quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Quem mata costuma ser condenado


Com excepções, é certo. O que mais me choca, nesta questão sobre a eutanásia é a cobardia humana, que quer livrar-se do “crime”, imputando-o a outro, ou seja, ao médico que fica responsável pela morte “assistida”, qual magarefe encartado. Quanto ao comentador que espuma o seu ódio contra os crimes perpetrados ao longo da Bíblia e dos tempos, pela Igreja, (sem falar dos mais), para justificar a sua eutanásia estremecida, será que esse conceito de justiça não encobre uma sanha real contra a humanidade, embora a coberto de uma pseudo piedade, pelos seres terminais e os abortos - fingindo defender os que sofrem com muita dor por esses? A mim, de facto, repugna-me essa hipócrita instituição da morte a pretexto. Cada um que mate os seus, e que carregue – ou não – com esse peso, já que faz tanta questão…

A vida humana é inviolável

A Constituição portuguesa confere à vida humana uma protecção ainda mais forte do que se reconhecesse apenas o direito subjectivo à vida e não também um princípio objectivo de inviolabilidade da vida.

PEDRO VAZ PINTO, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz       OBSERVADOR, 03 fev   2021

“A vida humana é inviolável” – é o que afirma de forma lapidar a Constituição portuguesa no artigo que encabeça o elenco dos direitos fundamentais. Uma brecha nesse princípio fundamental, verdadeiro alicerce, faz abalar todo o edifício desses direitos. Como aprofundadamente demonstrou o artigo de José Lobo Moutinho Eutanásia: a inevitabilidade da rampa deslizante“, a brecha nesse alicerce torna inevitável, por razões lógicas, o fenómeno da “rampa deslizante”, que ocorrerá sempre, mais cedo ou mais tarde.

A experiência dos países que legalizaram a eutanásia e o suicídio assistido permite verificar a sucessão de passos cada vez mais permissivos quanto a tal prática: das situações de doença terminal às de doença incurável ou deficiência; das situações de sofrimento físico às de sofrimento psicológico; das situações de pessoas doentes às de pessoas não doentes mas “cansadas de viver”; das situações de pessoas conscientes às de pessoas inconscientes que formularam o seu pedido antecipadamente, ou que não o podem fazer devido a grave deficiência; das situações de pessoas adultas às de crianças ou recém-nascidos.

Essa evolução é analisada com pormenor, no que à Holanda se refere (incluindo a evolução da jurisprudência, que antecedeu a evolução legislativa) no clássico livro de Herbert Hendin, Seduced by death (W.W.Norton & Company, Nova Iorque e Londres, 1997), e no mais recente livro de Gerbert van Loenen, Do you call this a life?, Ruse Lattner, London, Canadá, 2015.

Embora os proponentes da Lei recentemente aprovada entre nós sempre tenham dito que ela restringe a eutanásia e o suicídio assistido a situações excepcionais, excluindo muitas das que acima se referem, importa salientar que essa Lei não se limita a dar o primeiro dos passos mencionados: o das situações de doença terminal e de sofrimento físico. Não distingue entre sofrimento físico e psicológico (o que significará que este também está previsto). Abrange “doenças incuráveis e fatais” e “lesões definitivas”, ou seja, situações em que a vida se poderia prolongar por anos ou décadas. Apesar de, eufemisticamente, se falar em “antecipação da morte”, dando a entender que esta está próxima (e como se provocar a morte de outrem, seja qual for o motivo, não fosse sempre uma forma de “antecipar a sua morte”, pois ninguém é imortal…).

Nem sempre foi dado esse passo (de ir para além da doença terminal) logo de início. Assim sucedeu na Bélgica, mas não no Canadá. E a lei do estado de Oregon, o primeiro dos estados norte-americanos a legalizar o auxílio ao suicídio, continua a restringir esse possível auxílio a situações de doença terminal, fixando até um prazo de seis meses para o prognóstico da mesma.

É verdade que no Canadá se está agora a discutir o alargamento da Lei vigente (desde 2016), de modo a abranger as situações de doença não terminal ou deficiência. Essa discussão surge na sequência de decisões judiciais que pretendem impor esse alargamento, invocando a prevalência do princípio constitucional da autonomia individual e autodeterminação.

Na verdade, se é dada prevalência à autonomia sobre o valor da vida, porquê restringir a legalização da eutanásia e do suicídio assistido às situações de doença terminal? Mas, então, também pode dar-se o passo seguinte da “rampa deslizante”: porquê restringir essa legalização às situações de doença?

Compreende-se, por isso, que, desde há vários anos e com probabilidade de aprovação, se discuta na Holanda a legalização da eutanásia e do suicídio assistido de pessoas não doentes, “cansadas de viver” ou que considerem a sua vida “completada”.

Na Bélgica, esse passo ainda não foi dado no plano legal. Mas há quem considere que, na prática, é isso que se verifica em muitas das situações em que são invocadas “polipatologiascomo motivo da prática da eutanásia. É o que afirma um estudo publicado há dias no The Journal of Medicine and Philosophy, Euthanasia in Belgium, “Shortcoming of the Law and Its Aplication and the Monitoring of Pratice“, em que se denuncia, mais uma vez, a ineficácia dos limites legais a essa prática (sendo que dois dos autores do estudo não recusam a eutanásia no plano teórico).

É também o passo que foi dado pelo Tribunal Constitucional alemão, invocando a prevalência do princípio da autonomia individual e auto-determinação sobre o valor da vida: não deverão ser colocados entraves ao auxílio ao suicídio que não se relacionem com a autenticidade do pedido (o Tribunal Constitucional austríaco, entretanto, seguiu uma orientação semelhante, embora não tão radical). Na linha dessa orientação, foi há dias apresentado no parlamento alemão (ver Die Tagespost, 21/1/2021) por deputados de três partidos diferentes (FDP, SDP e Die Linke), uma proposta, que, partindo do princípio de que “a protecção da vida contra a autonomia não pode, e não deve, existir“, afirma que “qualquer pessoa que quiser pôr fim à sua vida de forma autónoma tem o direito de para tal pedir ajuda” (bastará que seja maior de idade e tenha recorrido a um centro de aconselhamento). É a este extremo da “rampa deslizante” que poderá chegar a brecha no princípio da inviolabilidade da vida humana, que a Lei há dias aprovada pelo Parlamento português já representa. A consagração claríssima e inequívoca desse princípio no artigo 24.º, n.º 1, da Constituição portuguesa é, porém, um obstáculo a essa brecha. Essa Lei viola tal princípio constitucional. É isso mesmo que afirma a carta aberta da Associação dos Juristas Católicos ao Presidente da República recentemente publicada. A inviolabilidade da vida humana é afirmada nesse artigo 24.º, n.º 1, da Constituição de modo assertivo, categórico e incondicional. Essa inviolabilidade não comporta excepções. Não é excepção a essa inviolabilidade o eventual consentimento do titular da vida (consentimento cuja autenticidade seria, de resto, nos casos de “sofrimento intolerável” a que se refere a Lei aprovada, sempre questionável). A vida é inviolável mesmo com o consentimento da vítima. Por isso, sempre têm sido puníveis o homicídio a pedido e o auxílio ao suicídio. A orientação dos tribunais constitucionais alemão e austríaco encontra nesta afirmação absoluta um sério obstáculo.

Numa audição relativa à discussão dos projectos que estão na base da Lei entretanto aprovada, ouvi uma deputada sustentar que a inviolabilidade da vida humana consagrada na Constituição portuguesa é apenas a da vida de quem quer viver, não a de quem lhe quer pôr termo. Mas isso seria acrescentar, arbitrariamente, à formulação desse princípio constitucional um limite e uma reserva que dele não constam, nem explicita nem implicitamente. A Constituição portuguesa confere à vida humana uma proteção ainda mais forte do que se reconhecesse (como fazem a generalidade das Constituições) apenas o direito subjectivo à vida e não também um princípio objectivo de inviolabilidade da vida. Isto, porque poderia ser eventualmente questionável (embora não necessariamente) a irrenunciabilidade e indisponibilidade desse direito. Com a formulação desse princípio objectivo, não pode haver dúvidas de que o direito à vida é irrenunciável e indisponível.

