segunda-feira, 9 de setembro de 2024

“CRAVOS ROXOS” e Cia.

 

Um livro dos “sem medos”, por mim escrito sobre essas alturas… Pena que ninguém tenha dado por isso. Seria de justiça que, tal como o que escreve HELENA MATOS, que é valioso, esse (e outros mais) fossem também avaliados, a confirmar o que aqui diz. Mas livros são coisa maçuda de se ler, por cá, esse como os outros estão condenados à exposição das suas capas, apenas, na Internet, nestes tempos mediáticos de muita visibilidade das capas dos livros. E dos artigos da imprensa jornalística, é certo, mais curtos e fáceis de ler, que os livros são sempre «papéis pintados com tinta e o rio corre bem ou mal sem edição original». Esse livro (do título) -  e outros - respondem à pergunta feita por HELENA MATOS  «Meio século depois, os acontecimentos de 7 de Setembro de 1974 em Moçambique continuam a colocar a mesma questão: até quando o activismo vai impor o medo de perguntar? » como exemplo de uma resposta de alguém sem medo de responder, já por essa altura.

O medo de perguntar

Meio século depois, os acontecimentos de 7 de Setembro de 1974 em Moçambique continuam a colocar a mesma questão: até quando o activismo vai impor o medo de perguntar?

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 08 set. 2024, 01:16115

Milhares de pessoas terão sido assassinadas a tiro, catana, queimadas vivas… Talvez tenham sido três mil. Talvez mais. Talvez menos. Dificilmente sairemos do domínio das estimativas porque nunca houve a preocupação de saber o seu número ou as circunstâncias da sua morte. Eram brancas, negras, asiáticas, mestiças. Em Portugal, nos jornais, nas rádios e na televisão nunca houve dúvidas: tratou-se de uma “aventura colonial da última hora” por parte da “miuçalha branca” que ensombrou o “momento de júbilo”.

Comecemos pelo “momento de júbilo”? Estamos em Setembro de 1974. Os portugueses são informados de que “O Estado português, tendo reconhecido o direito do povo de Moçambique à independência, aceita por acordo com a Frente de Libertação de Moçambique a transferência progressiva de poderes que detém sobre o território nos termos a seguir enunciados.

Ou seja, o que em Moçambique temiam, quer as minorias branca e oriental, quer os simpatizantes e dirigentes negros de vários partidos e movimentos nacionalistas, estava consumado: os moçambicanos, a quem menos de três meses antes Almeida Santos, ministro da Coordenação Interterritorial garantira um referendo para decidirem o futuro daquele território, iriam passar a viver numa república popular dirigida pela Frelimo. Como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, declarara a 6 de Setembro ao chegar a Lusaka para firmar os acordos com a Frelimo: “a delegação portuguesa estava na Zâmbia para entregar o poder à Frelimo.” De facto era isso que estava a acontecer. É portanto este “o momento de júbilo”. E é aqui que começa a “última aventura colonial” protagonizada pela “miuçalha branca”.

A 7 de Setembro, o Rádio Club de Lourenço Marques é ocupado e passa a designar-se Rádio Moçambique Livre. Os ocupantes declaram-se contra o que definem como entrega de Moçambique à Frelimo. Entre os ocupantes do Rádio Club  estão também líderes nacionalistas negros como Joana Simeão, Paulo Gumane e Uria Simango. Apelam à intervenção de Spínola, com quem alguns, na qualidade de membros da FICO (Frente Integracionista de Continuidade Ocidental), se tinham encontrado tempos antes no Buçaco. Aí, garantem, o Presidente da República ter-lhes-ia dito “Façam vocês qualquer coisa que mostre a vontade da Província, para eu vos apoiar.” Eles fizeram “qualquer coisa”. Mas em Setembro de 1974, com o Acordo de Lusaka já firmado, com Spínola cada vez mais fragilizado e obcecado com o futuro de Angola, era tarde demais para que o apoio do ainda presidente da República se pudesse fazer sentir. Os revoltos resistem até 10 de Setembro. Entretanto a violência explodira: violações, gente decepada, queimados vivos, linchados e vários desaparecidos.

