Uns são a favor, outros contra Alberto Gonçalves - como sempre,
brilhante de perícia
expositiva, numa acuidade de observação que, embora nitidamente vergada pela
aversão – tanto ao poder que governa, como à submissão dos por ele governados –
não aceita pura e simplesmente as decisões catastróficas desse governo, talvez
só “aparentemente” convicto das suas
razões em mandar confinar. De facto, e é isto o que penso, se António
Costa
e Cia afirma tanto o preocupar uma pandemia mortífera, zeloso que é pela vida
dos cidadãos, e é por isso que manda encerrar o país - enfim, não todo,
todavia, como se sabe - como se entende que aceite sem pejo uma despenalização
da eutanásia, como lei sucedânea a um ano de flutuações no confinamento, e hoje
mais feroz que nunca? Julgo que Alberto Gonçalves é não só
brilhante na exposição da sua tese, como tem toda a razão nos seus argumentos
de indignação, sobre uma passividade que o medo conduz – quanto mais não seja,
medo das multas… Entretanto, repito Pessoa: “Na sombra, Cleópatra jaz morta.” Verdadeiramente
assustador.
Maior é o perigo onde maior é o medo /premium
É facílimo mostrar que exemplos de
restrições à liberdade muito inferiores levaram a resultados similares,
melhores ou muito melhores em contágios e mortos (da Suécia à Dinamarca, da
Flórida a Madrid)
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador OBSERVADOR27
fev 2021
O
único “argumento” dos “confinamentistas” é o medo. O medo fechou-lhes as cabeças à realidade, aos
factos, a um soprozinho de dúvida, até. Mas eles não chamam medo ao medo:
chamam-lhe ciência. O engraçado, se conseguirmos encontrar piada em
alucinações colectivas, é que a “ciência” em questão tem muito pouco de
científica. Na verdade, resume-se à informação tosca e aldrabada que uns
estagiários de jornalismo difundem nos telejornais e à opinião de
“especialistas”, no caso sujeitos conhecidos por nunca acertarem nas previsões
e acertarem sempre naquilo que o governo quer ouvir.
O
medo, ou a “ciência” (não se riam, por favor, que isto é patológico), tolheu as
pessoas de tal maneira que lhes é absolutamente impossível abdicar das suas
certezas, ou no mínimo abalá-las um pedacinho. É facílimo
demonstrar, porque é verdade, que o
Natal pouco teve a ver com o apogeu de infectados mais de um mês depois (a
menos que o grau de virulência andasse entorpecido com as compotas natalícias). É facílimo demonstrar, porque é
verdade, que o número de casos diários de
Covid começou a cair antes de as medidas do confinamento terem produzido
efeitos (a menos que a clausura possua faculdades retroactivas). É facílimo demonstrar, porque é
verdade, que exemplos de restrições à
liberdade muito inferiores levaram a resultados similares, melhores ou muito
melhores em matéria de contágios e mortos (da Suécia à Dinamarca, da Flórida a
Madrid). É facílimo demonstrar, porque é verdade, que, ainda que o confinamento fosse a única
“solução”, o respectivo custo é intolerável nuns países e suportável noutros
(por regra, os que não são tão exóticos ou socialistas).
Estranhamente,
não vale a pena. Incontestável ou intrigante que seja, nenhuma informação
“heterodoxa” penetra o cocuruto daqueles que, aterrorizados, se fecharam em
casa por tempo indeterminado. Note-se que não falo dos empregaditos a soldo
do poder. Nem dos devotos do PS. Nem dos calões com salário garantido enquanto
contemplam as misérias da Netflix ou vagueiam no supermercado. Nem dos cretinos
que recomendam prisão domiciliária para todos excepto para eles. Estes obedecem
a ordens ou à fé ou à preguiça ou à hipocrisia, o que de algum modo é racional.
Irracional é interromper a vida por
causa de um vírus que, sozinho, não causa uma fracção dos danos mentais,
sociais, económicos e sanitários causados pelo medo.
