segunda-feira, 15 de julho de 2024

Insubmissão criadora


Do espírito francês, ao longo dos tempos, de escritos admiráveis, na narrativa, no lirismo, na dramaturgia que se impuseram como modelos, nas diferentes partes do mundo, tantas vezes servindo de padrões quer literários quer orientadores ideológicos, quer na arte musical, ou nos seus génios científicos que ajudaram a reformular conceitos e a alterar as mentes, ao longo da sua História. Por isso, Vive la France, sempre e para sempre, com a sua língua suave e rica, torneada por tantas mentes ilustres, forjadores não apenas de nobres conceitos, como de modelos de oratória, de lirismo, tragédia ou comédia, que cedo influíram sobre os espíritos de outros povos que se apressaram a divulgá-los e a introduzi-los nas suas próprias criações culturais. Daí que a frase do tal senhor francês polaco – tal como a Madame Curie - «Quando a França treme, a Europa desmorona-se» bem perspectiva a hecatombe cultural e social que umas eleições precipitadas francesas parecem fazer temer. O Dr. Salles evoca o francês rural “que pode tender para o integrismo”, em oposição ao francês citadino, mais insubmisso, mas eu recordo a Revolução Francesa, onde o povo se manifestou com violência revoltosa, que não respeitou sequer o solo pátrio, palco de vinganças e falhas aos preceitos fraternos que apregoava, e onde só os tais conceitos da igualdade e da liberdade pareceram vigorar. Ontem como hoje, lá como cá, a chafurdar…

VIVE LA FRANCE!

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 13.07.24

Neste Dia Nacional de França e a propósito das eleições legislativas lá concluídas em 7 de Julho, recordo Haroun Tazief – francês de origem polaca, vulcanólogo que foi Ministro do Ambiente – a quem se atribui a frase «Quando a França treme, a Europa desmorona-se».

Deixando passar o exagero, meditemos um pouco sobre «o que é o francês actual».

Pois bem, creio que o francês actual, também ele fruto da História, é um libertário e, portanto, um insubmisso.

Contudo, este é o francês urbano que claramente contrasta com o francês rural que pode tender para o integrismo.

E aqui estão os dois extremos que apenas deixaram algum espaço para o «politicamente correcto».

Já terá sido essa característica libertária e insubmissa que produziu a Revolução Francesa; o integrismo poderá ter origem na ideia da pureza teológica de Bernardo de Claraval e na firme liderança cruzadista de JACHES MOLAY, tendo eventualmente Pierre Teilhard de Chardin SJ passado em vão pela tradição religiosa Francesa – tudo contra o Concílio Vaticano II.

Quanto aos «politicamente correctos» para quem a Europa é o refúgio da Humanidade, mesmo para aqueles que querem destruir essa derradeira tábua de salvação, ficam emparedados por radicais também eles idealistas de pragmatismo duvidoso.

 * * * Segue-se a pergunta: - E o que é que tudo isto tem a ver connosco?

Respondo que – Nós somos uma versão moderada daquela caricatura, mas convém olharmo-nos por dentro, o que fica para um texto seguinte.

14 de Julho de 2024 Henrique Salles da Fonseca

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