Compreende-se que o princípio da inviolabilidade da vida encabece o catálogo constitucional dos direitos fundamentais, pois a vida é o pressuposto de todos os direitos. Atentar contra a vida é destruir a fonte e a raiz de quaisquer direitos. Não tem sentido contrapor a inviolabilidade da vida humana aos direitos e princípios constitucionais de liberdade e autonomia individuais, como se estes sobre ela pudessem prevalecer, precisamente porque a vida é o pressuposto desses direitos. A vida é o pressuposto de todos os bens e direitos e, portanto, também da liberdade. Só é livre quem está vivo. Pôr termo à vida é pôr termo à liberdade (podemos dizer que é o “suicídio da liberdade”).

Também não se respeita a liberdade quando se legaliza o consumo e tráfico de droga, porque a toxicodependência afecta gravemente a própria liberdade. Tal como não teria sentido invocar a liberdade para justificar a escravidão consentida.

Também não tem sentido invocar o direito ao “livre desenvolvimento da personalidade”, consagrado explicitamente na Constituição alemã e reconhecido pela jurisprudência de vários países. A morte não pode, obviamente, corresponder a algum “desenvolvimento da personalidade”, é a cessação de qualquer “desenvolvimento da personalidade”.

Por outro lado, como também se afirma nessa carta aberta da Associação dos Juristas Católicos ao Presidente da República, a Lei recentemente aprovada pelo Parlamento português viola os princípios da dignidade humana (artigo 1º da Constituição) e da igualdade (artigo 13.º desse diploma). Da conjugação desses princípios decorre que todas as vidas, em todas as situações e em todas as suas fases, são igualmente dignas. A dignidade da vida nunca se perde. Não há vidas indignas de ser vividas. Não há vidas que por qualquer motivo deixem de merecer protecção. Ora, a aprovada legalização da eutanásia e do suicídio assistido parte da ideia de que há vidas que deixariam de merecer protecção porque são marcadas pela doença e pelo sofrimento. Essas vidas deixariam de merecer protecção porque estariam desprovidas da dignidade que é própria de quaisquer outras vidas (as quais continuariam a merecer protecção).

Dir-se-á que se trata de combater esse sofrimento. Mas a eutanásia e o suicídio assistido não eliminam o sofrimento, eliminam a vida da pessoa que sofre. A resposta à doença e ao sofrimento não pode ser a morte provocada. Há de ser o acesso aos cuidados paliativos (dos quais, de resto, ainda estão privados muitos portugueses, com o que também é violado o princípio da igualdade).

Estes os motivos por que a Lei, há dias aprovada, que autoriza a eutanásia e o suicídio assistido, viola a Constituição portuguesa. Neste mesmo sentido, pronunciaram-se José Souto de Moura, no artigo “Dignidade humana, natureza humana, eutanásia“, e Inês Quadros, no artigo “Dignidade e liberdade, ou o que a eutanásia não é“.

Justifica-se, assim, que o Presidente da República solicite, como lhe é sugerido pela Associação dos Juristas Católicos, a fiscalização preventiva da constitucionalidade dessa Lei.

EUTANÁSIA  SAÚDE  CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA  PAÍS  PRESIDENTE DA REPÚBLICA  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Paulo Alexandre : Ateu: ... afirma a carta aberta da Associação dos Juristas Católicos ao Presidente da República recentemente publicada. Ah, sim? É o que afirma a Associação de Juristas Católicos? Espere aí, será a Associação de Juristas que conhece a longa história criminosa da Igreja Católica? Serão aqueles juristas que sabiam que, até muito pouco tempo, a Igreja Católica fazia a apologia (ou, no mínimo, aceitava) a Pena Capital? Serão aqueles juristas que acreditam num Deus que, segundo o livro sagrado dos católicos, cometeu vários genocídios? Serão os juristas que não se importam de integrar uma Igreja que, só no último século, santificou vários homens que condenaram outros à morte na fogueira? Serão os juristas católicos que acreditam que um certo Jesus veio à Terra para morrer... de eutanásia ou, vá lá, de suicídio assistido? Serão os tais juristas que, por serem católicos, seguem um Jesus que, segundo as escrituras, demonstrou a sua adesão moral a eventos como o dilúvio ou como a destruição da cidade de Sodoma? Serão os juristas que, enquanto católicos, subscrevem as teses desse tal Jesus, segundo as quais a maior parte da humanidade será condenada, por toda a eternidade, a uma tortura sádica e cruel? Serão os juristas que acreditam que é justa a aplicação de penas por toda a eternidade? Serão os tais juristas que acreditam nas lérias do pecado original, segundo as quais qualquer recém-nascido nasce responsável e culpado por um "crime" original cometido por um casal "original"? Serão aqueles juristas que, por serem católicos, acreditam que os pensamentos devem ser objecto de julgamento e eventual condenação? Que juristas tão "interessantes! Que juristas são estes juristas que defendem uma confissão religiosa que faz a apologia descarada do julgamento e da condenação de inocentes pelos actos praticados por outras pessoas ou por antepassados remotos? Que espécie de juristas são estes que, dizendo-se católicos, estão dispostos a subscrever a tese de que a aplicação de torturas sádicas é uma forma aceitável de justiça? Que espécie de juristas são estes que, por serem católicos, estão dispostos a subscrever a tese segundo a qual a aplicação de penas eternas é uma forma proporcional e digna de justiça? Que espécie de juristas pode defender o escrutínio dos mais recônditos pensamentos humanos, devendo estes serem submetidos a julgamento e podendo terminar numa condenação? Que espécie de juristas são estes que aceitam que seres humanos sejam condenados por toda a eternidade, a uma tortura sádica e cruel, pelo simples facto de não acreditarem num deus? Que espécie de juristas são estes que não se importam nada de integrar uma organização criminosa que, só ao longo do último século, colaborou com regimes totalitários e criminosos, foi cúmplice na prática de inúmeros crimes, foi dona de milhares de escravos, raptou e traficou centenas de milhares de bebés, protegeu conscientemente milhares de abusadores sexuais de crianças, esteve envolvida em massacres como o do Ruanda, ajudou milhares de criminosos nazis a fugir da Europa e, acima de tudo, da justiça, etc., etc., etc.? O sr. Pedro Vaz Patto gostava de integrar uma qualquer organização que se lembrasse de santificar os islamitas radicais que, há escassos anos, condenaram um piloto sírio a ser queimado vivo? Qual é a sensação de fazer parte de uma Igreja que, só no último século, santificou vários homens que condenaram outros à morte na "santa" fogueira?          Paulo Alexandre : Ateu: As três confissões religiosas - judaísmo, cristianismo e islamismo - condenaram a eutanásia. O Antigo Testamento, que faz parte integrante da Bíblia (quer dizer "conjunto de livros) é judaico. Cristianismo quer dizer " seguidores de Cristo" e a igreja católica é uma das confissões religiosas que professam o cristianismo. Os crimes descritos e cometidos pelos homens em nome de Cristo são hediondos, como bem refere. Tão hediondos como os cometidos pelos comunistas em nome do povo ou pelos nazis em nome da raça. Ou como actualmente os cometidos pelos negócios de tráfico de mulheres, homens e crianças para serem explorados por outros. Nunca parou para pensar quem nos produz as roupas, os