sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Uma biografia por tópicos

Como o Dr Salles, para além da expressividade calorosa do título do seu texto, se limitou a remeter-nos para a consulta na Internet, assim fiz, transcrevendo alguns tópicos sobre esse herói, Tenente -coronel Agostinho da Mata, naturalmente maltratado aquando do 25 de Abril, pelos seus e pelos nossos conterrâneos, intransigentes com a bravura mal orientada, que foi, pelos vistos, a sua, ao serviço da nação portuguesa da altura: O herói mais medalhado entre os militares portugueses, foi vítima da covid, aos 80 anos! Todavia, os elogios são muitos a esse herói, e transcrevo mais um texto do OBSERVADOR, entre os muitos que ele mereceu, com inúmeros comentários, este, muitos dos quais negativos, certamente por parte dos tais adeptos dos maus tratos, caminheiros que foram de outras andanças virtuosas, e provavelmente medrosas - donde, o explodir da vingança, em ocasião oportuna: Um texto de Xavier de Figueiredo, do OBSERVADOR, de 11 fev 2021, de que apenas coloco uma breve amostra de comentários, entre os muitos que recebeu, muitos dos quais de oportuna vingança – a qual nunca esmorece nos cobardes, em momento de reviravolta propícia.

I -LUTO NA MORTE DE UM BRAVO

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 12.02.21

TENENTE-CORONEL MARCELINO DA MATA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelino_da_Mata

Tags: história

COMENTÁRIOS:

Francisco G. de Amorim12.02.2021: É assim que em Portugal, agora, se tratam os valentes. Só se dá a mão a corruptos.            Henrique Salles da Fonseca12.02.2021:  Pelos vistos, cometi algum erro na homenagem. Peço perdão e fico disponível para a correcção conveniente.         Adriano Lima 12.02.2021: Caro Senhor, discordo em absoluto com o que diz: em Portugal só se dá as mãos aos corruptos. Há em Portugal corruptos, como há noutros lados.        Henrique Salles da Fonseca 12.02.2021: Leitura muito impressionante, obrigado pela partilha!, João Carlos Tavares Guimarães                Anónimo 12.02.2021: Mama sume        Adriano Lima 12.02.2021: Não, Dr. Salles, nada tem a recear, esteja tranquilo. Foi extremamente oportuno no post que introduziu, contribuindo, dentro das suas possibilidades, para que o falecimento de Marcelino da Mata não passe em branco. Percebo que, com a sua observação, queira referir-se à colagem política que alguns podem fazer à figura de Marcelino da Mata. E será talvez por esta inibição que a comunicação social silenciou o passamento deste militar. O dever de informar perde-se muitas vezes por estranhas veredas, e não raro emporcalhadas pela hipocrisia.
Prefiro ver o Marcelino da Mata como um bravo militar, possuidor de um valor e de uma coragem física muito fora do comum. Ele não seria menos guineense que os que se posicionaram no outro lado da luta que se travou no território. Hoje, se se olhar com olhos de ver e em boa consciência para o que aconteceu à Guiné depois da independência, ter-se-á de perguntar de que lado estava a razão. Ou, melhor dizendo, como estaria hoje a Guiné se Salazar tivesse, em devido tempo, aceitado a solução de auto-determinação (autonomia progressiva) que lhe foi proposta por Benjamim Pinto Bull com o apoio de Leopold Senghor. O antigo embaixador Luís Gonzaga Ferreira escreveu um livro em que explica bem o acontecimento, ele que foi um fervoroso adepto da proposta.
Quanto aos militares que exerceram torturas e sevícias sobre Marcelino da Mata, apenas posso dizer que envergonharam e mancharam a imagem das Forças Armadas. E agiram criminosamente contra aquilo que foi verdadeiramente o programa do MFA: os 3D, democratizar, descolonizar e desenvolver. Esses militares sofreram um grau de perversão mental que ainda não foi suficientemente estudado e escalpelizado em sede de psicanálise. É preciso ver que pouco antes do 25 de Abril eles estavam no mesmo campo de luta do Marcelino da Mata. Fui, e sou, adepto do 25 de Abril no sentido do que era proposto: restituir a liberdade de escolha aos portugueses e aos povos das antigas colónias. Julgo que o Marcelino da Mata seria a favor da solução proposta a Salazar por Benjamim Pinto Bull. Descanse em paz, camarada Marcelino.      Henrique Salles da Fonseca, 12.02.2021: Obrigado Henrique. O Tenente Coronel Marcelino da Mata foi sem dúvida um grande português e combatente. Um abraço Bartolomeu Costa Cabral (Ten-Cor CAV GNR)

