Resulta sobretudo, julgo eu, de se ler
ou ouvir as suas observações sobre, mal o poder lhe passe para as mãos - e o
restante corpóreo, naturalmente, que lho consentirá - o fim imediato da guerra
na Ucrânia, desencadeada por um “actor” cínico e sem escrúpulos, que se
apoderou de parte desse país - como já antes tinha ocupado uma ilha do mesmo
país, numa liberdade perfeitamente impune, que o auxílio europeu, sozinho, não
poderá impedir, sem o apoio americano, apoio que Trump pretende eliminar, com
desprezo pela Ucrânia e pelos europeus, e, pelos vistos, em perfeita harmonia
com as manobras putinescas da ocupação tenebrosa. Afinal, as ironias de AG contra a
história da raspadinha da bala na orelha de Trump visam, acima de tudo, os
portugueses que não entendem a recusa do auxílio de Trump, indiferente a uma
guerra perpetrada por esse, ao que parece, de quem aparenta ser amigo, não se
sabe se mesmo do peito.
Os transtornados de Trump
Eu, que considero Trump um
pantomineiro arrogante e pouco escrupuloso, consigo apreciar o que aconteceu de
positivo na sua presidência. Os pacientes da Síndrome não conseguem.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 20 jul. 2024, 00:20127
A primeira reacção ao atentado contra
Donald Trump foi a negação. Uma notória televisão americana informava: “Discurso de Trump interrompido pelos
agentes de segurança”. Minutos passados, a mesma televisão entrava em
detalhes: “Agentes de segurança
retiram Trump de palco após ele cair durante um comício”. Ou seja, não
houvera uma tentativa de assassínio, e sim um tombo do candidato, que se
esbardalhara ao vivo quiçá por razões de velhice.
A segunda reacção ao atentado foi a
distracção. Um jornal proclamava: “Tiros interrompem comício de Trump”, talvez para sugerir que, como de resto é
natural, os campónios que o apoiam
desataram a disparar à toa depois de demasiadas cervejas, “hot dogs” e sol na
moleirinha.
A terceira reacção, que se prolongou por
dias, foi a conspiração. Evidentemente,
tudo aquilo fora encenado. Só um idiota não percebia o óbvio, leia-se
que o atirador estava mancomunado com a campanha de Trump para ferir este de
raspão e ser morto de seguida. A Trump
bastou desviar a cabeça um instante antes do tiro inicial, de modo a evitar
maçadas ligeiramente mais críticas como um projéctil no crânio.
A quarta reacção, que surgiu em
simultâneo e desacordo com a anterior, foi a sinceridade. Nas “redes sociais”, milhares de anónimos
opositores de Trump e políticos menores lamentaram o que milhares de conhecidos
opositores de Trump e políticos maiores não tiveram o descaramento de lamentar:
o falhanço do atirador. Vi – ou
“visualizei”, para usar o vocábulo erudito – diversas filmagens de “millennials”
histéricos ou em lágrimas por Trump ter escapado, mas a propensão dos “millennials”
para guinchar e chorar sob qualquer pretexto levou-me a desvalorizar o facto.
A quinta reacção foi o desespero. Desconsolados com a ineficácia pública das reacções
precedentes, inúmeros comentadores resolveram admitir implicitamente o
atentado, embora para o desvalorizar. Para tais sumidades, o importante não
é que alguém tenha ficado a dois centímetros de expor a massa encefálica de
Trump. O importante, e grave, é o inevitável “aproveitamento”, ou a
“exploração” do “incidente”. Essa gente convictamente acha que os prováveis
ganhos eleitorais de um quase homicídio são o problema em toda a história. É
uma gente recomendável.
