Foi este um tema – “Liberdade” – proposto para uma
Antologia. Este, mesmo em verso macarrónico – 30, no seu máximo – foi aceite, e
ponho-o no meu blog, por me parecer desafiante contra as gaivotas do nosso lirismo
que dispararam em catadupa aquando da revolução “libertadora” – condicionante, pelo
contrário, do homem, nas grilhetas tortuosas de uma falsa demagogia.
Liberdade
Tudo no universo é prova
De quanto a liberdade é utopia:
As plantas, que se prendem à terra,
Os animais circunscritos aos espaços da sua manutenção,
As próprias ondas que no areal se espraiam
Em alegre fuga ao mar dominador,
Retomando o mar logo a seguir,
Tudo isso testemunha
Que há regras e prisão em toda a condição.
E os próprios rochedos inflexíveis na sua coesão contestam
O fervilhar de liberdade
Que move o homem com ironia,
Enquanto o universo vai girando
Nas suas atracções e repulsas
Gravitacionais,
Na rigidez do seu trajecto a cumprir
Sem fantasia.
Só mesmo as nuvens e os ventos são livres de
prosseguir,
Em volteios ou mesuras que acabarão por perder.
Se o homem transgredir
As premissas da postura
- Premissas da compostura -
Na ambição dos desvios,
Na ficção da liberdade,
Tudo dará confusão,
Tudo será convulsão, de retorno ao caos primeiro.
Liberdade que se preze só existe a racional:
Só pode ser livre o Homem que a si se respeitar
- Apesar das contingências fatais
Do seu cais.
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