De
onde vem o medo? Parece
que da amígdala cerebelosa. E sobretudo dos noticiários que, reverentes para
com o governo, teimam em condicionar comportamentos em vez de fazer jornalismo. E porque é que interessa ao governo a difusão do medo? Em primeiro
lugar, porque é um apetite que corre no sangue dos medíocres:
para o bem e para o mal, líderes a sério empolgam as massas; líderes de
fancaria tendem a enxovalhá-las. Em segundo
lugar, porque trancar à bruta a população
saudável é mais simples do que proteger velhos e doentes, testar, rastrear,
isolar sintomáticos, em suma executar tarefas excessivamente complexas para os
laparotos que nos pastoreiam. Em terceiro
lugar, porque um eleitorado obsessivamente
angustiado com a Covid deixa o caminho livre aos maiores infames e às maiores
infâmias, do “investimento” na TAP ao preço dos combustíveis, das expropriações
francas ao controlo da internet, das trapaças na Justiça ao pandemónio no
ensino, do saque fiscal ao regabofe da
“bazuca”, dos abusos do cidadão aos atropelamentos da outrora sacrossanta
Constituição. Por fim, porque nenhum socialista autêntico desperdiçaria a
oportunidade de aumentar a dependência do Estado a “pretexto” da famosa
pandemia.
Na
ausência deste desvairado medo, sociedade nenhuma deixaria
impunes governantes do gabarito dos nossos, candidatos a ser corridos por
inépcia e julgados por crimes de gravidade sortida. Na presença do medo, a sociedade renuncia ao lazer, ao
espaço público, ao contacto com familiares e amigos, àquilo que afinal define
homens e mulheres inteiros, por contraponto a serventes voluntários, em fila
para se entregarem aos seus carrascos, aos quais tudo permitem. É uma situação favorável a “autoridades” sem
escrúpulos. Não admira que as “autoridades” alimentem o medo, e o
mantenham vivo através de incessantes ameaças: as festas, os ajuntamentos, as
estirpes, as vagas, as curvas, os índices e o diabo a quatro ou a cinco, numa
espiral de loucura geral que só terminará no mítico dia em que os portugueses
deixem de morrer “de” ou “com” Covid – mítico no sentido de imaginário, ou de um
gigantesco logro.
É verdade que o governo, sob o
baixíssimo patrocínio de Sua Excelência, o Presidente da República Popular,
trata os cidadãos como crianças. Porém,
é o dilema do ovo e da galinha: os cidadãos querem um tratamento assim.
Aterrorizados com as lendas do Papão, imploram ao governo por protecção. Um
erro básico, um erro trágico. Mesmo
que a protecção existisse (não existe), os cidadãos não
precisam de que o governo os proteja: precisam de ser protegidos do governo,
tarefa que não compete a ninguém excepto aos próprios. Até ao momento em que
será demasiado tarde, e a subjugação demasiado brutal para recuar. Se insistem
em ter medo, tenham medo disso.
PANDEMIA SAÚDE
COMENTÁRIOS:
josé maria: A desonestidade intelectual do Dr. Gonçalves não tem limites. Omite
descaradamente que a Suécia da 2ª vaga é radicalmente diferente da 1ª.Esta
apostou na tonteria da imunidade de grupo a partir dos infectados, mas, depois
de reconhecer o seu erro, alterou completamente a sua política insana,
introduziu fortes restrições na movimentação dos seus cidadãos e chegou a
fechar as escolas. Mas, para o Dr. Gonçalves, não interessa comparar a Suécia
da 2ª fase com o Portugal da mesma fase, que ele tanto incentivou. É o despudor
sem limites, a forma mais intelectualmente desonesta, contraditória e
desavergonhada de comparar o incomparável. No fundo, aquilo que o Dr. Gonçalves
está a dizer é isto: "olhem para o
modelo da Suécia da 2ª vaga, mas não defendam a Suécia da 1ª vaga, como sempre
defendi". Já agora, porque é que o Dr. Gonçalves não compara os
resultados da Suécia com os resultados, incomparavelmente melhores, dos
restantes países nórdicos ? Porque iria estragar o seu discurso demagógico e
estruturalmente hipócrita. É preciso ter um carácter muito especial para se
descer tão baixo. Só mesmo um pateta consegue defender a estulta tese de que os
países, que não confinaram, obtiveram melhores resultados do que aqueles que
confinaram. David
Pereira: Excelente texto.
