Nem sequer contou, com q b da natural para a conquista do espaço próprio, sem o “a salto” vexatório nem a mala de cartão das nossas tradições desertoras.
A vitória de António Costa
O que têm em comum António Costa,
António Guterres e José Manuel Durão Barroso? Há qualquer coisa de fado em os
nossos governantes não gostarem de nos governar.
HELENA GARRIDO Colunista
OBSERVADOR, 02 jul. 2024, 00:2067
Devemos ficar contentes quando um compatriota tem sucesso fora de
portas. E, por isso, a escolha de António Costa para Presidente do Conselho
Europeu (PCE) merece ser elogiada, como a de José Manuel Durão Barroso e
António Guterres, todos eles ex-primeiro-ministros. Não
sendo correlação causalidade, é interessante verificar que todos eles pertencem
igualmente ao grupo dos líderes de Governo que menos bem fizeram ao país. Podia dizer-se que parece ser o curriculum
necessário para se ser escolhido pelas instituições internacionais, deixar o
país natal cheio de problemas, sem capacidade para os resolver. E todos eles a
parecerem que se sentiram aliviados por nos deixarem.
António Costa ganhou a maioria absoluta a 30 de Janeiro de 2022 e
tomou posse a 30 de Março. Pouco menos
de um ano e meio depois o Governo de maioria absoluta, do qual se esperava que
finalmente adoptasse medidas estruturais, acumulava a saída de 13
ministros e secretários de Estado.
De Março de 2022 a 7 de Novembro de
2023, o ex-primeiro-ministro e agora Presidente do Conselho Europeu pareceu em
geral ter desistido de governar. Chamou a si
os assuntos europeus, pasta que costumava pertencer aos Negócios Estrangeiros,
e de início estava mais fora do país do que dentro. Uma das
viagens que ficou na história foi a que fez à Hungria em Junho de 23, onde assistiu à final da Liga Europa
ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e que agora votou a favor da sua nomeação
para PCE. Na altura quer o PSD como a Iniciativa Liberal perguntavam
se António Costa estava em campanha.
Com todo o trabalho que teve na frente
europeia e que, infelizmente para nós,
não teve em Portugal, foi protegido pela sorte – que dá muito trabalho
– e viu o seu sonho ser concretizado por causa da Operação Influencer, usando o
parágrafo do comunicado do Ministério Público para se demitir. Sim, depois de tudo o que já tinha
acontecido com o seu Governo e com a descoberta de pouco mais de 75 mil euros na estante do seu chefe de
gabinete, ficaria muito fragilizado, mas podia não se ter demitido
até porque tinha uma maioria absoluta. E escusava, quer o ex-primeiro-ministro
como algumas pessoas do PS, de transformarem o Presidente da República num alvo.
Durante o tempo da sua governação, não fez
uma única reforma estrutural, não decidiu um único investimento
estruturante – como o novo
aeroporto ou a alta velocidade. Foi
uma governação sempre atrás do prejuízo, que teve justificações no caso da pandemia
e da inflação, mas que não se percebe noutras áreas. Deixou o
seu Governo ao Deus dará e deixou-nos com uma imigração descontrolada, sem
respeito pelos direitos humanos, serviços públicos degradados, como a educação,
a saúde e a justiça, por exemplo, assim como um problema grave na habitação. E
deixou-nos uma sociedade radicalizada, com os eleitores a serem chamados a
eleições a meio de um caso de suspeitas de corrupção que conduziu o Chega aos
50 deputados.
Ah,
sim, deixou-nos as “contas certas”. Só que esse equilíbrio orçamental foi conseguido à custa da míngua
dos serviços públicos e, por isso mesmo, de sustentabilidade difícil. As poucas
reformas que começou a fazer foram ditadas por Bruxelas, como condição para se
ter acesso às verbas do PRR.
É com este curriculum na governação de
Portugal que António Costa chega a Presidente do Conselho Europeu. Sim, é
verdade que o perfil exigido para aquela função ajusta-se completamente ao que
o ex-primeiro-ministro sabe fazer melhor: a negociação política, os jogos
políticos. Quando o deseja ou quando lhe é útil porque sabemos bem como
é implacável com quem o critica ou se coloca no seu caminho. Foi assim com
António José Seguro, foi assim com Assunção Cristas, ex-líder do CDS, foi até
assim e de alguma forma com o Bloco de Esquerda e foi assim com André Ventura que agora, ironicamente, quer pertencer
ao grupo político de que Viktor Orbán é fundador.
