terça-feira, 13 de julho de 2021

Sim, era gente simpática

 

Sim, era gente simpática

E moralmente elegante, tantos desses que foram meus companheiros de brinquedos por alturas do liceu – a Rita e a Domina, da Escola Técnica, a Margarida e mais tarde a Telma, cuja amizade, desta última, se mantém ainda, tendo feito comigo o liceu… Descíamos a estrada e chamávamos, elas vinham e era o nosso mundo de corridas e jogos, no terreno por detrás da casa do Estado, onde vivi. Os pais nunca apareciam, discretos, conheci, posteriormente, melhor os da Telma - então minha colega docente - elegantes e educados, em cujo quintal se fazia a bebinca, no fogareiro, de camadas de leite de coco, um bolo estranhamente saboroso, e visualmente consistente e elegante, assim discreto como eles próprios, esses goeses de uma simpatia sempre educada. Continuámos amigos depois desse Rubicão de 61, mais tarde vieram todos para cá, com prazer meu - que não gostaria de os saber entregues a um mundo de violência, que decididamente não fora o nosso por lá - aquando do nó “Górdio” que cortámos, anos depois, em espampanantes enfeites floridos e algazarra propícia, no piparote com que se sacudiu a História antiga.

 O Dr. Salles, incansavelmente, no seu patriotismo saudosista, vai recordando, batalhador sempre, e de conceito firme.

DAS MALHAS DO IMPÉRIO

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 12.07.21

Quem constrói Impérios, tece histórias – umas mais heróicas que outras, umas mais risonhas que outras…

* * *

A história que hoje vos trago, fui buscá-la às malhas do nosso Império no Oriente e foi-me contada por antigos alunos do «Liceu Nacional Afonso de Albuquerque» que existiu em Pangim, Goa. Não me peçam detalhes, que os não tenho, deixemos a beleza vogar por aí além, quase incógnita porque aqui uso nomes fictícios, pela imaginação…

* * *

 

Jovens e solteiros, Felícia e Bernardo ter-se-ão conhecido como professores no «Liceu Nacional Afonso de Albuquerque», em Pangim, Goa.

Conhecidos, amaram-se e casaram. E ensinaram... até que se impôs o Rubicão e tudo acabou em 19 de Dezembro de 1961.

Decidiram sair de Goa e vir para a Metrópole, Portugal.

Vieram e presumo que continuaram a ensinar até que Felícia morreu. E Bernardo não suportou o luto.

Esta história pode ter décadas mas também isso deixo na penumbra do imaginário.

Julho de 2021

Henrique Salles da Fonseca

Tags: história

 

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