O dilúvio diário de notícias só leva ao pânico e ao medo que impede as pessoas
de manterem a cabeça fria e leva a um efeito de manada em que ninguém reflecte
em alternativas. “Se todos pensam da mesma forma, então alguém não está a pensar.” George
Patton Laurentino
Cerdeira: Cada vez mais de
acordo com as ideias clarividentes e excelentes textos de Alberto Gonçalves! Rita Salgado: Completamente de acordo com o
que diz! O frio do mês de Janeiro e a total e completa desadequação e
impreparação do SNS e da DGS foram os grandes responsáveis pelo que se passou. Mas
convém ter o povo amansado para estarem à vontadinha! Ricardo Nuno: Nunca é demais recordar a
solução proposta por Alberto Gonçalves numa das suas Ideias Feitas.
Parafraseando: 'quem tiver medo do vírus que fique fechado em casa, sem direito
a salário e a apoios sociais; quem precisar de sair para ganhar dinheiro que vá
trabalhar.' Portanto, é este grande humanista que agora aparece aqui a zelar
pelas nossas liberdades individuais (mais precisamente, a liberdade do vais
trabalhar e apanhar o vírus porque não tens outro remédio). Carlos Castro: Não precisamos de mais
Salazares. Precisamos de mais Albertos Gonçalves. Aplauso! Zapf Dingbats: Ultimamente o Alberto anda com
umas ideias esquisitas. O país pode ter muitos defeitos, mas por enquanto é um
sítio em que um tipo com formação em "ciências moles" e evidentes
lacunas matemáticas pode escarnecer de especialistas em ciências a sério, sem
consequências. Infelizmente, nisso não se distingue de outros grandes vultos do pensamento
português como B.S. Santos e a dona Varela, o que me dá pena. Talvez devesse
haver uma lei Dunning-Kruger para acalmar estas pessoas. Por outro lado, se acha mesmo
que “a sociedade renuncia ao lazer, ao
espaço público, ao contacto com familiares e amigos” – eh pá, quem não
anda a sair nadinha nadinha de casa é o Alberto. João Porrete > Zapf Dingbats: Se calhar é melhor pôr os cientistas "duros"
a discorrer sobre a vida em sociedade... O Einstein tentou e fez uma figura
tristíssima. Mal por mal venha de lá quem sabe escrever em português e apanhe
os tiques das sociedades modernas. Joaquim Moreira: Não posso deixar de admirar
este combate de Alberto Gonçalves a esta sociedade larvar! Que vive numa
democracia como numa qualquer ditadura viveria. E convém dizer, sem medo de
errar, que o medo é um perigo pior do que se possa pensar. Desde logo, porque
também está instalado, no profissional da saúde, que era suposto estar
preparado. Até porque a pandemia é uma epidemia de âmbito alargado. E, era
suposto, que qualquer profissional de saúde devia estar preparado. Mas, foi
exactamente o contrário que ficou provado. Ou seja, o SNS, mais do que falido
estava e está em muito mau estado. Também exactamente ao contrário do que tem
sido propagandeado. Portanto, é muito natural que o medo esteja completamente
instalado. Tanto mais que a CS se presta a espalhar o medo a todo o momento e
por todo no lado. Neste cenário, superiormente orientado, e num povo já antes estava
completamente anestesiado, foi muito fácil que o medo se tivesse instalado.
Sobretudo nos que fazem parte do povo privilegiado. Que pode estar arrecadado,
por ter todas as condições e inteiro, o ordenado. Enquanto que os do costume
têm que trabalhar para que esses possam estar em casa a descansar. E, para quem
o medo nem tempo tem para se instalar. Tudo isto é bem revelador desta
sociedade larvar. A quem este desgoverno socialista só pode estar a agradar.
Pudera! Descansam e ganham sem trabalhar! Mario Nunes: Muito bom. Subscrevo
integralmente. O problema é que as pessoas acreditam que viver em democracia é
de 4 em 4 anos irem depositar uma folha de papel numa urna. Isso é o folclore.
Democracia começa por instituir um Estado de Direito. Onde é que ele está?
Fico-me por aqui. Radykal
Chic: “trancar à bruta a população saudável é mais
simples do que proteger velhos e doentes, testar, rastrear, isolar
sintomáticos, em suma executar tarefas excessivamente complexas para os
laparotos que nos pastoreiam” Chapeau!!! Uma perfeita síntese do que é o efeito
pandémico neste Portugal de hoje... E estão lá todos, (des)governantes e
(des)governados... Gustavo
Lopes: Caro AG: O
problema não é a pandemia, nem o medo, nem nenhum dos argumentos que por aí
usa, e que escritos com a sua pena refinada, parecem os mais sólidos que
existem. O problema (que sempre aflorou e bem) é termos uma economia baseada em
coisas supérfluas e instáveis (leia-se turismo), fomentadas pelo estado até ao
extremo, e que ao mínimo imprevisto caem tipo castelo de cartas... E termos um
estado gigante, cheio de gorduras estruturais, sem dinheiro para mandar cantar
um cego (ou os cegos todos que votam no socialismo), e que depois não tem
dinheiro para ajudar os cidadãos quando eles realmente precisam. A pandemia (ou seja, o
instável, o acidente, o inesperado) só veio expor a fragilidade da nossa
sociedade e do nosso modelo económico. Quem vive sem pensar nestas
possibilidades, tropeça nestas alturas, e depois "ó Tio, ó Tio!!!"
Querer que se deixe morrer só
para que outros (os saudáveis) não tenham dificuldades parece-me extremamente
redutor! E se ainda não percebeu o que significa Pandemia em termos sanitários
e de cuidados de saúde, sobretudo em termos quantitativos, então não dá para
conversar consigo! João
Porrete > Gustavo Lopes: Economicamente parece-me um mau argumento. O turismo é
uma indústria como outra qualquer. Se calhar a indústria automóvel alemã também
vai para o galheiro porque investiram pouco em carros eléctricos. (Pessoalmente
acho que vão dar a volta mas para o argumento tanto faz.) Quem tem que ver onde
estão as oportunidades de fazer dinheiro são os empresários. E discordo de que
os governos tenham encorajado assim tanto o turismo. Recentemente já havia a
história da "gentrificação" e outros supostos males associados ao
turismo. Acho que na recuperação o turismo nos vai ajudar muito. bento guerra: Trata-se de conter um vírus
pelo corte dos contactos e não por terapêuticas. Esta é uma doença politica e social, que mata os
velhos e atira pessoas mais novas, para hospitais desorganizados, em que desde
o vírus às vacinas, há um comando global. Vítimas, os que vão perder empregos, os
países mais fracos e a lucidez das massas. Políticos e beneficiários do
"partido-Estado" passam incólumes. A comunicação social faz parte do
esquema, dependente que está de subsídios. F. B: "Ouve o que eu te digo, Vou-te contar um segredo,
É muito lucrativo que o mundo tenha medo, Medo da gripe, São mais uns
medicamentos, Vem outra estirpe reforçar os dividendos, "João Ruas /
Capicua Zé Ninguém: Mais uma vez na mouche. AG é dos pouquíssimos jornalistas que se podem ler.
Demos o poder absoluto aos políticos. Alguém acha que eles alguma vez vão abrir
mão disso? Esqueçam! Adelino
Lopes: Porquê o medo? É muito fácil. Não sou
especialista, mas pelo que li, aqui vai. O medo tem
origem (exactamente) no desconhecido, na ignorância, na falta de cultura. Se o intervalo de tempo em que se gera o medo for de curta duração, a
adrenalina responde. Se for de longa duração (bastam algumas horas), a
adrenalina acaba-se, e o corpo não tem resposta alternativa à solidão, seguida
de depressão. Nesse contexto, todas as defesas do corpo diminuem, incluindo a protecção
do sistema imunitário tão necessária para nos protegerem dos malefícios dos
vírus. E portanto, sim é verdade, quem não se conseguir proteger da depressão
vai sofrer mais (eventualmente morrer) caso contacte com um novo vírus mais
agressivo. Mas, para além deste parâmetro,
existe outro, que o AG aflora sem o referir: o conforto térmico. A falta de conforto térmico é
responsável pelo enfraquecimento das defesas do corpo. É por isso que o
influenza matava ~3500 pessoas por inverno, apesar da vacina. E portanto, porque é que o
confinamento a que estamos sujeitos é estúpido? Exactamente porque não
considera a ciência; porque ignora diversos parâmetros muito importantes. Ou
talvez porque ache que tudo o resto se deve submeter à política. Maria Nunes: Desde o início que o governo
devia ter tomado medidas mais drásticas, como por exemplo fazer testes às
pessoas que vinham via aérea de outros países. Andaram sempre a remediar em vez
de prevenir. Compreendo que AG queira chamar a atenção para o facto de, cada
vez mais, o governo ditatorial tomar medidas que restringem a nossa liberdade.
