quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Como povo de trabalhadores

 

Que somos, usamos martelo e foice para as tábuas e o centeio do nosso trabalho, fonte principal do nosso rendimento e progresso, o que não escapa ao partido da comunidade. Por isso a Festa do AVANTE é contínua, sintoma da nossa ida em frente, Avante marche.

Justifica-se a Festa do Avante em pleno 2024?

Uma foice e um martelo para significar paz, progresso e liberdade? Mais depressa simbolizam o gulag, como já existiu na minha querida Roménia.

SERGIU SENCIUC, Licenciado em Relações Internacionais

OBSERVADOR, 11 set. 2024, 00:1545

Sou romeno. Nasci na Roménia em 2001 e desde 2007 resido em Portugal. Adoro este país maravilhoso que me acolheu e que tantas portas me abriu. Passaria aqui o resto da minha vida.

Há, porém, algo que ainda me faz muita confusão, nomeadamente a adoração que existe face à sangrenta ideologia comunista. Como romeno sei que o comunismo destrói vidas e famílias, apregoa o medo e vende a ilusão de uma igualdade assente na opressão e omissão do bem mais precioso, a liberdade.

Sei isto porque os meus antepassados viveram numa sociedade comunista onde a fé não podia ser livremente exclamada, e um pequeno empresário não podia sonhar em gerar mais postos de trabalho e mais capital, que posteriormente seria investido para que ele e a sua família vivessem melhor. Tão simples quanto isto. Sabem porquê? Porque o comunismo não passa de um sofisma.

Entendo o papel que os comunistas tiveram antes do 25 de Abril de 1974, porém não entendo o fechar dos olhos às atrocidades que os mesmos comunistas, que se consideram democráticos e solidários, têm perante os países onde a fome, o frio e as fugas em massa das respectivas populações para fora das fronteiras nacionais estão na ordem do dia. E, que fique bem claro, falta de informação não há. Não há porque, ao contrário do que acontece nos regimes comunistas onde a liberdade de imprensa é reduzida ou até mesmo “despedida”, nos países democráticos, liberais ou até capitalistas o ser humano tem acesso às fontes de informação que deseja.

A Festa do Avante decorreu nos passados dias 6, 7 e 8 de Setembro. Num país livre, onde o jovem pode optar por fazer o que a consciência lhe dita, sem medos de ser encarcerado num gulag por achar que o Primeiro-Ministro (ou secretário-geral de uma organização comunista, para ser mais apropriado a certas realidades), não é bem aquilo que o país precisa. E, mesmo assim, foram muitos os jovens que compraram as suas EP’s e sorridentes tiraram selfies ao lado da foice e do martelo.

Agora entre nós.. passa pela cabeça de alguém que uma foice e um martelo, juntos ou separados, exprimam paz, liberdade ou progresso? Não! Mais depressa um campo de trabalho forçado como existe num verdadeiro país comunista e como, infelizmente, já existiu na minha querida Roménia.

E se até agora vos disseram que nos países em que o comunismo fez-se sentir não foi de facto implementado um verdadeiro comunismo, meus amigos, não se enganem, foi do mais autêntico que já existiu.

AVANTE      PCP      POLÍTICA      COMUNISMO

COMENTÁRIOS:

