A voz insinuante em comício adequado, da
“apoiante” de esquerda do PM, em doces promessas de reformas antecipadas para a
“sua” próxima legislatura, sabendo da dívida pública e indiferente a ela, que
os escrúpulos de honestidade são há muito poeira solta no nosso mundo de
parasitismo e irreflexão. Ouvi igualmente o discurso condenatório de Manuela Moura Guedes, que “procura” os
casos graves da nossa penúria de carácter, referindo o das dádivas de dinheiro
ainda não distribuídas, para as famílias das vítimas dos incêndios. E leio as Cartas ao Director, do Público
de ontem – de Carlos Anjos, sobre uma
proposta de alteração da Lei da
Greve, e, sobretudo, de Manuel Martins
sobre as farsas do PM há
muito reconhecidas e que ele define com justeza. Ambos mereceram um comentário
iracundo de um, certamente, apaniguado da doce Catarina de olhos de água -
marinha - esbugalhados de certezas. Comentário que igualmente transcrevo, por
elucidativo da mesma perversão daquela, embora sem o sofisma da doçura beata,
por serem muitas as mágoas.
OPINIÃO Cartas
ao director PÚBLICO, 18
de Fevereiro de 2019
I -Para quando a alteração da lei da greve?
CARLOS ANJOS,
LISBOA
A
propósito dos últimos acontecimentos laborais fui reler a legislação sobre a
grave e conclui que ela estava totalmente desactualizada em relação às práticas
actuais. A lei apenas considera que a greve suspende o contrato de trabalho e
portanto quando um trabalhador está em greve não trabalha.
Situações
já verificadas nos professores, como as greves às avaliações que seriam feitas
no horário normal de trabalho, não parecem ter qualquer cobertura na jurisdição
actual. Mesmo a greve às horas extraordinárias é discutível se seriam ou não
previstas numa leitura alargada da lei.
A
situação da greve cirúrgica em que poucos trabalhadores fazem greve pela classe
toda, sendo compensados financeiramente por um fundo mais ou menos aberto à
subscrição pública, não me parece ter um mínimo de cobertura na legislação
vigente e por isso António Costa a declarou ilegal. Considero este tipo greve
imoral. Parece urgente que a Assembleia da República publique nova legislação onde
fiquem esclarecidas as dúvidas acima citadas.
Fundos
de financiamentos de greve só me parecem legítimos à maneira britânica, onde os
sindicalizados para além da quota mensal pagam para um fundo de greve. Isso em
Portugal seria impossível porque em primeiro lugar a maioria dos trabalhadores
não é sindicalizada, e porque sendo as greves todas só no sector público o
sistema não funcionaria.
II - Os embustes
Manuel Martins, Cascais
Os
cidadãos eleitores que não votaram esta actual situação governativa devem
sentir-se muito mal com promessas não cumpridas deste governo. A primeira era
que a austeridade havia terminado, e que as "maldades" que Passos
havia feito para resgatar a dívida e a bancarrota socialistas, eram passado e
não o futuro radioso de António Costa (AC). Afinal, algum pequeno crescimento
económico foi esbanjado em "reposições" de direitos e regalias,
retirados durante o resgate. E a brutal dívida pública, uma das maiores em
percentagem do PIB da Europa e do mundo, continua a crescer nominalmente, situando-se
nuns altamente preocupantes 128%. Quando a UE exige um rácio de 60%, está tudo
dito.
E
nada se faz para aumentar a poupança privada ou incentivar o investimento. Ao
contrário, as senhoras bem pensantes do BE andam numa louca deriva contra as
empresas privadas, sejam do sector da saúde ou de outro qualquer. AC conseguiu
segurar as centrais sindicais durante três anos, mas neste momento a guerra é
total e há greves todas as semanas nos principais sectores tutelados pelo
Estado. Temos por isso dois grandes embustes deste actual governo. Um de ordem
financeira, em que por um lado se promete o Céu e a Terra, mas com as brutais
cativações das Finanças, os serviços públicos essenciais, Saúde, Ensino e
Segurança estão sufocados e exaustos financeiramente. Outro de ordem
político-social, em que afinal não compensou fazer todas as vontades aos
diversos grupos de pressão, desde o BE e PCP aos sindicatos, pois há greves a
toda a hora.
COMENTÁRIO de ayres
ayres, 18.02.2019: Em resposta à
carta ao director: Não sei se estes dois senhores vivem na Quinta da Marinha,
porque aí é que estão os que nunca vão fazer greve na sua vida! E porquê?
Porque esses fazem parte de uma classe, que é a classe dos exploradores. A Lei
da Greve até pode ser alterada, mas é para beneficiar os grevistas (operários e
de mais trabalhadores) e não os patrões (associações patronais e governos) para
isso já tivemos e temos os (sucessivos) governos. E fico por aqui, porque não
sei se vai ser publicado este meu artigo…. Mais haveria que dizer sobre
"os embustes" de cascais.
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