A sexta, a sétima, a oitava, a nona e a
enésima reacções foram livres. Frustrado, cada comentador decidiu
engendrar a própria maneira de lidar com o atentado contra Trump sem prejuízo
da profunda aversão a Trump e aos “deploráveis” que votam em Trump. Ouvi muitas
teses engraçadas. A minha preferida saiu do génio de uma senhora que, salvo o
erro na NBC, equiparou o sucedido na Pensilvânia à bravura de Biden, entretanto afectado pela Covid e as
movimentações do sr. Obama. Se os republicanos exaltam a coragem com
que Trump enfrentou umas simples balas, também é obrigatório exaltar a valentia
demonstrada pelo actual presidente perante o monstruoso vírus.
Isto na América. Em Portugal, o
prémio para a melhor alucinação vai para um tal Filipe Vasconcelos Romão, o
qual na RTP perpetrou o pensamento que, a bem da clareza de raciocínio, cito
com rigor: “O que costuma ocorrer é que, quando no caso
sucede algo que prejudica, atira-se, acaba por se proceder a uma espécie de
reflexo em que se procura acusar o outro justamente de aquilo que são as
práticas comuns e habituais que levam nesse campo político”. Nas
palavras do meu remoto professor de Química, a água cristalina é turva perto
disto. Tradução hesitante: Trump levou um balázio porque os líderes democratas
passam a vida a ser alvejados pelos adversários.
O sr. Romão é um exemplo, colhido por
felicidade no YouTube. Imagino os Romãos que perdi. A verdade é que, por uma
vez, senti pena de não aceder a canais televisivos. Na ressaca do atentado/encenação/aproveitamento, percebi por vias
indirectas que os estúdios portugueses se encheram, em presença ou nos
quadradinhos do Zoom, de populares e obscuríssimos especialistas na raiva
incomensurável a Trump, ou vítimas do que a medicina informal designa por
Síndrome do Transtorno de Trump, que está longe de constituir uma maleita
exclusivamente americana.
Recorro ao Prontuário Terapêutico, ou
Wikipédia, para definir a doença: as reacções irracionais suscitadas por Trump,
independentemente do que quer que Trump diga ou faça. Trump é tão
atacado por sofrer um atentado quanto seria se ele cometesse um atentado. Eu, que considero Trump um pantomineiro
arrogante e pouco escrupuloso, consigo apreciar o que aconteceu de positivo na
sua presidência. Os pacientes da Síndrome não conseguem. Nem sabem que
é possível avaliar a criatura com um vestígio, ainda que mínimo, de ponderação,
ou sem se habilitarem a babar uma camisa de forças. É uma visão cartesiana:
Trump existe, logo eles não pensam. Não
pensam, mas estrebucham, furiosos, à mera menção do nome, que põem uns graus de
malvadez acima de Hitler e Belzebu. Não é uma enfermidade inteiramente nova, e
já se revelara com Reagan e os Bush. Porém, a estirpe Trump é devastadora.
Lá e cá, a Síndrome abateu-se com força
e enfiou a ortodoxia política e “mediática” nos cuidados intensivos, ou no
lodaçal em que chapinham, a dissertar acerca de “união”, “tolerância” e
“inclusividade” (desculpem) enquanto transpiram ódio. O ódio, e os
exercícios de desumanização associados, podem convencer um taradinho a subir ao
telhado com uma espingarda e procurar a glória. Até Novembro, podem convencer
dois ou três.
ELEIÇÕES EUA ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO DONALD TRUMP
COMENTÁRIOS (de 127)
Tim do A > Rui
Lima: À esquerda
Woke acrescente-lhe o centro, onde estão o CDS e o PSD. Veja-se as ministras da
juventude e da saúde (não sei onde foram buscar aquelas criaturas religiosas
Woke) que se denunciaram em tão pouco tempo e até Montenegro. Fora os ministros
que ainda não se denunciaram. Lá chegaremos a quase todos com o tempo. Maria Tubucci: As férias foram rápidas Sr. AG! Quanto ao atentado
contra o DTrump, outra reacção foi “Hoje poderia ter sido o dia mais feliz da
minha vida”, a frase foi dita por alguém num vídeo de 45 segundos. Uma frase
maligna, o ódio que contém é palpável e até ao longe se sente. Esta “pessoa” só
será feliz com o mal do próximo, a seita do mal perdeu a vergonha, livre e às
claras proclamam esse mal. Que vida vazia. Quando era pequena a minha avó
ensinou-me que nunca, mas mesmo nunca se deseja mal a alguém, porque o mal
desejado nos iria cair em cima, algo do género “quem mal faz às costas o traz”.
Uma sociedade sem valores, sem avós, ou uma sociedade com os valores
invertidos, é uma sociedade muito doente produzindo espécimes deste calibre,
que em vez de evoluir começa a regredir, qualquer dia não há sociedade só
tribos de trogloditas... Rui Lima: Se Trump existe é mérito da esquerda do extremismo da
esquerda, hoje mesmo a esquerda socialista é anti- ocidental segue o caminho
woke , apesar de todo o sistema das universidades aos meios de comunicação
social dizer que toda essa gente é nazi, há cada vez mais votantes sem medo . Paulo Almeida: O Alberto só se esqueceu de um dos meus preferidos: na
CNN tuga, a pivot perguntou logo nas primeira horas se poderia ser uma
encenação, como foi - afirmando convictamente - a facada que Bolsonaro levou
nos intestinos há uns anos. De facto é um elogio à bravura do trump e
bolsonaro: arriscarem morrer para sacar mais uns votos. E conseguiram, só mesmo
digno de um filme de série B de Hollywood Pobre Portugal:
Este ódio a Trump veio mostrar no quão
fanático, faccioso e intolerante o ser humano se pode tornar. E alucinado. Pois
ninguém no seu estado normal odeia um político apenas porque os jornalistas lhe
dizem para odiar. Alcides
Longras: As reacções
mediáticas, políticas e populares a este caso, devidamente entrosadas por anos
de campanha difamatória contra esta personagem sui generis (e muito americana)
são tão expectáveis quanto abomináveis, de tão reveladoras de um espírito
hipócrita e mesquinho de quem se arroga superioridade moral. Só por isso, já é de valor. A realidade é que estivemos
a milímetros daquilo que é um grave conflito cultural poder eclodir num físico.
E isso é que devia ser reflectido. E não é. Lily Lx: É isso. E arroga-se esta gente de mandar na democracia.
Benditos os que votam livres de preconceito! Meio Vazio: O que me parte a alma é saber que milhões e milhões
de eleitores norte-americanos - pobres burgessos! - não têm acesso às
proféticas e lúcidas cautelas de 99% dos nossos jornalistas (digamos) e
"comentadeiros" televisivos, podendo vir a cair nos braços da Besta
666, ainda que agora claramente sinalizada no pavilhão auricular direito. Fernando Coimbra Lopes: Assino por baixo!! José Paulo Castro > Joaquim
Almeida: Também poderia
'garantir' quotas de jovens, de islâmicos e imigrantes... até chegar a
conseguir contratar ex-membros da guarda iraniana. Quando os critérios não são a capacidade, competência e
lealdade, dá nisto. Maria
Emília Santos Santos: O taradinho do
telhado tinha pelo menos três contas abertas em vários países, portanto ele não
era bem um taradinho, mas sim um ambicioso que se deixou iludir pelas loucas
ofertas dos que o convenceram a atirar a Trump para o matar! Coitado! A não ser
que se tenha arrependido a meio dos tiros que levou, foi parar ao inferno e o
dinheiro que era para ele, para quem terá ficado? Enfim, houve uma mão que empurrou a cabeça de Trump e
fez com que escapasse do assassinato! E agora? O programa não correu como
esperado! Agora só há duas hipóteses: ou tentar de novo, que me parece que é o
que vai acontecer, ou fazer-lhe a vida tão negra que ele não tenha condições de
continuar a corrida! E entretanto, as coisas com a NOM já estarão tão
avançadas, que ninguém mais conseguirá impedir a imposição da ditadura deles! Só a intervenção divina pode acalmar os ânimos e pôr
finalmente PAZ. José
Paulo Castro: Na
realidade, o tique de Trump de inclinar a cabeça enquanto fala, principalmente
quando muda de tópico ou nas pausas, salvou-lhe a vida. No caso, ao rodar a cabeça para olhar para um gráfico
ao lado do palco. Mas concordo com a profecia final: se tínhamos dúvidas de onde vem a motivação
para matar Trump, as reacções nos media mostraram um campo democrata amplamente
receptivo à ideia. Daqui para a frente, vai ser difícil ocultar essa ideia.
