O corajoso
texto «O
dilema de Israel e o "finca-pé"» de JOSÉ ANTÓNIO RODRIGUES DO CARMO Coronel
"Comando", aqui postado anteriormente, trouxe-me à memória um “escrito”
antigo, guardado na gaveta dos “escritos” com que fui entretendo os intervalos
do labor diário, em leituras do meu aprazimento cultural espaçado, mas enriquecedor,
na ignorância desejosa de esclarecimento e com a respectiva gratidão pelo transmissor
daquele. Tal foi o caso deste texto que tenho “arrumado” na gaveta e que
recordei, com data de 2007, estando eu já reformada e mais liberta dos
trabalhos profissionais: “DUAS PEÇAS DE TEATRO: «O JUDEU»
de BERNARDO SANTARENO - «GUERRAS DO ALECRIM E MANJERONA» do JUDEU.
Começo por transcrever a sua “NOTA PRÉVIA”, em parte
justificativa do tema que me traz:
«As
características de uma sociedade de grandes desníveis económicos e sociais são
bem traduzidas na “narrativa” dramática “O JUDEU” (1966) de Bernardo Santareno,
cuja acção, situada temporalmente ao longo da primeira metade do século XVIII,
se propõe destacar, em paralelo, a situação política e social do século XX
salazarista.
Por
esse motivo, nos propusemos sintetizá-la, não só para efeitos de uma melhor
descodificação de uma acção dramática complexa em torno do jovem dramaturgo
António José da Silva, o Judeu, mas para, por meio dela, melhor
contextualizarmos a época em que se integra esta figura, cuja arte dramática de
humor satírico apontamos seguidamente através da sua “ópera” “GUERRAS DO
ALECRIM E MANJERONA”, considerando quanto as aberrações do despotismo podem
cercear talentos ou impedir as criações do espírito.»
Ao usar a figura do JUDEU como representante de um determinado
comportamento específico de uma época que condena, é no fito condenatório da própria
época em que viveu Santareno, como se comprova no passo seguinte da INTRODUÇÃO:
“Foi
no século XVIII que viveu o Judeu António
José da Silva, autor de
peças teatrais cheias de humor – muito particularmente “Guerras do Alecrim e Manjerona” (1737) – é sobre esta época que se situa a acção da
peça de Bernardo
Santareno, “O JUDEU”
(1966), onde se ataca o regime de força, que condenou aquele à fogueira e
conjuntamente se ironiza idêntico regime ditatorial, do ESTADO NOVO
(1926-1974), de conhecimento vivencial de Santareno,
pseudónimo do médico psiquiatra António
Martinho Rosário, nascido em
Santarém, que nessa obra “transpõe para o século XVIII a sua própria
condição de escritor silenciado pelo fascismo” (in DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DO
ESTADO-NOVO”, op. Cit.).
Sim, esse foi talvez o motivo específico
da escolha dessa temática da peça de Santareno – a da incriminação implícita, através
do paralelismo analógico das situações epocais. Mas, se Santareno (1929/1980) fosse
hoje vivo, não seria Salazar o seu ponto de referência crítica, esse há muito
renegado para o lugar do sumidouro físico, embora “não liberto da lei da morte”, por muito que tal custasse a Santareno.
Porque o que está na moda hoje, são os palestinianos, que o mundo, pelos vistos
idolatra, excepto Joe Biden, mais isento, que por essas e outras foi posto de parte na
governação, pese embora o peso da idade que lhe atribuíram, disfarçando, com
isso, – e palmadinhas nas costas - o peso da sua generosidade, manifesta com a Ucrânia,
com Israel, e mesmo com Taiwan.
Sim, Santareno seria hoje, antes, dos marchantes
em prol dos palestinianos, pese embora as entifadas várias, de que me lembro,
com os garotinhos palestinianos à pedrada contra os judeus. Para não falar do HAMAS
provocador por excelência, como se tem visto.
Não, do que eu me lembro mesmo é do meu tio Manuel a rir-se das minhas gracinhas de miúda, com a expressão “Tu és muito judia!”, o que no meu espírito permaneceu como sinónimo de esperta. Daí que sempre tenha considerado o povo judeu, sempre perseguido, – até mesmo por cá, no nosso pequeno país: lembremos os Estrangeirados expulsos, Ribeiro Sanches, Jacob Sarmento, Verney – motivo da inveja dos povos mesquinhos. De tal modo que até mesmo o povo menos letrado dera por isso, ao usar a metáfora, embora o meu tio Manuel não fosse dos menos letrados. Mas Bernardo Santareno seria dos que acudiriam hoje pelo povo palestiniano, mau grado a sua peça “O JUDEU”, tenho a certeza, que é o que está a dar por estes tempos semeados de bons sentimentos, como informa, segundo vimos, JOSÉ ANTÓNIO RODRIGUES DO CARMO Coronel "Comando, no seu texto O dilema de Israel e o "finca-pé".
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