Todas elas vítimas, é certo, como todos
nós, mais ou menos atentos à conjuntura, mas acrescentando em dados e
argumentos ao historial de Rui Ramos, sério e aplicado, tentando alertar,
afinal para a costumeira imprevidência de um povo amodorrado de egoísmo e
inércia, preso a uma conjuntura governativa feita de traição e engodo. Comentários
que por vezes entram em despique, e que lemos como se fosse uma peça dramática
que nos dá prazer e faz ponderar.
O nosso regime
ainda é deste mundo? /premium
RUI RAMOS
OBSERVADOR, 26/2/2019
O
nosso regime assenta, desde 1976, na premissa da solidariedade do Ocidente, tal
como existiu durante a Guerra Fria e nos anos 90. Num mundo menos
internacionalista, que poderá acontecer ao regime?
Depois da bancarrota de 2011, imposta
ao país pelas mesmas famílias socialistas que hoje ainda nos regem, o medo em
Portugal passou a ter uma cara: a do programa da troika. Sempre que a economia desacelera, as bolsas caem, ou
os juros sobem na América, é isso que vagamente se receia: o regresso da troika. Este medo tem duas faces. A primeira é realista, a
segunda é uma ilusão. A face realista
tem a ver com a consciência de que, embora a conjuntura tenha mudado, pouco
mudou estruturalmente: os
turistas desembarcam, mas a nossa dívida cresce e o Estado continua a
constranger-nos com a sua burocracia e os seus impostos. A ilusão tem a ver com outra coisa: a ideia de
que, se tudo correr mal, não será pior do que da última vez. Como se,
durante estes oito anos, nada tivesse acontecido e o mundo continuasse na
mesma.
O
facto, porém, é que aconteceu muita coisa: o Brexit, o Syriza, Donald Trump,
Matteo Salvini, a Alternativ fur Deutschland, etc. Sim, Angela Merkel ainda
lá está, mas derrotada e com sucessor à vista. Podemos tratar tudo isso como
uma mão cheia de episódios avulsos. Ou podemos ver nessa sequência o princípio
do fim daquele mundo em que, durante anos, fizemos défices e dívidas sem outra
preocupação senão a de receber um puxão de orelhas da Comissão Europeia ou, no
pior cenário, uma visita da troika, a pedir-nos que moderássemos os gastos em
troca de mais empréstimos.
O mundo está hoje menos
“internacionalista” do que há oito anos. Com
Trump, mas já antes dele com Obama, os EUA deixaram de esconder a impaciência
com o papel de polícia do planeta. Com o
referendo do Syriza na Grécia, a crise migratória de 2015, o Brexit, o desafio
de Salvini em Itália ou os coletes amarelos em França, algo se deslassou na
maionese integracionista europeia.
É verdade: o euro continua a existir, o Syriza acabou por cumprir
os tratados, Salvini recuou nas provocações, e ainda nem sabemos se o Reino
Unido vai mesmo sair. Mas parece
muito óbvio que não será fácil um governo europeu pôr os seus cidadãos a
fazerem sacrifícios pela Europa, mesmo que o interesse do país seja esse. Os
“populistas” disciplinaram o integracionismo ilimitado dos anos 90, quando o
governo de Kohl pôde obrigar os alemães a renunciar à sua moeda ou quando,
sempre que um país votava contra Bruxelas, bastava obrigá-lo a votar outra vez.
Ora, o resgate português de 2011 pertence a esse mundo pré-Brexit e pré-AfD. E
se da próxima vez não houver troika como em 2011?
O nosso regime assenta, desde 1976,
na premissa da solidariedade e unidade do Ocidente, tal como existiu durante a
Guerra Fria e ainda nos anos 90. Era um mundo em que também havia egoísmo e
impaciência, mas em que a causa da coesão prevalecia sempre. Em 1975, talvez Kissinger não se tivesse importado de
usar Portugal como vacina contra o eurocomunismo, mas Carlucci não deixou um
aliado da NATO tornar-se uma Cuba europeia. Os dez países da CEE demoraram
muito tempo a integrar Portugal, mas nunca houve dúvidas de que o fariam. A
nossa oligarquia habituou-se a confiar no enquadramento internacional para se
dispensar de garantir o regular funcionamento das instituições ou o crescimento
sustentado da economia. Ainda se
lembram de quando nos explicavam que, com o euro, o défice externo já não tinha importância? Afinal tinha. Bastará, para estarmos descansados, a expectativa de que a “Europa”
intervirá sempre que houver dificuldades? Que será do regime se o 112 da
integração internacional falhar ou não funcionar como esperado? Estamos
na mesma num mundo que já não é o mesmo: eis o que pode, um dia, ser o
princípio de um grande sarilho.