Como os portugueses têm tendência para serem um bando de carneiros, está à
vista o futuro deste povo. O medo está instalado, as tvs obsessivamente
transmitem imagens que assustam as pessoas. Isto aliado à incompetência dos
pseudo jornalistas é um caldo de cultura para se manipular todo um povo. Zé Ninguém > Maria Nunes: E tornar o país num campo de concentração gigante. Tristeza Pakivai: E é facílimo encontrar exemplos de exactamente o
contrário, e mesmo alguns exemplos que refere num dado momento do curso da
pandemia foram maus exemplos. Esta persistência de AG em desvalorizar a
pandemia e em ser contra as únicas medidas que comprovadamente a controlam em
Portugal está presente desde o dia 1 da chegada do vírus ao nosso país, por
isso escusa de se tentar suportar com exemplos de onde quer seja. Zé Sousa: Brilhante AG. Obrigado pela
crónica e lucidez da mesma.
Paulo Cardoso: AG. Sou um apreciador dos seus artigos, do seu raciocínio
e da sua acutilância. Este artigo é mais uma boa peça com que nos brinda, em
particular tudo o que se segue ao 3.º parágrafo (incluído). Sou também um
daqueles que não se deixa atemorizar pelo vírus, considerando que toda a
estratégia de combate e mitigação tem estado menos certa. No entanto, não será
assim tão “facílimo demonstrar” algumas das afirmações que fez nos 1.º e 2.º
parágrafos. Penso que, instado a fazê-lo, o AG ficaria em maus lençóis. Não se
descredibilize, caso contrário corre o risco de ficar muito parecido com
aqueles que combate. JB Dias: Fantástico como por aqui
continuam aqueles que são, pelos vistos, incapazes de interpretar o que lêem -
será que efectivamente irão para lá das "gordas"? - e de desenvolver
raciocínios suportados em FACTOS. E até que seria muito fácil porque os factos
são factos e é inteira verdade que o número de testes positivos e de mortes já
crescia muito antes do Natal e começou a cair antes do último confinamento ....
e que os números na Suécia são melhores que os que por cá se foram, e vão, vendo! Eduardo
Pinto Leite Brutal! Uma
descrição e explicação apuradíssima do que está a passar. Todos os dias me pergunto como é possível não ver reacções
populares a este embuste? E o problema é que, com algumas honrosas excepções,
isto se passa em vários outros países. O povo entrega-se sem condições ao
autoritarismo dos governos. O maior embuste de sempre! Carlos Quartel: Alguma virtude tem o autor: A
persistência, pelo menos. Decidiu que o confinamento é disparate e apregoa-o todos os sábados, hoje
com o argumento -estrela que toda a ciência, ou pelo menos toda a ciência
nacional, passa por pobres diabos que
dizem o que o governo ter ouvir. Não o comovem os 5000 mortos de Janeiro, nem o
convencem os números a baixar desde o último confinamento. O mal é que está a comprometer
toda a sua credibilidade o que, num cronista, é muito grave. Se neste assunto
funciona por teimosia, que crédito lhe podemos dar, quando abordar outro
qualquer tema ??? Eduardo Pinto Leite > Carlos Quartel: Só para esclarecer: não foi o
AG que decidiu que o confinamento é disparate. Foi mesmo a observação e o
estudo da evidência que a realidade nos dá. Há casos como a Florida vs a
California que o provam indubitavelmente. Mas também há estudos verdadeiramente
científicos e de autores conceituados ex Ioannidis que chegam à mesma
conclusão; e muitos outros. O problema é que isto os telejornais não dizem. Qq
questão disponha.