Os acontecimentos do 7 de Setembro de 1974, a violência que os acompanhou e a vaga de repressão que lhe sucedeu marcam um antes e um depois: até ao final de Agosto de 1974, tinham deixado Moçambique 5 mil portugueses. Mas só nas últimas semanas de Setembro e primeiros dias de Outubro saem de Moçambique oito mil portugueses para a África do Sul. Em Lisboa começam a cair pedidos de transferência para a “metrópole” de professores, carteiros, funcionários dos caminhos-de-ferro, da aeronáutica, dos bancos. Em Dezembro, segundo revela Vítor Crespo, Alto-Comissário de Moçambique, em Lourenço Marques sobrava apenas um ginecologista e já nenhum ortopedista.

Simultaneamente a repressão cresce no território administrado por Portugal. O Alto-Comissário Vítor Crespo institui que questionar a representatividade da Frelimo é um crime contra a descolonização e um sinal de racismo. Militares e agentes de segurança portugueses desempenham um papel activo na detenção, interrogatório e entrega à Frelimo daqueles que se lhe opõem, nomeadamente de dissidentes da Frelimo e nacionalistas negros que participaram na revolta do 7 de Setembro. Por grotesca ironia a revolta em que os jornais só viam brancos não só teve a participação de dirigentes negros como estes pagaram com a vida o seu protagonismo nestes acontecimentos: Joana Simeão, Paulo Gumane e Uria Simango, além doutros dissidentes da Frelimo, seriam internados em campos de reeducação daquele movimento e queimados vivos mais tarde.. (No caso de Uria Simango a sua própria mulher, Celina, foi também morta.)

Mas a imprensa portuguesa em 1974 não tem dúvidas: no 7 de Setembro está-se perante uma “revolta dos colonos brancos”, uma “aventura colonial da última hora” protagonizada por “rebeldes brancos”, “miuçalha branca”, “grupúsculos”, “reaccionários”, “ultra reaccionários”, “racistas”, “colonialistas” … que ensombraram o “momento de júbilo” representado pela assinatura do Acordo de Lusaka.

Meio século depois o que surpreende não é que o 7 de Setembro de 74 em Moçambique tenha sido relatado assim mas sim a certeza de que hoje voltaria ser relatado assim. Porque, tal como aconteceu a propósito do 7 de Setembro de 74, não se trata tanto da imposição duma visão dos factos e do seu silenciamento mas sobretudo do poder de instituir o medo de perguntar.  Do medo de ser rotulado. Do medo de passar para o lado dos controversos, que é meio caminho andado para passar a conservador e de conservador a reaccionário e de reaccionário a outra coisa qualquer já sem retorno social possível.

Meio século depois quantos crimes foram necessários para chamar ditador a Maduro? Ou o que vai ser necessário para que deixe de ser visto como um risco denunciar a ideologia de género nas escolas? E por quanto tempo mais vamos ter de esperar para que se perca o medo de desmontar as efabulações sobre a escravatura como pecado do homem ocidental e branco que se tornaram uma espécie de mantra obrigatório?…

O 7 de Setembro de 1974 em Moçambique tem muito de perturbante. Mas o facto de sabermos tão pouco sobre o que ali aconteceu nessa data também.