COMENTÁRIOS:
Maria Narciso Os
Pilares de uma Sociedade Saudável assentam na Mobilidade que o Estado Social
Proporciona . Os
EUA e alguns Países da UE estão a Sobrepor o Poder Económico ao Poder Politico
e enquanto Não Perceberem que é o Poder Político que Tem de Prevalecer -, A
Democracia está em Perigo. É Preciso ter em conta que o Enquadramento
Internacional é Fundamental . Numa Europa Global os Cofres Cheios têm Sempre
Condicionantes : Existir Sempre o Perigo
de Contágio e um Desequilíbrio que é Necessário Corrigir Rapidamente. Em
Portugal as coisas estão a correr bem. A Agência de Gestão da Dívida Pública
tem uma Reserva à qual pode Recorrer Sem haver necessidade de ir aos Mercados
em condições Desfavoráveis. Com a Redução e até mesmo a eliminação do Défice -
Reduz --se o ' Stock ' como o Rácio da Dívida em Percentagem Os Riscos vêm de fora do País
, nomeadamente dos EUA em que tudo o que Acontece lá - Leva o Resto do
Mundo atrás - É na Loucura dos outros que tudo pode acontecer.
Lew Perry:: O problema de que RR se esquece, é que para muitos comunistas derrotados, a
NATO e a UE se tornaram na continuação do eurocomunismo por outros meios.
(vide. Teresa de Sousa).
Quinto Império: Sabem qual é o cúmulo da insanidade? È
continuar a fazer sempre a mesma coisa (neste caso erros) e esperar um
resultado diferente.
Alexandre AC: Sério aviso à navegação imprudente em curso. Oxalá sirva pelo menos para
provocar uma reflexão. Excelente artigo
como é habitual
Maria Narciso: Um dos Problemas
Sérios da Europa é o Défice Democrático : Não se sabe quem toma as Decisões Político -
Financeiras. - Não Têm de Prestar Contas a um Parlamento - Estão á Parte do Debate
Politico . A liderança Política foi Substituída por uma Máquina Burocrática que
Não Responde a Ninguém. Este Nobre Povo e Esta Nação Valente à qual me Orgulho de Pertencer, já
Demonstrou que Honra os seus Compromissos . Os Portugueses Hoje Mais do que Antes - Precisam de
Ter Esperança - Confiança e Expectativa de Vida.
Helder Vaz Pereira: Os
esquerdalhas não se importam nada com isso; O tacho para já está garantido; é
vê-los pelas tascas do Bairro Alto e Cais-de-Sodré todos pimpones e
lampeiros com as meninas a tiracolo a gozar os proveitos da mesa do
Orçamento. Este regime é do "outro" mundo.
Maria Narciso: Portugal faz
parte da UE.. É na EU que se tem de encontrar as Alternativas . A UE Não
pode repetir o mesmo Erro do Passado Recente em que respondeu Muito Mal á Crise
: - Violando os Tratados e Expondo os Estados Membros com Economias Frágeis a
comportamentos Especulativos dos Mercados Financeiros.
Antonio Fonseca > Maria Narciso: Podemos ser irresponsáveis à
vontade que a UE alinha em todas as nossas loucuras!
Maria Narciso > Maria Narciso: O Papel do BCE deve ir para
além da Estabilização de Preços e os Tratados Europeus Devem de ser Alterados
de Forma a Permitir ao BCE de Emitir Moeda em Semelhança á Reserva Federal da
América.
Os
Países Precisam de Receita - Sendo Necessário Criar Medidas Eficazes no Combate
á Evasão Fiscal.
Quinto Império > Maria Narciso: OH
maria narcisa sempre a mesma ideologia cega. Você aposto que tem a melhor das
intenções mas na prática está longe da verdade.
josé Maria: ...mas
a nossa dívida cresce.. Rui Ramos não lê o Observador ? Ou lê e passa por cima
? Dívida pública baixa para 125,8% do PIB no primeiro semestre
Antonio Fonseca >josé maria: Vê se logo que não passas de um xuxa ignorante. A
nossa divida cresceu. Devemos mais milhões de euros que no ano passado por esta
altura.
josé Maria >Antonio Fonseca: Dívida
Pública em percentagem do PIB para um tótó: Quando analisamos dívida em
percentagem do PIB, o cenário é muito diferente. Esse é o método utilizado por
todas as instituições internacionais, é para ela que olham os mercados
financeiros e é essa métrica que vale para efeitos de cumprimento de regras
comunitárias.
Antonio Fonseca: josé maria: Tótó
és tu. Devemos mais milhões de euros que no ano passado por esta altura. Vai
ver ao PORDATA se não é assim.
josé Maria > Antonio Fonseca: Os tótós, como você, não
conseguem perceber que, para efeitos de dívida pública, o que mais
importa é a capacidade de pagá-la, como decorre do conceito de dívida em função
da percentagem do PIB. Mas isso é muita areia para as camionetas de seres tão
básicos. Para eles, o melhor país é a Líbia, que tem a dívida pública mais
baixa. O pior é o Japão, que detém a mais alta.