telemóveis e mesmo os alimentos que comemos? E em que condições? Isto para lhe dizer que o denominador comum de todos estes crimes e horrores é O SER HUMANO. Os cristãos, muçulmanos, judeus, religiosos, ateus, agnósticos, pretos, brancos, amarelos, etc não são infelizmente piores ou melhores que os outros. Costumo dizer: se a pedofilia se restringisse aos padres e religiosos da Igreja (católica ou outra) era melhor do que, infelizmente, ser maioritariamente um crime cometido por familiares e próximos das crianças. Para todos os que escandalizarem estes pequeninos Cristo disse: mais valia atarem uma mó à volta do pescoço e atirarem-se ao mar. Esta é a forma de dizer que é um crime hediondo que demonstra a total falta de amor por parte de quem o comete. No entanto, a misericórdia de Deus é dada a todos que, reconhecendo o seu erro, o queiram corrigir. Não sei porque é que fica tão revoltado quando um católico escreve um comentário, e o porquê dos insultos.         Maria Clotilde Osório > Paulo Alexandre : Ateu: As três confissões religiosas - judaísmo, cristianismo e islâmismo - condenaram a eutanásia. O Antigo Testamento, que faz parte integrante da Bíblia (quer dizer "conjunto de livros) é judaico. Cristianismo quer dizer " seguidores de Cristo" e a igreja católica é uma das confissões religiosas que professam o cristianismo. Os crimes descritos e cometidos pelos homens em nome de Cristo são hediondos, como bem refere. Tão hediondos como os cometidos pelos comunistas em nome do povo ou pelos nazis em nome da raça. Ou como actualmente os cometidos pelos negócios de tráfico de mulheres, homens e crianças para serem explorados por outros. Nunca parou para pensar quem nos produz as roupas, os telemóveis e mesmo os alimentos que comemos? E em que condições? Isto para lhe dizer que o denominador comum de todos estes crimes e horrores é O SER HUMANO. Os cristãos, muçulmanos, judeus, religiosos, ateus, agnósticos, pretos, brancos, amarelos, etc não são infelizmente piores ou melhores que os outros. Costumo dizer: se a pedofilia se restringisse aos padres e religiosos da Igreja (católica ou outra) era melhor do que, infelizmente, ser maioritariamente um crime cometido por familiares e próximos das crianças. Para todos os que escandalizarem estes pequeninos Cristo disse: mais valia atarem uma mó à volta do pescoço e atirarem-se ao mar. Esta é a forma de dizer que é um crime hediondo que demonstra a total falta de amor por parte de quem o comete. No entanto, a misericórdia de Deus é dada a todos que, reconhecendo o seu erro, o queiram corrigir. Não sei porque é que fica tão revoltado quando um católico escreve um comentário, e o porquê dos insultos.         Paulo Alexandre : Ateu > Maria Clotilde Osório: 1 - Antes de mais nada, eu não me limitei a apontar crimes cometidos por seres humanos; também apontei genocídios cometidos por Deus, genocídios esses aos quais Jesus deu o seu aval moral; logo, os cristãos seguem um apologista de diversos genocídios (por exemplo, do dilúvio ou da destruição de Sodoma); também referi o facto de o deus cristão apresentar a sua vontade de condenar a maior parte da humanidade a uma pena de torturas sádicas, cruéis e infindáveis; muito lindo, sob o ponto de vista ético, não acha? Justiça totalmente desproporcionada (eterna) e, como se não bastasse, em condições de permanente tortura, numa exibição do mais repugnante sadismo e crueldade. Jesus, que os cristãos seguem, fez a apologia descarada desse tipo de "justiça". Imagino como deve ser bom seguir semelhante sádico! 2 - Também me referi ao facto de, segundo o cristianismo, milhões de inocentes terem de responder pelos actos praticados por terceiros. Para quem percebe de justiça, deve fazer muito "sentido", não acha? Não só a narrativa do "pecado original" remete para essa linda forma de justiça, segundo a qual uns cometem o crime / pecado e outros (que não tiveram nada a ver com o assunto) são chamados para serem julgados e condenados por esses actos! Lindo, como narrativa de um sistema de "justiça" digno, não acha? E aviso desde já que a narrativa do "pecado original" é um mero exemplo; não faltam outros exemplos, presentes nas narrativas cristãs, onde os inocentes são julgados e condenados pelos crimes cometidos por terceiros. 