 

II - Marcelino da Mata

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Marcelino da Mata CvTE 3 MPCGMSCGMTCGMOCP (Ponte Nova, Guiné, 7 de Maio de 1940 -Sintra, 11 de fevereiro de 2021) foi um tenente-coronel do Exército Português, nascido na Guiné Portuguesa. Era conhecido pelos seus actos de bravura e heroísmo, praticados durante a Guerra Colonial. Tendo participado em 2412 operações de comandos, era o militar português mais condecoradoda História do Exército Português.

Biografia

Acidentalmente incorporado em lugar do irmão no CIM-Bolama em 3 de Janeiro de 1960, ofereceu-se como voluntário após cumprir a primeira incorporação. Integrou e foi fundador da tropa de operações especiais, no Regimento dos Comandos Português, dos Comandos Africanos actuando no cenário de guerra da sua Guiné, com operações no Senegal e na Guiné Conacri. A 2 de Julho de 1969 foi feito cavaleiro da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.  Apesar de várias vezes ferido em combate apenas teve que ser evacuado da Guiné por ter sido alvejado, por acidente, por um companheiro, assistindo ao 25 de Abril de 1974 em Lisboa. Após a Guerra de Independência da Guiné-Bissau foi proibido de entrar na sua terra natal. Em 1975 foi detido no quartel do RALIS, Lisboa, e sujeito a tortura e flagelação praticada e ordenada por Manuel Augusto Seixas Quinhones de Magalhães (capitão), Leal de Almeida (Tenente Coronel), João Eduardo da Costa Xavier (capitão tenente) e outros elementos do MRPP num dos episódios mais pungentes, pela sua barbaridade e violência, no pós revolução dos cravos.

No decurso das perseguições de que foi alvo no ano de 1975 conseguiu fugir para Espanha, de onde regressou a quando o Golpe de 25 de Novembro, participando activamente na reconstrução democrática e no restabelecimento da ordem militar interna, agindo sempre com elevada longanimidade para com os seus opressores.

Justificou a sua luta no exército português com a frase "A Guiné para os Guinéus", querendo significar que a guerrilha actuava no interesse da União Soviética.

Faleceu no Hospital Amadora-Sintra à data de 11 de Fevereiro de 2021, vítima de COVID-19.

Operações notáveis em que participou:

Operação Tridente na ilha do Como           Operação Cajado           Resgate de 150 soldados portugueses cativos em território senegalês      Operação Mar Verde            Operação Ametista Real

Condecorações

Medalha da Cruz de Guerra de 2.ª Classe (26 de Julho de 1966)

Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe (9 de Maio de 1967)

Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (2 de Julho de 1969) Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe (21 de Abril de 1971)

Medalha da Cruz de Guerra de 3.ª Classe (9 de Junho de 1973)

Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe (22 de Agosto de 1973)

Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar

Medalha dos Promovidos por Feitos Distintos em Campanha

Medalha dos Promovidos por Feitos Distintos em Campanha

III- Na morte de Marcelino da Mata, o mais graduado oficial doExército

Depois do fim da guerra só em 1980 a sua saga terminou. Foi reintegrado e promovido a Capitão (graduado em Tenente-Coronel). O império e as malhas que o mesmo tecia iam ficando cada vez mais para trás

XAVIER DE FIGUEIREDO     OBSERVADOR, 11 fev 2021

Marcelino da Mata vangloriava-se de ser o mais condecorado oficial vivo do Exército Português. Já não é; morreu na quarta-feira. Uma Ordem da Torre e Espada, três Cruzes de Guerra de 1ª classe, uma Cruz de Guerra de 2ª classe e outra de 3ª, eram as condecorações em que assentava a honraria. Todas elas conquistadas ao longo de uma intensa vida operacional de doze anos nas matas da Guiné a combater o PAIGC.

