terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Ainda esta noite ouvi



A voz insinuante em comício adequado, da “apoiante” de esquerda do PM, em doces promessas de reformas antecipadas para a “sua” próxima legislatura, sabendo da dívida pública e indiferente a ela, que os escrúpulos de honestidade são há muito poeira solta no nosso mundo de parasitismo e irreflexão. Ouvi igualmente o discurso condenatório de Manuela Moura Guedes, que “procura” os casos graves da nossa penúria de carácter, referindo o das dádivas de dinheiro ainda não distribuídas, para as famílias das vítimas dos incêndios. E leio as Cartas ao Director, do Público de ontem – de Carlos Anjos, sobre uma proposta de alteração da Lei da Greve, e, sobretudo, de Manuel Martins sobre as farsas do PM há muito reconhecidas e que ele define com justeza. Ambos mereceram um comentário iracundo de um, certamente, apaniguado da doce Catarina de olhos de água - marinha - esbugalhados de certezas. Comentário que igualmente transcrevo, por elucidativo da mesma perversão daquela, embora sem o sofisma da doçura beata, por serem muitas as mágoas.
OPINIÃO  Cartas ao director           PÚBLICO, 18 de Fevereiro de 2019
I -Para quando a alteração da lei da greve?
CARLOS ANJOS, LISBOA         
A propósito dos últimos acontecimentos laborais fui reler a legislação sobre a grave e conclui que ela estava totalmente desactualizada em relação às práticas actuais. A lei apenas considera que a greve suspende o contrato de trabalho e portanto quando um trabalhador está em greve não trabalha.
Situações já verificadas nos professores, como as greves às avaliações que seriam feitas no horário normal de trabalho, não parecem ter qualquer cobertura na jurisdição actual. Mesmo a greve às horas extraordinárias é discutível se seriam ou não previstas numa leitura alargada da lei.
A situação da greve cirúrgica em que poucos trabalhadores fazem greve pela classe toda, sendo compensados financeiramente por um fundo mais ou menos aberto à subscrição pública, não me parece ter um mínimo de cobertura na legislação vigente e por isso António Costa a declarou ilegal. Considero este tipo greve imoral. Parece urgente que a Assembleia da República publique nova legislação onde fiquem esclarecidas as dúvidas acima citadas.
Fundos de financiamentos de greve só me parecem legítimos à maneira britânica, onde os sindicalizados para além da quota mensal pagam para um fundo de greve. Isso em Portugal seria impossível porque em primeiro lugar a maioria dos trabalhadores não é sindicalizada, e porque sendo as greves todas só no sector público o sistema não funcionaria.
II - Os embustes
Manuel Martins, Cascais
Os cidadãos eleitores que não votaram esta actual situação governativa devem sentir-se muito mal com promessas não cumpridas deste governo. A primeira era que a austeridade havia terminado, e que as "maldades" que Passos havia feito para resgatar a dívida e a bancarrota socialistas, eram passado e não o futuro radioso de António Costa (AC). Afinal, algum pequeno crescimento económico foi esbanjado em "reposições" de direitos e regalias, retirados durante o resgate. E a brutal dívida pública, uma das maiores em percentagem do PIB da Europa e do mundo, continua a crescer nominalmente, situando-se nuns altamente preocupantes 128%. Quando a UE exige um rácio de 60%, está tudo dito.
E nada se faz para aumentar a poupança privada ou incentivar o investimento. Ao contrário, as senhoras bem pensantes do BE andam numa louca deriva contra as empresas privadas, sejam do sector da saúde ou de outro qualquer. AC conseguiu segurar as centrais sindicais durante três anos, mas neste momento a guerra é total e há greves todas as semanas nos principais sectores tutelados pelo Estado. Temos por isso dois grandes embustes deste actual governo. Um de ordem financeira, em que por um lado se promete o Céu e a Terra, mas com as brutais cativações das Finanças, os serviços públicos essenciais, Saúde, Ensino e Segurança estão sufocados e exaustos financeiramente. Outro de ordem político-social, em que afinal não compensou fazer todas as vontades aos diversos grupos de pressão, desde o BE e PCP aos sindicatos, pois há greves a toda a hora.
COMENTÁRIO de ayres ayres, 18.02.2019: Em resposta à carta ao director: Não sei se estes dois senhores vivem na Quinta da Marinha, porque aí é que estão os que nunca vão fazer greve na sua vida! E porquê? Porque esses fazem parte de uma classe, que é a classe dos exploradores. A Lei da Greve até pode ser alterada, mas é para beneficiar os grevistas (operários e de mais trabalhadores) e não os patrões (associações patronais e governos) para isso já tivemos e temos os (sucessivos) governos. E fico por aqui, porque não sei se vai ser publicado este meu artigo…. Mais haveria que dizer sobre "os embustes" de cascais.

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