Que a razão desconhece. Acho que já aqui usei
um título com este ditame que não é meu, naturalmente. Mas que também se aplica
neste caso, como o demonstram muitos excelentes comentadores. Mais um episódio
do romance de paixões mesquinhas, que vamos vivendo, tinha-me escapado, mas vai
sempre a tempo, hélas!
OPINIÃO: Estudem, que vos faz falta
Até dá dó a facilidade com que se pode
responder a Palma e Tavares. Eu aconselho-os a estudar, mas não tenho nenhuma
dúvida de que não vão aprender.
PÚBLICO, 12 de Junho de 2021
1. Tive honras, esta semana, de quase
metade da opinião de um dia do PÚBLICO, Palma no meio
e Tavares no
fim. Palma, aliás, está num activismo de tweets e entrevistas a
insultar-me, descuidado quer nos seus atributos académicos, quer nos meus, e
dizendo que tem medo que eu faça parte de uma comissão de censura do artigo 6.º
da Carta dos Direitos, que ajudei a
denunciar… Descuidado é um eufemismo. O pano de fundo é político. A
convenção do MEL correu mal, primeiro porque a defesa do regime
salazarista-caetanista tornou-se incómoda e isso faz lembrar que esta direita
radical precisa de “lavar” 48 anos de ditadura em que esteve no poder; e depois
porque, com as palavras de Rio sobre o
posicionamento ideológico do PSD, a captura do partido para a tribo
ainda não foi conseguida. É isto que justifica tanta fúria, o resto são
pretextos. Acresce que, como diz a expressão popular, meteram o pé na poça,
sabem disso e agora andam a justificar-se por todo o lado.
2. Comecemos pela vitimização das pobres
vítimas da “ditadura da memória” e de campanhas contra o seu “prestígio”
académico, da censura do politicamente correcto, da manipulação esquerdista da
história da “Velha Senhora”, por aí adiante. Quanto à vitimização, a mim, que
não tenho feitio para o papel de vítima, parece-me sempre coisa de fracos. Acho
demasiado cobarde, e percebo como pôr a independência e liberdade de pensar e
de falar antes da carreira, do dinheiro e dos 15 minutos de fama tribal
incomodam muito. Aprendi também com os velhos anarquistas que um homem de
joelhos a fazer de Calimero é apenas meio homem.
3. A vitimização é uma técnica conhecida
para suscitar simpatia, muito usada por quem tem por tradição e hábito o ataque
pessoal. Já repararam como Tavares usa o nome de pessoas quase sempre nos
títulos dos artigos? Já reparam como Palma rapidamente aprendeu a lição e o
estilo? Dá resultados, alimenta o monstro do populismo, mas não é novidade, é
uma antiga tradição da direita radical e da extrema-direita e do seu “jornalismo”,
um pouco por todo o lado, do caso Dreyfus à Fox News e aos tweets de Trump ou
de Marjorie Taylor Greene. Se for preciso, mando bibliografia.
4. Vamos, para se perceber o mecanismo da
retórica política usada na intervenção no MEL, que nada tem de académico,
mostrar como ela funciona. Um exemplo:
de 1933 a 1942, ou seja, já bem dentro da II Guerra, os alemães melhoraram as
suas condições de vida, o PNB alemão aumentou significativamente, os salários
dos operários alemães cresceram, as condições de “alegria no trabalho” dos
operários eram excelentes, havia cruzeiros para trabalhadores, campos de
férias, excursões, as mulheres alemãs arianas tinham assistência na
maternidade, havia um programa de habitações operárias, ar livre e medicina
para matar as anomalias dos deficientes e robustecer os soldados, naturismo,
apologia do corpo ariano, etc., etc.
5. Se eu disser apenas isto, não
estou a fazer história, estou a escrever um manifesto político que funciona
como legitimação do nazismo, mesmo que diga que “no plano político era
indefensável”. Falta o resto e o resto é explicativo para os sucessos
anteriores. A ausência de lei e de liberdade, de sindicatos, de direitos
laborais, o papel da economia militarizada, mais de um milhão de presos
políticos, trabalhos forçados de estrangeiros, seis milhões de mortos no
Holocausto, 25 milhões de mortos na guerra na URSS, sete milhões na própria
Alemanha, execuções em massa, etc., etc., tudo com apoio popular – se houvesse
eleições, Hitler ganhava-as. Por comparação com a República de Weimar, a frágil
experiência democrática do pós-guerra, o nazismo ganha e não é por pouco. E, se
não houvesse Plano Marshall, ganhava durante muitos anos à República Federal
Alemã. Se for preciso, mando bibliografia.
(Para depois não perder tempo a
responder a fantasmas, afirmo desde já que Salazar não era Adolf Hitler, mas a
retórica de Palma funciona bem para os dois casos, porque o mecanismo é o
mesmo.)
6. Quanto
à pergunta de Palma: podem
os regimes autocráticos ser eficazes no combate ao analfabetismo? Sem dúvida que sim, e a resposta pode ser dada com
dois exemplos: a URSS e Cuba. Em particular Cuba, mais rápida e eficaz do que o
“Estado Novo”, e não só para as crianças. O que é que isso justifica? A seguir
o seu raciocínio no discurso no MEL, o carácter “superior” do socialismo. Se
for preciso, mando bibliografia.
7. O problema disto tudo é o
contexto. É suposto que nada, a começar por estatísticas, seja apresentado com
uma série de conclusões sem contexto, ainda por cima em matérias que são densas
de significado político. Foi a crítica que fiz e faço. Nunca disse que não
havia prevenções, mais ou menos tímidas, sobre o carácter “indefensável” do
“Estado Novo”, a questão é que essas prevenções são mera retórica, nenhum papel
têm na economia argumentativa, nem na lógica dos raciocínios, nem estão
presentes em qualquer causalidade, não têm pura e simplesmente função, quer no
texto do artigo originário, quer na intervenção no MEL. São proclamações, não
são argumentos. Podiam não estar lá e nada mudava.
Palma e Tavares estão confortáveis na
sua tribo e usam invectivas e ataques pessoais como gritos de guerra. Recebem
demasiada complacência e palmas para o ego. Vão continuar, porque não há nada
como os falhanços para estimular a persistência nos radicais
8. Chamar
a Palma e a Tavares “fascistas” é um erro que, aliás, nunca cometi. Eles são
outra coisa. Em 2021, são radicais de direita de uma actual geração, cujas
intervenções públicas vivem da defesa de governos “fortes” da TINA, a que
chamam “anti-socialistas”, ligados aos interesses económicos, ou da nostalgia
de momentos autoritários de forte conteúdo inconstitucional, como aconteceu no
Governo troika-Passos-Portas, e tendo como alvo as classes médias “baixas”,
aquelas que saíram da pobreza através do Estado, em Portugal como em toda a
Europa – daí a sanha contra os funcionários públicos, assente numa concepção
neoliberal da economia, na negação de direitos aos trabalhadores. São
tradicionalistas quando lhes convém, radicalizados em política, todos
despachados em matérias de alguns costumes, mas não quanto aos direitos
sociais. Não são genuínos conservadores, acham socialista a doutrina social da
Igreja, e o actual Papa um comunista disfarçado, não têm uma mínima empatia com
os mais fracos, os excluídos, usam grandes palavras como liberdade para
justificar sociedades desiguais e moralmente inaceitáveis por gente que preza a
dignidade humana. Se estivessem nos anos 20-30 do século XX, seriam
propagandistas do Integralismo Lusitano, mas não camisas azuis do Nacional
Sindicalismo, porque isso metia muita rua e podia dar pancada.
9. Até dá dó a facilidade com que se
pode responder a Palma e Tavares. Palma quis dar ao MEL um sustento
doutoral para a sua tese sobre os 20 anos de
estagnação do “país falhado que é Portugal” (que inclui Sócrates,
Passos e Costa, strange bedfellows). Tavares acrescenta-lhe meia dúzia de
confrangedoras manipulações disfarçadas por palavras arrogantes e muita
vitimização, o habitual todas as semanas. Não há estudo, nem conhecimento,
nem pensamento, nem acham que seja preciso. Eles estão a fazer propaganda
política, mas não assumem que seja isto que estão a fazer. Precisam do
rótulo académico, que é também uma velha técnica para evitar a discussão e usar
argumentos de autoridade. Não sabem nada da história portuguesa do século
XX, e o mais grave é que não querem saber. Acima de tudo não a querem “sentir”,
na sua enorme e longa violência, porque isso lhes dá uma má genealogia.
10. Eu aconselho-os a estudar, mas não
tenho nenhuma dúvida de que não vão aprender. Estão confortáveis na sua tribo e
usam invectivas e ataques pessoais como gritos de guerra. Recebem demasiada
complacência e palmas para o ego. Vão continuar, porque não há nada como os
falhanços para estimular a persistência nos radicais. Tenho mais que fazer. Boa
sorte.
Historiador
TÓPICOS
HISTÓRIA DIREITA ESTADO NOVO DITADURA ANTÓNIO DE
OLIVEIRA SALAZAR JOÃO MIGUEL TAVARES PORTUGAL
COMENTÁRIOS:
Julio Santos INICIANTE: Excelente texto de Pacheco
Pereira. Sonia Santos INICIANTE: e O Pacheco marimbar-se para os
vossos comentários?? Que tal ?? ´É mesmo à tuga. Falamos de tudo sem sabermos
do que falamos, mas interessa é q falamos. Haja democracia e assim é que deve
ser mas com tino´. Ok?
Rui Henrique Pena INICIANTE: Pacheco Pereira não é movido
por ideais, mas por ressentimento. Pacheco não gosta de números e contas.
Duvido que visite a Pordata, deve ser demasiado aborrecido para ele. Para
Pacheco Pereira a governação assenta essencialmente em vontades e estilos. A
17/10/2015 neste jornal, Pacheco escreveu «as diferenciações sociais
agravaram-se [desde a crise financeira]». Isto é falso como qualquer consulta
da evolução do Índice de Gini em Portugal pode corroborar! Na juventude Pacheco
militou na corrente mais lunática do marxismo. Mais tarde, no início deste
século, apoiou a invasão do Iraque enquanto defendia os salários milionários
dos gestores de grandes empresas. Poucos anos depois já andava na companhia de
iletrados em Economia na Aula Magna. Um cata-vento, dirão alguns... Don Pepe INICIANTE: Concordo e acrescento o modo
nefasto como se dirige aos seus antagonistas “Palma” e “Tavares” desde o início
da sua réplica para comprovar sinais da sua arrogância e falta de respeito
perante quem pensa diferente. Manuela Antelo INICIANTE: Pacheco Pereira : em quem vamos
votar ? Luís Manuel Braga INICIANTE: “Tenho mais que fazer. Boa
sorte” é exactamente isso que se deve responder à desonestidade de Palma e
Tavares. O assunto em discussão é demasiado complexo para com alguns dados,
mais ou menos correctos, tirarem-se conclusões mais ou menos definitivas e
muito bem direccionadas. Qd as questões a considerar são tantas e tão complexas
só com honestidade intelectual é possível e proveitoso discutir estes temas.
Caso contrário, como JPP conclui, é uma perda de tempo Jorge Sm MODERADOR: Neste texto, o José Pacheco
Pereira até foi poupadinho em relação ao Nuno Palma. O Palma não se limitou,
num congresso político, a destacar três "indicadores positivos" da
ditadura, fê-lo comparando com o regime democrático (com doses cavalares de
desonestidade intelectual, diga-se). O Nuno Palma tentou depois tomar-nos por
tolinhos. Vitimizou-se ridiculamente e é provável que continue a fazê-lo, tal
como o João Miguel Tavares.