Zé Ninguém > Carlos Quartel: As únicas pessoas que defendem
o confinamento são pessoas como você que estão refasteladas em casa, radiantes
por não trabalhar enquanto lhes cai o ordenado inteirinho na conta. Não é o meu
caso nem de milhões de outros. FME: Costa é um artista, ponto! Mas na verdade, Costa, desde o
início (Março 20) que nunca quis confinar totalmente. Nunca quis suspender a actividade
económica. Foi criticado por isso mesmo. Pior foi o PR. Talvez pelo conhecido
pavor à doença, e por ter pouco a perder - nem casa própria tem - Marcelo é um
confinamentista. Ainda agora, Marcelo quer confinar até depois da Páscoa (deste
ano, creio), e Costa quer começar a desconfinar. O confinamento é um argumento
político. Aliás, dificilmente poderia ser entendido de outra forma. E nesta
leitura, caso a direita estivesse no poder, a coisa não seria muito diferente,
bem, não teríamos Cabrita, Temido e a DGS faria alguma resistência, mas de
resto seria praticamente igual. Quanto ao jornalismo, o medo é muito mais vendável que
o racional. A Suécia (da qual agora não se pode falar porque já temos mais 3500
óbitos Covid do que eles, e que ainda por cima tem a economia aberta e não usam
máscara) foi sempre o nosso melhor exemplo para fazer diferente. Tinham uma
estratégia condenável que justificava o nosso confinamento. O nosso jornalismo
explorou a Suécia e o medo que os suecos enfrentavam por não terem confinado. O
jornalismo foi o vínculo para o medo. As pessoas ficaram com medo, e o
confinamento era a nossa salvação e votos garantidos em urna. FME FME:
Hoje, morrerem 3000 portugueses
de gripe como aconteceu em 2019 já não é
aceitável, portanto, com Covid ou sem Covid o confinamento e as máscaras vieram
para ficar. Se o nosso SNS for eficaz (o que não é; dito pelo pessoal que lá
trabalha) pode ser que consigamos escapar a grandes confinamentos no inverno,
caso contrário, confinar no inverno será o novo normal. pereira b: Nesta questão o AG parece um bloquista enraivecido,
passe a redundância. A realidade é uma chatice. Suscita dúvidas e obviedades.
AG não tem nem umas nem outras, apenas certezas, e um desconhecimento da vida
real só equiparável ao do governo. André Ondine: A pandemia afastou-me de
Alberto Gonçalves. Sempre gostei muito de o ler e deliciei-me muitas vezes com
o humor e a ironia com que retratava o regime que lamentavelmente nasceu com a
usurpação do poder por parte do Habilidoso. Ainda hoje, Alberto Gonçalves é, na
minha opinião, aquele que melhor retrata a desgraça e os desgraçados que nos
calharam em sorte. Ninguém topa Marcelo, Costa e os seus acólitos como AG.
Mas não me
identifico com a sua visão, que me parece quase obsessiva, sobre a gestão da
pandemia. Não tenho certezas de nada. As dúvidas são muitas. Mas esta cruzada
de AG contra todas as medidas tomadas até agora parece-me totalmente inadequada
e até um pouco fanática. É óbvio que as medidas restritivas e o confinamento são terríveis. Têm
consequências dramáticas. Mas parece-me evidente que são um mal menor e que
permitem limitar males muito maiores. Este confinamento não mostra
resultados evidentes? Mostra, sem dúvida. Como estaríamos se não o tivéssemos
feito? Claro que o bando do Habilidoso delapidou o Estado Social e as
consequências desta pandemia em Portugal (nomeadamente na saúde e na educação)
são trágicas e poderiam ter sido limitadas, se os anos anteriores não tivessem
sido tão “cativados”. Mas essa é a realidade que temos. Cativou-se como
nunca. Delapidou-se o Estado como nunca. Continua a delapidar-se, de Centeno
para Leão. Mas esse é o nosso cenário real. E é perante este Estado degradado e
degradante que temos que actuar. Parece-me evidente que restrições limitaram,
efectivamente, as mortes, que estão a diminuir. Não se trata de rotular os
“confinamistas” como medricas e os “negacionistas” como temerários heróicos.
Trata-se de procurar alguma sensatez e equilíbrio e, perante as dúvidas e a
ignorância natural sobre um fenómeno novo, ouvir quem sabe e procurar respeitar
esse saber. E, aqui e lá fora, parece-me que as medidas restritivas foram
defendidas como necessárias e urgentes. E é um facto que os resultados estão a
surgir. Faz falta moderação no debate e no comentário político. E julgo que na
questão da pandemia, a visão de AG é extremista. Tão extremista quanto aqueles
irresponsáveis que ele retrata tão bem.
Gustavo Lopes > André Ondine: Caro André: subscrevo tudo, literalmente TUDO, o que
escreveu. E não imagina a tristeza que foi perceber que neste tema da pandemia o
pensamento do AG é diametralmente oposto do meu, e com um nível, como diz e
bem, similar (embora oposto) dos extremistas que ele descreve. Deixou de ser um
prazer acordar ao sábado e tomar o pequeno almoço a ler o AG... Obrigado pelos seus
comentários, que são normalmente duma lucidez e clareza incrível. Procuro-o
sempre a si e ao Cipião Numantino para os ler na íntegra. Um abraço e bom Fim
de semana Zé Ninguém > André Ondine: Como explicar então os melhores números da Suécia e do
estado da Flórida? Têm as economias abertas e não usam máscara? Será porque têm
sistemas de saúde mil vezes melhores que o nosso e não morrem de frio no
inverno como nós? Será porque têm transportes públicos adequados às suas populações?
