quinta-feira, 22 de julho de 2021

“Que estranha forma de vida”


Escuto o magnífico programa sobre Amália Rodrigues, com que a RTP vai tentando amenizar a tragédia em que estamos soterrados, com este estranho vírus de vaivém, que promete durar e não deixa esperança de uma viragem mais sedutora para um futuro sem grande expectativa, numa Terra sacudida pelo medo das catástrofes com que iradamente a cada passo ela parece vingar-se dos atropelos humanos.

O texto que a Paula me mandou parece enquadrar-se nesses medos que se vivem hoje, de casos de menos escrúpulos que danam o ambiente e a economia, juntamente com as debandadas de encerramento de aulas, provenientes do vírus na escola, que é o do seu caso e de colegas que o vírus momentaneamente dissipou do convívio habitual.

Um texto, o seu, de revolta e tristeza e apelo, de evocação de outros tempos de uma juventude empenhada, de receio – e ironia - em relação aos tempos de hoje, por muito participativos que sejam, numa “estranha forma de vida”- de um coração altivo em Amália, de corações de hoje, corajosos contudo, tentando ultrapassar o pesadelo, com a amizade apelativa de algum bom senso.                                                                         

À Isabel Correia, no seu tempo de gelados fora da “bolha” que lhe causaram um ataque de isolamento Profiláctico

 Isabel, anda ter connosco, tu não tens lepra e temos saudades tuas! E, mesmo que tivesses, este mundo já é uma gafaria... Anda trabalhar!, não os deixes fechar a tua alegria numa gaiola caseira!

Apanha amanhã o autocarro para a Amadora, "de manhã bem cedinho", brinca no parque, almoça numa esplanada (olha que o certificado não serve para viajar, mas há viagens curtas e sítios ao ar livre para se respirar e imunizar). E, à tarde, regressa à linha das tias, que é a tua. A Amadora, concentrada na praia de Santo Amaro, sem polícia marítima, escassa (que o calor derrete e o governo só manda no ar condicionado), estará de regresso ao seu lar, concentrada nos autocarros do final do dia (vai ser necessário reforçar a frota, de certeza!).

No dia seguinte, com as nossas máscaras e distanciamento social, na graaaannnnde sala que nos destinaram para Coordenação de Exames, vamos assegurar o futuro dos nossos jovens, que desejamos cidadãos críticos e criativos, mas, sobretudo, dotados de uma sensibilidade estética/artística que os distinga no futuro.

E o nosso pequeno grande mundo, esta "bolha" alegre de trabalho e dedicação começará a ter significado.

Que é o que andamos por aqui a fazer - perceber o sentido de trabalhar de sol a sol, o da nossa existência de setembro a julho - o sentido da existência!

Vai de autocarro (são mais completas a coerência e a sensação de risco - não faças batota com o teu velho Alfa Romeu) , leva duas máscaras, se quiseres, mas nunca, nunca, nunca tapes os olhos: continua a cumprir o teu Perfil de Educadora do século XXI, aquele que é o nosso, o da nossa aprendizagem desde o século XX quando começámos o nosso percurso profissional no "tempo dos conteúdos" (de outros Ministérios) e não "das formas" em forma do falatar sobre a essência, sem experimentar antes, sentados num gabinete confortável, com uma qualquer máquina de ar condicionado artificial a refrescar as leves ideias que saltitam no rio da corrente dos gabinetes. Faremos a nossa avaliação formativa e a qualitativa das suas cabeças e bocas, do seu Falar Falar Falar sobre quem TEM de pensar como ELES da forma como querem que pensemos (mas "ELES que não sabem que o sonho é uma constante da vida"), avaliaremos quem manda pensar sobre quem pensa, afinal... e deve fazer como ELES pensam que se faz ou deve fazer-se, e, portanto, tem de ser feito. Obrigar e dar ordens a quem pensa, a quem há muito tem os dez mandamentos interiorizados com seus nove critérios rumo à perfeição e ao ideal que pensam que inventaram (perfeição e ideal, leia-se Perfil do Aluno para o século XXI, à Saída da Escolaridade Obrigatória, Decreto-lei 55/2018).

Faz o teste: o teu quarto ou quinto teste, pega nas tuas duas vacinas e certificado, vai à Amadora e volta para junto de nós. Rompe e voa ("baixinho mas voa!). Esquece o teu velho Alfa Romeu e passeia de crocodilo, compra um no chinês.

E, quando vieres com o teu vestido de linho e ténis da natural world eco friendly sem pele de animais, os teus ténis giros e naturais a condizer com a cor do vestido, ténis made in Spain e não na China "já aqui tão perto", vamos dançar o vira do Minho- o da Maria da Fonte (https://www.youtube.com/watch?v=UjkpMdvI9No)

ou então o Fado da Maria da Fonte (https://www.youtube.com/watch?v=yN8tv9R705k) , num slow com o único "menino" do Secretariado, o Bruno Rocha, com os seus ténis confortáveis e surrados, um jovem de ténis antigos como ele já começa também a ser, ainda contratado, com filhos pequenos que têm de desenvolver-se, civicamente interventivos e bem formados, usando a Escola Pública que fazemos crescer neste bendito século XXI, mas onde agradecemos ter chegado e podido enriquecer intelectualmente até à fronteira (que esperamos cheia de flores e verde) do nosso possível futuro!

P.S. - Peço desculpa aos quatro que, ou não têm Facebook ou de quem não tenho os contactos, na minha lista, porque só são amigos na vida real .

 


Nenhum comentário: