Telejornal, falou-se em covid, seguiram-se
as burlas do costume por cá, em referência aos burladores habituais e
seguintes, os ataques interpares partidários - PSD e PS - nas pessoas dos seus
representantes, seguidos dos reclames do PM à sua acção governativa, com muito
apoio social, chamariz de votação, é claro, o que não evitou as reclamações das
forças de segurança para os aumentos próprios em futuras greves
reivindicativas, mais outros dados sobre o como vai o mundo nosso e alheio, etc.,
etc. mas no entrementes foi ouvido o General Ramalho Eanes, em entrevista sobre
Otelo Saraiva de Carvalho, iniciada pela pergunta sobre se o General entendia
que se deveria ter declarado um dia de luto nacional hoje, dia do funeral
daquele. O General Eanes respondeu com a boca cheia da habitual seriedade, que
lhe não competia imiscuir-se nas decisões dos encarregados da função
governativa, ele próprio tendo sido um dos competentes dessa, em 76, após ter
sido o principal responsável do 25 de Novembro que ajudou a desmantelar o tal
COPCOM, com que Otelo, o responsável por esse, se divertia em ocupações e ultrajes
constantes à ordem social do país. Em 76, Ramalho Eanes fez-se mesmo PR,
trazendo alguma paz a uma sociedade aterrada naquela desordem, que alguns
parecem querer denominar hoje de democracia, enternecidos por ter definitivamente
arrumado com o bolorento salazarismo ditatorial. Durante 4 anos de acção
governativa, Ramalho Eanes pareceu proceder com respeitável lisura, na
companhia da sua gentil mulher Manuela Eanes, mas o segundo mandato
presidencial, a partir de 1980, mostrou que Eanes estava, de-alma-e-coração, sim,
com os Otelos do seu país, o que me fez dedicar-lhe toda uma IV parte –( “MESSIAS”: “A bem nascida segurança / Da
lusitana antiga liberdade” – Camões, Lus., I, 6 RAMALHO EANES?”) do meu livro CRAVOS
ROXOS. “Ramalho Eanes” com interrogação, tendo deixado de ser o ídolo que nos
apaziguara momentaneamente, contra as perversões perpetradas por um terrorista
assumido, aparentemente defensor de uma “liberdade”, que manipulou a seu gosto,
responsável, ele próprio, por crimes de que esteve preso.
Otelo, o amigo de Ramalho, ao que este
afirmou hoje, em entrevista no 1º Canal. Ramalho, um homem que, na sua voz
trepidante, debitou frases de justiceiro, como se de um justo falasse. Ramalho que
admirei, por nos ter salvo de um status de autêntica vilania, em 1975, cometida
por um pobre vilão pretensioso e traidor, de uma pátria, aliás, de inúmeros
traidores, que empurram sobre Salazar, o odioso de uma governação férrea mas
eficiente, na preservação de um pobre país legado por gente que fora valorosa,
embora o tivesse sido para sustentar tanto do parasitismo de que sempre
enfermou, sem o desenvolvimento adequado, com o beneplácito eclesiástico, de
resto, de diminuto alcance, em eterno desequilíbrio com o desenvolvimento
intelectual e tecnológico estrangeiros.
Não havia necessidade, sr. General, da
sua oposição a A. Costa e a Marcelo R. de Sousa, no que toca à questão do luto
nacional. Otelo não merece esse luto, o sr General não é da igualha daquele.
Quem merecerá esse luto um dia, será o sr. General. Porque salvou o seu país de
um criminoso, pode crer, com a parceria de muitos, de que o sr. General nos
livrou.
Hoje sinto gratidão por Costa e Marcelo.
Porque foram sérios e equilibrados, sem esses extremismos de um afecto pedante
e insincero, quero crê-lo, movido pelo aforismo de que na morte não é de bom
tom apontarem-se os defeitos.
Os órgãos de comunicação, sobretudo os
entrevistadores, deveriam ser menos mexeriqueiros. Pois não passam disso, essas
entrevistas revisteiras.
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