Ainda podemos ter mais tentativas, à medida que Novembro se aproxime e as
sondagens indiquem a sua vitória. E vamos ter quem justifique o acto. Joaquim Almeida: Quase a papel químico, durante
as quatro horas a seguir à tentativa de assassínio, também os média brasileiros
do consórcio industrial da desinformação andaram afadigados em contorcionismos
vocabulares para não falar em atentado. Perante a evidência passaram às elucubrações
imaginativas... João
Floriano: Não sei se entre os vários fornecedores de opinião, algum se armou em
saudosista e não desabafou que já não se fazem atiradores como antigamente. Em
1963, em Dallas, Oswald com equipamento muito inferior ao de hoje, acertou em
cheio no Presidente JFKennedy e tornou imortal a imagem de uma Primeira dama em
cor de rosa manchada de sangue. E ainda por cima num carro em movimento. Crooks
não acertou e pode ter dado a Trump a 47ª presidência dos Estados Unidos da
América. Li e reli o raciocínio de Filipe Vasconcelos Romão, até fui ver na
internet mas não consegui reconhecer este professor universitário e muito menos
perceber o que queria dizer. Deve ser dos que são considerados tanto mais
inteligentes quanto mais herméticos são no seu pensamento e sua expressão. Não
deixa de ser um caso de estudo de patologia do comportamento, o modo como a
nossa esquerda se engalfinha contra o candidato republicano, como se tivessem
alguma influência na decisão da escolha. Como todos os presidentes Trump teve e
terá coisas boas, menos boas e más. O facto de ser tão odiado pela esquerda,
pela nossa virtuosa esquerda, e pela CS que lhe obedece, é uma excelente
recomendação a seu favor. Fernando
CE: Muito bom ( o texto). João Floriano > Jorge
Pereira: Grande parte
do que diz é pura invenção porque ainda não aconteceu e nem se sabe se virá a
acontecer e outra parte são juízos de valor subjectivos e no seu caso subjectivíssimos.
A democracia americana é muito mais resiliente do que possa pensar. O país passou
por provas de fogo duríssimas como foram a Guerra Civil, a Grande Depressão, a
participação nas Guerras, as lutas raciais e a democracia sempre venceu. Não é
o Trump que vai mudar o país para uma ditadura e muito menos manobrar as
poderosas forças armadas. José
Paulo Castro > Jorge
Pereira: Em 2016 até
seria possível acreditar nisso. Mas depois do período de governação dele entre
2016 e 2020, ninguém já acredita nesses delirios senão os media que os
fomentam. Maria
Vilhena: Estou muito preocupada, porque nunca imaginei a
dimensão deste ódio, apoiado e alimentado pela CS. Existe aqui por trás, um
apoio enorme de capital para que toda esta perda de valores tenha crescido. A
isenção da CS desapareceu e já não esconde as suas preferências, esquerda e o
movimento woke. Todos temos nas nossas memórias, o resultado deste tipo de acções
que aconteceram na Europa. É bom não esquecer e aceitar a liberdade de escolha
de cada um. Chegamos até aqui, não podemos retroceder. Senão será a barbárie!
Nenhum comentário:
Postar um comentário