Parece que os tivemos sempre, condicionados
que fomos ao longo dos tempos, mais ruidosos hoje, contudo, com os partidos a
digladiarem-se, democraticamente. Sempre se disse que Salazar repôs a economia –
e a ordem – destruídas anteriormente. Hoje temos o apoio externo, a permitir o
ruído, numa sociedade menos pia, embora mais “piante”.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 25.09.24
Salazar tinha por virtuosa
uma sociedade modesta, pia e, sobretudo, estática; o desenvolvimento
intelectual ou material era perturbador da quietude que pretendia, apenas o
imprescindível e, mesmo esse, desde que não perturbasse as contas públicas nem
os saldos externos. O modelo valia para o todo nacional, Metrópole e Ultramar
e, neste, para cada parcela. Na sua concepção, o Império solidificava a nossa
Soberania como Nação independente, sobretudo perante a cobiça espanhola.
Avesso à concorrência que tinha por causadora do
aviltamento dos preços que desse modo a todos os concorrentes levava á ruína,
instituiu o Condicionamento Industrial.
Congruentemente, determinou que no Ultramar não se
produzia azeite nem vinho e na Metrópole não se produzia algodão nem tabaco.
Mais determinou as seguintes especializações territoriais:
Guiné - caju, sementes oleaginosas;
Cabo Verde – conservas de peixe;
São Tomé e Príncipe
– Cacau;
Angola - café robusta, diamantes, minério de
ferro, petróleo;
Moçambique – algodão, caju, minério de carvão, sisal;
Goa – Minério de ferro:
Timor-café
arábica;
Macau – Entreposto comercial com a China.
Na perspectiva
económica, modelo tendencialmente mercantilista, na financeira, quase
hermético, com apenas uma porta para o exterior, a do «BdP», parecia
sustentável «per secula seculorum» e isso incomodava os grandes do mundo. Contudo, Salazar tinha a certeza de que
era um modelo por que valia a pena lutar.
COMENTÁRIO
Adriano
Miranda Lima 25.09.2024 18:47
O essencial está aqui
dito para definir a natureza orgânica do Estado Novo. Não é fácil exprimi-lo de forma tão sintética e ao mesmo tempo elucidativa,
com respeito pela verdade histórica, ou seja, sem ser-se contaminado por subjectivismo
partidário ou por nacionalismo primário. O mérito de Salazar é
tão incontestável desde a sua posse até ao fim da Segunda Guerra Mundial, como
censurável e incompreensível nos tempos que se seguiram e até ao fim da sua
permanência no poder. A prova da sua
canhestra política económica salta à vista quando se compara o desenvolvimento
de Portugal com o da Espanha a seguir à Segunda Guerra Mundial. A Espanha destroçada com a guerra civil renasceu porque o ditador
Franco não teve peias em apoiar o investimento estatal e privado. Ao contrário de
Salazar, que via o seu Estado Novo fechado e imobilizado, com receio de que o
progresso económico e social espoletasse a queda do seu regime.
NOTAS
REVENDO, DA
INTERNET:
I - «União
Nacional era uma organização em parte idêntica aos partidos
únicos dos regimes autoritários surgidos na Europa entre as duas
guerras mundiais, se bem que, ao contrário desses, tivesse sido integralmente
construída de cima para baixo e não se apoiasse num pujante movimento de massas
preexistente. A União Nacional, cujo papel foi sempre muito pouco determinante
na prática política do Estado Novo, simbolizava acima de tudo o carácter
nacionalista, antidemocrático e antipluralista do regime.
Nenhuma
lei proibia expressamente os partidos políticos enquanto tais, mas Salazar considerava
que, existindo a União Nacional, os antigos partidos tinham sido colocados fora
da lógica do novo regime, acabando todas as organizações e movimentos políticos
existentes por serem obrigados a coibir-se de qualquer actuação pública.
Alguns, como o Partido Comunista (PCP) ou o
movimento anarco-sindicalista da Confederação Geral do
Trabalho passaram a actuar na clandestinidade ou no exílio, outros,
como o Partido Socialista Português e
o Integralismo Lusitano, foram levados a
extinguir-se em 1932–1933. O Movimento Nacional-Sindicalista,
de Francisco Rolão Preto foi proibido após
a tentativa de revolução levada a cabo por elementos seus a partir do quartel
da Penha de França, acrescentando a nota oficiosa de 29 de julho de 1934, que decretava a
sua extinção, que se tratava de um movimento inspirado em "certos modelos
estrangeiros".
II - «….Este feito de Salazar e do
Embaixador Teotónio Pereira na manutenção de um bloco Ibérico neutro é
reconhecido pelos aliados e é objecto de copiosos elogios por parte de
Carlton Hayes, o historiador e Embaixador Americano em Madrid durante a guerra
no seu livro "Wartime mission in Spain, 1942–1945" e por parte
do Embaixador Britânico, Samuel Hoare, no seu livro “Ambassador on a Special
Mission”. Em 1940, a
Life considerou Salazar como "o maior português desde
Henrique, o Navegador" e o “melhor ditador de sempre”, um "dirigente
benevolente" dum povo que é apresentado como preguiçoso e apático, bebendo
vinho barato noite dentro enquanto ouve o Fado.] Os Britânicos não escondem as suas simpatias
pelo regime de Salazar e informam-no que a Universidade de
Oxford tinha decidido conferir-lhe
o grau de doutor "honoris
causa". O historiador Filipe de
Meneses comenta que Oxford passou um cheque em branco à máquina de propaganda
do regime. Passado pouco tempo Winston Churchill escreve a Salazar felicitando-o pela sua capacidade de manter
Portugal fora da guerra acrescentando que "tal como em muitas outras
ocasiões ao longo dos muitos séculos da aliança anglo-portuguesa, os interesses
britânicos e portugueses são idênticos nesta questão vital". Em
visita a Lisboa o diplomata Britânico, Sir George
Rendell, que havia estado em Lisboa
durante a primeira guerra mundial, faz um balanço entre o Portugal das duas
guerras e afirma que tinha sido bem mais difícil lidar com o Portugal aliado
da Primeira Guerra
Mundial do que com o Portugal
ordeiro e neutro do Professor Salazar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário