domingo, 18 de julho de 2021

NÚPCIAS


Não, não me vou debruçar sobre estes desabafos próprios de gente como nós, assustada com o que nos chega de informação drástica, na impotência perante as políticas que nos vão encurralando em vias de um futuro cada vez mais amordaçado. Prefiro citar Cesário Verde, prevendo um doce casamento, entre ela, a China – no lugar do delicado e amoroso Cesário – e Portugal, a débil de corpo alegre e brando – e recatado - pronta a dar o humilde sim:

A DÉBIL

Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.

«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

 

Ia passando, a quatro, o patriarca.

Triste, eu saí. Doía-me a cabeça;

Uma turba ruidosa, negra, espessa,

Voltava das exéquias dum monarca.

 

Adorável! Tu, muito natural

Seguias a pensar no teu bordado;

Avultava, num largo arborizado,

Uma estátua de rei num pedestal.


Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.

«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, paraste embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,

E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.

E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.

A história interminável do controlo chinês /premium

A China trata Portugal como um país do Terceiro Mundo. Usa a mesma receita que usou para controlar países mais pobres: jorrando dinheiro em infraestruturas e empresas imprescindíveis para o país.

DIANA SOLLER, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 02 jul 2021

Ainda mal o Plano de Resolução e Resiliência tinha sido aprovado, já a China se dirigia a Portugal, por interposta pessoa, para se declarar interessada em investir em três áreas específicas: a tecnologia, a economia do mar e a saúde.

Numa conferência intitulada “China-Portugal: Novas Oportunidades no Contexto da Recuperação Europeia”, organizada esta segunda-feira pelo Banco da China, a Associação de Sociedades Chinesas em Portugal e a Associação de Jovens Empresários Portugal-China, Pequim veio prontamente declarar-se interessada em investir em Lisboa nas áreas acima descritas.

E qual é o problema? O investimento estrangeiro é bem-vindo. Aliás, países como Portugal podem beneficiar muito deste tipo de investimento se as empresas compradoras não estiverem nas mãos do Estado de origem e se a sua intenção for apenas obter dividendos dos investimentos. Ora, não é o caso. Empresas chinesas detêm assets fundamentais para o funcionamento da economia portuguesa e preparam-se, se lhes for permitido, para deter mais alguns.

A China trata Portugal como um país do Terceiro Mundo. Usa exactamente a mesma receita que usou para controlar os países mais pobres: jorrando dinheiro em infraestruturas sem aparentes compensações num momento de profunda fragilidade das economias nacionais. Agora as contrapartidas estão prestes a chegar.

As clássicas podem até tardar um pouco. Aquelas a que temos assistido na vizinhança asiática: quando Pequim se aborrece com um problema geopolítico castiga economicamente, com boicotes, o Estado que a aborreceu. Mas há outras que podem vir mais cedo.

Três exemplos muito breves: Portugal, como, aliás, o resto da Europa, é dependente tecnologicamente dos Estados Unidos e da China. Não há inovação, mas também já não há alternativa a viver fora da crescente “digitalização”, anunciada, em si só, como um bem para a humanidade. Mas é um bem que põe parte da humanidade entre a espada e a parede, até porque as grandes potências em confronto têm vindo a desenvolver tecnologias alternativas e incompatíveis entre si. Quando for preciso fazer escolhas – e elas estão para breve –, estará Portugal em condições de escolher em liberdade?

Outra questão: no périplo de Biden pela Europa, apesar das reticências, o G7 e a NATO declararam – e aprovaram planos e documentos – para prosseguir numa trajectória de apoio aos Estados Unidos contra a China. Será Portugal capaz de acompanhar parceiros da Aliança Atlântica em situação de risco?

Finalmente: os Estados Unidos já perceberam que precisam de transformar as regras da economia internacional para, por um lado, manter viva a economia de mercado e, por outro, serem mais competitivos relativamente a Estados que beneficiam de estatutos com regras menos pesadas (incluindo a China), nomeadamente na Organização Mundial do Comércio. Os parceiros europeus também aceitam que novas regras mais equitativas são importantes para o rebalanceamento da economia internacional. Estará Portugal em condições para alinhar nesta empreitada internacional tão importante?