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COMENTÁRIOS (de 115)

Carlos Ferreira: Foram 3 dias em que acreditamos que poderíamos ainda inverter o processo e ter uma palavra a dizer no território/país que construímos e em que queríamos continuar a viver. Infelizmente esse desiderato não passou de uma utopia e tudo descambou, num processo em que fomos completamente abandonados pela "metrópole", mais uma vez! Realmente essa história nunca foi contada e agradeço à Helena recordar esse facto.             Maria Paula Silva > Maria Paula Silva: Vou deixar aqui o comentário que deixei há pouco na notícia em que Joaquim Chissano diz que em Portugal nem os progressistas "tinham pressa com as independências": Que frase mais despropositada. Não era uma questão de ter pressa... era uma questão de  não saberem como ser feito. Rússia, Cuba, China estavam já à porta à espreita para entrarem e Portugal foi pressionado para fazer tudo a correr sem ter tempo para salvaguardar os interesses tanto dos portugueses, como dos africanos. A descolonização foi mal feita e à pressa. Quem ganhou foi Rússia e China. Que hoje exploram os povos africanos, suas terras e suas matérias-primas. Os portugueses construíam e ajudaram a criar riqueza, depois das independências os povos passaram a ser verdadeiramente explorados. E os governos africanos o que fizeram em 50 anos de independência e "liberdade"? Nada... destruíram o que havia e os povos hoje vivem na miséria, estrangulados com impostos e muita fome. A hipocrisia dos governantes africanos é demasiado sufocante. A prova disso é que os seus povos vivem com medo, com fome e TODOS querem fugir para Portugal (a Metrópole lol) para junto, afinal, dos ex-colonizadores tão mauzinhos....  tenham paciência, já é hora de serem honestos e coerentes, trabalharem pelos vossos países e deixarem de culpar Portugal e pedinchar tudo a toda a hora. Pedinchem à Rússia e à China. Pois.... eu percebo... chama-se  miaúfa :)              Maria Paula Silva: Muito bem, gostei especialmente deste artigo de HM apesar de ser um tema que sempre me incomoda. Por mais anos que passem, isto mexe muito connosco, porque foi tudo muito grave e muito sofrido. Não estive em MOZ, mas em Angola nos últimos meses de 1974 também houve várias "macas". Houve a maca dos taxistas e houve outra sem nome e sabe-se lá com que objectivo em que foram mortas mais de 2.000 pessoas que foram... enterradas em vala comum. Toda a desonestidade que gira em torno das descolonizações é sufocante.             Jorge Espinha: Obrigado Helena Matos. Muito Obrigado, os meus pais ficariam eternamente agradecidos por este e outros artigos que escreveu sobre a nossa descolonização exemplar. Nasci em Angola. Mas eu já dei para esse peditório. Já virei as costas a esse passado. Foi a história dos meus pais e não a minha. Agora o problema é aqui. Em Portugal à semelhança com outros países Europeus o objectivo é a destruição da cultura Europeia e a ascensão do multiculturalismo. A colonização da Europa por coisa nenhuma. É essa a prioridade. O Ultramar foi-se.            Fernando ce: A independência das ex-colónias foi uma vergonha. Fui vítima enquanto criança e depois já como adolescente, de duas “ independências”, a invasão de Goa em 1961 e a independência em 1975 de Moçambique. Fomos vitimas (os portugueses) de um mundo em mudança, nem sempre no melhor sentido, prejudicados pela geoestratégia soviética e chinesa. Passados as últimas décadas vemos como as ex-colónias que adoptaram o figurino das repúblicas populares, retrocederam no bem-estar das populações, da qualidade da participação popular, da ausência de um estado de direito,  dominados por minorias e cliques no poder e uma corrupção sem limites. Já sem falar que enquanto se recorda o massacre de Wiriyamu se esquece dos massacres feitos pela UPA em Angola.  