quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Tragicomédia com muitas personagens



Todas elas vítimas, é certo, como todos nós, mais ou menos atentos à conjuntura, mas acrescentando em dados e argumentos ao historial de Rui Ramos, sério e aplicado, tentando alertar, afinal para a costumeira imprevidência de um povo amodorrado de egoísmo e inércia, preso a uma conjuntura governativa feita de traição e engodo. Comentários que por vezes entram em despique, e que lemos como se fosse uma peça dramática que nos dá prazer e faz ponderar.
 O nosso regime ainda é deste mundo? /premium
RUI RAMOS OBSERVADOR, 26/2/2019
O nosso regime assenta, desde 1976, na premissa da solidariedade do Ocidente, tal como existiu durante a Guerra Fria e nos anos 90. Num mundo menos internacionalista, que poderá acontecer ao regime?
Depois da bancarrota de 2011, imposta ao país pelas mesmas famílias socialistas que hoje ainda nos regem, o medo em Portugal passou a ter uma cara: a do programa da troika. Sempre que a economia desacelera, as bolsas caem, ou os juros sobem na América, é isso que vagamente se receia: o regresso da troika. Este medo tem duas faces. A primeira é realista, a segunda é uma ilusão. A face realista tem a ver com a consciência de que, embora a conjuntura tenha mudado, pouco mudou estruturalmente: os turistas desembarcam, mas a nossa dívida cresce e o Estado continua a constranger-nos com a sua burocracia e os seus impostos. A ilusão tem a ver com outra coisa: a ideia de que, se tudo correr mal, não será pior do que da última vez. Como se, durante estes oito anos, nada tivesse acontecido e o mundo continuasse na mesma.
O facto, porém, é que aconteceu muita coisa: o Brexit, o Syriza, Donald Trump, Matteo Salvini, a Alternativ fur Deutschland, etc. Sim, Angela Merkel ainda lá está, mas derrotada e com sucessor à vista. Podemos tratar tudo isso como uma mão cheia de episódios avulsos. Ou podemos ver nessa sequência o princípio do fim daquele mundo em que, durante anos, fizemos défices e dívidas sem outra preocupação senão a de receber um puxão de orelhas da Comissão Europeia ou, no pior cenário, uma visita da troika, a pedir-nos que moderássemos os gastos em troca de mais empréstimos.
O mundo está hoje menos “internacionalista” do que há oito anos. Com Trump, mas já antes dele com Obama, os EUA deixaram de esconder a impaciência com o papel de polícia do planeta. Com o referendo do Syriza na Grécia, a crise migratória de 2015, o Brexit, o desafio de Salvini em Itália ou os coletes amarelos em França, algo se deslassou na maionese integracionista europeia. É verdade: o euro continua a existir, o Syriza acabou por cumprir os tratados, Salvini recuou nas provocações, e ainda nem sabemos se o Reino Unido vai mesmo sair. Mas parece muito óbvio que não será fácil um governo europeu pôr os seus cidadãos a fazerem sacrifícios pela Europa, mesmo que o interesse do país seja esse. Os “populistas” disciplinaram o integracionismo ilimitado dos anos 90, quando o governo de Kohl pôde obrigar os alemães a renunciar à sua moeda ou quando, sempre que um país votava contra Bruxelas, bastava obrigá-lo a votar outra vez. Ora, o resgate português de 2011 pertence a esse mundo pré-Brexit e pré-AfD. E se da próxima vez não houver troika como em 2011?
O nosso regime assenta, desde 1976, na premissa da solidariedade e unidade do Ocidente, tal como existiu durante a Guerra Fria e ainda nos anos 90. Era um mundo em que também havia egoísmo e impaciência, mas em que a causa da coesão prevalecia sempre. Em 1975, talvez Kissinger não se tivesse importado de usar Portugal como vacina contra o eurocomunismo, mas Carlucci não deixou um aliado da NATO tornar-se uma Cuba europeia. Os dez países da CEE demoraram muito tempo a integrar Portugal, mas nunca houve dúvidas de que o fariam. A nossa oligarquia habituou-se a confiar no enquadramento internacional para se dispensar de garantir o regular funcionamento das instituições ou o crescimento sustentado da economia. Ainda se lembram de quando nos explicavam que, com o euro, o défice externo já não tinha importância? Afinal tinha. Bastará, para estarmos descansados, a expectativa de que a “Europa” intervirá sempre que houver dificuldades? Que será do regime se o 112 da integração internacional falhar ou não funcionar como esperado? Estamos na mesma num mundo que já não é o mesmo: eis o que pode, um dia, ser o princípio de um grande sarilho.