Quinto Império > josé maria: Aprendeste
bem com o Costa a encapotar os números. A dívida aumentou ponto. Se a dívida
aumenta é porque tens menos capacidade de cumprir compromissos logo tens menos
capacidade de pagá-la e quanto mais aumenta menos capacidade tens, porque tens
mais juros que fazem aumentar mais a dívida. dica: pela tua lógica porque é não
vais morar para a Líbia?
dragone, Pedro: Evitar mais
bancarrotas e Troikas não é uma questão de direitas ou de esquerdas. É uma
questão de cultura de rigor, competência e sentido de responsabilidade. E,
nos tempos que correm, arrumar a ideologia junto ao rolo de papel higiénico
também ajuda. Seja ela ideologia de direita, de esquerda, de
"esguelha", a fazer o pino ou de pernas para o ar. De qualquer
forma não vale a pena assustar as hostes, como se fossem criancinhas porque,
ainda que a UE desaparecesse do mapa, em caso de dificuldades há sempre o FMI.
Como aconteceu nos anos 80.
Francisca Anacleta Mortágua: Qual
sarilho ? Quem disse que o povo não Aguenta mais ??? Foram as 3 Famiglias
troykistas de esquerda ( FAMIGLIA Costa cativações e taxas, FAMIGLIA Mortágua,Anacleto&Robles
gestão de imóveis , FAMIGLIA Arménio,Jerônimo Loures Electricidade e Eventos )
quando elas não estavam no poleiro. Agora
dizem: Ai aguenta, aguenta !!! Continuamos a avançar de vitória em
vitória em direcção à Venezuela do N. Maduro, As milícias armadas destas
Famiglias encarregar-se-ão de manter o prosseguimento desta luta patriótica e
de esquerda.
Liberal Impenitente: Desde 2011
o mundo não mudou assim tanto, mas isso não é preciso para que devamos saber
que o segundo resgate a Portugal, que Wolfgang Schauble afirmou categoricamente
que seria necessário, não será como o de 2011. Há múltiplas razões para que
assim seja, e deveria bastar-nos o conhecimento do caso grego para o saber.
Quem admite que poderá acontecer uma segunda Troika benevolente, quase
condescendente, como a primeira, vive, de facto, na ilusão. Para quem não gosta
desse estupefaciente socialista, como é o meu caso, ver de novo os altos
funcionários do FMI a saírem do avião na Portela deveria fazer-nos tremer. Como
é óbvio, a esmagadora maioria dos portugueses está-se nas tintas, e basta ver
como votam para o saber. Esse é um erro que lamentarão amargamente. "O
défice externo já não tem importância" é soberba em estado puro. São
soberbos, os nossos xuxalistas!
Anabela Faisca: Trump segue as políticas de Obama? Oh Rui, Rui...o
Obama andava a dar dinheiro aos palestinianos, rebeldes sírios, paquistaneses,
iranianos - não era já polícia do mundo, era sequestrado pelo mundo &
terroristas. Já
o Trump retomou a global liderança dos EUA, enfrentou a China, a Rússia,
o Irão e a Coreia do Norte; não queima o dinheiro dos americanos lutando as
intermináveis guerras dos outros, mas lidera as negociações e faz guerra com
objectivos de curto e médio prazo como foi com a que levou à derrota do Estado
Islâmico. O
Obama não tinha liderança nem políticas, só garganta. Quem não se lembra de o
ver sair pela escada de emergência do airforce one quando aterrou na China ou a
maneira displicente como foi recebido na Arábia Saudita?
Joao MA:
Excelente artigo como costume.
David Fernandes: O nosso primeiro-ministro já fala castelhano em
Espanha.
Alberto Rei: quando não
cuidarem de nós olha, vendemo-nos aos russos e ou aos árabes, aos chineses
seria melhor.
Marco Silva: Não sei quem
pensa que se houver outra crise, não será pior que a anterior... Portugal tem
mais dívida, mais despesa, mais impostos que antes...a quarta bancarrota será
bem pior que a terceira, tal qual a terceira foi bem pior que a segunda... E
pior, tem precedentes, já que qualquer corte de despesa é recebido como
"inconstitucional", portanto sim, será pior, mas MUITO pior que a
terceira (de 2011). Quanto ao não haver Troika, há sempre o FMI, que é financiado
por países como os EUA (que os portugueses tanto criticam). De resto os
portugueses são exímios em atacar as consequências e nunca as causas...e como
são péssimos a aprender lições, bem como a ler história, vão continuar a
repetir os mesmos erros vezes sem conta, e sempre com aquela altivez que
"eles e elas é que sabem".
Pedro Alves: O futuro
deste regime está umbilicalmente ligado ao futuro da integração europeia. Foi
sempre assim, o que garantiu a viabilidade da partidocracia par(a)lamentar
portuguesa pós-1976 foi a integração no espaço económico e político europeu,
sem isso isto já nem estava como a Venezuela, apostem mais em algo tipo
Somália. Quando e se a UE se desagregar ou deixar de pagar o "pão para
malucos", este paradigma político ruirá como um castelo de cartas. O que
virá a seguir? Seguramente nada de bom, mas talvez os portugueses finalmente
(?) se apercebam de que sem produção de riqueza, sem rigor e sem trabalho, não
há milagres.
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