3 - Também referi o facto de o cristianismo defender que os pensamentos humanos devem ser julgados e eventualmente dar origem a condenações. Deve ser interessante ser jurista e aceitar um sistema de "justiça" que defende semelhantes visões, não acha? 4 - Não, não é o ser humano! Por detrás do ser humano, há sistemas ideológicos, sistemas ideológicos esses que defendem, justificam e legitimam a prática de crimes, de violências, de discriminações e de guerras. Não me venha dizer que o cristianismo não teve nada a ver com a redução da mulher a uma condição de subalternidade, ao longo de milénios, já que foi o cristianismo que legitimou essa mesma humilhação. Centenas de milhões de mulheres tiveram uma existência indigna e sofreram inúmeras violências à custa das determinações misóginas no Antigo Testamento e no Novo Testamento. O mesmo se aplica às dezenas de milhões de vítimas do cristianismo, que foram perseguidos, escravizados, humilhados e/ou mortos à custa das intolerâncias do cristianismo. O mesmo se diga dos milhões e milhões de escravos cuja existência foi legitimada pelas passagens do Antigo e do Novo Testamentos. 5 - A citação que refere, de Jesus, mais valia que não a tivesse feito. Reparou no que ele disse? Reparou bem nas palavras dele? As palavras dele são claras: "Quem escandalizar um destes pequeninos, que acreditam em mim...". Ora, Jesus não disse "quem escandalizar qualquer pequenino"; esse execrável, miserável e nojento Jesus disse "quem escandalizar um destes pequeninos, que acreditam em mim...". Não percebeu o carácter nojento dessa afirmação, pois não? É o mesmo que o Estado Português decretar uma lei a declarar que, "quem abusar sexualmente de crianças que simpatizam com o governo"... ou ainda, "quem abusar de crianças de nacionalidade portuguesas...". Entendeu? O miserável, nojento e asqueroso Jesus (que supostamente era omnisciente e sabia muito bem o que estava a dizer) condena aqueles que fazem mal aos pequeninos que acreditam nele. As mais básicas regras da lógica dizem-nos que, pelos vistos, essa condenação só se aplica às pessoas que abusarem dos pequeninos que acreditam nele. Os pequeninos que não acreditam nele, podem ser abusados à vontade que os seus abusadores já não merecem condenação. Ou seja, melhor seria que tivesse cuidado com os exemplos que escolhe. A religião conseguiu que a Maria Clotilde lesse os textos bíblicos sem se aperceber do carácter profundamente iníquo dos mesmos. Há quantos anos conhece a Maria Clotilde essa passagem? Quantas vezes reparou no pormaior de Jesus condenar apenas aqueles que abusam das crianças que acreditam nele? São esses os seus exemplos morais? Se a Maria Clotilde assistisse a uma reunião de adeptos da religião X e o sacerdote da dita cuja religião produzisse um discursos segundo o qual condenava apenas aqueles que agredissem os membros dessa religião X, que leitura faria sobre a moralidade do referido sacerdote? Que tal acha a seguinte sentença? "Ai daqueles que roubarem os adeptos de X, merecem que lhes cortem as mãos; ai daqueles que raptarem os filhos dos adeptos de X, merecem ser enforcados; ai daqueles que abusem das mulheres que me seguem, merecem ser empalados"? Que tal, apreciou a grande "moralidade" presente nestes "lindos" ensinamentos? 6 - A misericórdia de Deus é a coisa mais ridícula que pode haver. Desde quando é um erro ser hindu, budista ou ateu? Desde quando uma pessoa tem de ser condenada por toda a eternidade, a penas sádicas e cruéis (que, pelo que vejo, não incomodam a sua "consciência"), pelo facto de não ter sido baptizado ou de não acreditar em Deus? 7 - Revoltado? Notou revolta nas minhas palavras? Limitei-me a enunciar factos. Os factos incomodam? Que insultos? Onde é que a Maria Clotilde encontrou insultos no meu comentário anterior? Fundamente a sua acusação. Presumo que sabe que o seu Deus não gosta muito daqueles que produzem falsas acusações, certo? Carminda Damiao: Legalizar a eutanásia é um retrocesso. A vida humana é inviolável. Triste país que em vez de criar condições para cuidar de quem sofre, oferece-lhe        Maria Clotilde Osório > Carminda Damiao: Carminda: peço desculpa por não ter finalizado o meu comentário com a palavra "brincadeirinha".  