Há que ponderar. André
Ondine > Gustavo Lopes: Muito obrigado pelas suas palavras Gustavo. Concordo
inteiramente com o que escreve sobre AG. Um cronista brilhante, apesar do
desacordo “pandémico”. Cipião
Numantino: Sinto-me pouco
confortável quando afloro este tema. Primeiro porque tenho dúvidas sobre muito
e, certezas, sobre quase nada. Em segundo, porque não sendo esta questão a
minha praia talvez sinta mesmo o dilema do sujeito que dizia “que não
acreditava em bruxas, mas que estava certo que as havia”. Posto isto, dá-me para
concordar (quase sempre assim é) com o mestre AG. E de facto penso que a
substância da coisa está mesmo radicada no medo. Mas atenção, o medo não
excessivo é bom e salutar, até porque em última análise, a antropologia
pensa de ciência certa que foi justamente o medo que nos trouxe até aqui e nos
fez despontar como espécie dominante neste planeta que alguém designou como o
3º. calhau a contar do Sol. Sei lá, não sendo eu igualmente um expert
nestas matérias, terá algo certamente a ver com a preservação da espécie e
dos eventos relacionados com este mesmo propósito. Ora o que eu quis significar é
que o medo pode ser útil, mas já não o será se exercitado em excesso ou este
nos fizer trilhar caminhos ínvios em que nos confundimos a nós próprios e, por
arrastamento, a todos os demais. Acrescerá o factor não despiciendo de que é
justamente o excessivo medo que nos atira para uma espécie de vórtice emocional
onde se deparará com outros sentimentos avulsos de entre os quais destacaria
a autoflagelação psicológica, o recalcamento ou até a própria crueldade. Assim,
os monges mendicantes da época medieval percorriam os caminhos vergastando-se
com chicotes de cilícios com medo do inferno, certos bufos denunciavam
familiares ou vizinhos antes que estes os pudessem acusar no Tribunal do Santo
Ofício (Inquisição), outro tanto fizeram outros destes bufos à PIDE e, ainda,
nos dias de hoje, vemos por aí consistente bufaria (vulgo kovideiros) sempre à
coca prontos a denunciar logo que vejam para aí uma meia dúzia de pessoas
juntas. E tudo isto é medo meus caros. Tenho aliás para mim, que muitas destas
atitudes são adoptadas com mais frequência por pessoas extremistas (esquerda ou
direita) que, como aliás ainda pude ler recentemente, está comprovado que são
mais dadas a este tipo de coisas. No meio disto subsiste um inultrapassável problema. E
este consiste no perigo de posicionar os sentimentos sem se pensar que estes
podem arrastar a economia. Quando se chegar aí, a coisa fiará mais fino.
Caso para
dizer que nós pomos e a economia dispõe. Estamos aparentemente num caminho sem regresso. Em
que as moratórias servirão como primeiro embate do que aí virá. Estamos numa espécie de
desfiladeiro em que nos iremos deparar com uma espécie de dois monstros
míticos, Caribdis e Cila, que ladeavam o estreito de Messina, e em que se fugia
de um e nos iríamos deparar com o outro. Ou algo assim do género do ditado
brasileiro que diz “que se correr o bicho pega e, se ficar, o bicho come”.
Acho mesmo que
não vamos ter escapatória possível. E será sempre a bombar até ao completo
desastre!... PS- O governo marxista da
Venezuela do Sul (antes conhecida por Argentina) decretou que quem quiser tirar
a carta de condução terá, antes, que frequentar um curso de Igualdade de
Género!!! Ou “apertamos por aqui o pipo” a esta gente esquerdosa, ou teremos a
curto/médio prazo uma Venezuela aqui bem plantada na Europa.
Tudo em prol do
socialismo e da justiça social, pois então!... Paulo Cardoso > Cipião Numantino: Bravíssimo!!! Manuel Ferreira21 > Cipião Numantino: Brilhante e muito ponderado
artigo. João Paulo > Cipião Numantino: Brovo, já merece e de que
maneira um espaço próprio no Observador
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