Afinal as razões seriam outras, segundo
aponta o desfecho da história seguinte, não as de um excessivo zelo dos “velhinhos simpáticos“ pelos bons
costumes familiares, mas talvez antes de vingança, ciúmes, medo submisso da
velhinha ao marido, raivas, incontinência no sentido de domínio e posse e
talvez, também, uma política iraniana de impunidade perante o machismo
desenfreado do domínio paterno, uma má formação moral, em suma, como é habitual
em toda a parte:
«Recentemente, foi revelada uma
gravação de áudio de Iran, já na prisão, em que a mulher diz que, afinal, o marido
lhe batia e chega a acusá-lo de ter violado a filha que matou».
Não, não são simpáticos, estes tais
velhinhos.
Guilty.
Os "velhinhos simpáticos" que
mataram os filhos no Irão dizem não estar arrependidos: eram pessoas
"moralmente corruptas" /premium
Filho, filha e
genro morreram pelas mãos do pai e sogro, Akbar Khorramdin, de 81 anos, e da
mãe e sogra, Iran Mousavi, com 74. Confessam os crimes, mas dizem não estar a
arrependidos.
OBSERVADOR, 07 jul
2021
FOTO: O casal
iraniano afirma que, em 10 anos, matou filho, filha e genro. O caso está a
chocar o Irão Getty Images/iStockphoto
“Eles
eram o casal vizinho de velhinhos simpáticos. Depois, apareceu o primeiro
corpo”. É assim que o The New York Times começa por descrever o caso que está a
chocar o Irão. Em maio, Akbar Khorramdin, de 81 anos e Iran
Mousavi, de 74, mataram o filho, Babak Khorramdin, um realizador de cinema de
47 anos. Como era filho, arriscavam uma pena
máxima de 10 anos de cadeia por este crime. Contudo, o caso mudou de figura, e
pena a ser atribuída, quando os dois confessaram que este não foi o seu
primeiro homicídio.
Há três anos, Akbar e Iran terão
também matado também a filha. Sete anos
antes disso, já tinham assassinado o marido desta, alegaram também. Confessam tudo agora e só pelo assassinato do
genro podem sofrer a pena máxima para um crime cometido no Irão: ser condenados
à morte.
Todos os crimes foram levados a cabo
a sangue frio: drogaram as vítimas, sufocaram-nas, esfaquearam-nas e
desmembraram-nas, dizem as autoridades. Agora confessaram tudo o que fizeram,
mas dizem que não estão arrependidos.
“Não
tenho consciência pesada por nenhum dos assassinatos“, diz Akbar Khorramdin, antigo coronel reformado do
exército. “Matei pessoas que eram moralmente muito corruptas”, referiu
numa entrevista na televisão iraniana após a detenção. Já Iran, dona de
casa, é mais contida nas palavras, mas parece também não mostrar
arrependimento: “O meu marido sugeriu e eu concordei. Tenho um óptimo
relacionamento com meu marido. Não me bate, nem me ofende.”
O casal
só foi detido porque o corpo de Babak foi descoberto. A polícia foi chamada a
Ekbatan, um subúrbio de Teerão, depois de alguém ter visto partes de um corpo
humano num caixote do lixo – duas mãos. Com esses membros, a polícia
usou as impressões impressões digitais e identificou a vítima, contou o The Guardian em maio. Depois, vieram as confissões pelos
“crimes de honra”.
Há
quem questione se Khorramdin e Mousavi estão a dizer a verdade. Não
obstante, o caso tem levado os iranianos a questionarem porque é que a polícia
não abriu uma investigação quando a filha do casal desapareceu.
“Independentemente do que o pai alega estar certo ou não, é claro que a
polícia foi negligente em não investigar o destino de duas pessoas
desaparecidas (a filha e o seu marido)”, disse o jornalista iraniano Maziar
Khosravi, citado pelo jornal britânico.
Sinais de vitória na prisão por
parte de um pai que quis fazer a sua justiça pela “honra”
Como conta o The New York Times, o
caso está a causar alguma comoção no país.
Por um lado, há quem diga que a lei que pune o homicídio de filhos
com apenas até 10 anos de prisão tem de ser mudada. Por outro, a lei é assim devido à forma como a
cultura do país olha para pais, “reverenciado-os como figuras
santas”, refere o mesmo jornal.
Akbar
Khorramdin não está a facilitar a vida a quem o quer defender. Da prisão,
surgiram fotografias do homem a fazer um sinal de vitória com a mão. De acordo
com alguns órgãos de comunicação social locais, alegou recentemente que
matará os dois filhos mais velhos se for libertado.
Tanto
Akbar como Iran disseram que mataram os filhos e o genros devido à vida que
levavam. Acusam o filho de ser agressivo e dizem que se
aproveitava dos pais, vivendo às suas custas. Além disso, manteria relações
fora do casamento com estudantes. Já a filha, dizem, era viciada em drogas e
bebia álcool. O genro, esse, também era agressivo e, além disso, traficaria
drogas, alegam.
Por
outras palavras, dizem que estavam a proteger a “honra” da família ao fazer o
que alegadamente fizeram. No país,
este tipo de crimes tem sido capa de jornais. Só no último ano, um irmão e
primos de um homem de 20 anos mataram-no por este ser homossexual e um pai
decapitou a filha de 14 anos por esta ter fugido com o namorado.
Porém,
como qualquer história insólita, há sempre mais pormenores que vão sendo
descobertos. Recentemente, foi revelada uma gravação de áudio de Iran, já na
prisão, em que a mulher diz que, afinal, o marido lhe batia e chega a
acusá-lo de ter violado a filha que matou.
Na sequência destes assassinatos, tem sido pedido ao Parlamento
iraniano que altere o Código Penal para aumentar a punição que os tutores do
sexo masculino enfrentam por homicídio.
IRÃO MÉDIO ORIENTE MUNDO CRIME SOCIEDADE
COMENTÁRIO
Rui Martins: O ditador
comunista da Nicarágua prende os positives… e não se vê um artigo!
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