quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Condicionamentos

 

 Parece que os tivemos sempre, condicionados que fomos ao longo dos tempos, mais ruidosos hoje, contudo, com os partidos a digladiarem-se, democraticamente. Sempre se disse que Salazar repôs a economia – e a ordem – destruídas anteriormente. Hoje temos o apoio externo, a permitir o ruído, numa sociedade menos pia, embora mais “piante”.

 

SALAZAR - 4

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO,  25.09.24

 Salazar tinha por virtuosa uma sociedade modesta, pia e, sobretudo, estática; o desenvolvimento intelectual ou material era perturbador da quietude que pretendia, apenas o imprescindível e, mesmo esse, desde que não perturbasse as contas públicas nem os saldos externos. O modelo valia para o todo nacional, Metrópole e Ultramar e, neste, para cada parcela. Na sua concepção, o Império solidificava a nossa Soberania como Nação independente, sobretudo perante a cobiça espanhola.

Avesso à concorrência que tinha por causadora do aviltamento dos preços que desse modo a todos os concorrentes levava á ruína, instituiu o Condicionamento Industrial.

Congruentemente, determinou que no Ultramar não se produzia azeite nem vinho e na Metrópole não se produzia algodão nem tabaco. Mais determinou as seguintes especializações territoriais:

Guiné - caju, sementes oleaginosas;

Cabo Verde – conservas de peixe;

São Tomé e Príncipe – Cacau;

Angola - café robusta, diamantes, minério de ferro, petróleo;

Moçambique – algodão, caju, minério de carvão, sisal;

Goa – Minério de ferro:

Timor-café arábica;

Macau – Entreposto comercial com a China.

Na perspectiva económica, modelo tendencialmente mercantilista, na financeira, quase hermético, com apenas uma porta para o exterior, a do «BdP», parecia sustentável «per secula seculorum» e isso incomodava os grandes do mundo. Contudo, Salazar tinha a certeza de que era um modelo por que valia a pena lutar.

 COMENTÁRIO

 Adriano Miranda Lima  25.09.2024  18:47

O essencial está aqui dito para definir a natureza orgânica do Estado Novo. Não é fácil exprimi-lo de forma tão sintética e ao mesmo tempo elucidativa, com respeito pela verdade histórica, ou seja, sem ser-se contaminado por subjectivismo partidário ou por nacionalismo primário. O mérito de Salazar é tão incontestável desde a sua posse até ao fim da Segunda Guerra Mundial, como censurável e incompreensível nos tempos que se seguiram e até ao fim da sua permanência no poder. A prova da sua canhestra política económica salta à vista quando se compara o desenvolvimento de Portugal com o da Espanha a seguir à Segunda Guerra Mundial. A Espanha destroçada com a guerra civil renasceu porque o ditador Franco não teve peias em apoiar o investimento estatal e privado. Ao contrário de Salazar, que via o seu Estado Novo fechado e imobilizado, com receio de que o progresso económico e social espoletasse a queda do seu regime.

 

 

NOTAS

REVENDO, DA INTERNET:

 

I -  «União Nacional era uma organização em parte idêntica aos partidos únicos dos regimes autoritários surgidos na Europa entre as duas guerras mundiais, se bem que, ao contrário desses, tivesse sido integralmente construída de cima para baixo e não se apoiasse num pujante movimento de massas preexistente. A União Nacional, cujo papel foi sempre muito pouco determinante na prática política do Estado Novo, simbolizava acima de tudo o carácter nacionalista, antidemocrático e antipluralista do regime.

Nenhuma lei proibia expressamente os partidos políticos enquanto tais, mas Salazar considerava que, existindo a União Nacional, os antigos partidos tinham sido colocados fora da lógica do novo regime, acabando todas as organizações e movimentos políticos existentes por serem obrigados a coibir-se de qualquer actuação pública. Alguns, como o Partido Comunista (PCP) ou o movimento anarco-sindicalista da Confederação Geral do Trabalho passaram a actuar na clandestinidade ou no exílio, outros, como o Partido Socialista Português e o Integralismo Lusitano, foram levados a extinguir-se em 1932–1933. O Movimento Nacional-Sindicalista, de Francisco Rolão Preto foi proibido após a tentativa de revolução levada a cabo por elementos seus a partir do quartel da Penha de França, acrescentando a nota oficiosa de 29 de julho de 1934, que decretava a sua extinção, que se tratava de um movimento inspirado em "certos modelos estrangeiros".

 

II - «….Este feito de Salazar e do Embaixador Teotónio Pereira na manutenção de um bloco Ibérico neutro é reconhecido pelos aliados e é objecto de copiosos elogios por parte de Carlton Hayes, o historiador e Embaixador Americano em Madrid durante a guerra no seu livro "Wartime mission in Spain, 1942–1945" e por parte do Embaixador Britânico, Samuel Hoare, no seu livro “Ambassador on a Special Mission”. Em 1940, a Life considerou Salazar como "o maior português desde Henrique, o Navegador" e o “melhor ditador de sempre”, um "dirigente benevolente" dum povo que é apresentado como preguiçoso e apático, bebendo vinho barato noite dentro enquanto ouve o Fado.] Os Britânicos não escondem as suas simpatias pelo regime de Salazar e informam-no que a Universidade de Oxford tinha decidido conferir-lhe o grau de doutor "honoris causa". O historiador Filipe de Meneses comenta que Oxford passou um cheque em branco à máquina de propaganda do regime. Passado pouco tempo Winston Churchill escreve a Salazar felicitando-o pela sua capacidade de manter Portugal fora da guerra acrescentando que "tal como em muitas outras ocasiões ao longo dos muitos séculos da aliança anglo-portuguesa, os interesses britânicos e portugueses são idênticos nesta questão vital". Em visita a Lisboa o diplomata Britânico, Sir George Rendell, que havia estado em Lisboa durante a primeira guerra mundial, faz um balanço entre o Portugal das duas guerras e afirma que tinha sido bem mais difícil lidar com o Portugal aliado da Primeira Guerra Mundial do que com o Portugal ordeiro e neutro do Professor Salazar.

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