É um tempo novo. Já pensaram na qualidade dos nossos governantes em geral? Ministros e ministras que apenas fizeram  o caminho das Jotas, depois acessores de governantes, e por aí adiante? Dá-me ideia que muitos jovens hoje pensam que uma forma de terem uma boa vida a curto prazo é enfiarem-se num partido do centro sem cuidarem da qualidade das suas competências.              Sérgio Cruz > Carlos Ferreira: Eu estava lá e sofri lá. A minha família acreditava que era possível, apesar de tudo, continuar a viver em Moçambique. Só no final de 1975, depois de muitas ameaças ao meu pai, é que tivemos de fugir do nosso País. Fiquei triste ao relembrar esses episódios tão marcantes nas nossas vidas.  Foi a Descolonização Exemplar...            José Manuel Pereira: Excepcional artigo. De repente, de um fôlego a Helena Matos contou a verdadeira história da descolonização portuguesa, única razão pela qual foi feito o 25 de Abril - para entregar as antigas colónias à URSS. Para tal o Império soviético contou com os inestimáveis serviços prestados por Álvaro Barreirinhas Cunhal que transformou Mário Soares num seu capacho, uma espécie de coisa amestrada para um propósito que cumpriu exemplarmente, sabe-se lá com que promessas e submissões. Está neste artigo que guardei, a génese da verdadeira história do 25 de Abril e da descolonização portuguesa. Eu sabia que um dia mais tarde iria ser possível ler a verdade do que aconteceu aos portugueses e habitantes de todas as ex-colónias portuguesas na comunicação social portuguesa, pois parece que esse dia começa agora a chegar. Vamos ver...                Vitor Batista: O problema do antigo ultramar derivou do facto de termos gajos fixes como soares e cunhal, que deram grandes esperanças aos comunas cubanos e soviéticos, tudo o resto faz parte da história que não se apaga nunca, foram mortos por essa cambada de turras comunas,só de me lembrar do sofrimento do meu irmão e tios sinto um nojo terrivel pelos cabrais e chissanos desta vida..               Vitor Batista > Américo Silva: A esquerda é o principal cancro da humanidade, sem ironias caro kamarada bolchevique.              José Pinto de Sá: Não foi só em Moçambique. Também por perguntar está a reabertura pelo MFA do campo de concentração do Tarrafal, nos finais de 1974, para os cabo-verdianos que não desejavam a entrega sem eleições do arquipélago ao PAIGCV. Com efeito, logo a seguir ao 25 de Abril começou a perseguição, nas ilhas de Cabo Verde, aos reais ou imaginários colaboradores do regime deposto, ao mesmo tempo que, acreditando no programa original do MFA e em Spínola, se começaram a formar vários movimentos políticos não-leninistas, e portanto concorrentes com o PAIGC, para disputarem as eleições que Spínola prometera.Porém, com o 28 de Setembro de 74 na metrópole e a queda de Spínola, a orientação pró-PAIGC do MFA afirmou-se e foi então que ocorreram os "tristes eventos de 17 e 18 de Dezembro de 1974, da responsabilidade das autoridades militares portuguesas (Movimento das Forças Armadas), com o aval do Alto-Comissário [de Cabo Verde], de que resultaram a prisão, ilegal e arbitrária, de 72 indivíduos, sobretudo nas ilhas de Santiago e São Vicente, mas também em Santo Antão, Fogo, Brava e Sal, que ousaram ter ideia outra sobre o processo de descolonização preconizado pelo PAIGC", narra uma investigadora."Desse total, “58 foram internados na prisão do Tarrafal, cuja ala da prisão destinada a presos políticos foi reaberta para o efeito pelas autoridades coloniais portuguesas, com autorização do Alto-Comissário de Cabo Verde”. Do total de detidos no Tarrafal “foram libertados 39 até à data da independência, com excepção de 19 deles que foram transferidos, num avião militar, para a prisão de Caxias, em 7 de Junho de 1975 e aí abandonados à sua sorte."Lendo a tese de doutoramento que refiro, as prisões foram reclamadas num comício do PAIGC em Dezembro, e executadas pelo MFA, que, embora procurasse amenizar o clima de violência reinante, alinhava agora com o PAIGC contra os novos Partidos seus concorrentes. Partidos que, como a tese investiga, teriam o apoio da maioria da população cabo-verdiana mas foram suprimidos.Com efeito, num memorando de Junho de 74 citado na tese, Loureiro dos Santos escrevia: "Após uma primeira fase de medo por parte da população, cujo ideário é diferente do PAIGC - resultante das perturbações, ameaças e agitação provocadas por aqueles que se dizem do PAIGC, nos princípios de Maio - começam a movimentar-se forças que, não pondo de parte a adesão a alguns pontos do programa do PAIGC, defendem ou a continuação dos vínculos a Portugal, embora com grande autonomia; ou a independência a médio prazo, precedida por um período de grande autonomia com ligações a Portugal. Estas forças parecem contar, de momento, com a maioria da população Caboverdiana". Claro que nunca houve referendo. Ao contrário do que sucedera em todas as colónias das outras potências coloniais europeias e como pretendia Spínola, questão que continua a não se poder discutir.            José B Dias: E a imprensa portuguesa de hoje não é diferente da 74 em nada que não sejam os interesses defendidos ... e as congéneres do resto do mundo em tudo se lhe assemelham. Mas quem coloca dúvidas nas narrativas e tenta ver a realidade por trás do nevoeiro da desinformação e propaganda ... de pronto é carregado de insinuações e insultos! Negacionistas ... dizem-nos! Ou fascistas! Ou comunistas, que interessa pouco a coerência a quem insinua! Ou traidores, não interessa do quê ou de quem! Ou birutas que deviamos ser todos internados ... como antigamente, que a estória já é antiga.            Pedro Correia: Uma vez mais um excelente artigo, cheio de coragem e informação histórica. A descolonização criminosa inventada por Soares e companhia, feita a favor de interesses, que não eram portugueses. Ela tinha que ser feita, mas não da maneira que foi.               Maria Aguiar: Parabéns, Helena Matos! Pela sua coragem e pela sua lucidez. A História da descolonização está por fazer, mas nunca mais deixamos de estar governados pelo espírito de traição à pátria que moveu os seus autores, meros “colaboracionistas”…. Parabéns Helena Matos!        Rui Lima: Na nova ordem mundial só os crimes feitos pelo homem ocidental branco são reconhecidos e destacados, é com bons objectivos no caso da escravatura para sacar muitos milhões esquecendo a participação de gentes de outras cores, quando se massacram ocidentais é considerando uma punição Justa como no caso que a Helena recorda. Isso leva a que as elites ocidentais andem  por aí a pedir desculpas a tudo e a todos, bem perguntou a grande escritora e enorme jornalista Oriana Fallaci e a ela quem lhe iria pedir desculpa , estaria a pensar nos muitos milhares de europeus capturados e levados para Norte da África para serem escravos.            José Carvalho > Fernando Cascais: Hoje discordo de Fernando Cascais. Há factos passados há milhares de anos e que devem ser comentados e explicados pois continuam a ser importantes para a humanidade. Os factos de 1974 foram ontem, ainda me lembro (e também fui enganado).              José Pinto de Sá > Fernando Cascais: Cascais, quem ignora a História está condenado a repeti-la.                    Tim do A: Artigo muito importante. Sobretudo os dois últimos parágrafos perturbadores.           Paulo Almeida> Sérgio Cruz: Histórias como a sua e de outros deveriam ser compiladas numa reportagem, para que se saiba como a "transição" de poder foi uma vergonha e o Soares e outros têm nas mãos o sangue de tantos. Há que escrever e transmitir a história das famílias reais e não papar o que se diz de olhos fechados.         