As
escolhas da União Europeia para as lideranças dos principais órgãos europeus
são aliás incompreensíveis, como bem notou a primeira-ministra italiana Georgia
Meloni. Na prática, foram os derrotados, o
chanceler alemão Olaf Scholz nas
eleições europeias e agora como se viu na primeira volta das legislativas o
presidente francês Emmanuel Macron,
que decidiram quem iria dirigir os destinos da Europa da União nos próximos
cinco anos, indiferentes aos resultados eleitorais e ignorando a Itália. São
estes mesmos líderes, tal como António
Costa, que depois estranham o
sucesso dos populismos, quando os alimentam.
Nós
portugueses começamos a estar habituados a ser trocados, pelos nossos líderes,
por cargos internacionais que os satisfazem mais. António Costa consegue sair
sem que nos sintamos abandonados, apesar de tudo em melhor posição do que
António Guterres, mas ao contrário do que aconteceu com José Manuel Durão
Barroso, que deixou de ser primeiro-ministro para ser presidente da Comissão
Europeia. Há qualquer coisa de fado neste nosso destino de não sermos capazes
que os nossos governantes gostem de nos governar.
ANTÓNIO COSTA POLÍTICA PARLAMENTO EUROPEU UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO GOVERNO
COMENTÁRIOS (de 67)
bento guerra: "Vitória"? Encomenda
da Internacional Socialista. Vitória do Diogo Costa Alfaiate Tuga: Alguém sabe dizer se os
40.000,00€ mensais vão pagar IRS em Portugal ou noutro país qualquer? Já agora,
a pensão de 95% do último vencimento a que terá direito quando terminar o
mandato, vai ser paga por quem? Bruxelas? Segurança social portuguesa? Obrigado J G: Eu não fico contente quando um
"compatriota" corrupto e medíocre consegue ter acesso a cargos de
poder. Uma pessoa que já várias vezes provou ser de mau carácter e incompetente
num cargo de poder consegue (e conseguiu, os resultados negativos falam por si)
prejudicar a vida de muitas outras pessoas que realmente trabalham e contribuem
para a sociedade. Sou a favor do mérito e de pessoas que mostram resultados
positivos, não sou a favor da mediocridade premiada e carregada ao colo pela
cunha e compadrio. Ao se premiar uma pessoa medíocre a nível profissional e
ainda para mais a contas com a justiça como António Costa estão a passar uma
mensagem muito errada aos mais novos, estão a dizer a eles que eles também
devem ser aldrabões e destituídos de moral para conseguirem subir na vida. Maria Tubucci: Triste país, muito triste
mesmo, Sra. HG, que tolera ser abusado, como referiu, para ser usado como rampa
de lançamento para um incompetente adquirir um emprego na Europa. A vitória do
Costa significa a nossa derrota, empobrecimento e subjugação a interesses
exteriores que nos querem aniquilar como nação. Joaquim Silva: Costa apesar de ser uma
nulidade a nível de gestão e governação, foi um excelente estratega para ele
próprio, até conseguiu que seus rivais votassem nele e atingiu o seus objectivos,
dele não se pode esperar outra coisa senão egoísmo e arrogância basta ser um
pouco pressionado, o mau carácter vem logo ao de cima. Carlos Chaves: Caríssima Helena Garrido,
meter dois execráveis socialistas que praticamente nos deixaram na miséria, no
mesmo saco onde meteu o Durão Barroso, CONVIDADO pelo Conselho Europeu para
presidir à Comissão Europeia, só pode ser má-fé! Os dois socialistas abandonaram
Portugal e os Portugueses, ambos se demitiram das suas funções quando
perceberam o pântano (palavras de Guterres) que nos tinham enfiado, e
venderam-se para os altos cargos que ocupam (um ainda vai ocupar). O Durão
Barroso foi convidado, não se andou a vender para o lugar e foi o único até
agora, a fazer duas Presidências da Comissão Europeia, uma digna representação
Portuguesa na política internacional! Ao contrário destes dois socialistas, um
apoiante do terrorismo do Hamas, e o outro nem é precisa que descreva o
resultado das suas políticas, pois todos nós as sofremos na pele!