Vou repetir a resposta que dei atrás porque estava a ser irónica. O que eu escrevi vem no seguimento da leitura dos comentários feitos ao artigo do Ribeiro e Castro e do P. Pinto de Magalhães. Mas vou confessar que não assinei a petição para referendar a eutanásia. Acho que os portugueses sabiam bem o que pensavam todos os partidos, à excepção do CDS e do PCP, a propósito deste tema. E se votaram neles foi porque, das duas uma: ou concordavam com a eutanásia ou achavam que esta questão não era mais importante que as propostas económicas que estes faziam. Também lhe digo que sem alterar a lei do aborto (segundo dados da PORDATA 196.000 em 10 anos) não vale a pena falarmos deste tema. A causa da aprovação da eutanásia radica nessa decisão. Se pensar bem vai perceber aquilo que digo. Estarei certa? Eu acredito que sim.         Luís Moisés > Carminda Damiao: O livre arbítrio não é referendável e só diz respeito a quem faz uso dele, é um assunto do foro privado de cada um. Parem de meter o bedelho fanático na vida das pessoas que pensam diferente da catequese da vossa madraça. Paulo Alexandre : AteuCarminda Damiao: Para esta senhora, a vida humana só é inviolável quando lhe convém. Importa recordar os restantes leitores que esta comentadora já escreveu, preto no branco, que os habitantes de Sodoma mereceram a morte porque eram pecadores e atentavam contra a vontade do deus que ela venera. Esta é a comentadora que já escreveu, preto no branco, que os habitantes das cidades da terra prometida eram pecadores que ofendiam o deus que ela venera e, como tal, mereciam morrer, tal como a bíblia descreve. Esta é a comentadora que já defendeu os inúmeros crimes da sua Católica Igreja, considerando-os justos, defensáveis e legítimos. Haja um mínimo de decoro! A inviolabilidade da vida humana, para esta estirpe de pessoas é uma inviolabilidade à moda das vontades de recreio das suas visões confessionais.        Maria Clotilde Osório: Viva a eutanásia. Legalizada. Com uma lei bem ou mal formulada. Já pensaram quanto se vai poupar em apoios sociais? E no SNS? E a quantidade de velhos que vão deixar de atrapalhar? E os doentinhos? O dinheirão que se gasta dos nossos impostos a comparticipar medicamentos? Sobretudo em antidepressivos? É que assistir ao sofrimento dos outros deprime. Quem quiser "carimbar o passaporte" que o possa fazer. Quem quiser ser apoiado e recorrer aos cuidados paliativos, só espero que também o consiga. Apesar de ter dúvidas quanto a isso. É mais caro e difícil de implementar sobretudo para quem vive, como eu, nas chamadas "zonas desfavorecidas". Mas o que importa é que no final todos fiquem felizes.          Susana Silva > Maria Clotilde Osório: Sinto uma profunda Compaixão por si Maria Osório! Quanto sofrimento e solidão nas suas palavras... Quanto vale a vida de uma pessoa? Onde está a capacidade de amar/dignificar a pessoa em todas as circunstâncias da sua vida? Cuidar e ser cuidado faz de nós pessoas, sabia? É legítimo descartarmo-nos da vida de uma pessoa, da forma crua e vil, que apresenta? O que significa ser "felizes" nestas circunstâncias? Será que o único motivo para viver, passa só pela felicidade? Um abraço humano para si         Maria Clotilde Osório > Susana Silva: Susana: estava a ser irónica. O que eu escrevi vem no seguimento da leitura dos comentários feitos ao artigo do Ribeiro e Castro e do P. Pinto de Magalhães. Mas vou confessar que não assinei a petição para referendar a eutanásia. Acho que os portugueses sabiam bem o que pensavam todos os partidos, à excepção do CDS e do PCP, a propósito deste tema. E se votaram neles foi porque, das duas uma: ou concordavam com a eutanásia ou achavam que esta questão não era mais importante que as propostas económicas que estes faziam. Também lhe digo que sem alterar a lei do aborto (segundo dados da PORDATA 196.000 em 10 anos) não vale a pena falarmos deste tema. A causa da aprovação da eutanásia radica nessa decisão. Se pensar bem vai perceber aquilo que digo. Estarei certa? Eu acredito que sim.           Luís Moisés > Susana Silva: Qual é a vida que a senhora tem para oferecer a um moribundo?            Paulo Alexandre : Ateu > Susana Silva: Quanto vale a vida de uma pessoa? Aprece a sua mas deixe a cada ser humano o direito de apreçar a sua. Não imponha as suas pieguices confessionais aos demais. Certamente que não gostaria que eu lhe impusesse o meu ateísmo. Não queira a Susana impor aos demais as suas convicções, crenças, valores, perspectivas ou posições.

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