quinta-feira, 29 de julho de 2021

Luto nacional


Telejornal, falou-se em covid, seguiram-se as burlas do costume por cá, em referência aos burladores habituais e seguintes, os ataques interpares partidários - PSD e PS - nas pessoas dos seus representantes, seguidos dos reclames do PM à sua acção governativa, com muito apoio social, chamariz de votação, é claro, o que não evitou as reclamações das forças de segurança para os aumentos próprios em futuras greves reivindicativas, mais outros dados sobre o como vai o mundo nosso e alheio, etc., etc. mas no entrementes foi ouvido o General Ramalho Eanes, em entrevista sobre Otelo Saraiva de Carvalho, iniciada pela pergunta sobre se o General entendia que se deveria ter declarado um dia de luto nacional hoje, dia do funeral daquele. O General Eanes respondeu com a boca cheia da habitual seriedade, que lhe não competia imiscuir-se nas decisões dos encarregados da função governativa, ele próprio tendo sido um dos competentes dessa, em 76, após ter sido o principal responsável do 25 de Novembro que ajudou a desmantelar o tal COPCOM, com que Otelo, o responsável por esse, se divertia em ocupações e ultrajes constantes à ordem social do país. Em 76, Ramalho Eanes fez-se mesmo PR, trazendo alguma paz a uma sociedade aterrada naquela desordem, que alguns parecem querer denominar hoje de democracia, enternecidos por ter definitivamente arrumado com o bolorento salazarismo ditatorial. Durante 4 anos de acção governativa, Ramalho Eanes pareceu proceder com respeitável lisura, na companhia da sua gentil mulher Manuela Eanes, mas o segundo mandato presidencial, a partir de 1980, mostrou que Eanes estava, de-alma-e-coração, sim, com os Otelos do seu país, o que me fez dedicar-lhe toda uma IV parte –( “MESSIAS”: “A bem nascida segurança / Da lusitana antiga liberdade” – Camões, Lus., I, 6   RAMALHO EANES?”) do meu livro CRAVOS ROXOS. “Ramalho Eanes” com interrogação, tendo deixado de ser o ídolo que nos apaziguara momentaneamente, contra as perversões perpetradas por um terrorista assumido, aparentemente defensor de uma “liberdade”, que manipulou a seu gosto, responsável, ele próprio, por crimes de que esteve preso.

Otelo, o amigo de Ramalho, ao que este afirmou hoje, em entrevista no 1º Canal. Ramalho, um homem que, na sua voz trepidante, debitou frases de justiceiro, como se de um justo falasse. Ramalho que admirei, por nos ter salvo de um status de autêntica vilania, em 1975, cometida por um pobre vilão pretensioso e traidor, de uma pátria, aliás, de inúmeros traidores, que empurram sobre Salazar, o odioso de uma governação férrea mas eficiente, na preservação de um pobre país legado por gente que fora valorosa, embora o tivesse sido para sustentar tanto do parasitismo de que sempre enfermou, sem o desenvolvimento adequado, com o beneplácito eclesiástico, de resto, de diminuto alcance, em eterno desequilíbrio com o desenvolvimento intelectual e tecnológico estrangeiros.

Não havia necessidade, sr. General, da sua oposição a A. Costa e a Marcelo R. de Sousa, no que toca à questão do luto nacional. Otelo não merece esse luto, o sr General não é da igualha daquele. Quem merecerá esse luto um dia, será o sr. General. Porque salvou o seu país de um criminoso, pode crer, com a parceria de muitos, de que o sr. General nos livrou.

Hoje sinto gratidão por Costa e Marcelo. Porque foram sérios e equilibrados, sem esses extremismos de um afecto pedante e insincero, quero crê-lo, movido pelo aforismo de que na morte não é de bom tom apontarem-se os defeitos.

Os órgãos de comunicação, sobretudo os entrevistadores, deveriam ser menos mexeriqueiros. Pois não passam disso, essas entrevistas revisteiras.

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