André Ondine: Muito bem. Excelente texto. É bom ver as coisas em perspectiva. E, de facto, é assustador vermos que (mesmo que sejam cada vez menos) a esquerda do PCP (e do BE, já agora) ainda exerce fascínio sobre alguém. Só pode ser ignorância. Ou falta de cultura. Ou desumanidade. Ou pura e simplesmente burrice.  Este gosto por partidos que se dizem defensores de liberdade, mas que têm um fascínio por estados ditatoriais que praticam selvajarias indescritíveis só pode ser atribuído a graves limitações éticas ou intelectuais. Mas parece continuar. O autor refere a festa do Avante e é extraordinário que as autoridades (que são tão lestas a dizimar pequenos negócios de rua com décadas de tradição) tenham medo de entrar pelo Avante dentro e proibir a economia paralela e sem papéis que orgulhosamente se pratica. Já que não existe polícia do bom gosto, ao menos que se cumprisse a lei que qualquer cidadão e trabalhador (que o PCP diz representar) é obrigado a cumprir.                 João Floriano: Todos os jovens que hoje tiram fotografias com a foice e o martelo em plano de fundo, não viveram os horrores da repressão comunista. Quando os comunistas quiseram impor uma nova ditadura para substituir a anterior, tiveram resistência e arrepiaram caminho. Em 2015 António Costa deu-lhes um novo estatuto, uma nova importância. Em Portugal não há  a mesma experiência que na Roménia ou nos restantes países da cortina de ferro. A Festa do Avante parece-se muito mais com um festival de cantigas e verão do que uma rentrée política. Entre as actuações dos músicos, todos eles simpatizantes comunistas, lá vem um discurso de cassette, sempre o mesmo, com poucas modificações.  A pergunta que deve ser colocada não é se a Festa do Avante se justifica, mas se votar no PCP e ainda ter quatro tristes deputados no parlamento, se justifica. Eu direi que não, mas a iliteracia política dos portugueses é algo de notável. E para ajudar a falta de cultura política de muitos portugueses temos a CS que lhe dá um destaque desmedido. Paulo Raimundo é nitidamente muito pouco dotado do ponto de vista intelectual, não tem carisma, é um chato, mas logo que ele abre  a boca, logo aparecem extensos artigos sobre o que foi dito. O PCP apesar de um pequeno grupo parlamentar, continua  a ser um grande perigo na nossa cada vez mais imperfeita democracia, porque o PS conta com ele quando retomar o governo. E indirectamente Montenegro também ajuda  a manter viva a esperança comunista.                Carlos Chaves: Caríssimo Sergiu Senciuc, muito obrigado por este seu excelente e verdadeiro testemunho! Se os Portugueses tivessem vivido o que os Romenos viveram (e estivemos perto entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975) durante a ignóbil ditadura comunista nomeadamente a de Nicolae Ceaușescu e Elena Ceaușescu, não queriam sequer ouvir falar em foices e martelos, quanto mais vê-los!                 Joaquim Almeida: Caro Sergiu, enquanto der lucro capitalista isento de IVA, a festa do Avante será a última a acabar É tão bonita uma democracia macilenta...                Coxinho: Com a devida vénia, transcrevo o parágrafo mais importante de todo o artigo: "E se até agora vos disseram que nos países em que o comunismo se fez sentir não foi de facto implementado um verdadeiro comunismo, meus amigos, não se enganem, foi do mais autêntico que já existiu."            hugo Carreira: Caro Sergiu, desconfio que mora a sul de Rio Maior, porque a Norte de Rio Maior onde mora cerca de 70% da população Portuguesa, foices e martelos são apenas ferramentas de trabalho. Por aqui felizmente essa doença nunca pegou, antes pelo contrario             Maria Tubucci: Justifica-se! A liberdade de expressão permite tudo, até a estupidez e a burrice ainda não é crime. Permitindo assim que todos vejam a insanidade humana, a ideologia comunista. Depois como é que o PCP iria justificar a entrada de divisas provenientes de investidores “escuros”, é necessário uma lavandaria, uma Festa do Avante, para financiar o recuo dos povos... Não fosse esta espécie de preguiça política e desinteresse que afecta a maioria dos portugueses e o PCP já tinha passado à história. O pior, o pior, é que há sempre, no meio do desinteresse generalizado, um político (ou vários) que tira partido dessa circunstância para benefício próprio. Mas há que reconhecer que o PCP não está só: o que é o BE, e já agora o Livre, se não uma corruptela do velho comunismo agora com fatiota modernaça e mais hipócrita??                  Rui Pereira: Não se justifica mas permite-se pois isto mesmo é liberdade. A mesma que permite o seu comentário que serve para alertar para os perigos desta ideologia. Aprendamos qual é o melhor caminho evitando um e escolhendo outro.             Tiago Neves: Sergiu, a liberdade que tanto amamos é isto também, permitir que aquela gentalha se junte. Assim não fosse e estaríamos a ser como eles, que proíbem o que não vai ao encontro do seu pensamento.                 Tim do A: Não faz sentido hoje uma festa promotora das piores, mais violentas e ferozes ditaduras de todos os tempos.                  Maria Helena Oliveira: Clarinho como a água

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