Na semana em que se celebram 100 anos de existência do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping já não esconde que a China tem ambições imperiais. O maior símbolo – e projecto dessas ambições são as Rotas da Seda. Segundo Yu Hui, analista sénior do Serviço de Informação Económica da China Sobre Países Estrangeiros, presente na conferência de segunda-feira em Lisboa, as Rotas da Seda estenderam-se a outros sectores, como a Saúde, e há grandes oportunidades de cooperação entre os dois países. Mas oportunidades para quem? Para a submissão portuguesa ao controlo chinês?

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO  INVESTIMENTO  CHINA  MUNDO  ECONOMIA  ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA

COMENTÁRIOS

Miguel Eanes: A Nova Rota da Seda, demonstra que a China investiu milhares de milhões de euros nos países do Leste da Europa, comprando empresas e criando centros de investigação, como o que está a ser construído na Hungria. A China criou uma ligação ferroviária até à Europa, tendo chegado a Portugal, no passado dia 4 de fevereiro, os primeiros produtos vindos da China por via férrea. Portugal virar-se contra a China é a mesma coisa que se virar contra a UE.            jorge botelho Moniz: Pois bem, caríssima Diana Soller. Um destes dias ainda acordamos com o individuo que é primeiro-ministro a dizer que assinou um acordo com a RP da China para instalação imediata de uma base destes nos Açores. E o chamado líder da oposição, um tal "Rio", andará com a polícia à procura do burro que prendeu ao que ele designa "casa amarela com portas e janelas" quando chegou a Lisboa. A polícia a referir-lhe que era um eléctrico da Carris e ele a dizer que disso não percebe nada: "era uma casa amarela e pronto                 Fernando Fernandes: A China mudou muito nas últimas décadas. A entrada para a OCM e a mudança de milhares de empresas ocidentais para a China (onde procuravam milhões de consumidores e sobretudo, lucro fácil pela utilização de mão-de-obra barata e baixos imposto) produziu uma China forte, dominadora, arrogante, ameaçadora. Forte, pois durante algumas décadas, inundou o mundo de produtos de baixa qualidade a preço reduzido. Dominadora, pois foi aplicando as toneladas de USD's na compra de empresas estratégicas, dívida de muitos países, açambarcando MP's em tudo o que era fornecedor com a corda na garganta. Arrogante pois diz aos 4 ventos que quer ser a maior em 2050 e investe forte em armas, na ocupação de águas territoriais de outros países e em permanente ameaça a vizinhos (Vietname, Taiwan, Filipinas, Austrália, Índia, Nepal). Ameaçadora, sobretudo aos seus vizinhos que ameaça invadir. Mas a maior ameaça ainda está para vir. Os acordos com a Rússia na área da defesa, espaço, energia, tecnologia, junta duas ditaduras com interesses similares e ameaças cada vez maiores à Europa e EUA. A pandemia alertou o Mundo, mas pouco ou nada parecem estar preparados para fazer. Continuaremos a comprar lixo, a impedir o nosso desenvolvimento tecnológico limitando-nos a comprar feito e, se eles assim desejarem, a vender o estratégico que ainda não compraram. Juntar os mais arrogantes do mundo com a maior população do planeta, vai dar problemas que, nem neste artigo, nem nos demais, é abordado.           Anarquista Inconformado: Olhe Dona Diana, a China só chegou a esse ponto depois da Oligarquia Corrupta e Cleptocrata ter tomado conta das empresas que eram propriedade do Estado Português e mais engraçado ainda com o dinheiro do nosso estado. Pergunte aos políticos que tomaram isso possível, quanto receberam de comissões por baixo da mesa e porque é que ainda não foram investigados e condenados. Ao pé deles Berardo é um menino de coro. E já agora a sua estorieta do domínio chinês no nosso país, não tem nada a ver com a realidade.           Francisco Correia > Anarquista Inconformado: Será que já estás esquecido que Portugal se pôs a jeito, quando ficou sem dinheiro (graças à excelente governação do PS) para pagar a FP´s e pensionistas? Eu também acho que mais valia ter falhado nos pagamentos aos FP´s e pensionistas, do que ter vendido algumas empresas aos chineses. É que era só lucro! Os portugueses teriam ficado vacinados contra políticos bancarroteiros e a China agora não poderia cá meter o bedelho.              Xico Nhoca > Anarquista Inconformado: Quem parece que anda a negar a realidade é o anarquista inconformado quando não vê que, muito para além do nosso país, a China se não domina ainda o mundo por via da economia, anda lá muito perto. A própria pandemia mostrou isso: a cura da maleita que partiu da China estava na China desde a máscara até ao ventilador. Arre, que é preciso ser ceguinho.          António Sennfelt: Neste seu pequeno artigo, Diana Soller condensa uma das questões mais prementes com que se defronta o mundo ocidental. Infelizmente, as nossas alegadas "elites" políticas, intelectuais e económicas parecem incapazes de olhar para além do seu umbigo!               Pontifex Maximus: Será Portugal livre para decidir entre a China e o Ocidente, pergunta a colunista. Respondo de uma forma simples: pergunte ao Sr Passos Coelho, que inaugurou a entrega do país aos chineses!               Fernando Francisco > Pontifex Maximus: Que visão pequenina             Xico Nhoca > Pontifex Maximus: E eu a pensar que tinha sido o Sócrates, com a bancarrota, a obrigar a que Portugal fosse vendido quando aparece esta mente esclarecida a explicar que não... Ainda bem que há tipos inteligentes que nos explicam as coisas              Elvis Wayne: Até a China ( do outro lado do Mundo) já percebeu o que a casa gasta. Só nós é que permanecemos em negação, achando que não nos estamos a tornar numa Venezuela europeia.           advoga diabo: Além de Portugal não ser propriamente Angola, p.e., desde logo por se reger por leis da UE, o "controle" chinês comparado com o ocidental ao longo de séculos e até hoje por todo o lado, os EUA continuam a dominar boa parte da economia mundial, continua a ser minoritário e, mais importante, nunca recorreu a processos infames.        Fritz Maier > advoga diabo: bebeste?            Paulo Dias > advoga diabo: Com todo o respeito pela sua opinião, diria que é só uma questão de tempo. Há livros suficientes com histórias do género, e mais do que a história, a forma como a China tem mostrado esmagar quem se lhe opõe é sinal evidente que se trata de uma questão de tempo. A este propósito, há aquela fábula da tartaruga e do escorpião, que, querendo atravessar um rio, o escorpião, que não consegue nadar, perguntou à tartaruga:– Posso atravessar este rio agitado às tuas costas?– Nem pensar – respondeu a tartaruga – quando eu estiver a nadar tu picas-me e eu afogo-me.– Querida tartaruga, – respondeu o escorpião – se eu te picar eu também vou ao fundo. Que lógica tem isso? Depois de um momento de reflexão, a tartaruga, convencida pelo escorpião, concordou em transportá-lo. – Sobe, disse ela. O escorpião subiu para casco da tartaruga e iniciaram a travessia. Quando estavam a chegar ao meio do rio, o escorpião deu uma impiedosa ferroada à tartaruga. O veneno agiu quase de imediato paralisando-a que, não conseguindo nadar, começou a ir a o fundo, levando consigo o seu passageiro. Indignada, a tartaruga disse:– Disseste que não havia lógica em picar-me. Porque é que o fizeste? – Não tem a ver com a lógica, – respondeu o escorpião – é simplesmente a minha natureza.          Elvis Wayne > advoga diabo: Estarei a ler o teu comentário bem? Estás e preterir os EUA (racistas e colonialistas) à Grande Democracia Oriental de Partido Único (comunista)? Não tomes a medicação não, depois vêm-me chorar no ombro a dizer que o "Partido" te tirou a avença.         advoga diabo > Paulo Dias: A História prova não ser essa a natureza da China. Escorpiões encontra-os, há séculos, no Ocidente.     Paulo Dias: Felizmente, somos todos criados com "vontade própria" e como tal não podemos impedir os outros de implementarem as estratégias que entenderem. Por um lado o investimento Chinês utilizando a estratégia estado-empresa, por outro lado o investimento "ocidental" utilizando a estratégia empresa-estado. Em qualquer dos casos o objectivo final é sempre o mesmo, poder, domínio dos fracos pelos fortes. Ou Portugal não andou já, durante algum tempo, a (tentar) jogar o jogo dos fortes? A questão é portanto, não podendo impedir o que os outros tentam fazer, e estando nesta altura no lugar dos fracos, por incúria, por má gestão, etc., o que fazer? Escolher um dos lados? Jogar o jogo em diferentes tabuleiros? Identificarmos e controlarmos o “core business” do país (Água, Rede Eléctrica, Vias de Comunicação, ...) deixando o resto do jogo ser jogado por empresas, independentemente das estratégias que estejam por trás? Entregamo-nos às mãos dos fortes, eles que se desunhem, que nós cá estamos para viver à conta o mais possível? Digamos que é muito fácil fazer o diagnóstico, mas é mais difícil identificar a receita. São estes os temas que infelizmente não vejo debater pelos nossos políticos e pela sociedade em geral. Todos nos entretemos a falar de futebol, se o ministro, ou o carro do ministro está licenciado ou não, etc.. Sem dúvida tudo temas muito interessantes, mas que me lembram aquela metáfora de controlo, em que andamos à procura de formigas e os elefantes passam-nos à frente dos olhos sem os conseguimos detectar. Muitas vezes nos queixamos que não há desígnios nacionais e que as pessoas não participam na actividade política. Suspeito que este é um dos temas de tal forma estruturante, que deve ser discutido pelo maior número de pessoas possível, para clarificar dúvidas, separar águas e que nos transformaria num país diferente, para melhor.           Francisco Tavares de Almeida: Finalmente um artigo de Diana Soller com que concordo totalmente. A inimizade e, para já, guerra fria entre os EUA e a China é um facto. É uma realidade com que, agrade-nos ou não, iremos viver. Também parece inevitável a aliança entre a China e a Rússia que desagradará à maioria mas que também não conseguiremos evitar. Há uma muito pequena possibilidade de vir a existir um grupo de países não alinhados, encabeçados pela Índia. E uma muito menor possibilidade da UE se decidir e conseguir esse estatuto. Mas o expectável é que seja impossível não escolher um dos lados. E sendo assim, a afinidade cultural, a compreensão da língua e a situação geográfica, pelo menos da Europa atlântica, não permitem outra escolha senão os EUA, ainda que não se goste deles. Se, como é possível dada a dependência alemã da energia russa e da economia chinesa, a UE se venha a fragmentar, Portugal continua sem alternativa aos EUA, tanto mais que é certo que a Grã-Bretanha vai integrar esse lado. Neste cenário que é factual e não ideológico, comentários como os de César Neves, apenas se explicam se aspira já a um emprego como director de um campo de detenção ou semelhante.                mamadorchulo dostugas: Pode ser que os chinocas ponham na ordem estes wokes João Guedes: Quando surgiram os telemóveis, J.L. César das Neves chamou-lhes “coleiras electrónicas” porque com essas coleiras, passávamos a estar contactáveis ao alcance de quem quer que fosse, onde quer que estivéssemos, quando quer que fosse. Hoje, a população já vacinada anda feliz porque se tiver um “passaporte digital” no telemóvel já lhe é permitido sair do concelho, ir até ao Algarve, ir ao casamento da sobrinha ou mesmo visitar o filho emigrante na Irlanda. A vida para quem não tiver o passaporte digital em breve vai tornar-se num inferno (extremamente limitada). Mas o corona da China mais as suas variantes vão continuar aí até que estejam todos vacinados (mesmo nas faixas etárias para as quais o risco e os efeitos da doença são estatisticamente irrelevantes). Nada de se investir no desenvolvimento de uma cura para a doença. Só depois, quando todos tivermos “passaporte digital”, poderemos regressar ao novo normal. Será fácil então aos governos instituírem, quando a situação estiver madura, um sistema de pontos com prémios e castigos, como já acontece na China, que alarga ou encurta a nossa trela conforme sejamos “bons” ou “maus” cidadãos. Que maravilha! Se a China (leia-se PC chinês) dominar os países, sendo dona das suas infraestruturas essenciais e credora das suas dívidas (que muito aumentaram devido aos “lockdowns” impostos por um combate desastroso ao corona da China), nada a impede, através de governos nacionais manietados, dominar um por um cada um dos cidadãos.  Parabéns ao PC chinês que está a dar tempo ao tempo para conquistar o mundo sem precisar de dar um tiro.  (Quanto mais tarde a Terra se tornar plana, melhor.) Francisco Tavares de Almeida > João Guedes: Tem razão mas o que assusta é que, por este caminho, esse programa que enuncia, pode estar já "habilidosamente" em curso.            Carlos Guerreiro: Bom artigo. Não dúvida nenhuma sobre a intenção chinesa. É domínio: territorial, económico, financeiro e político. Vide todos os países que se submeteram às suas 'ajudas'. Portugal vai pelo mesmo caminho se aceitar investimento chinês porque este, como diz muito bem a Diana, não é económico. É político. Uma nota: não deixa de ser irónico ver os chineses a ajudarem e a ganharem dinheiro com uma situação criada por eles. De facto...o Ocidente está decadente.             Censura Repugnante: OK. Mas a dura e triste realidade é que Portugal É um país de terceiro mundo. Não é de quarto ou de quinto mundo, mas é de terceiro.         bento guerra: Saberá alguma coisa de História?               João Guedes: Excelente artigo. O povo de olhos fechados e os governantes submissos aos novos colonizadores. César Neves: Olha que engraçado. A Inglaterra e os EU fizeram, e fazem, pior: corrompem; e quando a corrupção não lhes permite o esmifranço, põe os indígenas á trolha, para se tornarem senhores daquilo tudo e "salvadores da pátria". Então a nós foi sempre um ver se te avias: trataram-nos sempre pior do que um país do terceiro mundo, : além das badalhoquices referidas, sempre nos desprezaram até ao tutano. E nós sempre o permitimos: sempre houve colaboracionistas e corruptos, de cabeça baixa, chapéu na mão e rabo a dar a dar, a fazer-lhes as vontadinhas todas. Percebeu? Estou certo que sim. Não vai voltar a fazer um artigo como este, pois não?           António de Mendonça > César Neves: César Neves, a sua cegueira é compatível com a sua ignorância. Se viajar pelo mundo e nomeadamente por África, verificará que a estratégia da China é injectar dinheiro em economias fracas, sabendo de antemão que estas nunca poderão pagar os empréstimos e desta forma, paulatinamente apoderar-se de importantes fontes de matérias primas, terras férteis e infraestruturas, para poderem depois manipular os governos a seu favor, quer no acesso ao território e águas, quer em votações na ONU etc...etc... Cá estão a tentar fazer a mesma coisa. A diferença entre a China e esses países que refere e despreza, é que o governo desses muda de vez em quando, assim como as suas políticas e o da China não. Além disso, na China não lhe seriam permitidos os comentários sobre o seu país que livremente faz nesta plataforma. Carlos Quartel > António de Mendonça: Tem razão. O capital chinês funciona como extensão da vontade imperialista, é parte integrante do objectivo de conquista. O capital de países livres rege-se pela esperança de lucro, numa postura de negócios. Essa é a grande diferença...                  César Neves > Carlos Quartel Qual a diferença!? Diga-me qual a diferença por favor? A China, Rússia, EU, Europa e afins, andam todos ao mesmo: e todos com uma lógica imperialista de obter recursos ao preço da uva mijona e/ou mercados. Todos não têm o menor pejo em corromper pessoas e instituições, e chacinar crianças como quem come tremoços. A ganância é mandatária e comum a todos. Qual a diferença!? Onde é que o senhor vê a diferença?           César Neves > António de Mendonça: Porque insulta? É sinal de falta de inteligência e educação, e sobretudo de falta de razão. O que o senhor acusa com verdade a China, os EU e Ocidente faz pior: muito pior. A corrupção pelo Ocidente das pessoas e instituições em África e nos países pobres, é um ver se te avias. Que o digam o Eduardo e Isabel dos Santos. A chacina de crianças ainda é ainda um maior ver se te avias. Que o digam as mais de 500000 crianças chacinadas no Afeganistão e Iraque; os dois milhões de mortos e deslocados das "primaveras", as crianças que estão na escola e levam com um míssil num bombardeamento dito cirúrgico e por aí fora. Perante isto, diga-me por favor: onde é que o senhor vê a diferença?            Fernando Pité > António de Mendonça: Respondeu justamente ao que estava a pensar! Achei curioso o discurso do Xi-jinpeng(?), dizendo que os Chineses ao contrário de outros povos, nunca foram imperialistas, quando a História o nega. Sobretudo com a invasão da China pelos Mongóis, expandiu-se o imperialismo chinês, que apenas foi contrariado pela tentativa falhada de anexação do Japão, e pela guerra do ópio. Fora isso o Império Chinês foi consolidado pela anexação de outros povos e pela tentativa de domínio da Indochina e da "mongolização" da India. Actualmente a China investe tecnologia e capital. e exporta mão de obra para o exterior, cria bases navais no "corno de África", e têm razão quando referem que o seu sistema político-administrativo carregado de corrupção, baseado numa ideologia capitalista-marxista, supera o que o pós-capitalismo que subsiste que relega para o passado. Sobretudo, a China joga politicamente a longo prazo, e aproveita-se da fraqueza dos outros, Americanos inclusive, e daí que tende a suplantá-los...         Geraldo Sem Pavor > César Neves: Existem várias, das quais destaco: 1. os governos na EU e EUA são eleitos pelos cidadãos e não pelo partido comunista chinês. 2. a maioria das empresas multinacionais, na EU e nos EUA, são detidas por investidores privados e não pelo estado (i.e. partido comunista chinês). 3. os empresários na EU e nos EUA podem expressar as suas opiniões sem correrem o risco de "desaparecerem" misteriosamente. podia continuar mas torna-se cansativo.   César Neves > Geraldo Sem Pavor: Imagine as crianças de África que são impedidas de se desenvolver e instruir adequadamente; que passam fome; que levam um míssil na cabeça: tudo em resultado da actuação corrupta e bárbara dos países poderosos. Responda agora por favor: acha tem alguma  importância para essas crianças se quem o fez é um "democrata" americano ou um comunista chinês? Responda ainda: acha que países que chacinam crianças como quem come tremoços são democracias? Acha que são muito diferentes dum regime comunista? Bem me parecia que concorda comigo.            César Neves > Fernando Pité: Mas que arrazoado tão grande para tentar explicar o inexplicável. Claro que todos os países poderosos foram, e são, imperialistas: todos sem excepção. E nenhum é flor que se cheire. Todos têm um desprezo absoluto pela vida das crianças dos outros. Não há nenhum melhor do que o outro. Todos são péssimos. De modo que devemos é lutar para acabar com esta badalhocada toda, e não dar cobertura a nenhum, nem a ninguém, dizendo que uns são melhores que outros.

 

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