Contra as
demagogias dos pontos de vista dos bem-formados - segundo a convenção em uso -
se impõe a avisada escrita de Helena
Matos corroborada – ou não – pelos seus
muitos apoiantes, os de esquerda estrebuchando, como previsto…
Já não se pode confiar no povo /premium
Sousa Tavares alerta para riscos dos
emigrantes que “votam muito mais à direita”. Francisco Ramos a despropósito das
vacinas ataca os “11% ou 12%” que votaram Ventura. Já não se pode confiar no
povo.
HELENAMATOS
OBSERVADOR 31 jan
2021
O
bom povo é de esquerda. Ao comentar os resultados das eleições presidenciais Miguel
Sousa Tavares afirmou, com
aquela sintaxe entaramelada que o caracteriza, a propósito do voto dos
emigrantes: “Os poucos que votam, votam
sempre contra aquilo que é o sentido maioritário do voto dos portugueses que cá
estão. Nomeadamente, votam muito mais à direita, e ontem [Domingo] votaram
muito mais em André Ventura.”
Como
é habitual Miguel Sousa Tavares
fala muito e prepara-se pouco: os emigrantes não
“votam muito mais à direita” a não ser
que se entenda por votar “muito mais à direita” o voto no PSD e no próprio
PS cujos resultados eleitorais na emigração são expressivos, sobretudo no
círculo da Europa. A esta fantasia em torno de um voto “muito mais à
direita” por parte dos emigrantes juntou Miguel Sousa Tavares uma reflexão sobre o facilitar ou não do voto em
função do provável sentido de voto dos eleitores portugueses: “E a questão
política que se põe é o seguinte: se facilitarmos o voto todo dos emigrantes,
nomeadamente por correspondência, há ou não há o perigo de um dia nós podermos
eleger um Presidente da República que… Imagina que isto está taco a taco, mais
ou menos, e a balança pender para quem os emigrantes votaram… A balança pode acontecer… cair para o lado que os
portugueses que cá não vivem escolheram, e não os portugueses que cá vivem…”.
Nesta perspectiva o voto não é um
direito mas sim um prémio, um prémio que se concede ao povo que vota bem.
O destrato de quem não vota segundo
este conceito do bem torna-se norma: Francisco Ramos, o coordenador da task force da vacinação,
a propósito ou despropósito das tomas indevidas de vacinas não teve nada mais
apropriado para invocar que o “espírito vingativo” que associa “àqueles 11% ou
12%” que votaram na candidatura de André Ventura nas eleições
presidenciais em que por sinal ele, Francisco Ramos, foi apoiante destacado de
uma outra candidatura, a de Marisa Matias. Portugal república dos socialistas é isto: um país de
castas. Um país em que
o coordenador da task force da vacinação, o mesmo que há um mês não incluía as pessoas com mais
de 80 anos na primeira fase da vacinação e depois por pressão da UE se viu obrigado a mudar essa disposição,
insulta eleitores com a mesma ligeireza com que não deu explicações sobre as
sucessivas alterações do plano de vacinação.
O povo que se porta mal. Acreditam os pregadores do “Fique em casa” que
aquilo que mandam vir pelo take away e pelos estafetas nasce nos armazéns e nas
mochilas dos distribuidores? Se realmente ficássemos todos em casa íamos comer
e beber o quê? Viver de quê? O mundo do “Fique em casa” está cheio de gente
cujos rendimentos não foram beliscados pela pandemia e que não sabe nem quer
saber o que está acontecer no mundo do trabalho. Esse mundo para o qual se anunciam apoios que o
mundo do “Fique em casa” imagina rápidos e automáticos mas a que na prática não
se consegue aceder. Os últimos a viverem nesta espécie de
distopia são os jovens casais que tiveram o azar de ser colocados em teletrabalho. Como se sabe as empresas foram obrigadas a optar pelo
teletrabalho desde que tal fosse possível. Só que em seguida fecharam-se as
escolas e as creches. Com as crianças em casa, os
pais em teletrabalho deixaram de conseguir trabalhar. Terceiro acto desta
tragédia: são recusados apoios aos pais que já estavam em teletrabalho. Em conclusão, os pais de crianças
pequenas quando as creches fecharam ficaram sem poder trabalhar e privados de
qualquer apoio. Muitos ainda continuam a pagar as creches na esperança do dia
em que voltarão à rua… O mundo do “Fique em casa” ralha com o “povo que se
porta mal” e culpa-o pelas ambulâncias à porta dos hospitais e por ter
precisado de oxigénio no Amadora-Sintra.
O povo que não percebe. O povo que não percebe coexiste com o povo soberano.
Este último é chamado à cena quando se tem a certeza que o seu voto vai
consagrar a narrativa do progressismo. Caso
contrário o voto popular passa ao estatuto de populismo. Assim se
explica que o mesmo país que votou duas vezes o aborto veja agora os
seus parlamentares aprovarem a eutanásia. Os senhores deputados, aqueles
que mandam fechar restaurantes e mantêm o restaurante da Assembleia a
funcionar, entenderam que os portugueses não precisavam de discutir mais a
eutanásia e decidiram por nós. Decidiram-no numa semana em que muitos portugueses
morreram sem a assistência que mereciam, sem os tratamentos que acreditavam ir
ter sempre disponíveis, sem a presença de familiares. Entretanto
espera-se que o Presidente após profunda sessão de aritmética decida se veta ou
não veta. Afinal em Portugal todo
o absurdo é normalizado, toda a incompetência rasurada e toda a prepotência
legitimada desde que se esteja do lado certo. Veja-se o
sucedido com a decisão do Tribunal
Constitucional de dispensar
os membros do Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC) de apresentar a
declaração de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e
impedimentos. Acreditaria
o povo que os membros de um organismo que visa prevenir a corrupção deveriam
disponibilizar essa informação. Ora não foi esse o entendimento
do Tribunal Constitucional que alega que o Conselho
de Prevenção da Corrupção (CPC) é sobretudo um órgão consultivo e
também não foi esse o entendimento de José Tavares, o novo presidente do Tribunal de Contas e, por
inerência, também presidente do dito Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC). Para José Tavares, a
“generalidade” dos
membros deste conselho já estão obrigados a apresentar estas declarações nos
outros cargos que desempenham. E aqueles que não fazem parte da generalidade?
Aliás quantos membros são necessários para formar a “generalidade”?
O povo às vezes cansa-se. Gostaria de recordar à direita portuguesa que tão
entretida anda nos seus jogos florais entre o Adolfo, o Carlos, o Francisco, o
Nuno… que as sondagens em França começam a
apresentar como possível a vitória de Marine Le Pen na
segunda volta das presidenciais que vão ter lugar em 2022. Sim,
estão a perceber bem, Marine Le Pen aquela com quem a direita não negociava, não reunia,
não falava… pode ganhar as próximas presidenciais francesas. Agora
é ela que não precisa dos gaullistas, dos conservadores, dos centristas.
Percebem
ou é preciso fazer um desenho? O
povo às vezes cansa-se de tanto tacticismo, de tanta estratégia, de tanto calculo…
e perante um quotidiano que endurece (os franceses declaram que se asselvaja)
dá o seu voto a quem lhe fala da sua vida. Se abandonarem o eixo que vai da
Estrela à SIC e das Avenidas ao PÚBLICO talvez comecem a ver melhor.
CRÓNICA OBSERVADOR POLÍTICA JORNALISMO MEDIA SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
Cruzeiro O
Verdadeiro: O Bom Povo é de esquerda, que vergonha quem se atreve a desmentir o
presidente Ventura presidente única e exclusivamente de todos os bons
Portugueses. Respeitem por favor estas
sábias palavras manuel soares
Martins: Convém não embarcar em ilusões, Helena.
Sondagens em França que admitem a vitória de Marine Le Pen na 2ª volta só podem
ser fabricadas para advertir do "perigo" e reunir as hostes contra o
inimigo comum. O ideal de qualquer candidato é ir à 2ª volta contra Marine - é
dinheiro em caixa. Andrade QB: Penso que foi nesses comentários que Sousa Tavares, para reforçar a sua oposição
a quem defende que esses votos não significam necessariamente partilha das
ideias mais radicais dos candidatos, também chamou de gentalha os 75 milhões
de americanos que votaram em Trump e o meio milhão que votou em André Ventura.
