segunda-feira, 22 de julho de 2024

Avivando memórias


Para defender pareceres. No caso de Trump, pareceu-me aquilo encenação, para reforço de eleição, de mistura com a devoção. Mas já vi que é uma tese perigosa. Por aqui. Todavia, muito me aprouve recordar o caso Thatcher, pelo que fico grata ao seu autor..

A madrugada em que Thatcher não morreu

Thatcher não se arrogou protegida de Deus porque houve quem morresse. A sua força decorreu da sua humildade. Talvez por isso quem a quis matar fossem terroristas e não um miúdo inseguro.

ANDRÉ ABRANTES AMARAL Advogado e colunista do Observador

OBSERVADOR,21 jul. 2024, 00:1855

A 12 de Outubro de 1984, o IRA tentou matar Margaret Thatcher. Se recordarmos esse acontecimento e o compararmos com a tentativa de assassinato de Donald Trump há 8 dias deparamos com duas diferenças óbvias e gritantes. Primeiro, quem tentou matar Thatcher foi um grupo terrorista com um projecto político e não um indivíduo desequilibrado. A segunda, a mais reveladora, é que Thatcher, ao inverso de Trump, não se definiu como eleita por Deus.

Muito pelo contrário, no seu discurso no dia seguinte na conferência do partido conservador, Margaret Thatcher começou por referir os mortos e os feridos, qualificou o atentado como uma tentativa de ferir o governo de Sua Majestade que fora eleito democraticamente, para de seguida agradecer à polícia, aos bombeiros, aos serviços das ambulâncias, aos enfermeiros e aos médicos. Thatcher não se considerou a si mesma, ela em específico, como o alvo da bomba. O objectivo dos terroristas não fora ela, mas sim a primeira-ministra do Reino Unido. Não fora ela, mas o posto. Não fora ela, mas o país. Não era ela, mas a democracia. Como também, apesar de crente, Deus não foi chamado à história. Aliás, isso não seria possível para uma verdadeira cristã. A um verdadeiro cristão não passa pela cabeça que Deus permita que alguém morra para nos salvar porque, para Deus, não há pessoas providenciais, não há indivíduos de primeira nem de segunda. Deus não se segue pelos nossos critérios políticos, menos ainda pelo nosso conceito de força, fama e sucesso. Thatcher sabia disso porque acreditava nisso. Foi dessa humildade que retirou a sua força para levar por diante um projecto político sólido de defesa da liberdade e da igualdade perante a lei. O oposto de Trump. Não porque os tempos sejam outros, mas porque Thatcher era muito diferente do género de pessoa e de político que é Donald Trump.

Talvez por isso, quem tentou matar Thatcher foi uma organização terrorista com um objectivo político e não um miúdo tímido perseguido na escola pelos colegas. Atenção que isto não retira nada ao facto de alguém ter tentado matar Trump nem sequer ao valor da sua reacção imediata, que foi corajosa. Simplesmente, essa diferença realça um facto: Trump é uma miscelânea de ideias e mensagens confusas e contraditórias, não só entre si mas também nos seus efeitos e consequências. Enquanto Thatcher sabia o que queria e o que tinha de fazer, Trump é um atirador furtivo que dispara em todas as direcções. Thatcher era acutilante e incisiva nos seus comentários, mas nunca aceitou a violência, fosse esta verbal ou física, política e menos ainda criminosa. Já Trump faz disso arma de arremesso, não só nas suas críticas gratuitas e ofensivas a John McCain, nos comentários grosseiros à tentativa de assassinato do marido de Nancy Pelosi, mas nas suas reacções às ondas de violência racial que se propagaram pelo país fora, sem falar do modo criminoso, um acto de verdadeira traição à democracia norte-americana, que foi a forma como reagiu, como alimentou, o assalto ao Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021.

É provável que Trump vença em Novembro. Como cristão acredito que a esperança é a última a morrer e que muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Mas um dado é certo: Donald não é o homem que vai ajudar os norte-americanos que sentem dificuldades, porque os homens que se consideram providenciais não fazem outra coisa além de se ajudarem a eles próprios. E fazem-no principalmente à custa de quem neles acredita e que lhes dá força. À custa de mais divisão, mais ódio e mais violência. Até ao dia em que a ordem tem de ser reposta, nem que seja à força e nem que seja por alguém mais sólido que Trump, como é o caso de J.D. Vance, um nacionalista que defende o proteccionismo económico, política posta de parte há décadas por proteger as grandes empresas em detrimento da livre concorrência, a melhor forma de inovar e baixar os preços.

DONALD TRUMP     ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA     AMÉRICA     MUNDO

COMENTÁRIOS (de55)

Alexandre Barreira: Pois. Caro André. A "Dama -de-Ferro"....tinha "tomates". O Trumpo tem....."orelhas"....!!!                  Tim do A > Maria Emília Santos Santos: Bem mais. O povo português vota Costa, Sócrates e Marcelo e na maçonaria. Bem pouco evoluído, sem dúvida. E só quer viver de esmolas enquanto o povo americano quer sempre enriquecer! Leram bem? Enriquecer e não pedir subsídios!                    Tim do A: Biden ou a sua vice irão fazer bem pior do que Trump. Vão continuar a instalar a ditadura mundial da religião Woke de pensamento único obrigatório e a sua censura, cultura de denúncia, perseguição e punição implacável sobre as famílias, sobre as pessoas, nas escolas, nos empregos, nas universidades, na comunicação social, no desporto, na ciência, na História, etc. Já para não falar da substituição da população branca por africanos e muçulmanos no ocidente. Horrível !!! Abaixo a ditadura do Estado! Viva a liberdade de pensamento! Então, aí, viva Trump! A bem do mundo ocidental.                     Madalena Magalhães Colaço: Já chega de baterem sempre no mesmo. Já ninguém tem paciência para ouvir pela enésima vez o que todos acham sobre Trump. Porque não se entretêm com o Biden? Ninguém se interessa com o que ele e o filho Hunter andaram a fazer na Ucrânia quando ele Biden era vice-presidente de Obama? Porque Victoria Nuland secretária de estado na altura nomeava os ministros do novo governo? Porque não aceitou Biden, ao fim das seis semanas de guerra na Ucrânia a paz que Erdogan intermediou e que Zelensky esteve prestes a assinar? Porque, logo que o Nordstream II foi sabotado, o governo de Biden se apressou a dizer que foram os Russos?, a estes bastava-lhes abrir ou fechar a torneira, não sabotavam algo que pagaram. Porque ninguém questiona quem anda a governar a América desde há uns anos visto Biden não estar em condições há já muito tempo? Já enjoa de baterem no Trump, que enquanto presidente pôs o da Coreia do Norte a dizer que não precisava de fazer mais testes nucleares e não provocou nenhuma guerra, ao contrário de Biden, que se prepara para acicatar o Xi.                   Isabel Almeida: Vi de relance a cerimónia de encerramento do Euro 2024, e pareceu-me que os 3 dançarinos protagonistas eram todos homens não caucasianos … é este o ponto onde chegámos (se estou enganada, agradeço que alguém me corrija). Donald Trump pode ter uma postura pouco estadista (há quem tenha pior por aqui) e vários comentários infelizes, mas fez o mais importante: denunciou a ditadura woke. Os americanos votaram nele, depois em Biden, e agora acredito que se preparam para reeleger Trump, tendo em mente a economia, o aumento exponencial da imigração e o ambiente social imposto pelo politicamente correcto. Só tenho a lamentar que os europeus enfrentando os mesmos problemas (e em escala mais gravosa) continuem a seguir a retórica do bicho papão da extrema-direita e seguir para o seu ocaso civilizacional.               Maria Emília Santos Santos: Muito pobre este artigo! Comparação muito infeliz e Thatcher, a dama de ferro, não se compara a Trump! O autor do artigo até pode não gostar dele, ninguém é obrigado a gostar, mas considerar os americanos loucos ou seja o que for, isso é que é falta de bom senso, e convencimento! Os americanos são um pouquinho mais evoluídos do que nós, na sua generalidade!                  Pobre Portugal: Tanto ressabiamento, tanto facciosismo, tanto rancor e tanto ódio. Esta gente não consegue ver o quão ridículos são ao tentar denegrir Donald Trump com argumentos tão mesquinhos.                José B Dias: Já sabíamos que tinha desenvolvido a síndrome a que Alberto Gonçalves ontem fez referência ... ficámos a saber que a coisa se agudizou seriamente!                      José Paulo Castro: Comparação absurda. O ataque a Tatcher era um ataque a uma instituição, o governo inglês, por parte de outra organização terrorista que o tinha como alvo. Nada pessoal. Ossos do ofício, como diria Aznar, Zelensky ou tantos outros. O ataque a Trump foi pessoal, a um candidato, e a título pessoal, até ver, por parte de um miúdo que deve ter visto o 'Taxi Driver'. O fenómeno de tentar condicionar a democracia, impedir a escolha de um povo, e não o de atacar um governo representativo do inimigo numa causa. O que o incomoda é o proteccionismo económico nacionalista, não é? Pois deixe-me ser claro: é uma das possibilidades da escolha democrática de um povo. Você não pode considerar como inválida uma proposta que vai a votos, é escolhida, se essa for a vontade expressa de um povo. Por muito que a ache errada. A democracia precede o liberalismo na ordem da importância das coisas. Não vem antes dos direitos humanos, mas vem antes do liberalismo económico e social.             José B Dias > Christiana Baldini: Síndrome do Transtorno de Trump                  Maria Tubucci: Hoje Xôr cristão AAA quer ser Deus. Acha herético DTrump agradecer a Deus por lhe ter salvo a vida, num acto perpetrado por alguém cujo cérebro, provavelmente, foi lavado por ideologias dementes. Como a esperança é a última a morrer e como “cristão” que é, certamente irá a Fátima de joelhos pedir a Nossa Senhora para que não deixe o DTrump ganhar. Quem vota são os norte-americanos! Mas, depois tem a tirada “Donald não é o homem que vai ajudar os norte-americanos que sentem dificuldades (...)”, já sabe o futuro. Costuma dizer-se que, o futuro a Deus pertence, o Xôr “cristão” está a ser Deus. Contraditório? Completamente! Gente como o Xôr AAA ainda não conseguiu enxergar que DTrump não é a causa, mas a consequência, que algo muito mau e muito errado foi executado pelos democratas, bem como da demonização levada a cabo pela grande comunicação social.             Paulo Almeida: Que coisa tão medíocre, nunca vi texto tao mau. Se tivesse ouvido o discurso da convenção teria visto que trump começou logo a agradecer aos serviços secretos. Fez uma bela homenagem à família do bombeiro, disse que conseguiu angariar milhões para para as famílias das vítimas. Quanto à parte de o autor estar a julgar o cristianismo dos outros, porque o dele é melhor, é de uma mediocridade aberrante. Que nojo de texto, sem condenar a violência, insinuando que o Trump é que incentiva violência. Mais valia dizer logo que o autor acha que o Trump teve o que mereceu, seria mais honesto pois é o que pensa. Mas para isso seria preciso ter crescido um par.                  José Costa-Deitado: Isto é a crónica de um comentador "isento"?              Ronin: Mas que raio! Que comparação do diabo, não tenho dúvidas que anda aí, este artigo revela a sua presença, mas acha então que foi apenas o miúdo como lhe chama, quando há mais outro atirador e depois do golpe dos Serviços Secretos? Isto é bem um artigo de ódio contra Trump, não o posso interpretar de outra forma!                 Lily Lx: Não entendo a comparação.              José B Dias > Christiana Baldini: Certamente que não à sua ... pode não se gostar e criticar o que se mostre criticável sem saltar a fronteira da racionalidade e entrar no campo do transtorno.

 

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