COMENTÁRIOS:
Maria Narciso Os Pilares de uma Sociedade Saudável assentam na Mobilidade que o Estado Social Proporciona . Os EUA e alguns Países da UE estão a Sobrepor o Poder Económico ao Poder Politico e enquanto Não Perceberem que é o Poder Político que Tem de Prevalecer -, A Democracia está em Perigo. É Preciso ter em conta que o  Enquadramento Internacional é Fundamental . Numa Europa Global os Cofres Cheios têm Sempre Condicionantes :  Existir Sempre o Perigo de Contágio e um Desequilíbrio que é Necessário Corrigir Rapidamente. Em Portugal as coisas estão a correr bem. A Agência de Gestão da Dívida Pública tem uma Reserva à qual pode Recorrer Sem haver necessidade de ir aos Mercados em condições Desfavoráveis. Com a Redução e até mesmo a eliminação do Défice - Reduz --se o ' Stock ' como o Rácio da Dívida em Percentagem    Os Riscos vêm de fora do País , nomeadamente dos EUA em que tudo o que Acontece lá  - Leva o Resto do Mundo atrás - É na Loucura dos outros que tudo pode acontecer.
Lew Perry:: O problema de que RR se esquece, é que para muitos comunistas derrotados, a NATO e a UE se tornaram na continuação do eurocomunismo por outros meios. (vide. Teresa de Sousa).
Quinto Império: Sabem qual é o cúmulo da insanidade? È continuar a fazer sempre a mesma coisa (neste caso erros) e esperar um resultado diferente.
Alexandre AC: Sério aviso à navegação imprudente em curso. Oxalá sirva pelo menos para provocar uma reflexão. Excelente artigo como é habitual 
Maria Narciso: Um dos Problemas Sérios da Europa é o Défice Democrático : Não se sabe quem toma as Decisões Político - Financeiras. -  Não Têm de Prestar Contas a um Parlamento - Estão á Parte do Debate Politico . A liderança Política foi Substituída por uma Máquina Burocrática que Não Responde a Ninguém. Este Nobre Povo e Esta Nação Valente à qual me Orgulho de Pertencer, já Demonstrou que Honra os seus Compromissos . Os Portugueses Hoje Mais do que Antes - Precisam de Ter Esperança - Confiança e Expectativa de Vida.
Helder Vaz Pereira: Os esquerdalhas não se importam nada com isso; O tacho para já está garantido; é vê-los pelas tascas do Bairro Alto e Cais-de-Sodré  todos pimpones e lampeiros com as meninas a tiracolo  a gozar os proveitos da mesa do Orçamento. Este regime é do "outro" mundo.
Maria Narciso: Portugal faz parte da UE..  É na EU que se tem de encontrar as Alternativas . A UE Não pode repetir o mesmo Erro do Passado Recente em que respondeu Muito Mal á Crise : - Violando os Tratados e Expondo os Estados Membros com Economias Frágeis a comportamentos Especulativos dos Mercados Financeiros.
Antonio Fonseca > Maria Narciso: Podemos ser irresponsáveis à vontade que a UE alinha em todas as nossas loucuras!
Maria Narciso > Maria Narciso: O Papel do BCE deve ir para além da Estabilização de Preços e os Tratados Europeus Devem de ser Alterados de Forma a Permitir ao BCE de Emitir Moeda em Semelhança á Reserva Federal da América.
Os Países Precisam de Receita - Sendo Necessário Criar Medidas Eficazes no Combate á Evasão Fiscal.
Quinto Império > Maria Narciso: OH maria narcisa sempre a mesma ideologia cega. Você aposto que tem a melhor das intenções mas na prática está longe da verdade.
Maria Narciso > Quinto Império: Fundamente essa Opinião. 
josé Maria: ...mas a nossa dívida cresce.. Rui Ramos não lê o Observador ? Ou lê e passa por cima ? Dívida pública baixa para 125,8% do PIB no primeiro semestre
Antonio Fonseca >josé maria: Vê se logo que não passas de um xuxa ignorante. A nossa divida cresceu. Devemos mais milhões de euros que no ano passado por esta altura. 
josé Maria >Antonio Fonseca: Dívida Pública em percentagem do PIB para um tótó: Quando analisamos dívida em percentagem do PIB, o cenário é muito diferente. Esse é o método utilizado por todas as instituições internacionais, é para ela que olham os mercados financeiros e é essa métrica que vale para efeitos de cumprimento de regras comunitárias.
Antonio Fonseca: josé maria: Tótó és tu. Devemos mais milhões de euros que no ano passado por esta altura.  Vai ver ao PORDATA se não é assim.
josé Maria > Antonio Fonseca: Os tótós, como você, não conseguem perceber que, para efeitos de  dívida pública, o que mais importa é a capacidade de pagá-la, como decorre do conceito de dívida em função da percentagem do PIB. Mas isso é muita areia para as camionetas de seres tão básicos. Para eles, o melhor país é a Líbia, que tem a dívida pública mais baixa. O pior é o Japão, que detém a mais alta.