Uma conclusão tão fundamentada como dizer que todos que gostam de uns copos
dizem asneiras deste calibre ou defendem a selecção prévia dos eleitores, coisa
que nunca ouvi dizer a Trump ou a Ventura. Joaquim
Moreira: Aqui está mais
uma reflexão que merece a minha total aprovação. Na verdade, o povo é o que
se queira, ou o que querem os grandes fazedores da asneira. Mais
conhecidos por fazedores de opinião, que mais não são do que defensores da
esquerda em primeira ou em segunda mão. Não é por
acaso que Helena Matos organizou esta crónica em quatro parágrafos eloquentes,
para definir cada um deste tipo de inteligentes: O bom povo é de esquerda. O povo que se porta mal. O
povo que não percebe. O povo às vezes cansa-se. O que me permite concluir que temos mesmo que agir. Não por sermos
apelidados de esquerda ou de direita, mas por estarmos fartos de ver crescer
esta seita. De uma série de tipos que se julgam inteligentes, que mais não são
do que indigentes. E que, se não forem denunciados, vão ajudar a deixar
Portugal em bocados. Por se assumirem como verdadeiros moços de recados! Sofia
Liberdade: Um fique em casa das aparências,
um país que não gosta das suas crianças e lhes tirou não só a sua educação,
como as suas necessidades de socialização, saúde física, mental e
lazer. O fique em casa a teletrabalhar com os bebés de creche sem
contrapartidas custa-me no entanto menos do que ver pessoas há um ano sem poder
trabalhar no seu negócio devido ao fique em casa das aparências que nada
resolve. Da
Costa: Parabéns, retrato bastante fiel da corja
que empurra parte do povo para extremismos
Martelo de Belem: Excelente
artigo. Infelizmente a verdade crua e nua nunca vinga em Portugal e as pessoas
preferem acreditar na virgem (raro sujeito onde posso ser comunista). O evidente
para o português médio tipo Miguel ST não o é. Sabe que os emigrantes em muito sabem mais
que os nacionais, são mais esclarecidos e alimentam os nacionais desde há
décadas? Não, porque como medíocre vive do Estado. Manuel Pereira: Nem sempre de acordo mas sempre a ler pela procura de
uma crónica séria, PARABÉNS, Helena Matos, por este ARTIGO CLARO e CERTEIRO. Artur Parracho: O comentário de Miguel ST é
lamentável para não dizer que envergonha todos os Portugueses, os emigrantes
que tanto contribuem para a riqueza do País, que nunca esquecem Portugal,
verem-se rotulados de "perigosos votantes" . Helena Matos, assertiva como sempre e a incomodar muita gente.
Parabéns !!! Ashley
Albuquerque: Na minha opinião, o facto de MST dizer
que não se deve facilitar o voto de uma camada vasta (e mesmo que só um fosse!)
de cidadãos portugueses é gravíssimo. O sentimento de impunidade com que afirma
tal aberração antidemocrática e, porque não dizê-lo, fascista, diz muito dos
tempos em que vivemos em que à direita tudo é radical e à esquerda qualquer
alarvidade se permite. Mesmo o facto de não lhe convir pessoalmente nem ao seu
compadre que a direita chegue ao poder o devia coibir de proferir tais
alarvidades. Luis
Teixeira-Pinto > Ashley Albuquerque: Inteiramente de acordo. Aqui a Direita e os nossos
honrados emigrantes funcionam, para o MST, como lavandaria para outros
"negócios" e "interesses". É preciso desviar atenções,
claro, não vá a Direita ganhar e exigir seriedade na Justiça. pedro dragone: Quando há pouco mais de um ano surgiu a polémica sobre
os critérios de atribuição da nacionalidade Portuguesa a descendentes de Judeus
Sefarditas expulsos de Portugal, o elitista e burguesola Tavares usou o
mesmíssimo argumentário que a agora utiliza contra o voto dos emigrantes:
facilitar a nacionalidade a "essa gente", dizia, poderia um dia levar
a que os seus votos influenciassem a vida do País sem nunca cá residirem. Se a
isto juntarmos a campanha que fez contra os turistas por, como também dizia,
"virem perturbar a paz de quem (como ele) mora em Lisboa", então
ficamos com uma leve sensação de tiques xenófobos. Logo num indivíduo tão lesto
a demarcar-se da dita extrema-direita xenófoba. (Mas não sente vergonha de
estar ao lado da dita extrema-direita na defesa das touradas, ora porque é
caçador...). A insinuação de que "não há problema" que os emigrantes
não votem porque normalmente votam à direita é simplesmente deplorável! Obviamente que as palavras do coordenador da "Faz
que Torce" da vacinação, Francisco
Ramos, são igualmente deploráveis e
descabidas: deploráveis porque todos os votantes e todos os votos, sejam em quem
for, são igualmente dignos. Descabidas porque não pode e não deve usar a função
que desempenha para expressar opiniões políticas, sejam de que natureza for. Paulo Guerra: Mais uma coluna de opinião no Obs a tentar dar gaz ao
Chega. Já a HM nem no
meio de uma pandemia consegue arranjar verdadeiros argumentos para a discussão
política. O papão da Marine à frente das sondagens em França. Que depois do
estardalhaço todo da queda do Trumpas já deve ser a melhor amiga da HM. A
Frente Nacional está quase sempre à frente das sondagens nesta fase do
calendário político. Com crise ou sem crise até. Quando ainda nem se conhecem
outros candidatos porque nem a recandidatura de Macron é ainda dada como certa.
Já o facto de a FN também ter sido castigada nas últimas autárquicas não releva
nada. Contudo e como até a HM deve saber ainda muita água vai
correr por baixo das pontes do Sena. E excepto talvez as sondagem em Portugal -
daqui a necessidade da HM ir até França esta semana - gerir uma pandemia e uma
crise económico-social ao mesmo tempo passa sempre uma determinada factura de
impopularidade seja a quem estiver no Governo. De um Macron muito isolado, ao
resto do Mundo. Onde não deve existir talvez um único governo muito popular.
Mas o que era da coluna da HM semanal no Obs sem os condimentos mais
costumeiros como a demagogia e o populismo? Não era a mesma coisa. Quanto às únicas vidas que sempre interessaram
verdadeiramente à Marine Le Pen foram as vidas dos Le Pen. Que escangalharam a
cabecinha toda da pobre Marine. E por esta ordem. Primeiro a Mãe que abandonou
o pai e com umas certas libertinagens - como gosta de lembrar a Marine - a
enviou directamente para os braços do Pai e da FN. Pauvre Mademoiselle. E
depois o Pai, a quem a própria Marine já tratou da vidinha. De resto, são os sound bites habituais da
extrema-direita e neste caso da FN em França. Mais estado, menos imigrantes,
menos impostos, menos água, luz e gaz e mais dinheiro a rodos para todos os
franceses. Que nem precisam de sair de casa. Basta acordarem e abrirem a
mesinha de cabeceira de manhã. Uma verdadeira história da carochinha como a HM
sempre gostou muito de ouvir. Quase ao nível da grande obra de HM sobre os três
pastorinhos de Fátima. Manuel
DiasPaulo Guerra: A
Helena Matos se de alguma coisa não poder acusada é de demagogia e populismo.
Quem fala de factos e os mostra de uma forma clara e concisa será sempre
criticada por gente cheia de complexos e distúrbios ideológicos. O Senhor
Guerra acha que não é demagogo e populista quando considera que os extremistas
que votaram no Ventura são diferentes dos extremistas que votaram na Marisa e
João Ferreira. A tontice dos demagogos leva-os a afirmar isto, a HM não diz NIM
ou diz SIM ou diz NÃO e isso dói aos parolos. José Afonso: Mais
um lúcido e esclarecedor artigo. Obrigado.
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