultados das últimas eleições presidenciais, concluindo que o que
estas nos dizem é que “o País não é de
esquerda, que a persistente governação socialista não corresponde a nenhuma
sintonia com as doutrinas socialistas, mas a uma estrutura de poder”. (Observador, 29.1.2021)
Mas Rui Ramos diz mais: ”Só a estratégia do PS de criar
clientelas dependentes do Estado, associada à crescente abstenção, permite à
esquerda manter-se no governo [...]. O Estado é de esquerda, mas o País não é.”
(idem)
As democracias, e Portugal em particular, enfrentam hoje em dia
problemas que me parecem insolúveis. Portugal precisa de uma barrela de alto a baixo. Mas
como combinar reformismo e popularidade e ganhar eleições? O problema é geral, ou quase geral. Veja-se a França: irreformável. Raramente
na Europa se engendrou uma maneira de combinar popularidade com um executivo
liberal e democrático, mas forte. Grande parte da Europa tornou-se
ingovernável. Desde o final da II Grande Guerra até à crise
financeira e bancária de 2007-8, os povos têm-se tornado cada vez mais difíceis
de contentar. Porém, não se vislumbra nenhum modelo político-social
alternativo, nenhuma ideologia de substituição. O que a direita ou a esquerda
(salvo o Chega) têm para oferecer é sempre mais do mesmo.
O
mundo tem mudado vertiginosamente, mas as nossas ferramentas políticas
permanecem inalteradas. O “nosso modo de vida” ocidental, de que com toda a
razão nos orgulhávamos, está esgotado, mas nós não estamos preparados para
abdicar de direitos e privilégios acumulados ao longo de décadas. Mas mais
tarde ou mais cedo, e mais cedo do que tarde, teremos de renunciar a alguns
deles, a menos que um crescimento milagroso de 4 ou 5% ao ano nos permitisse
pelo menos adiar as reformas. Mas a Europa está praticamente
estagnada, que é precisamente a razão pela qual tanto precisamos de nos reformarmos
e adaptarmos a um mundo onde o Atlântico está a acabar. A civilização europeia atingiu o seu
twilight. O centro de gravidade da economia desloca-se para a Ásia, e os
oceanos agora interessantes são o Índico e o Pacífico. E já vamos tendo
muitíssimo que aprender com os chineses, que há uns 10-15 anos só sabiam copiar!
No que muita gente distraída
não repara é na flagrante coincidência entre o declínio económico e social da
Europa com o afundamento da sua criatividade intelectual e imaginação política. Desaparecidos Bloom, Steiner, Strauss ou Scruton, onde estão os grandes pensadores,
os grandes intelectuais do século XXI? E em Portugal, onde encontramos cabeças
que nos orientem? Portugal depende de um renascimento da Europa: culturalmente,
intelectualmente, economicamente. Portugal salva-se se a Europa se salvar.
Historiadora
TÓPICOS: OPINIÃO
HISTÓRIA EUROPA PORTUGAL DEMOCRACIA ESTADO CHEGA
COMENTÁRIOS:
Luís Pires INICIANTE: O fantasma de um Kaulza de Arriaga dorme com a
autora que, daqui a nada, poderá vociferar "Para Angola e em força!"
e sonhar com os régulos de Timor. Para historiadora (sic) tem a mentalidade de
um leitor assíduo do Luta Popular do camarada Arnaldo. Estamos a assistir, ao
vivo, a cores e com incredulidade, à alzeimerização de uma mente. Arrepia e faz
pena. JOSE DELGADO INICIANTE: _ Está visto que a autora preferiria que
Angola fosse nossa. Viana EXPERIENTE: Quando
é que apoiar um vigarista, apoiado no mais corrupto que existe em Portugal,
oferece mudança (positiva) relativamente ao que existe?! Para muito pior até
consigo imaginar... Nem sei como esta senhora sabe o que esses palhaços têm
para oferecer ao país, para além das suas tiradas trágico-cómicas, tendo em
conta que esconderam o seu programa. Ainda bem que acredita que a Direita é
maioritária no país! Negar a realidade é um passo essencial na auto-mutilação
da capacidade de a mudar. Continue em negação, agradecemos todos. E já agora,
tem medo do "politicamente correto"? Não?!| Então porque não se
assume como anti-Democracia? É óbvio o que pensa, com os seus elogios à China e
a frase "As democracias enfrentam hoje em dia problemas que me parecem
insolúveis.". Tst, tst, tst... Alexandre Pinto-Fernandes EXPERIENTE: Já li texto bem melhores de MFB. Chato e monótono sem
nada de novo. Como historiadora devia lembrar-se que ao somarmos o Condado
Portucalense são quase 1150 anos de Nação e país. Sempre com momentos altos e
baixos como é normal. Isabel F. EXPERIENTE: Quando se é intelectualmente velho, o mundo parece
velho e os mortos são os únicos modelos que se reconhecem. Este texto, com
pequenas adaptações, poderia ter sido escrito há século e meio, há um século.
Não é um diagnóstico, é uma visão de mundo. O decadentismo pode coincidir com
os mais criativos períodos da história, sem os conseguir ver. A autora só
lamenta os intelectuais mortos porque não lê realmente os vivos. Pensam e dizem
coisas diferentes. ramalheira63 INICIANTE: Já agora uma pergunta: O que pensam e dizem os vivos? rfp INICIANTE: estava
mesmo para dizer que esta cronista vive e respira num mundo que não o é. Vê o
que o seu espírito cria, inspira o ar que a própria exala. Mas sim, velhice
intelectual e decadentismo, é isso mesmo,
Nenhum comentário:
Postar um comentário