Marcelino da Mata: Numa entrevista que lhe fiz faz já alguns anos comecei por uma pergunta elementar: o que é que havia levado um guineense retinto, como ele a combater o PAIGC, bandeira de tantos guineenses como ele na causa da independência da Guiné? A resposta que parecia ter na ponta da língua foi pronta e singela: não fora ele o único e todos os que, como ele, seguiram esse caminho, foi por se considerarem portugueses. Um português da Guiné tinha o “dever” de combater o PAIGC, acrescentou.

No seu caso houvera, contudo, outra razão pessoal, de vingança, como fez questão de precisar. Em 1962 um grupo armado do PAIGC matou-lhe o pai, bem como uma irmã, de seu nome Quinta da Mata, que estava grávida de oito meses. A mãe, desesperada, fugiu para Bissau onde ele, ao tempo, viria a cumprir o serviço militar obrigatório que era próprio desses tempos.

O sentido de missão com que encara o serviço militar leva-o a voluntariar-se para frequentar um curso de Comandos. Também o atrai o garbo daquele corpo de tropas especiais. Passou com boa classificação e não tardaria vir a ver-se integrado num grupo de Comandos, o primeiro a operar na Guiné, cujo comandante foi o Alferes Sousa Saraiva. Marcelino, um dos 25 elementos do grupo, tinha então o posto de 1º cabo.

A sua vida operacional como Comando começou em 1964 quando participou na Operação Tridente que se desenrolou na Ilha de Como, sob o comando do Comandante Alpoim Calvãodo qual falava, carregando sempre na expressão, como “o mais valente” militar português que passou pela Guiné. A seguir punha na lista os nomes de António Ramos, Carlos Azeredo, Carlos Fabião e Lobato Faria.

Integrado no grupo de Comandos do alferes Saraiva ainda participou noutras operações convencionais, como a de Canchafá, a Norte de Pirada, na qual o seu desempenho lhe valeu a promoção a Furriel, por distinção. Mas será já como comandante de Grupos Especiais, primeiro os “Roncos”, de Farim, depois os “Vingadores”, que viria a distinguir-se e a adquirir fama. Cedo passaria a 2º sargento e depois a alferes. Eram grupos de composição reduzida, no máximo 20 homens, dotados de grande mobilidade; actuavam à paisana ou com disfarces apropriados às circunstâncias e isso era para não deixar marcas, sobretudo quando os alvos a atingir se situavam no Senegal ou na República da Guiné. Montagem de emboscadas, assaltos, minagens e sabotagens – eram essas as acções mais usuais. Ao todo, mais de mil. Nunca foi ferido.

A operação de que guardava “boa memória”, dizia assim, foi, porém a do resgate de um piloto, tenente Miguel Pessoa, que se ejectara de um caça Fiat G-91 depois de o aparelho ter sido atingido na cauda por um “Strella”. O corredor de Guiledje no qual o tenente viria a cair era uma zona infiltrada pelo PAIGC. Não havia tempo a perder para evitar que caísse nas suas mãos. Ao cabo de uma noite de progressão na mata, os “Vingadores” de Marcelino da Mata, reforçados com um grupo de pára-quedistas, deu com o piloto, ferido, e procedeu ao seu resgate.

O PAIGC execrava Marcelino da Mata e o seu grupo – em especial o seu “trabalho”. Tratava-o por sanguinário e traiçoeiro. Negava os epítetos revelando-me que passara a levar para as operações um corneteiro, Putna, com a função bizarra de anunciar ao adversário o lançamento das suas operações. “Djunto”, nome pelo qual tratava um homem franzino que veio com ele para a entrevista, confirma a façanha. Era o seu adjunto nos “Vingadores”. Assim olhava ainda para ele.

No dia 25.Abril.74 estava estacionado com o seu grupo em Gadamael, quando o comandante do Batalhão de Aldeia Formosa lhe comunicou, de chofre, que “a guerra acabou”. Já não precisava de continuar com as suas operações de localização e assalto de bases do PAIGC ou de perseguição de grupo itinerantes de “terroristas”, como ainda na véspera eram tratados (mas depressa deixaram de ser).