GateKeeper: HG voltou ao seu
"normal". E mais não digo. A minha esmerada e pontualíssima educação
dos Alpes Suíços não me permite continuar. Só vos digo que colocar no mesmo
tacho o tonyC e o Durão B ... Só passa, mesmo, no "estreito" da
"rataria do Largo"! Ricardo Ribeiro: Falta só agora eleger o Eng.
Socas para director do Fmi e o ramalhete fica composto... Ludovicus: Pobre Povo. Resta-nos o Fado, o Futebol… Lembro-me dos finais do Estado
Novo, nos meios universitários em Lisboa. Estes estudantes acusavam o regime de
alienar o Povo com os futebóis, os folclores, as touradas, Fátima, etc. Essa geração utilizou com
maior sofisticação outras ferramentas para alienar. Mantiveram o futebol e Fátima,
mas criaram as telenovelas baratas, os Big Brothers, etc. Triste ver os jovens a
emigrar. Joaquim
Rodrigues: Resta saber se, o célebre "parágrafo", não foi afinal uma última
reivindicação do Costa, a sua última reivindicação, junto daquela que tinha
sido a sua escolha "cirúrgica" para exercer o cargo de Procuradora
Geral da República. Esgotada "a sua" capacidade de "influência" na
paróquia, ao Costa qualquer pretexto servia para se pôr a andar e para tentar
agora, a partir de lá de fora, continuar a exercer a sua
"influência", na persecução dos seus propósitos, cá na paróquia. Ouçam bem: o Costa nunca
serviu o PS nem o País. O Costa apenas se serviu e continuará a servir do PS (e
agora vai servir-se também do País) para cumprir a sua agenda pessoal. Agenda
pessoal que é a do Portugal Colonial, do Portugal Imperial, do Portugal do
Costa, o Portugal ali da esquina do Rossio com a Praça da Figueira, mas não o
Portugal real, de Norte a Sul, de Valença a V.R. de S.to António. João Floriano: “contas certas” Deixou-nos as contas certas
que afinal já não estão assim tão certas e como Helena Garrido escreve
justamente à conta da inexistência de reformas ou qualidade de serviços. Deixa
o SNS, a Educação, os serviços Públicos, a Habitação em cacos. Deixa-nos o
legado de quase 10 anos de imobilidade, deixa-nos também a honra de estarmos
nos lugares finais da UE e da Europa. Não vou ser de forma alguma hipócrita
para afirmar o meu contentamento por portugueses como António Costa, Durão
Barroso e Guterres ocuparem altos cargos. Provavelmente em comum e sem honra
partilham a qualidade de serem muito fofos (António Costa exteriormente parece
muito dialogante e fofo mas a nível interno foi extremamente áspero, indelicado
e sem qualquer empatia genuína). Em comum os três têm a característica de não
fazer ondas e escudarem-se no politicamente correcto. Quanto a Orban, limita-se
a jogar em dois tabuleiros: continua a ser amigo do peito de Putin e a
exasperar os wokes de Bruxelas, mas simultaneamente tornou António Costa seu
devedor por ter votado favoravelmente a ocupação de um cargo de sonho. À sua
maneira Orban e Costa são parecidos: dois chicos espertos oportunistas. JOSÉ MANUEL: Creio ser justo colocar na mesma jarra também o Vitor Constâncio na
nulidade e o Sem Tino, que, de governar, só percebem a parte que lhes toca Maria Fernanda Louro > Carlos Chaves: Andamos a fazer o mesmo que
faz a Coreia do Norte, a despejar o nosso lixo para casa dos vizinhos..... Americo Magalhaes: Mais uma ode à
mediocridade...... HG quando começa a promover o "Sr. Inginheiro"
Sócrates para PR? Depois admiram-se que ninguém dá qualquer crédito ao jornalismo e à CS... Rui Lima: Dos que fizeram mal ao país só
falta um alto cargo para José Sócrates. António
Soares: Todos eles gostam muito de se governarem...! José B Dias: Todos eles foram votados pelos cidadãos portugueses ... que
claramente têm muito pouco jeito para escolher lideranças.
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