Quinto Império > josé maria: Aprendeste bem com o Costa a encapotar os números. A dívida aumentou ponto. Se a dívida aumenta é porque tens menos capacidade de cumprir compromissos logo tens menos capacidade de pagá-la e quanto mais aumenta menos capacidade tens, porque tens mais juros que fazem aumentar mais a dívida. dica: pela tua lógica porque é não vais morar para a Líbia?
dragone, Pedro: Evitar mais bancarrotas e Troikas não é uma questão de direitas ou de esquerdas. É uma questão de cultura de rigor, competência e sentido de responsabilidade. E, nos tempos que correm, arrumar a ideologia junto ao rolo de papel higiénico também ajuda. Seja ela ideologia de direita, de esquerda, de "esguelha", a fazer o pino ou de pernas para o ar.  De qualquer forma não vale a pena assustar as hostes, como se fossem criancinhas porque, ainda que a UE desaparecesse do mapa, em caso de dificuldades há sempre o FMI. Como aconteceu nos anos 80. 
Francisca Anacleta Mortágua: Qual sarilho ? Quem disse que o povo não Aguenta mais ??? Foram as 3 Famiglias troykistas de esquerda ( FAMIGLIA Costa cativações e taxas, FAMIGLIA Mortágua,Anacleto&Robles gestão de imóveis , FAMIGLIA Arménio,Jerônimo Loures Electricidade e Eventos ) quando elas não estavam no poleiro.  Agora dizem:   Ai aguenta, aguenta !!! Continuamos a avançar de vitória em vitória em direcção à Venezuela do N. Maduro, As milícias armadas destas Famiglias encarregar-se-ão de manter o prosseguimento desta luta patriótica e de esquerda.
Liberal Impenitente: Desde 2011 o mundo não mudou assim tanto, mas isso não é preciso para que devamos saber que o segundo resgate a Portugal, que Wolfgang Schauble afirmou categoricamente que seria necessário, não será como o de 2011. Há múltiplas razões para que assim seja, e deveria bastar-nos o conhecimento do caso grego para o saber. Quem admite que poderá acontecer uma segunda Troika benevolente, quase condescendente, como a primeira, vive, de facto, na ilusão. Para quem não gosta desse estupefaciente socialista, como é o meu caso, ver de novo os altos funcionários do FMI a saírem do avião na Portela deveria fazer-nos tremer. Como é óbvio, a esmagadora maioria dos portugueses está-se nas tintas, e basta ver como votam para o saber. Esse é um erro que lamentarão amargamente. "O défice externo já não tem importância" é soberba em estado puro. São soberbos, os nossos xuxalistas!
Anabela Faisca: Trump segue as políticas de Obama? Oh Rui, Rui...o Obama andava a dar dinheiro aos palestinianos, rebeldes sírios, paquistaneses, iranianos - não era já polícia do mundo, era sequestrado pelo mundo & terroristas. Já o Trump retomou a global  liderança dos EUA, enfrentou a China, a Rússia, o Irão e a Coreia do Norte; não queima o dinheiro dos americanos lutando as intermináveis guerras dos outros, mas lidera as negociações e faz guerra com objectivos de curto e médio prazo como foi com a que levou à derrota do Estado Islâmico.  O Obama não tinha liderança nem políticas, só garganta. Quem não se lembra de o ver sair pela escada de emergência do airforce one quando aterrou na China ou a maneira displicente como foi recebido na Arábia Saudita?
Joao MA: Excelente artigo como costume. 
David Fernandes: O nosso primeiro-ministro já fala castelhano em Espanha.
Alberto Rei: quando não cuidarem de nós olha, vendemo-nos aos russos e ou aos árabes, aos chineses seria melhor. 
Marco Silva: Não sei quem pensa que se houver outra crise, não será pior que a anterior... Portugal tem mais dívida, mais despesa, mais impostos que antes...a quarta bancarrota será bem pior que a terceira, tal qual a terceira foi bem pior que a segunda... E pior, tem precedentes, já que qualquer corte de despesa é recebido como "inconstitucional", portanto sim, será pior, mas MUITO pior que a terceira (de 2011). Quanto ao não haver Troika, há sempre o FMI, que é financiado por países como os EUA (que os portugueses tanto criticam). De resto os portugueses são exímios em atacar as consequências e nunca as causas...e como são péssimos a aprender lições, bem como a ler história, vão continuar a repetir os mesmos erros vezes sem conta, e sempre com aquela altivez que "eles e elas é que sabem".

Pedro Alves: O futuro deste regime está umbilicalmente ligado ao futuro da integração europeia. Foi sempre assim, o que garantiu a viabilidade da partidocracia par(a)lamentar portuguesa pós-1976 foi a integração no espaço económico e político europeu, sem isso isto já nem estava como a Venezuela, apostem mais em algo tipo Somália. Quando e se a UE se desagregar ou deixar de pagar o "pão para malucos", este paradigma político ruirá como um castelo de cartas. O que virá a seguir? Seguramente nada de bom, mas talvez os portugueses finalmente (?) se apercebam de que sem produção de riqueza, sem rigor e sem trabalho, não há milagres.

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