Centrista Caviar INICIANTE: Portanto, o erro de Palma foi
ter mencionado factos e não ter seguido a narrativa dominante da sua ocultação,
certo? Eng. Jorge Simões INFLUENTE: Comentário ridiculo. Que tal ir
ouvir a totalidade da excelente aula de Nuno Palma? É talvez pedir muito aos
sabichões que ajudam a afundar o país. Rui Santos.896057 INICIANTE: Estudem, que vos faz falta????
E este senhor que estudos tem? Quem é este Dr para me mandar estudar? Há muitos
portugueses com melhor curriculum que este iluminado... Modéstia... Please... Tristão Bretão EXPERIENTE: Um dos melhores textos de JPP:
claro, contundente (não digo 'esmagador', que a polícia de linguagem da direita
cai-me logo em cima), sem subterfúgios, bem argumentado, levando ainda mais
longe o argumento crítico inicial, como é de regra. Dois pontos cruciais: 1) a
desmontagem da vitimização, a estratégia mais estúpida que Palma e JMT poderiam
ter escolhido e escolheram mesmo (JMT, que tinha falado no MEL contra os que
estão sempre a sentir-se ofendidos!); 2) a caracterização de JMT (Palma é
evidente) como radical de direita, o que é patente desde a campanha pró-TINA no
tempo da troika. A mascarilha liberal de JMT apodreceu cedo e não foram poucos
os leitores do Público que se aperceberam das manobras de encobrimento do Chega
e do seu ascoroso chefe. O MEL arrumou o caso de vez. Joao Ribeiro INICIANTE: Excelente artigo! Mais uma vez
JPP desmonta a narrativa desses "cataventos". Jorge Sm MODERADOR: O seu erro, José Pacheco
Pereira, é não perceber que ao João Miguel Tavares não interessa para nada
estudar um assunto antes de escrever sobre ele. João Miguel Tavares vive de
surfar uma onda qualquer de “indignação” selectiva (bastante selectiva,
diga-se), escrever umas bocas, inventar umas teorias da conspiração, manipular
e distorcer e o estudo só atrapalharia. Não há profundidade, não há substracto,
não há um pingo de coerência. É capaz de dizer tudo e o seu contrário, desde
que isso convenha ao resultado pretendido em cada momento. Só de pensarmos no ridículo
que é alguém que se intitula “liberal” apontar como positivo o crescimento
económico da década de 60, assente em pressupostos que só podem horrorizar
qualquer liberal… Leclerc EXPERIENTE: Jorge está a falar do JMT ou do
Pacheco? Um homem que adere ao comunismo quando toda a gente já sabia que o
significado do amanhãs a cantar era ver o sol aos quadradinhos, que depois
adere ao Cavaquismo, mas nunca viu (ou viu mas não denunciou) os cavaquistas
que chegavam a Lisboa com uma mão à frente e outra atrás e depois parece que
nadavam em dinheiro. Alguma herança de um tio afastado, deve ter pensado o
Pacheco. Agora surfa a onda socialista, sempre a boiar este Pacheco. Este artigo é
um clássico do radicalismo de esquerda, não falta o reducio ad hitlerum, a
referência aos fascistas (mesmo quando dito que não quer chamar…) e um pozinho
de "superioridade moral” do comunismo (“em particular Cuba, mais rápida e
eficaz que o “Estado Novo”). Pacheco Pereira é licenciado em Filosofia (1978),
escrever sobre a experiência da militância comunista e assuntos contemporâneos
é insuficiente para que se intitule de “historiador”. Ter uma biblioteca grande
não significa que se tenha lido tudo, muito menos que tenha compreendido o que
leu. Quem adere em 1972 ao comunismo, não revela muita perspicácia, nem muito
conhecimento da história, ocorre depois da
repressão da Hungria (1956) e da Checoslováquia (1968) e quando eram conhecidos
os desvarios do Mao na China. A2 EXPERIENTE: O trabalho de JPP na biografia de Cunhal, que é uma
biografia política e extravasa completamente o indivíduo, é mais a história do
PCP no contexto da história de Portugal no século XXI, vale muito mais do que o
trabalho de muito historiadores. Como este aparecido agora, com dois assentos
académicos, mas cujo artigo é um exemplo cabal de como o história pode ser uma
caricatura de (falta de) objectividade e imparcialidade.