José Rego: A descolonização exemplar que nos querem vender foi, isso sim, uma descolonização criminosa, responsável por milhões de mortos, pela guerra, fome, doença e pobreza, cujas maiores vítimas são os moçambicanos, angolanos etc e com consequências que se farão sentir ainda durante gerações com mais incontáveis milhares (se não milhões) de mortos. Esse continente nunca se endireitará e o mundo todo pagará por isso, com o aumento exponencial da sua população (triplicará até 2100, para 4.5bi) e a fuga massiva da miséria, da violência e doença. As províncias ultramarinas portuguesas eram uma pérola e um oásis em África e nunca serão igualadas, a descolonização foi uma tragédia principalmente para essas populações. Agradeçam aos “heróis de abril” com as mãos cheias de sangue.            klaus muller: Vai ser difícil nos tempos mais próximos saber o que realmente aconteceu nessa data em Moçambique. Será necessário que esta moda do politicamente correcto desapareça e ainda deve demorar uns anos. Também será preciso que Moçambique deixe de ser uma ditadura ao serviço da Frelimo. É que não basta organizar umas eleições fraudulentas para se ser um país democrático.               GateKeeper >  Fernando Cascais: Está equivocado, caro FC. Só "desenterrando o passado", mesmo o mais vergonhoso / violent é que APRENDEMOS. O seu texto gera exactamente a mesma reacção que aquela que sinto pelos covardes responsáveis do desastre político-social da famigerada "descolonização" da dupla infernal M Soares + A Cunhal. Quem pretenda "apagar" esses registos miseráveis deve pensar bem 2x antes de omitir evidências. Compreendo a sua "crença" no "oblivion"; mas não nos obrigue a aceitá-la. A História de Portugal entre 1972 e 1979 ainda está por "contar". E, dessa forma, nós, "cábulas " não aprendemos nada.  Pedro Correia > Fernando Cascais: O passado não deve ser esquecido. Pela sua opinião, a História não conta para nada, pois já morreram todos... que raio de ideia.              Sérgio Rodrigues: Com responsabilidades do PS, do PCP, de Mário Soares, Álvaro Cunhal e toda a esquerda portuguesa: A Guerra Civil Moçambicana (também conhecida como Guerra dos Dezasseis Anos em Moçambique) foi um conflito civil que começou em 1977. Além disso, cinco milhões de civis foram deslocados e muitos sofreram amputações por minas terrestres, um legado da guerra que continua a assolar o país. Teve um impacto devastador na população de Moçambique com milhares de mortos. A esquerda portuguesa e mundial deveriam colocar esta parte da desgraça dos povos, originadas pela esquerda, nos manuais de História. Até hoje só dão palco aos dirigentes africanos para atacarem os europeus.             Maria Paula Silva > João Floriano: os únicos que ganharam com a descolonização, para além dos países invasores que fomentavam o terrorismo e já estavam à porta de garras afiadas, foram os que ocuparam cargos de governo  e a máfia corrupta que criaram. Já vi videos de casas e da vida de alguns desses "empresários" angolanos que é de nos cair o queixo. Nunca, mas nunca um português viveu daquela maneira por muito rico que fosse. Portanto a hipocrisia e sem vergonha desta gente é igual às daqueles que ainda nos dias de hoje andam por aí a proclamar reembolsos e retornos!  Tudo isso revela uma total falta de respeito tanto por portugueses que lá deixaram TUDO como pelos angolanos e moçambicanos que vivem miseravelmente por culpa dos governos africanos.         Manuel Joao Borges: Muito bem. Devia haver mais Helenas Matos neste país.             João Ramos: Muito bem Helena Matos o relembrar as semelhanças assustadoras (para quem ama a Liberdade) do sistema mediático e político imposto em 1974 e a agora tentativa de imposição de um sistema de medo por um semelhante sistema mediático e político infectado pela esquerda mas que se estende até parte do PSD hoje dominado em grande parte pela maçonaria…              João Floriano: A descolonização é um exemplo perfeito de fake news, embora em 1974 ainda não se falasse em fake news. Foi feita à pressa, sem respeitar os direitos de tantos que tinham a sua vida organizada em Angola e Moçambique e que  não tinham qualquer