Do espírito francês, ao longo dos tempos,
de escritos admiráveis, na narrativa, no lirismo, na dramaturgia que se
impuseram como modelos, nas diferentes partes do mundo, tantas vezes servindo
de padrões quer literários quer orientadores ideológicos, quer na arte musical,
ou nos seus génios científicos que ajudaram a reformular conceitos e a alterar
as mentes, ao longo da sua História. Por isso, Vive la France, sempre e para sempre, com a sua língua suave e
rica, torneada por tantas mentes ilustres, forjadores não apenas de nobres
conceitos, como de modelos de oratória, de lirismo, tragédia ou comédia, que
cedo influíram sobre os espíritos de outros povos que se apressaram a divulgá-los
e a introduzi-los nas suas próprias criações culturais. Daí que a frase do tal
senhor francês polaco – tal como a Madame Curie - «Quando a França treme, a Europa desmorona-se»
bem perspectiva a hecatombe cultural e social que umas eleições precipitadas
francesas parecem fazer temer. O Dr. Salles evoca o francês rural “que pode tender para o integrismo”, em
oposição ao francês citadino, mais
insubmisso, mas eu recordo a Revolução Francesa, onde o povo se manifestou
com violência revoltosa, que não respeitou sequer o solo pátrio, palco de
vinganças e falhas aos preceitos fraternos que apregoava, e onde só os tais conceitos
da igualdade e da liberdade pareceram vigorar. Ontem como hoje, lá como cá, a
chafurdar…
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 13.07.24
Neste Dia Nacional de França e a
propósito das eleições legislativas lá concluídas em 7 de Julho, recordo Haroun Tazief – francês de origem polaca,
vulcanólogo que foi Ministro do Ambiente – a quem se atribui a frase «Quando a França treme, a Europa desmorona-se».
Deixando passar o exagero, meditemos um
pouco sobre «o que é o francês actual».
Pois
bem, creio que o francês actual, também ele fruto da História, é um libertário
e, portanto, um insubmisso.
Contudo, este é o francês urbano que
claramente contrasta com o francês rural que pode tender para o integrismo.
E
aqui estão os dois extremos que apenas deixaram algum espaço para o
«politicamente correcto».
Já
terá sido essa característica libertária e insubmissa que produziu a Revolução
Francesa; o integrismo poderá ter origem na ideia da pureza teológica de
Bernardo de Claraval e na firme liderança cruzadista de JACHES MOLAY, tendo
eventualmente Pierre Teilhard de Chardin SJ passado em vão pela tradição
religiosa Francesa – tudo contra o Concílio Vaticano II.
Quanto aos «politicamente correctos»
para quem a Europa é o refúgio da Humanidade, mesmo para aqueles que querem
destruir essa derradeira tábua de salvação, ficam emparedados por radicais
também eles idealistas de pragmatismo duvidoso.
* * * Segue-se a pergunta: - E o que é que tudo isto tem a ver connosco?
Respondo que – Nós somos uma versão moderada daquela caricatura, mas convém
olharmo-nos por dentro, o que
fica para um texto seguinte.
14 de Julho de 2024 Henrique Salles da Fonseca
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