francisco cruz EXPERIENTE: Não há pachorra... mais um
cromo com pretensões a ter muitos conhecimentos, saber, aptidão académica e por
aí fora. Entretanto, pelo meio decide passar um atestado de ignorante,
incompetente e inabilitado a José Pacheco Pereira. Há por aí um outro, acabado
de chegar aos fóruns do Público, tem o avatar "antifascista" e
insulta José Pacheco Pereira de " não saber ler nem escrever, inculto e
com óbvia limitação cognitiva". Estranho comportamento desta gente,"
arrota postas de pescada" e sem mais nem menos acredita ser superior. É
obra!! Leclerc EXPERIENTE: A entrevista de Oriana Fallaci
ao Cunhal foi muito mais reveladora do pensamento do Cunhal do que a volumosa
biografia feita por Pacheco. Aliás nos últimos volumes parece mais transparecer
o cuidado de não aborrecer o pcp, pode ser que assim lhe permitam o acesso ao
arquivo. Querer, como o Pacheco, dar lições a alguém que desenvolve a carreira
académica em história económica por alguém que é "historiador" nas
horas vagas, e sobre assuntos no qual tomou parte (o que retira sempre
objectividade), é de uma grande sobranceria. Aónio Eliphis INFLUENTE: Pacheco Pereira neste texto
demonstrou algum ressentimento e pedantismo. É sabido que Pacheco Pereira tem
um problema com dados numéricos factuais. A História não se resume aos números,
é certo, mas os números são excelentes para retirar a gordura subjectiva do
debate. Colete Amarelo INFLUENTE: O problema é que nem os números estão isentos de
subjectividade. Em modo abstracto, quando se conjugam uns com os outros em
sistema fechado são, realmente, valores absolutos. Mas quando se trata de
representar uma realidade, os números servem intenções. Escolhem-se
os que melhor servem uma tese. Como disse em baixo, não houve referência aos
valores das remessas de emigrantes que variaram, nos anos 60/70, entre os 8 e
os 13% do PIB. Ora esta riqueza significativa não é fruto de nenhum governo.
Desconte-se este valor e a tese da convergência perde força. Leclerc EXPERIENTE: Vá ver a Pordata, em 1975 eram
4% do PIB, em 1984 eram 8,4% do PIB. E depois vieram as bazukas da UE (mais de
100 mil milhões) e estas não eram dinheiro de alguém, era mesmo dinheiro para o
Estado (e sus muchcachos). Colete Amarelo INFLUENTE: Leclerc, tem toda a razão.
Depois do 25 de Abril as remessas desceram. É claro que estamos a falar dos
anos da Velha Senhora. E aí os valores das remessas variaram entre 8 e 13%. Só
o facto de 2 milhões de pessoas terem abandonado o país de 1951 a 1971 nega que
a economia agradava aos portugueses. FzDINFLUENTE: Pessoalmente considero a leitura dos clássicos do
anarquismo como um dos melhores antídotos para o autoritarismo e o
totalitarismo... E também para a arrogância intelectual. Sara Aragão INICIANTE: Mau trabalho! Quando alguém
recorre a argumentos de autoridade (ainda para mais, presunçosos), como Pacheco
Pereira recorreu, é mau sinal. É normalmente porque não tem capacidade de esgrimir
argumentos de forma intelectualmente sólida e honesta. Só Nuno Palma saberá o
motivo da sua palestra, mas eu posso especular. Temos vivido quase 50 anos a
escutar repetidamente que o Estado Novo empobreceu o país e que não promoveu a
escolarização. Diabolizar o anterior regime é uma forma de propaganda do regime
vigente. O Estado Novo também diabolizou a 1ª República. E esta a Monarquia. O
problema é que uma mentira muitas vezes repetida não se torna uma verdade. Nuno
Palma mostrou que esses são dois mitos sobre o Estado Novo. E isso não equivale
a dizer que o Estado Novo é melhor do que a democracia. Boa exposição, com uma falha.
Diz que o ENovo diabolizou a 1.ª república, a do reviralho, que roubou a Igreja
Católica, manteve o povo no analfabetismo e na miséria, além de ser responsável
pela morte de 7 mil soldados no espaço de um ano (1917-18) numa guerra que não
era nossa. Dê-nos um caso. Este regime diabolizou ENovo porque além de ser um
fracasso e ter posto os portugueses a viver de euro-esmolas, pega na enorme
Obra do ENovo e apresenta-o como se fosse seu, caso do SNS ou da ADSE. Com a
corrupção existente e não conseguem esconder, têm de afastar a atenção dos
portugueses para outro lado com recurso à falsificação dos factos, como sabe! francisco cruz EXPERIENTE: A excelente situação económica
criada pelo Estado Novo alardeada por Palma, Miguel Tavares e correligionários
permitia aos trabalhadores portugueses - muitos deles - ter como almoço uma
fatia de pão, vinho e uma sardinha. Sou desse tempo. Miúdo, vivenciei essa
miséria. O regime salazarista também oferecia aos trabalhadores - leia-se
escravos - rurais a benesse de trabalhar desde o nascer ao pôr do sol. Todos os
trabalhadores à época tinham sindicato, serviço nacional de saúde, passe social
e seus filhos escolaridade obrigatória até ao décimo segundo ano, também podiam
declarar as suas opiniões políticas. O discurso leviano de Palma, Miguel
Tavares e acólitos que enxameiam este fórum é nojento e escandalosamente
mentiroso. Pena que vocês não possam regressar ao passado e ficar por lá. Moksha EXPERIENTE: E seguem os comentários de
avençados e avençadas políticas para criar uma nova narrativa. É bastante
comum, nos dias de hoje, tal como se fazem cirurgias plásticas e operações
cosméticas, fazer o mesmo com a história. Repetir diversas vezes a mesma
conversa de forma a que se pense ser verdade. O estado novo empobreceu o país,
manteve-o na ignorância, na censura e, seja qual for o regime, tem de o
diabolizar! Um abraço fraterno caro Francisco Cruz por expor um pouco da sua
experiência e relatos vividos na primeira pessoa. O desplante com que se tenta
maquilhar um regime tacanho e bafiento é simplesmente vergonhoso. Centrista Caviar INICIANTE: Havia muita pobreza no Estado
Novo, mas na Primeira República havia mais. Por isso, é falso afirmar que o
Estado Novo empobreceu Portugal. No final da 1ª República, o PIB per capita era
de apenas 26.9% da média do PIB per capita de 12 países desenvolvidos. Em 1974
o PIB per capita português era de 57.5% da mesma média, uma subida de mais de
30 pontos percentuais. E o que alcançou esta nossa democracia? Apenas logrou
uma subida de 4.4 pontos percentuais. O período de
maior crescimento económico estatisticamente registado na nossa História foi
durante o governo de Marcello Caetano. E a democracia teve 3 bancarrotas (ou se
quiserem chamar-lhes, pedidos de ajuda financeira), o Estado Novo nenhuma. Se
for preciso, mando bibliografia...
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