vontade de voltar para a então denominada Metrópole. A versão que circulava era a da maldade do branco que estava em Angola e Moçambique para explorar, oprimir e humilhar o africano, quando a vida de muitos destes brancos era o trabalho árduo. Não conheço ninguém que tenha trazido alguma coisa de valor de Angola e Moçambique  a não ser a sua vida. Na metrópole enfrentaram com coragem o insulto de «Retornados», a animosidade de muitos ignorantes prontos  aceitar  a narrativa oficial e reergueram a vida. Agora estão debaixo de opressores e exploradores muito piores, como Rússia, China e seus amigos. Não irão lá deixar os edifícios, as obras, as fazendas que os portugueses foram obrigados a  abandonar. Por cá também se prefere lançar um manto de silêncio sobre quem permitiu uma descolonização tão criminosa, tão desastrada. Mas é melhor esconder. Os moçambicanos que se entendam com russos chineses e o Estado islâmico. Que grande liberdade que gozam na mão destes seus «amigos».!                 Francisco Ramos: E preciso muita coragem para escrever isto. Que pena não haver mais HM...   unknown unknown: Portugal teve e tem um problema sério com a sua história, um pequeno país com dimensão imperial que em 1975 teve de resignar-se à sua pequenez, ainda está por encontrar o novo desígnio nacional!                João Floriano > Maria Paula Silva: Sobre reembolsos e retornos, o pior acrescenta-se ao mau, quando o Presidente Marcelo nos coloca numa situação  embaraçosa  trazendo o assunto para a praça pública.                  Zé das Esquinas o Lisboeta: Sim, excelente artigo. A verdadeira narrativa dos acontecimentos deste dia em Moçambique nunca foi feita. Mas quero referir que, mesmo sem a dimensão do que se passou em Lourenço Marques, aconteceram movimentos idênticos (tomada das Rádios) quer na Beira, quer em Nampula (eu estava lá!). Nos tempos actuais não há cronistas, narradores dos acontecimentos em si mesmo, só existem jornalistas que, para o bem e para o mal, 'só têm um olho' quando escrevem um acontecimento que presenciam, ou pior, quando o contam sem o terem presenciado...            GateKeeper: Pois é cara HMatos. "Quem renega, omite e "aldraba" o seu passado, não tem futuro". Mas... [Ele há sempre um...!], se não conseguimos detalhar os crimes passados, pelo menos sabemos muito bem os nomes dos "burros" responsáveis pela " descolonização" (mera "entrega" cobarde, na verdade) : Álvaro Cunhal Mario Soares Almeida Santos Rosa Coutinho. Costa Gomes e tantas/tantos mais que gerariam uma lista imensa de verdadeiros criminosos & cobardes. A verdade deste miserável passado há-de ser revelada; e os restantes nomes hão-de surgir à luz do dia. Foi nessa altura - Agosto/Setembro de 1974 que comecei a "abrir os olhos" para a verdade inerente ao "coup" militareco do 25A74. Aprendi.            Paulo Almeida: Muito bom obrigado Helena, aprendi algo importante hoje, bem-haja. Estas histórias têm que ser contadas, deveria haver uma associação de famílias que viveram esse período de "descolonização", em que estivessem lá as histórias para leitura pública, sem filtros e sem distorções. Já li aqui várias pessoas que corroboram a Helena e têm muito para contar, mas cada sabe o quando quer desenterrar e entendo.       Tomazz Man: O passado foi passado. Não vale a pena saudosismo, e não foi isso que a Helena Matosos nos trouxe. O que nos trouxe, e que agradeço, é um exemplo que ajuda a destapar a Verdade, retirando uma pequena camada da história que os vencedores quiseram impor. A presença naqueles territórios era já anacrónica aquando do 25 de abril, mas isso não apaga o facto de muitas coisas terem sido muito mal feitas por quem ficou com o poder. Conheçamos o passado para tentar preparar melhor o futuro. Porque, mantendo uma visão enviesada, tenho que concordar com a  perspetiva negativa da HM: voltaria a acontecer...

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