À medida que os ardores revolucionários avançam na Metrópole (o anti-colonialismo é um dos seus principais alimentos), Marcelino da Mata vê o seu passado e a sua história virarem-se cada vez mais contra si próprio. A 12 de Maio de 1974 deixa Bissau rumo a Lisboa, mas para isso precisou já de contar com a cumplicidade do último comandante da Base Aérea e seu compadre, o então Coronel Martins Rodrigues.

Os tempos que vive daí para a frente são de má memória. Diz que foi tratado “como um cão” pelos revolucionários e novos-revolucionários que o viam como um empecilho ou um intruso. Passou por estar ligado ao MDLP e isso custou-lhe dissabores como o de ter sido preso e seviciado. Só em 1980 a saga chegou ao fim. Foi reintegrado e promovido a Capitão (graduado em Tenente-Coronel). O império e as malhas que o mesmo tecia iam ficando cada vez mais para trás.

OBITUÁRIO  SOCIEDADE  FORÇAS ARMADAS  DEFESA  HISTÓRIA  CULTURA  GUINÉ-BISSAU  MUNDO  GUERRA  COLONIAL  PAÍS

COMENTÁRIOS

Alberto Porto: Uma condecoração Torre e Espada e cinco Cruzes de Guerra por ter acreditado e lutado por um Portugal vasto, multiétnico e onde todas as gentes, na sua diversidade, seriam iguais. Cultivou as virtudes castrenses e é uma figura incontornável na História Militar do século XX. Muito obrigado Tenente-Coronel Marcelino da Mata, o seu contributo honra Todos os Portugueses.         josé maria: Deixemos Marcelino da Mata em paz. Importa é denunciar o colonialismo português e o Acto Colonial e racista que o suportou.           Lítio Hidrogénio > José maria: Um Herói será sempre um Herói! Um rato é apenas um roedor...         josé maria > Lítio Hidrogénio: Herói foi Salgueiro Maia.           Fenix - renascida da censura > josé maria: Denunciar? O colonialismo português? Denunciar? Que nojo.        Luis Martins > josé maria: A sociedade ocidental está doente, só posso concluir que está doente. Em vários países existem movimentos que tudo fazem para denegrir ao máximo o passado de cada nação. Colonialistas, ladrões, assassinos, racistas, etc, etc é o que chamam aos seus próprios avós. Criticam a escravatura mas esquecem que foi a sociedade ocidental quem primeiro a proibiu e que já existia antes de nós e que continua a existir. Chamam-nos de racistas mas ao mesmo tempo aceitamos milhares e milhares de refugiados enquanto que os países ricos do credo desses mesmos refugiados (Emirados árabes, Qatar, Arábia Saudita,...) não querem receber 1 sequer. Acusam os nossos antepassados de ladrões mas esquecem-se de que nunca na história mundial existiu uma nação poderosa que não tivesse explorado as mais fracas, fosse ela europeia, africana, asiática ou americana. Depois esta patetice da igualdade de género em que tentam passar a imagem de que somos um bando de atrasados... Vão lá ver a igualdade que existe na Índia ou nos países árabes, ou nos países subsarianos, vão lá ver e depois venham abrir a boca se a falta de vergonha for mesmo muita. Por mais que tentem aldrabar a história foi a nossa sociedade quem deu os primeiros passos SEMPRE para a igualdade e modernidade e não as outras. Querem acabar com os pilares judaico-cristãos da nossa sociedade e greco-romanos? Propõe que adoptemos o quê então? Os pilares que regem as sociedades islamitas? Os pilares que regem as sociedades subsarianas? Ou a sociedade chinesa por exemplo? Mas estamos todos malucos? Ganhem vergonha na cara! Experimentem ir para esses países ousar abrir a boca sequer para criticar os seus costumes ou experimentem ver 1 branco a passar num bairro de Joanesburgo ou Nairobi sozinho ou a serem mulheres no Paquistão e depois venham vomitar a vossa verborreia patética à vontade pois já terão moral para falar até lá ganhem vergonha e decência.

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